Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 37
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

O verdadeiro amor te acompanhará em suas viagens, ainda que elas pareçam não levar a lugar algum.



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Nos primeiros anos de vida de Aleh não se ouviu mais falar em bruxas ou imortalidade ou Is, a alegria que aquela criança trouxe para a casa parecia superar todas as antigas preocupações que assolavam a todos.

Aleh Zirgov era um menino lindo e saudável, o porte, a maneira de andar e falar herdara do pai, já os olhos verde-esmeralda eram da mãe. Na verdade, Aleh parecia ter herdado as melhores qualidades de cada um de seus familiares. A coragem era do avô materno Rudolph, a determinação do avô paterno Zirgov, ele era extremamente amoroso em família o que, segundo dizem, era característica de sua avó paterna Iandra.

Todo ano o aniversário de Aleh era comemorado duas vezes, a primeira em casa com toda a família e logo depois, ele e o pai, acompanhados de Kuzma e George iam para a floresta onde passavam a noite caçando até quase o dia amanhecer, onde o pai lhe ensinava sobre “coisas de vampiro”, como ele costumava dizer a Ella a fim de convencê-la a desistir de acompanhá-los.

Tudo ia bem, todos pareciam tocar a vida “normalmente” até o 15º aniversário de Aleh. Ella notou que Haig parecia quieto demais, distraído demais. Definitivamente ele não estava se comportando como de costume, mas nada seria capaz de prepará-la para ouvir o que ele tinha a dizer.

Naquela noite, após o aniversário em família, os homens, com exceção de Jason, foram para a floresta, porém, eles não demoraram como de costume, voltaram antes das 04 horas da madrugada, o que causou estranheza em Ella que, por conta de seu sono leve, ouviu quando retornaram e desceu ao encontro deles na sala da lareira.

– O que aconteceu? Onde está meu filho? – ela estava aflita e deixou isso claro em sua voz, fazendo com que Aleh se manifestasse rapidamente.

– Estou aqui, mãe! Calma, está tudo bem!

– Graças a Deus! O que aconteceu para vocês chegarem antes do horário de costume?

– Ei, Kuzma, que tal irmos até o posto dos caminhões, acho que ainda pegamos uma boa sinuca por lá! – disse George arrumando uma desculpa para deixar a família a sós.

– Boa ideia! Eu estava sem sono mesmo! – disse Kuzma, e então ele e George saíram.

– O que aconteceu, Haig? Vocês estão estranhos e não é de agora, desde cedo que percebi você quieto e eles todos pareciam evitar me olhar nos olhos.

– Venha cá, querida! – disse Haig carinhosamente, dirigindo-se a uma poltrona onde se sentou e puxou Ella para que sentasse em seu colo – Está tudo bem, eu estou bem, Aleh está bem, todos estamos bem, nada aconteceu. Apenas estamos conversando sobre a possibilidade de retomar aquelas buscas e...

Ella levantou-se bruscamente.

– Eu achei que esse assunto estava resolvido, achei que poderíamos ter uma vida comum e feliz, como qualquer pessoa, cumprir o ciclo natural da vida como todo mundo, aproveitando cada momento em família! Achei que você havia entendido e aceitado isso e que eu poderia ter você aqui, perto de mim, até o fim!

Nesse momento, Haig exaltou-se e se levantou alterando também sua voz.

– Até o fim? Cumprir o ciclo natural da vida? Você não está esquecendo um detalhe, querida? Você vai cumprir o ciclo natural da vida, eu e seu filho vamos ficar aqui chorando o fim desse seu ciclo natural da vida e definitivamente eu não vou aceitar isso sem esgotar todas as possibilidades, ainda faltam lugares onde procurar e...

– E se você não encontrar eu terei cumprido meu ciclo natural da vida sozinha enquanto você procura por aí. E quem vai estar aqui para as coisas de vampiros que você diz que Aleh precisa aprender?

Haig e o filho se olharam, era a hora de apresentar o pequeno detalhe que, eles sabiam, a deixaria maluca.

– Mãe, eu também vou!

Ella arregalou os olhos como se tivesse ouvido que o mundo ia acabar naquele momento.

– O quê? – ela gritou tão alto que Doroty logo apareceu assustada – Você ficou louco? Além de querer levar essa sandice adiante ainda quer arrastar meu filho? Para quê? Para ele viver iludido achando que existe alguma coisa ou alguém que poderá tornar imortal a mulher por quem ele irá se apaixonar um dia? Não! Não! Não! De jeito nenhum! Eu te amo, Haig, e considero essa sua obsessão a maior prova de amor que eu poderia receber na vida, mas não vou permitir que você faça isso ao meu filho!

– Como assim seu filho? Ele também é meu filho e tem o direito de querer que a mãe viva eternamente entre nós!

Nesse momento, Ella respirou fundo. Sabia que não teria argumentos contra a obsessão de Haig, mas precisava tentar poupar o filho disso tudo. Queria que ele entendesse e aceitasse o destino das Is como uma coisa natural, com a dor da perda que afeta a todos os humanos sim, mas consciente de que é lei natural das coisas e que se pode viver com saudade, ela mesma convivia diariamente com a saudade que sentia dos pais.

– Sim, Haig, eu sei que ele gostaria disso, assim como eu gostaria que meus pais estivessem aqui, mas não estão! Porém, eles cumpriram seu papel e foram pessoas extraordinárias a quem eu nunca vou deixar de amar, mas no nosso caso isso é um ciclo que começa e termina inabalável e independentemente de nossas vontades, e eu quero que o meu, que o nosso filho entenda e aceite para lhe poupar maior sofrimento.

– Ei – disse Aleh – Eu estou aqui e acho que posso manifestar minhas ideias e vontades e arrrr... Tá, mãe, eu vou e não há nada que a senhora diga que me fará mudar de ideia! Se meu pai acredita com tanta firmeza é porque deve existir algo por aí e eu acredito nele!

– Ah, que ótimo! – Ella disse desanimada, sentindo-se vencida e deixando-se cair em uma poltrona aos prantos.

Haig aproximou-se da poltrona e ajoelhou-se diante dela.

– Eu morreria procurando por isso, você sabe! Não me interessa viver em lugar algum sem você, se Aleh não existisse eu aceitaria sua vontade e morreria com você, mas como posso deixar Aleh sozinho nesse mundo? Então eu quero que você veja que eu estou totalmente sem saída – ele a puxou para si e a abraçou, logo em seguida Aleh juntou-se ao abraço e os três ficaram ali grudados por um tempo.

– Eu também vou! – disse Doroty que ficara ali observando o que se passava sem dizer nada até aquele momento – Eu vou, filha! Eu cuido deles para você e eu também vou por Évenice, ela um dia há de se apaixonar por alguém e... – Doroty não aguentou e começou a chorar sendo imediatamente convidada a participar do abraço coletivo.


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