O Deus Sem Nome e o Galho de Álamo escrita por Luiza


Capítulo 10
Sobre como eu quase fui morta por uma bandeira


Notas iniciais do capítulo

Heeey sexy gente! Tia Ricka voltou, com um capitulo emocionnte! E já no próximo vocês descobrem o porquê do nome da fic :D. Esse capitulo ficou menor di que o outro, e os próximos também não são tão longos, mas depois... Bom, boa leitura!

P.S: Eu quero dedicar esse capitulo ao Anony do meu tumblr, que pediu pra eu me apressar :)



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O resto da semana passou bem rápido, e eu não tive mais nenhum contato com os filhos de Ares. O chalé de Atena tinha muitos livros de mitologia, e Stephen, eu de seus campistas, me emprestou alguns, todos em grego antigo, mas só depois de eu ter “jurado pelo Rio Estige” que ia cuidar bem deles.

Além de ler, passei muito tempo com Will e Joonie, e com meus irmãos do chalé 7. Lembra quando eu disse que não tínhamos nada em comum? Pois é, eu estava completamente errada. Nós nos dávamos muito bem, e conversávamos sobre tudo, principalmente Dylan, que se tornou um dos meus melhores amigos. As atividades do Acampamento também eram divertidas. Eu fizera um grande progresso em grego-antigo, esgrima e com o arco-e-flecha, com o qual eu conseguia atirar cinco flechas de uma vez.

Nos ensaios, ninguém tocava no assunto do Orfelismo, e a noite, fazíamos ótimas apresentações, deixando o fogo que muda de cor de acordo com os sentimentos da plateia de uma cor azul intensa. A única vez em que tive que dar uma “desculpa rápida” foi quando, no almoço, Todd levou as opções de universidades em que havia passado e estava em duvida e, depois de muita dificuldade para escolher (ele ficou com Princeton), Aria começou a falar da escola. Todos entraram no assunto, e acabaram me incluindo nele também.

–E você, Rose?- perguntou Dan- Como é a sua escola?

–Ah, sabe... –respondi- É, hum, legal.

–Legal?- indignou-se David- sua escola é legal? Aonde fica isso? Eu quero ir pra lá!

–Ah, é um internato na Inglaterra, ao norte do país. Mas só pode entrar lá se... –tentei inventar uma desculpa o mais rápido possível- se tiver algum parente que é aluno, ou ex-aluno.

–Então é por isso...- comentou Todd.

–Por isso o que?

–O seu sotaque. Você não fala os R’s, não percebeu?

–E com um chiado no fim de algumas palavras- complementou Daniel.

–Não, eu não reparei- falei, e não havia reparado mesmo, mas como minha mãe e Richard eram britânicos, e eu convivia o ano inteiro com ingleses e escoceses, então era bem possível que eu tivesse um pouco de sotaque, mesmo tendo nascido nos Estados Unidos. Daquele assunto, saiu uma conversa sobre sotaques, e eu não tive que dar mais detalhes sobre a escola.

_________

Naquela noite, depois da cantoria, todos estavam animados para o captura à bandeira, que era um jogo tradicional do acampamento (para acabar com o suspense: é quase exatamente como aqueles exercícios que você certamente já fez nas aulas de ginástica na escola, mas com armas e lutas). Os chalés de Ares e Niké entraram no anfiteatro, os conselheiros levantando os estandartes. O do chalé de Niké, deusa da vitória, era de um tom azul claro, com um par de asas brancas desenhado no meio, e o de Ares, carregado por Valerie, era vermelho-sangue, com uma cabeça de javali e uma lança ensanguentada estampados no meio. O chalé de Atena clamava por vingança à Niké por terem capturado, e estavam armados até os dentes.

Eu e meus irmãos (agora consigo escrever isso sem aspas), por um lado, não estávamos tão animados assim. A bandeira já não era nossa à mais ou menos três anos, mas eles estavam ansiosos para jogar.

Desde que Ares não ganhasse, estava tudo bem. Tínhamos nos aliado a Niké, que tinha alianças com Hermes, Poseidon, Perséfone, Hades, Afrodite, Tique, Hefesto, Hebe, Éolo e Íris, e Ares tinha alianças com Atena, Dionísio, Zeus, Deméter e Nêmesis. O chalé de Hipnos e boa parte do de Afrodite não iam jogar. Ao todo, tínhamos uns cinco campistas a mais.

Quíron passou as regras, acompanhado do Sr. D, que lia uma revista sobre vinhos, e uma mulher ruiva, que olhava em volta como se aquilo tudo a trouxesse boas lembranças.

Quando fizemos a divisão das tarefas, Niké, Poseidon, Hades e nós, de Apolo, ficamos no ataque, Perséfone e Tique ficaram com as armadilhas, Hebe, Íris e Éolo ficaram com a cobertura aos aliados, Hermes, Afrodite e a maioria de Hefesto ficaram com a vigia da fronteira, e os dois que sobraram de Hefesto, com a proteção da bandeira, que fora fixada no meio de algumas pedras.

Quando a trombeta que dava início ao jogo soou, cada um foi para um lado diferente. Não acho que fizeram por mal, mas meus irmãos saíram em duplas, Aria e Bridget, David e Daniel e Dylan e Todd. Aquelas deviam ser as duplas em que eles sempre ficavam nos jogos, mas nós éramos um número ímpar de pessoas, e, eu ficara sem par.

Não que eu achasse que não pudesse fazer isso sozinha. Na verdade, era exatamente o que eu ia fazer.

Aquela era a noite mais escura que eu já vira na vida, e o ar era tão quente e pesado que eu mal conseguia respirar. Eu esperava ouvir gritos, sons de espada ou quaisquer sinais de luta assim que soassem a trombeta, mas os únicos barulhos que conseguia escutar eram um ou dois monstros ou grilos.

Depois de checar três vezes se não tinha ninguém, murmurei um lumos, e a varinha se ascendeu. O brilho era fraco, o que, na verdade, era bom, pois não dava sinal de minha localização.

Fui me esgueirando entre as arvores, tentando não fazer barulho e, toda a vez que achava ouvir alguém, me escondia no meio das folhas. De algum modo estranho e inexplicável, cheguei ao território do time vermelho sem ser vista por uma única alma viva, e só caíra em uma armadilha, uma daquelas redes que deixam você preso, e que eu cortei facilmente com a lâmina do florete. Eu, definitivamente, fiquei decepcionada com a armadilha. Não era possível que em um acampamento no qual as pessoas praticassem jogos de guerra usassem armadilhas tão sem graça!

Acabei em uma parte da floresta que parecia uma clareira. Um circulo de árvores, onde ninguém do lado de fora poderia me ver. Nem me ver, e nem a bandeira cravada na terra, do outro lado. Espera... bandeira? Não, não podia ser. Tudo que eu precisava fazer agora era pega-la e levá-la até o território do time azul, e então eu ganharia um caça-bandeira para o meu chalé pela primeira vez em três anos!

Eu já estava indo em direção ao estandarte vermelho-sangue, a animação e ansiedade tomando conta do meu corpo, a varinha acesa na mão trêmula e então...

Crack!

Pisei num MALDITO GALHO NO MEIO DO CAMINHO!!! Revirei os olhos. Porque sempre que se está em um momento tenso, um galho aparece magicamente no meio do caminho? Será que existe um tipo de deus dos Galhos que fazia isso? Se existisse, eu teria uma séria conversinha com ele. Chutei o galho para o lado, e já estava prestes a continuar com meu plano de vitória, quando ouvi barulhos de conversa, o que, com certeza, era mais grave do que um galho no meio no caminho.

Nox!- murmurei baixinho, logo antes de os cinco filhos de Ares adentrassem a clareira. Eu, é claro, já sabia que estava ferrada.

Estava tudo tão escuro que tinha uma pequena probabilidade de eles não me verem. Prendi a respiração.

–Você viu a cara dele?- perguntou rindo uma voz que eu reconheci como a de Valerie.

–Não, claro que não!- respondeu outra voz, de alguém que eu não conhecia- Não consigo enxergar nada a dois palmos da cara!

–Não entendo porque fizeram isso!- protestou uma voz que eu também achei familiar... O imbecil do Tanner- Ele era do nosso time!

Ele parecia realmente indignado, mas os outros só riram.

Essa era a minha chance, eles estavam rindo! Eu podia sair sem ser percebida.

Mas e a bandeira?, perguntou uma voz na minha cabeça.

Dane-se a bandeira!, pensei, Eu prefiro viver! Posso capturar a bandeira na próxima vez!

Então vai se covarde e fugir?, sussurrou a voz, Já chegou tão longe!

Aaah! Saia daqui, consciência! Eu seu o que faço!

Essas conversas comigo mesma aconteciam com frequência, não se preocupe.

Dei um passo para trás para sair da clareira e escapar da minha morte quase-certa, quando...

Crack!

Não, não, não! Caramba, como eu sou burra! Eu acabara de pisar no mesmíssimo galho de antes, que eu havia chutado para o lado. As risada cessaram, e mesmo naquele breu quase absoluto, pude ver Valerie arregaçando os dentes.

–Quem está aí?- perguntou ela, com uma falsa calma- Saia, saia de onde estiver! Aposto que pensou que podia capturar a bandeira.

Então eu fiz a coisa mais estupida do mundo:

–É engraçado, Valerie, você são tão autoconfiantes que acharam que podiam sair por aí para bater em seus companheiros de equipe e deixar a bandeira sem proteção.

–Rose?- perguntou Tanner. Nossa como ele era idiota! Me entregou para aquela brutamontes!

–Calado, Adams!- falei com raiva.

–Quer dizer a filha de Apolo?- perguntou Valerie, já desembainhando a espada- Ótimo, que hora oportuna...

E nessa hora que eu morro!

O que vai fazer?, perguntou a voz, se intrometendo novamente.

Pensei que tivesse te mandado embora!

Você sabe que eu sou você, certo?

Ai, tá, tudo bem! Mas se vai ficar aí, pelo menos me ajude!

Afinal, você é uma bruxa, ou não? Use a varinha!

Contra uma trouxa? Não! É contra as regras!

Ah, é? Usar magia para limpar o quarto também! E eu não estou dizendo para matá-la. Apenas desarme, ou estupore!

Essa, na verdade, não era uma má ideia. Eu só precisava usar o feitiço de desarmamento, que era tão simples que até crianças conseguiam conjura-lo. Ele não emitia nenhuma luz, e emitia apenas um ruído abafado, como o estalo de um chicote.

Expeliarmus!- murmurei, quase inaldivelmente, e a espada de Valerie voou de suas mãos e foi parar à uns dois metros do meu lado.

–M-m-mas- ela pareceu incrédula, assim como todos os seu irmãos- Mas como?

Encolhi os ombros, com um sorriso debochado no rosto mesmo sabendo que ela não podia ver mais do que minha silhueta recortada na escuridão. Pensei em correr, já estaria me sentindo vitoriosa só por tê-la desarmado, mas eu estava errada, muito errada. Valerie se recuperou do momento de incredulidade, andou até o estandarte vermelho e descravou-o da terra.

–Val, o que vai fazer?

–O que eu disse, Tanner? Calado!

Virou a bandeira de cabeça para baixo, segurando-a pelo tecido. Mesmo em meio a escuridão, pude ver seu sorriso sanguinário, quase como um escárnio, à quatro metros de distância. Ela veio andando até mim, bem lentamente, como se tivesse todo o tempo do mundo para me transformar em carne moída, então, quando já estava perto o suficiente, atacou.

Bateu o cabo de madeira em minha barriga, expulsando o ar para forma de meus pulmões, e me fazendo cair de joelhos. Levantei-me rapidamente, cambaleando para trás. Valerie me alcançou, e tentou desferir um golpe em minha cabeça, o qual eu desviei me abaixando, mas, quando voltei a subir, um punho me esperava, certeiro em meu olho esquerdo.

Se já não estivesse tão escuro, tenho certeza de que minha visão teria escurecido. Eu estava no chão novamente, arfando com o esforço e a dor. Aquilo não era justo! Eu tinha dias de treinamento, e ela tinha anos, e ainda era filha do deus da Guerra!

–O que foi?- disse Valerie, debochadamente- Já está cansada? Vamos! Levante-se e lute!

E foi o que eu fiz, ou melhor, tentei fazer. Desembainhei minha espada, que lançou uma luz pálida em meio ao breu que nos cercava. Agora eu podia ver parte de seu rosto.

Valerie me pegou por trás, pelos braços, e colocando seu próprio ao redor de meu pescoço e o pressionando um pouco. Tentei me soltar com todas as minhas forças, mas ela me segurava com todas as dela. Ninguém falava ou fazia nada. Devia ser algum tipo de código do chalé cinco: Nunca interferir nas lutas dos outros, ou algo assim. Dei um pisão em seu pé, fazendo com que me soltasse. Esfreguei o pescoço dolorido.

Ela tentou atacar novamente, mas eu bloqueei o golpe com a lâmina de bronze. Eu não podia perder, não podia! Precisava pensar num jeito de pegar a bandeira sem morrer. Tinha que achar alguma fraqueza nessa brutamontes!

Tudo bem, pensei, ela é forte, e é boa lutadora, mas seu porte pesado a deixa lenta. Além disso, é previsível. Está tão certa de que vai ganhar que pensa que não precisa desperdiçar seus golpes realmente bons em mim.

Ela me deu uma rasteira, fazendo minhas costas baterem com força no chão, levantou a bandeira acima da cabeça. Ela ia cravar aquilo na minha barriga? Eu precisava de um plano urgente!

Quando o cabo de madeira estava a dez centímetros de meu estômago, rolei para a direita e, antes que ela pudesse perceber, levantei e bati o punho da do florete com força em sua nuca, fazendo-a cair inerte de barriga na terra, a bandeira a seu lado.

Seus irmãos estavam estupefatos de mais por sua líder todo-poderosa ter perdido uma luta para uma filha de Apolo com dias de treinamento. Quem era a inútil agora, otários?

Peguei a bandeira em um movimento rápido, e corri para fora da clareira em direção ao território do time azul, a adrenalina correndo por minhas veias. Enquanto corria, o mais velozmente que minhas pernas permitiam, soltava risadas entusiasmadas. Meus cabelos estavam emaranhados, minhas roupas, sujas de terra, mas eu não me importava. Eu tinha a bandeira! Ia ganhar esse estúpido jogo legal para meu chalé pela primeira vez em mais de três anos!

Pude ouvir passos rápidos atrás de mim, mas já era tarde de mais para eles.

Quando alcancei meu time em nosso território, a maioria das pessoas estava la, triste e desmotivada, enquanto o conselheiro de Niké tentava animá-los.

–Temos que procurar novamente!-disse ele- deve ter algum lugar em que não olhamos!

–Estão procurando por isso?- perguntei, alto o suficiente para que todos me ouvissem, com cinquenta dentes amostra em um sorriso da mais puríssima felicidade.

Nesse momento, a bandeira tremeluziu acima de minha cabeça, transformando o tecido vermelho em um amarelo vibrante, com uma lira ocupando seu centro.

As pessoas ali presentes formaram o alvoroço, no mesmo instante em que o time de Ares adentrava nosso território, carregando uma Valerie inconsciente nos braços e expressões muito feias nos rostos, com exceção de Tanner, que tinha um leve sorriso nos lábios.

Quíron também se juntou à pequena multidão que me parabenizava e, botando uma coroa de louros dourados em minha cabeça, anunciando a vitória do chalé sete.


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Notas finais do capítulo

Eeentão... gostaram? A parte da luta ficou melhor desenvolvida do que quando foi com a quimera? É que eu acho que as coisas estão acontecendo meio rápido de mais, e que as descrições não estão tão boas, mas eu quero a opinião de vocês! /Lu (vulgo Tia Ricka)

P.S: São 5:43 da manhã, pra vocês verem o quanto eu me importo com vocês!