“Senhores passageiros...” pude ouvir a voz da aeromoça ecoando por todo avião. Eu estaria mentindo se não dissesse que meu coração estava acelerado e minhas mãos tremendo, mas de todo jeito, também estava animada com a possibilidade de uma vida nova.

Com tantas dúvidas na minha cabeça ficava pensando o que aconteceria quando eu chegasse na terra da rainha. Será que eu teria amigos? Quem seria a nova mulher do meu pai? Eles tinham uma família juntos? Uma –remota- possibilidade de fazer essas perguntas para meu pai passou pela minha cabeça, mas foi embora tão rapidamente quanto chegou.

–Você parece um pouco nervosa! Está se arrependendo agora? – Oi? Pai, o senhor enlouqueceu.

Olhei pra ele com uma cara um pouco cômica, o que o fez rir.

–De jeito nenhum. Como eu poderia desistir nos quarenta e cinco minutos do segundo tempo? – coloquei meu cinto- Sabe, eu estava pensando, que tal você me contar mais sobre sua vida em Londres, a final de contas, eu estou indo morar lá com o senhor.

–Acho justo. – ele imitou meu gesto afivelando o cinto- Bom, como você sabe eu sou engenheiro, sou casado com uma mulher chamada Effie, ela tem uma filhinha chamada Prim.

Ficamos conversando por algumas horas enquanto voávamos, mas por fim o cansaço nos venceu e dormirmos o resto da viagem.

–Ana, querida, acorda que nós já chegamos. – Meu pai me sacudia tentando me acordar.

Quando abri meu olho, tentei me adaptar com a claridade.

–Precisamos pegar nossas malas e Effie e Prim já devem estar nos esperando.

Me levantei e começei a segui-lo. Não sabia para onde estava indo, mas não importava muito agora. Estava com muito sono por isso não sabia direito o que estava fazendo.

Depois de algum tempo arrumando nossos documentos e pegando nossas malas, encontramos uma mulher muito bonita na saída do aeroporto e percebi que meu pai ia em direção a ela.

Na hora, meu estomago foi no chão. Então é ela, eu pensava sem parar. Sai do transe quando percebi que meu pai começava a falar comigo.

–Katniss, querida eu quero que você conheça Effie- meu pai me olhava como se eu pudesse sair correndo a qualquer momento, isso me vez pensar se ele estava tentando nosapresentar antes, mas como eu estava muito concentrada nos meus pensamentos, não pode ouvir nada.

–Oi Effie, sou Katniss, legal te conhecer. – eu disse tentando ser simpática.

–Oi Kat, bem, nós estávamos esperando por você há algum tempo. –ela me puxou para um abraço e eu não sabia o que fazer, então resolvi retribuir de volta.

Ao olhar pro meu pai depois dos comprimentos, pode ver que ele havia mudado de postura. Estava mais relaxado. Então, era isso. Ele achava que eu podia fazer alguma besteira. Resolvi começar a pensar em outra coisa. Não queria me aborrecer. Não por enquanto.

Durante a viagem fomos conversando. Descobri que ela tinha quase a mesma idade da minha mãe. Senti um aperto no coração. Ignorei-o. Era arquiteta, tinha uma filha, era de uma cidade do interior, divorciada, ect...

Pode parecer egoísmo, loucura, você pode chamar do que for, mas estava esperando uma pessoa que fosse fácil de ser odiada, uma vilã dos contos de fadas, para falar a verdade, não uma mulher que se não fosse por essa situação seria uma pessoa que eu admiraria e teria algum afeto. Merda de vida.

Quando chegamos em casa, pedi licença para tomar banho e tentar dormir um pouco. Estava cansada e um pouco grogue. Meu quarto era lindo. Tinha paredes lilás e os moveis brancos. Tinha uma varandinha com uma vista que parecia ser linda, talvez, se fosse dia, eu poderia aproveita-la mais.

Ao deitar na cama, pensamentos que eu tentei evitar o dia inteiro, invadiram minha cabeça fazendo meus olhos lacrimejarem, e quando já estavam cheio de lágrimas, e meu coração tão apertado, escondi o rosto no travesseiro e comecei a chorar.

Rezava para que ninguém pudesse me ouvir, porque eu estava realmente começando a soluçar. Quando eu pude me acalmar, senti o sono me invadindo aos poucos e meus olhos começaram a pesar. Adormeci antes que eu pudesse até mesmo perceber.

Sonhei com ela-vocês não queriam uma novidade, certo? Ela me acalmava enquanto eu estava soluçando, passava a mãe no meu cabelo e falava que tudo ia ficar bem, e que ia passar algum dia.

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Acordei com passarinhos cantando do lado de fora da minha janela. Fazia sentido, já que meu pai morava em prédio perto do Central Park, e aqui é cercado de árvores, o que é bom, porque me acalma um pouco.

Ao fazer minha limpeza matinal percebi que estava um caco: os olhos vermelhos e um pouco inchados, e com olheiras enormes. Tomei um banho me sentindo um pouco mais relaxada, troquei de roupa, colocando uma calça jeans skinny-era quase inverno- e uma blusa xadrez.

Chegando na cozinha, encontrei alguém inesperado. Um menina dos olhos mais azuis e bonitos que eu havia visto na vida. Eles me encaravam me deixando um pouco sem graça. Ficamos nisso por alguns segundos, até que ela se manifestou.

–Oi Kat, sou Prim. -disse me dando um sorriso lindo e estendendo a mão.