Love Is All You Need escrita por Lojas PEVOAI


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Ooi aqui estou com mais um dia de postagem! Que bosta. Enfim esse capítulo saiu grandinho e estou muito orgulhosa de mim mesma, então... nada é só isso.



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POV Annabeth

Hoje eu não corro mais o perigo de ter o meu quarto invadido por dois vândalos no meio da madrugada. Mais ou menos. Eu me certifiquei de que a porta estava trancada e instalei um equipamento de alta tecnologia que vai impedi-los de entrar pela janela. Se é que passar fita adesiva na sua janela é considerado alta tecnologia. Mas enfim, hoje é quinta feira e eu tenho que dar aulas para o Percy. Eu não sei por que, mas algo me diz isso não vai dar muito certo. Provavelmente ele vai me irritar e eu vou tentar esfaquear o fígado dele. Anteontem ele até pareceu legal com aquele papo de "eu sou diferente!", mas depois disso eu reparei que ele age exatamente como uma das pessoas mimadas da GHS, eu ainda acho que essa história é furada. Infelizmente não dá para voltar atrás, já prometi que daria as aulas e trato é trato, ainda mais o fato de que aquele garoto vai aparecer na minha casa de qualquer jeito, eu nem se quer tive o trabalho de lhe passar o endereço, ele já sabe até o horário em que eu uso o banheiro! Será que isso tem haver com o fato de eu estar, recentemente, sendo seguida por uns caras que parecem detetives... Não, acho que não.
Bem, a Thalia tá "doente" hoje e não vai poder me levar para a escola. Quando eu falo "doente" eu quero dizer que a Thalia tem prova hoje e ela não estudou, logo fingiu que estava doente.
− Hey Annie! Vamos! − Luke falou da porta.
− Ok! Já estou indo.
Nunca que eu iria sozinha. Luke vai me levar hoje, esse é o lado bom de seus amigos serem mais velhos: eles tem carros. E te levam para os lugares. Não que eu seja interesseira, imagina. Luke tem um carro utilitário amarelo, não muito melhor que o da Thalia, mas já é um avanço. Ele ganhou esse carro do pai dele quando fez dezesseis anos, o pai do Luke não é presente na vida dele, na verdade eu acho que o Luke não sabe nem o nome dele. O pai dele deixou a ele e a sua logo que Luke nasceu. A mãe dele, May Castellan, não fala muito sobre ele, ela é meio... Louca? Ela fala sozinha, pensa que o pai do Luke ainda vivi com eles e que são uma família feliz. Ela acha que ele só está viajando, ela fala o dia inteiro que ele é um grande viajante e que não tem tempo para ficar em casa. Isso deixa o Luke irritado, ainda mais quando ele recebe presentes misteriosos na sua porta, ele geralmente destrói os presentes, mas a Thalia implorou para que ele ficasse com o carro.
− Então... Hoje tem prova de quê?
− Química, física e... Hã inglês, eu acho. − disse o Luke com o olhar fixo no trânsito − Aliás, abre o porta-luvas e assina esse atestado médico pra Thalia.
− Ok − peguei o atestado e li em voz alta − " a aluna Thalia Grace não pôde comparecer a escola porque está com uma doença muito, muito, muito contagiosa. E perigosa também. " Quem escreveu isso?
− Quem você acha? A própria Thalia.
− Ahnn ela sabe que não vai conseguir nada com isso, certo?
− Ah. Só assina − ele disse indiferente.
− Tá bom... " Com amor, Dr. Medicus ". É, está ótimo.
Luke ainda encarava o trânsito. Seu olhar estava cabisbaixo e nada o alegrava, nem mesmo a sua música favorita que estava tocando na rádio. Eu não precisava ser vidente para saber que alguma coisa estava errada. Já tínhamos chegado na escola quando perguntei:
− Luke. O que aconteceu? − ele absorveu a pergunta, respirou fundo e me encarou com aqueles olhos profundos, que depois de tantos anos eu aprendi a lê-los como um livro aberto.
− Foi ele. Ele me ligou. − eu não disse nada, e nem precisava, pois sabia perfeitamente quem era a pessoa − Ele disse que quer se encontrar comigo e que está muito arrependido do que fez.
− Olha Luke... Eu sei que é difícil para você, mas não acha que pode dar uma segunda chance a ele? − era uma coisa difícil de se fazer, eu admito que nunca perdoaria alguém que me deixasse para trás.
− Como? Como você quer que eu simplesmente esqueça tudo isso e volte a ter uma família feliz com o meu pai? Como Annabeth? − Luke já estava praticamente gritando e eu não sabia como responder a esta pergunta.
− Olha Luke... Eu preciso ir, e você também − Abri a porta e lhe entreguei o atestado da Thalia − Só não esquenta muito com isso, ok? Tudo vai ficar bem.
Desci do carro e entrei na escola. Tudo vai ficar bem? Que tipo de amiga eu sou? O pai dele desaparecido durante anos resolve aparecer e eu digo para ele não "esquentar muito com isso". Eu sempre fui péssima em dar conselhos e consolar as pessoas. Uma vez o Jason levou um enorme fora da garota de quem ele sempre gostou e tudo o que eu disse pra ele foi "tudo na vida é passageiro, menos o motorista". É eu sei, eu sou uma pessoa horrível. Fui direto para a minha árvore, mas fui impedida por uma pessoa que eu não estava nem um pouco a fim de aturar.
− Oi Annabeth! Eu só queria perguntar se hoje ainda tá de pé.
− Claro Percy, hoje ainda está... De pé.
− Ótimo! Quer dizer... Legal. − ele olhou para o portão da escola e franziu o cenho − olha, eu não quero ser inconveniente, mas hoje você teve uma carona diferente. Não era a sua amiga punk, era um cara loiro... Quem era?
Ele disse em um tom autoritário, como se fosse o meu pai. Eu apenas revirei os olhos e ele insistiu na pergunta.
− Era... Seu namorado? − ele falou as palavras como se fossem o pior veneno do mundo.
− Talvez... − Olha eu já estava me sentindo péssima, que mal faria em brincar com a cara dele?
− Talvez... − ele repetiu a palavra como se tentasse decifrar o que eu queria dizer. Ele abriu a boca, mas logo em seguida a fechou.
− Olha Percy, eu tenho mesmo que ir. − falei e comecei a me afastar.
− Ah... Eu... Eu te encontro depois?
− É, tanto faz.
Eu não queria ser grossa com ele, mas quando eu o vejo eu sinto uma enorme vontade de lhe dar um soco no olho. Mas... Depois eu me sinto culpada por ser tão insensível. Eu sou muito bipolar. Eu não menti, eu realmente preciso ir a um lugar, que no caso é a sala de artes. Pelo fato de eu ter sido gentilmente "retirada" da escola pelos meus amiguinhos, eu faltei a aula de artes e não peguei o tema do próximo desenho. A sala de artes fica no final do corredor, bem longe de todas as outras salas. A sala em si é enorme, com vários cavaletes de pintura, armários com uma enorme variação de tintas e pincéis, tinha panos limpos e pias a sua disposição, tinha até algumas caixas fechadas com ainda mais tintas num canto da sala. Na verdade eu não sabia o porquê de ter tantas coisas na sala, sendo que a aula era praticamente esquecida da sociedade.
− Oi? Professora Fleecy?
− A professora não está aqui. − disse uma garota ruiva saindo detrás de um dos cavaletes.
− Nossa, você me assustou!
− Desculpa. É que eu gosto de ficar aqui e... Você sabe, pintar. − ela sorriu e mostrou o pincel na mão. Ela tinha olhos verdes, um pouco de sardas no nariz e seus cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo. Seus jeans estavam desgastados e sujos com várias manchas de tintas, além de rasgados, como se ela gostasse de se furar com um garfo. − Ei, você é a Annabeth Chase certo? − assenti com a cabeça − Veio buscar o tema da próxima aula?
− Na verdade sim.
− Ah eu pego pra você, eu sei onde Fleecy guarda as coisas − ela limpou as mãos e remexeu em algumas gavetas − Aqui está, todos escolheram seu próprio tema, o seu foi o único que sobrou. Patos em um lago.
− Patos?
− É. Se me lembro bem só restaram dois temas, patos e a arquitetura de um monumento da Grécia, Patermum... Paterlon...
− Partenon.
− Esse mesmo. Mas alguém o escolheu.
− Ah que droga... Agora eu vou ter que ficar com os patos idiotas! − você não faz ideia do quanto eu amo arquitetura, ainda mais a grega! − mesmo assim, obrigada.
− De nada.
− Desculpe, mas eu não sei o seu nome.
− Ah. É Rachel Elizabeth Dare. − ela estendeu a mão e eu a cumprimentei.
− Rachel, você sabe me dizer de onde vieram essas caixas novas?
− Ah. Meu pai as comprou. Na verdade, ele que comprou a maioria das coisas nessa sala. Ele não é bem um amante das artes, mas eu meio que o obrigo a comprar essas coisas.
− ...Sabe, ele nem precisa desse dinheiro todo, mas ele insiste em me preparar para assumir as empresas Dare. E ele se importou de me perguntar algo? Não! Ele nem liga para o que eu realmente quero. − ela falou tudo tão rápido que eu nem tinha raciocinado direito.
− Olha, eu acho que eu tenho que ir...
− Ele só quer de dinheiro!
− E ainda tem mais.
− O que eu realmente quero é estudar arte e me tornar uma grande pintora! Teve uma vez que... − Rachel começou a tagarelar sobre o seu pai e o quanto ele ignorava sua arte. Essa garota tem um bom fôlego, ela parecia um tornado verbal. Eu apenas assentia com a cabeça.
− Rachel.
− Não, e tem mais. Quando ele quer alguma coisa...
− Rachel.
− ...ninguém pode ser contra, ele queria me colocar numa instituição ridícula para moças no Clerionnn.
− Rachel.
− Mas eu disse não...
− Rachel! O sinal já tocou a cinco minutos!
− Ah foi? Nem percebi... Te vejo depois Annabeth!

Depois de escapar do vendaval de palavras chamado Rachel, eu assisti umas aulas que foram até interessantes, aprendemos sobre coisas tão legais! Fomos para o laboratório e o professor de física fez um ovo de galinha explodir, e foi direto na cara de um dos otários gêmeos, os Stoll. Com certeza essa foi a parte mais gratificante do meu dia, pode crê. No final do dia Rachel se ofereceu para tomar um sorvete comigo, o que eu aceitaria numa boa, se o Percy não tivesse me esperando no portão da escola.
− Oi Annie.
− Não me chame de ''Annie'' seu inútil, eu te dei intimidade por acaso?
Tá, não foi isso o que eu disse.
− Oi, Percy.
− Eu posso ir com você?
− Pode né.
− Ah valeu − sorri para ele.
Andamos em silêncio por um tempo, até ele puxar assunto.
− Então... Você mora onde?
− Em um prédio simples no lado oeste da cidade, na Upper West Side. É pequeno, mas eu gosto porque a Thalia, a amiga punk, e o Luke moram lá.
− Sei... O Luke, seu namorado − ele falou com deboche.
− Na verdade ele não é meu namorado.
− Não?! − neguei com a cabeça, ele abriu um enorme sorriso e murmurou um "yes!". Depois ele pigarreou e voltou ao normal − É... Seu apartamento fica muito longe?
− Não, umas três ou quatro músicas de distância.
− O quê?
− Ah. É que eu volto escutando música. Principalmente as músicas da Taylor Swift, Demi Lovato... Um pouco de Justin Bieber e One Direction.
− Oh céus − ele deu um sorriso mega forçado − sabe... Eu também gos... eu também gos... quer dizer, eu também... Olha! Um passarinho.
− Ok. Mudando de assunto... Você mora onde mesmo?
− É... No gueto ué. Na parte... norte da cidade. Tipo barra pesada e... Muito maluco, você sabe né... aquele jeito.
− Você mora na parte norte? Tipo no Bronx?!

− Hãããã... é?

− Nossa, lá é muito perigoso, você tem razão de não me deixar ir pra lá.

­− Claro que... eu,, tenho razão.
Andamos mais um pouco e passamos por um barzinho que têm no canto da rua do meu prédio, eu realmente não gosto de bêbados, e quando eu passei um deles falou:
− Nossa que gostosa! − obviamente, Percy não gostou disso.
− Haha. Gostosa é a sua avó usando calcinha fio dental!
− É o que rapaz? − o cara se levantou, junto com uns outros carinhas nada amigáveis.
− Agora a porra ficou séria − Percy disse para mim.
− CORRE MULEQUE! CORRE! − eu gritei e saí correndo arrastando o Percy pela jaqueta.
Corremos para o meu prédio e entramos correndo que nem uns maníacos. Subimos as escadas, tudo sem dar uma única olhada para traz. Procurei as chaves na minha bolsa e quando abri a porta eu realmente não queria encontrar minha mãe, porque se ela visse o Percy ela ia começar com umas  conversinhas chatas sobre namorados, minha mãe adora fazer isso e é só para me deixar irritada. Mas o que eu encontrei foi pior. Jason e o Leo estavam deitados no meu sofá, assistindo a minha televisão e comendo o meu salgadinho!
− O que vocês...
− Oi Annie! Estávamos esperando você chegar para podermos começar a festa! − disse o Leo ignorando completamente a presença do Percy.
− Como vocês... − eu estava irritada demais para completar uma frase.
− Ah! Thalia me falou sobre o lance de entrar pela janela. Fique sabendo que esse apartamento tem quatro janelas, não adianta passar fita adesiva só em uma! − Explicou o Jason.
− Olha − respirei fundo. − Só deem o fora daqui.
− Não é assim que se fala com o seu futuro marido Annie! − disse o Leo enquanto se levantava e pegava a minha mão − eu achei um lugar que vendem alianças a preço de bananas!
− Hey cara! − Percy se intrometeu.
− E cara qual é? Quem é você? O namorado dela? − perguntou o Leo com sarcasmo.
− Claro que eu so... − Percy riu, olhou para o meu olhar mortal e engoliu em seco − Não, não sou.
− Percy calado. Leo larga a minha mão. Jason caí fora.
− Então eu posso ficar? − Leo perguntou piscando os olhos.
− Não. Caí fora também.
Ele resmungou alguma coisa sobre não ser amado e foi embora com o Jason. Aprenda uma coisa sobre o Leo, ele sempre dá em cima de alguém. Ele já fez isso com a maioria das garotas que ele conhece, e não são muitas, inclusive com a Thalia, só que agora é a minha vez. O Leo é bastante fofo, com cabelos encaracolados castanhos e olhos de mesma cor, suas orelhas são pontudas, como as de um elfo, mas ele tem um charme latino e sempre tem aquele olhar encrenqueiro de alguém que enfiou palitos de fósforo na sua calça. O único problema do Leo é que ele consegue ser muito irritante, eu só o aturo porque ele é o melhor amigo do Jason.
Percy ainda estava parado ao meu lado e eu estava em uns daqueles momentos em que gostaria de esmurrar a cara dele.
− Então... Vamos estudar? − ele perguntou com um sorriso amarelo.
− É, pode ser.
Fomos até o meu quarto, que a propósito Percy achou que era a coisa mais interessante do mundo.
− Nossa! Só tem uma cama, um guarda-roupa e uma escrivaninha! Isso é realmente impressionante! Minha nossa, um relógio de galo!
− Percy! Foco!
− Ah ok. − ele disse colocando o relógio no lugar.
− Então, vamos começar com matemática? − sentei na cama e comecei a remexer na minha bolsa.
− Não. − respondeu o Percy se sentando na cadeira.
− Hum... Então história?
− Credo! Não!
− Física?
− Never!
− Inglês? − sugeri levantando uma sobrancelha.
− Nãããão! − ele disse fazendo birra.
− Então o que! − isso estava me irritando.
− Vamos brincar!
− Arg! Parece que eu estou falando com uma criança! − Percy deu de ombros − olha, a gente estuda qualquer coisa e depois a gente brinca tá?
Ele ponderou a proposta enquanto girava na cadeira.
− Promete?
− Prometo, tanto faz − ele não pareceu acreditar − tá bom, tá bom, eu prometo... por um sorvete, ok?
− Ok!
Ele concordou e começamos a estudar, mais ou menos. Eu devo ter explicado toda a Revolução Francesa, enquanto Percy tentava equilibrar um lápis no nariz. Pulamos para matemática, onde ele achou que logaritmos tinham sido inventados pelo Logan do Big Time Rush. Passamos para biologia e ele achou que a imagem de uma mitocôndria parecia um chinelo. Pulamos essa parte da biologia e parece que nosso esôfago fica do lado exterior de nosso organismo. Voltamos para a matemática e quando eu lhe perguntei o valor de "x" na equação ele ficou calado por uns segundos pensando e depois disse "é a vigésima terceira letra do alfabeto!"
− Nossa Percy! Você nem se esforça para prestar atenção! Parece que eu estou dando aulas para uma coluna! Você é um preguiçoso. − eu estava frustrada, eu nunca iria conseguir ensinar nada àquele sem noção.
− Hey! Não é como você pensa! Eu não sou preguiçoso, é que eu não consigo! Tenta ler alguma coisa quando se tem cérebro de mingau! − ele cruzou os braços e girou a cadeira, ficando de costas para mim. Ele me pareceu bastante magoado com o que eu disse.
− Espera, como assim cérebro de mingau?
Ele suspirou e falou ainda de costas.
− Eu tenho dislexia e TDAH, transtorno de déficit de atenção e...
− hiperatividade − completei − é, eu sei o que é isso.
− Sabe? − ele disse girando a cadeira para poder me encarar.
− É sei. Eu também tenho isso.
− E como você consegue ser tão inteligente?
− Eu não sou tão inteligente. Eu apenas me esforço bastante e é isso que você deveria fazer também. − ele voltou a ficar de costas para mim − Olha, eu sei que é difícil, mas todo mundo tem que superar alguma dificuldade na vida, e se você se esforçar vai ser bem mais fácil. Faça isso e você verá.
Percy continuou calado, pensando nas palavras que eu disse. Não era mentira, eu realmente tenho dislexia e TDAH, é muito difícil, às vezes parece que meu cérebro vai explodir e se desfazer em mil pedacinhos. Percy suspirou e virou novamente a cadeira.
− É você tem razão.
Seus olhos expressavam toda a dificuldade que ele sentia, e nessa hora eu soube que ele não estava mentindo, precisava realmente da minha ajuda. Eu não queria admitir mas Percy era um rapaz muito bonito, ele é alto, seus cabelos pretos sempre jogados para o lado faziam uma espécie de "onda" perfeita, seu nariz era bonito e seus lábios finos sempre tinham um sorriso sarcástico. Eu me senti uma boba por estar o observando tão minuciosamente e ele provavelmente percebeu, pois começou a me encarar de uma forma diferente, o que me deixou potencialmente vermelha.
− Então! Eu prometi uma brincadeira pra você.
− Verdade. O que você quer fazer?
− Hum... Eu não sei. Pique esconde? Xadrez? − respondi.
− Vamos conversar. Conte-me um segredo Annabeth Chase.
− Como assim?
− Eu te conto um segredo e você me conta um seu, pode ser qualquer coisa, vamos começar com um medo, me conte um e eu conto o meu.
− Parece justo. Comece.
− Ok. − ele franziu o cenho e pensou por um segundo − Até poucos meses atrás eu morria de medo de descargas... Mas eu estou superando isso.
− Descargas? − comecei a rir − Como é possível alguém ter medo de descargas?
− Eu não sei! Mas eu tinha! − continuei rindo, mas ele pareceu levar numa boa − Agora é a sua vez, do quê você tem medo Sra. Chase?
− Uh − a graça acabou agora − eu... pode parecer estupidez, mas eu tenho muito medo de aranhas. Qualquer tipo.
− Mais estupidez do quê sentir medo de descargas?
− Tem razão! − voltamos a rir juntos.
− Ok, agora hum... micos públicos. E desta vez você começa.
− Uma vez, eu estava em um parque de diversões e... Tinha um palhaço que era muito... tarado. Ele foi tentar dar em cima de mim e eu agredi ele e um policial viu e jogou spray de pimenta na minha cara.
− Noossa! Por que você fez isso? − ele ria abertamente do meu passado −  Mas não é considerado um "mico"!
− É sim! Eu fiquei muito constrangida!
− Não quando pulou em cima do palhaço... − ele disse me interrompendo.
− Ok! Agora é a sua vez.
− É... Eu fui em um acampamento de verão e enquanto eu dormia me amarraram no mastro da bandeira, e eu meio que estava usando meu pijama da Dora Aventureira, versão masculina!
− OMG! Cena épica! Percy Jackson usando Dora Aventureira. Sabe, seria uma pena se alguém espalhasse isso na escola...
− Você não se atreveria − ele disse se levantando.
− Tente a sorte!
− SR. PERCY JACKSON É MENININHA E USA ROUPA DA DORA! − levantei e comecei a gritar na janela do meu quarto.
Percy pulou na minha direção e colocou a mão na minha boca.
− MMM! − protestei.
− Só solto se você prometer que não vai contar para ninguém!
− MMM! − neguei com a cabeça.
Ele me imprensou contra a parede, o que doeu um pouco já que ele é pesado.
− Última chance − ele falou.
Eu pensei em desistir, porque a mão dele tinha gosto estranho, como chaves ou algo do tipo. Ele sorriu, um sorriso muito encantador pra falar a verdade. Sua expressão mudou de sorriso sarcástico para uma bem mais séria. Eu senti minhas bochechas corarem quando percebi o quão perto ele estava, parecia que meu coração estava numa aula de Jumping. Quando ele me olhou, seus olhos pareciam ter perdido o foco, como se ele estivesse hipnotizado ou algo do tipo. Ele chegou perigosamente perto. Mas provavelmente eu não corria o risco de ser beijada, porque ele ainda estava com as mãos sobre a minha boca.
− MM MMM MMM MMM MMM. − eu falei, ou tentei, mas não importa porque pareceu tirar ele do seu transe maluco e ele se afastou tirando a mão de minha boca.
− Desculpe, o que disse?
− Eu disse "é melhor voltarmos a estudar".
Falei e voltamos a estudar. Desta vez Percy estava mas desatento do que nunca, ele não ligava para nada do que eu dizia e só ficava olhando para o nada e às vezes, rindo sozinho. Ou ele escutou uma piada muito boa ou ele é louco. Depois de uns minutos eu percebi que já tinha dado por hoje. O sol já estava quase para se pôr e eu não tinha progredido muita coisa com ele e insistir não adiantaria nada.
− Hey Percy, você quer comer alguma coisa? Eu posso fazer uns sanduíches. − sugeri, ele arregalou os olhos numa expressão de surpresa.
− Você faz a sua própria comida? − ele perguntou em um tom de total descrença.
− Sim...
− Nossa isso é impressionante!
− Por que? Você não faz sua própria comida? − perguntei e ele ficou meio confuso − vai dizer que alguém faz isso pra você? − perguntei brincando com a cara dele.
− Pff! Mas é claro que não! Eu faço a minha própria comida, ok?
− Ok − falei levantando os braços − então, você vai querer alguma coisa ou não?
Ele tirou um IPhone do bolso e olhou as horas. Pera aí, como ele tem um IPhone?
− Ah. Eu vou ter que recusar desta vez. Já é tarde e é um longo caminho até a minha casa.
Ele pegou suas coisas e se dirigiu até a porta. Eu o segui e o acompanhei até o portão.
− Então, eu e você poderíamos sair no sábado para tomar o sorvete que me prometeu. Não acha? − ele perguntou com o sorriso sarcástico irritante.
− Não, não acho.
− Claro que acha! E eu vou aparecer aqui sábado, então é bom você está preparada.
− Ah claro. Ei, agora que eu me lembrei, como você conseguiu esse celular tão caro?
− Aaah... até amanhã Annabeth.
Ele disse, me deu um beijo na bochecha e foi embora sem responder e nem olhar para trás. Esse é um garoto muito estranho, isso é uma verdade.


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Notas finais do capítulo

Olha, pessoas que começaram a ler agora, não se acanhe comente também! Não se esqueçam de uma coisa: lhamas são legais.
Beijo pessoal, eu amo vocês