Mulher América escrita por Lady Snow


Capítulo 2
Capítulo 2- Escondida.


Notas iniciais do capítulo

N/A: Mil obrigadas pelas minhas primeiras leitoras! ♥
Dedico a vocês este capítulo, tenham todos uma boa leitura!



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Enquanto o Capitão América juntamente com seus amigos soldados, e seu alvo afetivo Peggy, arriscavam suas vidas em favor dos Estados Unidos em uma missão, Christine Wright estava longe, mais ao norte da cidade, escondida nos escombros de uma vila pobre e quase inabitada. Os poucos que lá viviam, não se importavam com nada além de suas proteções naquele lugar destruído, mesmo que um de seus únicos vizinhos fosse uma mulher com habilidades superiores a qualquer soldado treinado.


Em uma casa simples dessa região, especificamente o que sobrou dela, estava uma mulher ensopada de suor e as faces afogueadas estava chutando um enorme saco de pancada, alternando entre chutes e socos, a moça era a própria Christine. Estava concentrada em seu treino, o local limitava-se a uma sala sem tinta, com paredes úmidas e rachadas, uma estante de madeira com objetos utilizados para exercícios físicos e uma cadeira de madeira simples, sob ela tinha uma garrafa com água, também havia apenas um bico de luz acima de sua cabeça, bem no centro da sala, junto com o saco de box instalado por ela mesma. Gostava de imaginar que era seu próprio tatame.


Assim que chegou ao seu ápice do cansaço, largou-se no chão e pegou a garrafa de água bebendo todo o conteúdo,, em seguida, desligou a luz e fechou a porta indo em direção à sua "casa". Esta era resumida em: uma pequena sala, um quarto, um banheiro e uma pequena cozinha, organizado da melhor maneira possível, comprado com muita atenção e com o dinheiro do experimento. Pegou uma toalha limpa e foi até o banheiro, tomou um banho relaxante, vestiu-se e deitou na cama, estava pensando: desde o experimento, o doutor Erskine lhe pagara a quantia combinada, e depois de fazer vários exames analíticos sobre as reações que o soro fazia no corpo, ele deu mais um extra. Lembrou-se de quando o doutor disse que mais uma pessoa tinha participado do projeto, era chamado Schmidt, mas o protótipo que foi injetado deu errado. Isso queria dizer que ela era a única sobrevivente ao soro?


Esse pensamento fez com que um frio subisse sua espinha, talvez fosse por isso que ela tinha de ficar escondida. Mas, e se era um projeto para um soldado forte, por que ela foi chamada? Era uma mulher, não lutava na Guerra. E mesmo se quisesse, não poderia, todos iriam notar sua diferença física anormal. Atordoada, era isso que ela estava. Sentia-se um animal selvagem enclausurado em uma jaula de Zoológico, a única diferença era que ela não era exposta. Estava cansada daquela tristeza, daquela solidão que cercava seus olhos, queria enxergar algum ponto de felicidade, mesmo em tempos difíceis. Decidida, pegou seu casaco e saiu, não se deu o trabalho de trancar a porta, ninguém iria querer roubar nada de lá, e mesmo se quisessem, seria um favor feito a ela.


Depois de chegar a cidade, a primeira coisa que fez foi buscar se informar das atualidades, andou até uma banca de jornal e buscou alguns jornais e revistas mais antigos, leu algumas páginas e viu uma manchete.

"Morre o Dr. Erskine."

Assustada, ela larga o jornal sobre a mesa e leva a mão a boca, como isso aconteceu?! Não tinha muita ligação com ele, mas sabia que era um homem muito inteligente e que podia fazer a diferença na sociedade. Olhou para o jornaleiro e perguntou:


– Como isso aconteceu? - Um pouco indiferente, o homem barrigudo respondeu:


– Isso já tem um tempinho, quase dois meses, eu acho. Os boatos são que ele estava envolvido em pesquisas de risco, e o Red Skull mandou matá-lo, pois o velho doutor não quis revelar nada à respeito do seu trabalho. Como não sabe de nada disso? - Disse ele inquisitivo, achando estranho alguém ser tão desinformado assim. Prevendo já a pergunta do homem, Chris respondeu tranquilamente:


– Eu não moro na cidade, sou da parte rural, me mudei há um tempo. Não é sempre que venho até aqui, só isso.


O homem deu de ombros e disse:


– Nossa sorte é o Capitão América, ele está sempre tentando amenizar a situação.


Não quis perguntar ao homem quem era "Capitão América", ele iria estranhar demais o seu comportamento, portanto, deu apenas um sorriso e saiu da banca, pensativa, foi até uma cafeteria local para pensar, pediu um café bem forte e um pedaço de torta de chocolate, acomodou-se no banco vermelho e escorou-se no balcão de madeira. Pensava: provavelmente a pesquisa secreta que foi apreendida pelo Red Skull foi o projeto "Supersoldado", e tirando Schmidt, ela era a única sobrevivente. Ou seja: se descobrissem, viriam atrás dela com algum interesse, fosse para ela servir ou morrer.


Seu estômago revirou e um nó se fez em sua garganta, a torta e o café foram colocados na bancada, ela encarou a comida um pouco enjoada devido ao medo da situação. Droga, ela estava sozinha! Uma hora ou outra, eles viriam até ela. Fez um esforço e comeu o que pediu, deixou o dinheiro em cima da bancada e saiu. Um vento gélido soprava lá fora, a noite estava sem lua e as pessoas já usavam casacos e moletons para proteger-se do frio. Não ligou para as pessoas, para as propagandas coloridas, lojas, nem nada, queria estranhamente, apenas um lugar vazio.


Vagou nas ruas silenciosamente, não falava com ninguém, cabeça baixa e mão nos bolsos, sua única companhia era o vento e os pensamentos confusos. Depois de um tempo, parou de caminhar, estava em um lugar cheio de becos, perto de um parque antigo, lá era coberto de árvores frondosas e mesas de concreto para se jogar cartas, dama ou xadrez. Foi caminhando lentamente por entre o parque, vendo o local que de dia parecia ser um pouco mais alegre. De repente, sentiu mais uma presença consigo ali, olhou para os lados discretamente, nada. Uma mão tocou seu ombro. Num movimento rápido sentindo uma descarga de adrenalina, virou-se e desferiu um soco de direita, porém, não atingiu ninguém, pois seu punho foi parado fortemente por uma mão quase duas vezes maior que a sua.


– Não deveria fazer isso, garota. - Ela arfou, a voz era extremamente fria e cortante, como o vento noturno. Olhou para o dono da mão, o homem era alto, negro e usava vestes totalmente pretas, seu olho esquerdo era coberto por um tapa-olho também preto, era forte e aparentemente, nada simpático.


– Quem é você? - Arriscou ela a perguntar, se fosse morrer, que ao menos morresse sabendo o nome de seu assassino. Soltou seu braço com brutalidade, o que fez ele encarar o punho dela friamente.


– Nada mal. - Disse ele desinteressado. Outra corrente de adrenalina percorreu o corpo dela, engoliu em seco e perguntou novamente sem vacilar.


– Quem é você? - Ele pôs as mãos nos bolsos de seu sobre-tudo preto.


– Coronel Nicholas Joseph. Mais conhecido por Nick Fury. - O corpo dela ficou ainda mais tenso, o que um oficial renomado iria querer com ela? Certamente, não devia ser algo bom. Nick começou a andar em direção a uma das mesinhas, sentou-se no banco e aguardou. Lentamente, ela o seguiu e sentou-se de frente para ele calada. Ele tomou dianteira e começou logo o assunto.


– Creio que já tenha ouvido falar do Capitão América. - Ele não estava perguntando.


– Bem pouco. Quase nada. O que pode me dizer à respeito dele?


O vento cortou a frente dos dois, o cabelo dela balançou e seus braços eriçaram, porém, Nick permaneceu indiferente, como se o vento frio jamais tivesse tocado sua pele.


– Que ele é um excelente soldado. Tem uma capacidade excepcional, realmente notável.


Ela não estava contente, além de confusa, sentia-se irritada e frustrada, não tinha ideia do que fazer.


– O que é que está insinuando com tudo isso? Eu sequer te conheço! Não tenho que ouvir suas asneiras!


Ela levantou-se aborrecida pronta para ir embora e esquecer toda a situação, mas Nick foi mais rápido e agarrou seu braço, com sua voz metálica e pausada, disse novamente:


– Eu ainda não acabei, garota. - Chris engoliu em seco novamente, pelo visto, ele não era homem de brincadeira. Sentou-se novamente sem contestar.


– Projeto Supersoldado, conhece? - Disse ele em forma de pergunta retórica. Ela arregalou os olhos, a conversa estava tomando um rumo perigoso para ela, mas como sair dali?


– Eu...


– É claro que conhece. - Interrompeu ele -, você é modificada por aquele soro.


Não tinha mais para onde correr, agora era um jogo de verdades com um desconhecido. Ele sabia de tudo, ou quase tudo, mas o que sabia era o suficiente para desmentir qualquer desculpa sua.


– Como sabe de tudo isso? - Disse ela irritadiça, não vacilou desta vez.


– Ser Coronel tem suas vantagens. No dia do experimento, depois de ter sido realizado, o que sobrou do soro foi roubado e o Dr. Erskine foi morto por ninguém menos que um de seus assistentes, o assistente que o matou estava na outra sala, não na sua, antes que pergunte. O fato é que o assistente era um agente duplo e trabalha para o Red Skull. Fui até lá, mesmo sabendo que não era necessário, mas quando se trata daquele crápula Ditador, alguma coisa liga-se ao Exército e fui autorizado a entrar no local. Revistei as duas cápsulas que estavam contidas no laboratório do doutor, uma delas, estava o Capitão América, e na outra, encontrei dois fios de cabelo, pesquisei ficha por ficha até encontrar a dona. E adivinhe só? - Disse irônico - Pertence a você, Christine Wright. - Na última frase, ele cruzou as mãos apoiando o queixo encarando-lhe fixamente. Seu estômago deu mil voltas, esse era um de seus defeitos, sempre que encarava alguma situação complicada, sua garganta secava e seu estômago parecia querer sair do lugar. Engoliu o nó e disse.


– E qual a diferença nisso?


– O fato é que mais duas pessoas usaram esse soro, Steve Rogers e...



– Schmidt. O que sofreu efeitos colaterais. - Interrompeu ela.



– Exatamente. Este último é aliado ao Red Skull, e como o Capitão América, ou Steve Rogers, trabalha com o Exército Americano e tem obtido sucesso em suas missões, o Capitão tornou-se seu novo alvo de ódio. O resto do soro que foi roubado, está suspenso, mas eles acreditam que mais alguém usou, já que o desgraçado do agente duplo deve ter dito que tinham duas salas com cápsulas.


Ela estralou os dedos em sinal de nervosismo, olhou para o chão.


– O que querem de mim?


Nick suspirou.


– Sua morte.


– O quê?! Como assim?! - Perguntou ela, exasperada. Nick soltou um som indignado.


– Assim como Rogers apresenta uma ameaça para eles, que se recusa a aliar-se, você também representa. Só ainda não sabem quem você é, ou se está viva. Mas não tardará para que as bucas comecem, de um jeito ou de outro, eles vão querer você para alguma coisa.


– Mas eu mal saio daquilo que chamo de casa! Por que é que iriam querer ir atrás de alguém que não sai de escombros? E eu sei me defender!


Nick dava sinais de estar perdendo a paciência, ela não entendia a gravidade da situação?


– Garota, entenda, em pouco tempo você não estará mais segura nesses "escombros que chama de casa". E sabe se defender? Conte-me como pretende se defender sozinha de um exército?


Seu sangue fervia, ela estava cansada, eram muitas informações para uma única noite. Temores demais.


– E o que diabo o senhor tem a ver com isso?!


Nick levantou do banco e bateu as duas mãos na mesa, fazendo um baque, olhou para ela seriamente, parecia quase um louco.


– Estou tentando te ajudar, garota! Não seja idiota!


Ofendida, retrucou:


– E por que faria isso?!


– Para o bem da sociedade americana e para a segurança da mesma.



Chris sentiu-se frustrada, pensara que uma vez na vida seria alvo de afeto de alguém, tanto fraternal quanto não-fraternal. A esperança se esvaiu, era tudo para o bem do resto, ela era o mal, era isso que ele insinuava? E o Capitão América, não era uma ameaça? Ora, ele tinha o mesmo soro que ela correndo por entre as veias, quer dizer que ele não era perigoso somente porque aparecia em todos os lugares?! Isso era injusto!


– Garota, entenda, é para o bem de todos, inclusive o seu. - Ela olhou para o lado, não tinha escolhas, se recusasse, provavelmente ele mandaria o Exército levá-la e seria muito pior. Era isso, nascera sozinha e morreria sozinha. Olhou tristemente para o coronel Fury.


– O que preciso fazer? - Ele deu algo que pareceu um breve sorriso.


– Primeiramente, arrume suas coisas, imediatamente. Vou te mandar para uma base de treinamento militar cem por cento sigilosa, principalmente agora na Guerra. Você fica lá por um tempo, depois eu vejo o que vou fazer.


Chris assentiu e então se despediram, ela voltou para casa. De certa forma, sentia-se contente por sair daquele lugar em que morava, mas também tinha medo do que iria viver de agora em diante. Não podia deixar de iludir-se achando que alguém se importava com seu bem estar, era algo inevitável e que sonhara a vida toda. Afinal, sonhar não trazia mal algum.


Ao chegar em casa, percebeu que não informou a Fury onde ela morava, e nem ele lhe disse quando viria buscá-la. Resolveu precaver-se e arrumou sua mala, Nick demonstrou ser alguém muito imprevisível.


Não tinha muitos pertences, e isso contribuiu para caber tudo dentro de uma única mala preta.


[...]


Na noite seguinte, sentada em seu sofá fazendo uma cruzadinha de jornal antigo, ela ouviu batidas na porta. Estranhando a súbita possível "visita", foi até lá cautelosamente e abriu a porta, supreendeu-se ao ver o próprio Nick Fury parado em sua porta, que despejou logo as palavras:


– Espero que esteja pronta. Vamos, tenho que te levar em um outro lugar antes. - Correndo, ela buscou sua mala, depositando-a no carro que Nick tinha vindo. Entrou em silêncio, Nick conduziu o veículo até o leste da cidade, parando em frente à uma barbearia que pelo visto, era pouco frequentada. Ambos desceram e Nick abriu a porta, o sino indicador de fregueses soou, e um rapaz branco de cabelos pretos surgiu secando as mãos em um pano.


– Em que posso ajudar, senhor Fury? - Nick indicou a garota com a cabeça, indiferente e disse:


– Corte o cabelo dela, Collin. Na nuca.


– O quê?! - Disse ela pondo as mãos nos cabelos desesperadamente. Nick a encarou mais uma vez friamente.


– Se não quiser arranjar problemas por lá, é melhor fazer o que estou dizendo. Esperarei lá fora, aqui está o dinheiro. - Nick depositou uma nota de vinte dólares e saiu indo em direção ao carro novamente. Collin olhou desconfortável diante da bela moça.


– Sente-se senhorita, prometo que farei de tudo para não ficar tão ruim. - Lacrimejando, ela assentiu e sentou na cadeira simples de barbeiro, ele envolveu o seu pescoço com uma toalha e começou seu trabalho, enquanto isso, ela tentava ocupar sua cabeça com outras coisas, qualquer coisa menos o seu lindo cabelo esvaindo-se pouco a pouco. Depois de alguns minutos, ele anunciou:


– Pronto senhorita. Não ficou tão ruim, veja você mesma. E se caso não lhe agradar, quando crescer, garanto que ele ficará mais belo do que um dia já foi. - Não muito confiante, ela deu um aceno de cabeça e um leve sorriso, passou a mão na cabeça e deu falta do resto, olhando-se fixamente no espelho, parecia um homem, exceto por suas feições femininas. O barbeiro retirou a toalha e ela deu um baixo "obrigada, adeus" voltando para o carro de Furry. Assim que acomodou-se no banco, olhou para frente e disse:


– O que é que faço com a voz e com o corpo? - Sem desviar os olhos das ruas, Nick respondeu sem emoção:


– Não fale. Use roupas largas e masculinas.


O resto do trajeto foi silencioso, nenhum tocou em mais nenhum assunto. Uma hora depois, Nick estacionou em um acampamento militar e disse:


– Agora você precisa esperar a condução que te levará até a base. Enquanto espera, converse com Peggy, acho que se darão bem.


Um grande engano, caro Nick Fury. Um grande engano...



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Notas finais do capítulo

N/A: Mereço reviews? *-*