Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 40
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

O caminho até aquilo que desejamos nunca é fácil...



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Tamerlán analisava cada um deles enquanto tomavam o caldo quente que, afinal de contas, não era tão ruim quanto parecia. Estavam todos tensos, afinal, aquela poderia ser a última chance de encontrar alguma resposta, então, como se não houvesse mais ninguém ali. o velho começou a falar:

–Aquela que tiver a coragem para ler as escrituras antigas e realizá-las, encontrará a eternidade. Um pesado silêncio se seguiu enquanto o velho colocava fogo em seu cachimbo, enchendo o ambiente com uma fumaça que carregava um cheiro misto de eucalipto e tabaco.

–O que disse? – perguntou Ella, mas o senhor continuava pitando e observando.

–Senhor? – disse Doroty – Eu sei que o senhor está querendo dizer alguma coisa. Então se importaria em ser mais direto? Estamos cansados e muito, muito desanimados. Nem se quiséssemos, a essa altura não seríamos capazes de resolver nenhuma charada.

Ele se remexeu onde estava sentado, ajeitou o cachimbo e limpou a garganta. Depois começou a falar como se fosse contar uma história.

–Há muito tempo, tempo demais... estou velho e cansado e essa bengala certamente pesa bem mais hoje do que pesava há 60 anos... - Ninguém se atreveu a fazer qualquer barulho, como se isso pudesse impedi-lo de continuar. -Ela apareceu, nem sei de onde. Eu havia acabado de enterrar minha mulher, morta pela peste, e vagava por esta floresta, bêbado, quando ela surgiu correndo entre as árvores e dizendo que precisava chegar do outro lado, que estavam atrás dela e que não poderiam encontrá-la e nem ao pedaço de pau que ela carregava. Bom, bêbado como eu estava, aquilo era somente um pedaço de pau para mim...

Tamerlán ficou em silêncio por um breve momento, pegou mais tabaco e completou seu cachimbo que já havia se apagado, acendeu-o novamente, se recostou olhando para o teto baixo de sua caverna como se estivesse buscando a história em sua mente e continuou.

–Ela partiu o cajado em duas partes e me deu uma, dizendo que algum dia alguém viria buscá-la e que se trouxesse a outra parte eu poderia entregar. Eu estava tão bêbado que certamente acabaria morrendo no meio daquela neve, só que quando acordei no outro dia, com uma ressaca daquelas, estava aqui, nessa caverna. Eu acho que ela morava aqui, mas eu nunca mais a vi. Eu não tinha motivos para voltar para vila, então fui ficando por aqui que passou a ser minha casa.

–Foi só isso que ela disse? – Haig não pôde conter sua ansiedade e quebrou o silêncio, levantando-se e indo sentar-se mais perto de Tamerlán que o olhou demoradamente.

–Não. Como ele não continuou com o assunto todos se impacientaram, mas Haig atreveu-se a perguntar.

–O que mais ela disse então? Por favor, há anos que eu busco por respostas e pela primeira vez parece haver uma luz no fim do túnel.

Tamerlán pigarreou e depois disse: -Eles estiveram aqui, encontraram essa caverna e quase me mataram tentando me fazer falar sobre uma tal “bruxa” e então eu entendi. Eles pareciam militares e estavam loucos atrás dela. Eles falavam entre si sobre chupadores de sangue e bruxas e sobre matar mulheres. Bom, eu havia enterrado o tal “pedaço de pau” que ficou escondido assim por muitos anos, até que recentemente eu tive um sonho.

Tamerlán contou que noite após noite nos últimos meses sonhava com a mulher que o havia salvado a vida e lhe dado o cajado para guardar. No sonho ela dizia que ele deveria estar pronto, porque alguém estava chegando para pegá-lo, então ele desenterrou a vareta e esperou.

–Quando eu vi seus olhos – ele disse olhando para Ella, – sabia que era de você que ela estava falando. Ela me disse, naquele dia em que me encontrou, que aqui estava guardado o segredo mais importante da vida de algumas mulheres especiais, e que caso alguma me encontrasse, ela teria a chance de viver para sempre.

–Ah, meu Deus! - Doroty disse levando a mão à boca com as lágrimas já brotando de seus olhos. O velho tossiu e continuou:

–Não me perguntem como eu me lembro de tudo isso, eu estava tão bêbado que nem vi como vim parar nessa caverna, não sei como posso me lembrar dessa história, não me lembro nem de estar de olhos abertos enquanto ela falava. Sem contar que, na minha idade, o certo é a gente começar a “esquecer” as coisas e há dias que começo a me “lembrar” até mesmo dos detalhes de uma conversa da qual nem me lembro sequer de ter participado. Nesse momento, todos olhavam para Tamerlán boquiabertos. É certo que estavam cansados de perseguir a exata história que ele lhes narrava, mas realmente não esperavam que ele fosse falar tudo de uma só vez. Então ele levantou o cajado que usava como bengala em direção a Ella.

–Tome, é sua! Mas já vou avisando, se não tiver a outra parte, de nada vai adiantar.

Então Aleh tirou a outra metade da mochila que carregava. Ela ainda estava envolta no pano vermelho de quando Évenice lhes entregou, no dia em que partiram de Mora. Juntaram as partes e, minutos depois, todos se olharam desanimados.

–O que foi? – perguntou Tamerlán. – Não era isso que estavam procurando?

–Era sim – respondeu Ella. – Mas nada do que está escrito aqui faz sentido para nós!

–Então, terminamos uma parte da jornada. Agora temos motivos sólidos para continuar! – disse Haig. – Eu não estava enganado, existe alguém por aí que sabe ler essa coisa, e nós vamos encontrar!

George, que nada dissera até então, levantou-se e colocou a mão no ombro do amigo como se dissesse “pode contar comigo”, mas isso não era nenhuma novidade, ele iria com Haig a qualquer lugar, mesmo achando que não daria em nada. Era leal a ele, assim como havia sido a seu pai.

–Me deixa ver isso! – disse Tamerlán e, depois de um tempo analisando o que estava registrado ali, revelou: – Parte disso é escrita mongol, e disso eu entendo, a outra parte é... coisa de! Bruxa, tá na cara! Existe uma lenda sobre um tal povo da lua, isso tá aqui também! -

Então diga, o que está escrito na parte que você entende? – perguntou Aleh com toda a impaciência da juventude.

–Você é filho dela, não é? –perguntou Tamerlán.

–Sim, mas o que isso tem a ver?

–Bom, tem uma passagem aqui que diz que você tem alguma coisa que ela vai precisar para se tornar imortal.

Ella e Haig se entreolharam, George e Doroty permaneceram imóveis sem desgrudar os olhos de Tamerlán.

–Eu? Mas o quê? Tá escrito aí?

Depois de um momento que pareceu uma eternidade, Tamerlán devolveu o cajado para Ella, que estava à sua frente, e se remexeu na cadeira.

–Durante a vida, eu vi pessoas buscando a verdade e depois querendo fugir dela! Com você não vai ser diferente! Eu sei...

– Por favor, Tamerlán... – suplicou Doroty.

–D-i-g-a l-o-go! – disse Ella entredentes.

De repente, era como se uma neblina espessa começasse a se dissipar e ela sentia todo o seu corpo gelar e tremer.

–Aquele que apaga sua estrela é o mesmo que pode lhe trazer ao novo mundo! - foi a única coisa que Tamerlán disse.


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Notas finais do capítulo

Ella realmente vai temer quando descobrir o verdadeiro caminho até a imortalidade e, talvez, nem tenha coragem para ir atrás dela.



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