Runescape escrita por outono


Capítulo 4
Capítulo 4 – Conde Lanfour




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“Há um castelo...” e assim começou a explicação do cidadão de Draynor sobre a exata localização do vampiro. Ele se encontrava no porão de um antigo castelo abandonado nas proximidades de Draynor, apesar de ser fácil chegar até lá, havia, protegendo o castelo, uma floresta sombria de lendas assustadoras. Elas caminharam sobre o sol até que nuvens de chuva começaram a surgir.
– Não gosto dessas nuvens. – Disse Lisye, quebrando o silêncio.
– Por que não? – Libria, que caminhava no meio, perguntou
– Ouvi dizer que vampiros ficam mais fortes quando não estão expostos ao Sol. Eles são sensíveis a qualquer tipo de luz, por isso só saem pela noite.
– Isso me faz lembrar das noites em que eu saia pela minha cidade. Era o único momento que eu podia sair de casa.
– Por que você não saia à luz do dia? – Julienly perguntou
– As pessoas não podiam saber que eu era uma meia elfa. As outras crianças usavam magia quase o tempo todo e eram boas. Se eu usasse qualquer tipo de magia, desconfiariam da minha linhagem. Como já disse, ainda não posso controlar minha magia por completo.
– Entendi. Você deve ter vivido uma vida muito solitária, não?
– Minha mãe, Aelisis . Ela estava sempre comigo. Um dia espero que vocês a possam conhecê-la.
– Ela deve ser uma pessoa muito agradável – Disse Lisye
– Sim. A última coisa que ela me disse antes de sair foi: Encontre seu pai e entregue isto a ele. – Com isso ela puxou um pequeno pedaço de papel e o abriu. As outras se aproximaram para ler o que estava escrito.
– “Querido Zorgus, você me deve muitas, mas muitas moedas de pensão. Sinto sua falta, com amor... Aelisis Solarias” – Lisye leu em voz alta.
– Isso seria ser agradável? – Perguntou Julienly.
– Hahaha! Mamãe vai ficar feliz se conseguir eu encontrá-lo. Ela me contou muito sobre ele.
– Tudo o que sei sobre seu pai é que ele é muito poderoso. Conseguiu derrotar um demônio dois anos atrás, sozinho, usando apenas combate corpo a corpo, sem dúvida, o admiro muito.
– É. Espero ter alguma notícia dele em breve.

Estava escuro, sombrio e um vento gélido percorria a floresta. Sem perceber, nossas protagonistas estavam no interior do bosque do qual o castelo se encontrava.
– Nossa! Aqui é tão escuro quanto as Terras Selvagens – Lisye aproximou-se mais de suas amigas. Parecia que, a qualquer momento, as perderia de vista.
– As árvores... Elas até parecem estar se movendo! – Comentou Julienly

E de fato! Uma das raízes se enroscou no tornozelo de Lisye, Julienly gritou tão alto que fez com que corvos abandonassem seus postos, deixando todas alertas, Lisye rapidamente sacou sua espada e cortou a raiz. Mas assim que o fez, mais outras raízes surgiram e, além de seus tornozelos, seus braços foram atados.
– Mas o quê!? – Lisye deixou cair sua espada Elemental. Mas Julienly a pegou com um movimento rápido.
– Não! – Gritou Lisye. Era tarde demais. A espada, em contato com as mãos da evocadora, liberou eletricidade, que fez com que ela a jogasse contra uma árvore com um grito de dor. – A espada foi feita especialmente para mim!
– Como eu poderia saber?! Libria! Use magia do fogo!

Libria lutava contra as raízes sob seus pés, como se estivesse sapateando. Cada vez mais difícil rompê-las.
– Impossível!
– Por quê?!
– Eu não consigo controlar! Se eu errar na dose... poderei queimar Lisye!
– Ataque as raízes!
– Não posso!
– Grr! - Julienly então cruzou as mãos diante do peito: “Canis”! E Canis, novamente surgiu da névoa, agarrando várias raízes com a boca e as cortando entre os dentes. Como aconteceu com o demônio, as tentativas de impedir Canis eram inúteis. Seu corpo se desfazia, como névoa, e depois voltavam ao normal. O espírito conseguiu desprender Lisye, que agarrou sua arma de volta e não pensou duas vezes antes de cortar as árvores das quais surgiam tais raízes amaldiçoadas. Libria estava sendo solta por Canis a essa altura, e pouco a pouco o número frenético de galhos que ondulavam como serpentes, foram diminuindo. Finalmente, depois de alguns minutos, o silêncio voltava a reinar. Canis desapareceu e Julienly o agradeceu com um gesto de mão.
– Assustador. – Libria disse franzindo as sobrancelhas. – Canis é um espírito muito forte.
– Sim. Mas por mais que seja forte, seu tempo de evocação é curto. Ele pode ficar apenas alguns minutos em batalha, dependendo da condição de quem o evoca.
– Hum... Então, quanto mais forte você está, mais tempo ele ficará entre nós?
– Exatamente. E falando em tempo... Há quanto tempo estamos caminhando?
– Bem... Acho que podemos dizer que chegamos. – Lisye indicou o portal do castelo, que já podia ser visto no final daquele caminho, que antes, com tantos galhos e raízes era impossível de ver.
– Como devemos entrar? – Perguntou Julienly
– Pela porta da frente, é claro! – Libria caminhou até a porta, as outras a acompanharam.

Só a porta era tão alta que nenhum demônio teria dificuldade para passar por ali. Com um pouco de esforço, as três a empurraram, e ela abriu com um rangido tão agudo que fez Lisye cerrar os dentes. Ela se perguntou se o vampiro pôde ter escutado.
O hall era imenso, grandioso e parecia ter pertencido a um milionário. Porém, era notável: O lugar estava completamente abandonado. Teias de aranha surgiam dos cantos mais escuros até nos vãos do corrimão de uma escada que dava ao segundo andar. Os quadros eram cobertos por lençóis e a iluminação vinha de pequenas lamparinas e candelabros, espalhados descuidosamente, sem simetria, fazendo uns lugares ficarem mais sombrios do que os outros.
As três atravessaram a entrada e se distanciaram até, mais ou menos do meio do hall onde, sobre suas cabeças, havia um majestoso lustre de madeira maciça, todo coberto de poeira e teias de aranha. E então, a porta fechou-se tão rapidamente que agitou o fogo dos candelabros. Assustando a todas.
– Não quer abrir de novo! – Julienly tentou empurrá-la, mas isso era impossível de dentro para fora.
– Nem tente, daqui não tem volta! – Disse Libria, encarando com coragem. – Agora... Onde será que está esse vampiro?
– Está muito escuro aqui. Vou tentar acender todos os candelabros. – Lisye pegou um dos poucos castiçais e acendeu-os usando do fogo de seus companheiros da parede.

O ambiente logo foi tornando-se mais iluminado. As cores do salão foram ganhando mais vida. Revelando um pequeno alçapão no chão, logo abaixo a um tapete mal posicionado para seu disfarce.
– É... Algo me diz que é por aqui! – Disse Libria, o abrindo e saltando para seu interior, seguida pelas outras duas amigas.
E sem dúvida. Uma pequena sala, sem janelas, iluminada por algumas velas antigas, guardava um objeto de sombrio aspecto. Sem móveis, apenas um caixão estava posicionado na horizontal, rente ao chão. Era um pouco maior e muito mais enfeitado do que um caixão comum. Parecia que pertencia a um rei ou alguém que foi muito importante.
– Deve estar dormindo! – Sussurrou Julienly. - O que faremos? -
– Simples! Vamos matá-lo antes que acorde!
– Talvez! Me parece um bom plano – Cochichou Libria - Mas... Vamos combinar. Duas abrem a porta do caixão e a outra o mata com a estaca e o martelo!
– Certo! Vamos nos aproximar silenciosamente!

Enquanto Lisye e Julienly caminhavam cuidadosamente e direção ao vampiro, Libria iniciou uma silenciosa caminhada para o lado oposto: Em direção à saída!
Julienly olhou para o lado e depois por cima do ombro e percebeu que apenas duas estavam cumprindo com o acordo.
–Libria! – Disse ela zangada, ainda sussurrando.
– O que? – Ela respondeu, mas ainda estava de costas.
– Você mesma disse que daqui não tem volta! Agora volte ao seu posto! – Ela puxou Libria até o topo do caixão. – Agora VOCÊ mata o vampiro! Tome essa estaca e pegue o martelo!

Determinadas, as meninas se posicionaram. Julienly e Lisye nas laterais e Libria preparada para desferir o golpe contra o monstro.
– Vamos lá! 1... 2... – Contou Lisye, em tom baixo – 3! – A tampa do caixão, feita de mármore, foi afastada com tanta violência que ela tombou com um baque forte. Libria foi rápida. Mas não houve um impacto esperado. A estaca ultrapassou um objeto macio e fofo: um travesseiro cheio de penas. Nada estava dentro do caixão. As três continuaram olhando para o travesseiro assassinado cruelmente.
– Por um acaso... Vampiros são invisíveis? – Perguntou Libria, entre as duas amigas.
– Procurando algo? – Disse um vulto negro que surgiu da escuridão.
–...- Julienly olhou por cima do ombro – Você! Vo-vo-cê é o vampiro que está assolando Draynor?! – Perguntou tremendo.
– Meu nome é Conde Lanfour. Será um prazer em experimentar o sangue de três belas jovens! – Disse o conde preparando suas presas.
– Ah! Fica quieto! – Libria jogou-se contra o vilão, procurando acertar em cheio a estaca em seu coração. Mas foi arremessada de volta a parede pela incrível força do vampiro.
–As regras dos jogos mandam passar a vez para o jogador de sua direita... – Disse Libria, tonta, apontando para Julienly, da qual a olhou, pasma.
–Eu... Evoco... Canis!

O lobo surgiu. Dessa vez mais rapidamente, e foi de encontro ao vampiro, que travou um jogo de força contra o espírito. Ambos eram fortes demais. Canis mordia o ar, tentando atacar o vampiro, mas seus braços não falharam quando travou sua defesa.
– Lisye! Ataque! - Lisye, que estava com Libria, ajudando-a a se levantar, empunhou sua espada, da qual liberou muita energia mágica.
– Esse poder... – A meia elfa falou para si mesma, enquanto ficava totalmente de pé.

A guerreira correu em direção ao vampiro, que se esquivou do ataque, mas não do lobo, que agarrou seu braço com os dentes e não soltou mais.
– Lobo maldito! – Berrou o vampiro – Livre-se de mim!
– Eu tive uma ideia! – Gritou Libria para as outras?
– O quê?
– Apenas sigam-me! – E correu para o alçapão, seguida de suas amigas.

O vampiro livrou-se do espírito que, assim como o vento, desapareceu em instantes. O tempo de Canis havia atingido seu limite e agora ele voltara para o mundo dos mortos. E o Conde seguiu nossas protagonistas.
O hall estava mais iluminado. Libria correu pelas escadas empoeiradas que tinham como destino o segundo andar: Uma pequena área do corredor que dava uma fantástica vista do salão de entrada. Era como assistir tudo de camarote: Do fantástico lustre até a porta por onde elas entraram. O Conde saiu de seu covil e sentiu a diferença na iluminação, cobriu os olhos com as mãos enquanto tentava localizar suas presas. Julienly e Lisye estavam próximas no centro do hall, preparadas para o ataque.
“O que será que ela está pensando?” – Se perguntou Julienly.

A meia-elfa estava exatamente no meio do corredor, acompanhava tudo e podia ouvi-los como se estivesse perto. “Espero que funcione”.
– Onde está a outra jovem? - Guinchou o Vampiro
– Estou aqui! – Gritou Libria no mesmo momento que apontou para o majestoso lustre de madeira preso ao teto – Fire! – E uma enorme bola de fogo formou-se na sua frente, chocando-se e incendiando o que, há muito tempo, servia para iluminar todo o salão.

Em poucos instantes, todo o lustre estava ardendo em chamas. E agora estava tão claro que o vampiro usou sua capa para a proteção dos olhos.
– Foi forte demais! – Disse Libria consigo mesma – Lisye! Julienly! Saiam daí agora! – Gritou.

As suas correram para o outro lado da sala, enquanto a ligação, também feita de madeira, que prendia o lustre ao teto pendia: Uma fantástica bola de fogo tombou no hall com um estrondo, espalhando o incêndio pelo chão.
– Essa foi por pouco! – Lisye ajudou Julienly a se levantar – Mas agora é a hora! Temos que deter o... – Mas nesse instante, o vampiro surgiu sobre a luz como um vulto. Sua pele queimava, mas ele não pareceu se importar.
– Apenas isso não vai me deter! – Rosnou o Conde enquanto media forças com Julienly.
– Lisye! – Ainda no segundo andar, Libria jogou algo que Lisye agarrou antes que aterrissasse no chão.
– Alho! Isso! – Ela aproximou o alho do vampiro e logo se pôde notar a diferença: O vilão perdeu metade de sua força, e em poucos instantes, até mesmo Julienly pôde jogá-lo para trás.
O fogo estava se espalhando pelo assoalho e os móveis, de madeira, serviam de mais lenha para aquele imenso forno. Libria desceu até o térreo e alertou: Temos que sair ou seremos mortas!
O Conde guinchava cambaleante com o calor. Seu corpo queimava como se tivesse banhado em óleo. A essa altura, ele estava tão fraco que não parecia ter forças nem para continuar de pé.
– Você! – Disse ele entre dentes. – Não é humana!
– Nem você – Rebateu Libria, antes de ser atacada pelo vampiro. Como numa última onda de energia, o Conde jogou-se contra a meia-elfa projetando suas presas.
– Libria! – Gritavam as outras suas. Mas antes que pudessem ajudá-la, o Conde Lanfour afastou-se desnorteado. Suas mãos englobavam uma estaca enfiada no peito. Ele caiu de joelhos, fraco.

Libria ainda estava de olhos comprimidos, com as mãos diante do rosto, como se fosse receber um grande impacto. Ela havia se defendido com a ponta da estaca e não foi difícil fincá-la com as condições do Conde. Ela abriu os olhos e sorriu:
– Temos um vampiro no espeto! - O vampiro nada disse, e não demorou muito antes de desaparecer numa explosão de cinzas. O calor do fogaréu estava agora, insuportável. A fumaça tomou o local por completo deixando o ar asfixiável. Lisye concluiu que deviam ser rápidas, ou nunca sairiam ilesas.
– Precisamos sair daqui agora! Como vamos coseguir? A porta não abre! – Lisye correu para a porta antes que a fumaça do incêndio a levasse uma intoxicação. – Vamos tentar arrombá-la!
– Certo! – Responderam as outras
– No três! – E se prepararam – 1... 2... 3!

Mas para a surpresa de geral, a porta abriu-se sem problemas, sem nenhum sequer ruído e elas tombaram sobre o musgo úmido que crescia na entrada no castelo. Uma chuva fina ainda caía, enquanto o interior do castelo tornava-se um verdadeiro inferno. Ainda caídas, elas se entreolharam e riram.


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