Mulher América escrita por Lady Snow


Capítulo 13
Capítulo 13- Am I Evil?


Notas iniciais do capítulo

N/A: Olá meus queridos! Enfim apareci, né? Bem, desculpe a demora, de qualquer forma.
O título do capítulo foi baseado em uma música do Diamond Head, mas foi o Metallica quem deu sucesso a essa música no álbum Garage Inc. Disco 2, a música se chama "Am I Evil?" pra todos os efeitos, "Eu sou mau?" acho que vocês vão entender com o decorrer do capítulo a escolha =]
A música em si não tem muito a ver, mas quem quiser ouvir: http://www.youtube.com/watch?v=jJZo2OKmshU
No mais, boa leitura! :)



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Foram incontáveis dias dentro de um furgão escondida, em meio à alimentos e armas, balançando de um lado para outro, esgueirando-se cada vez que precisava suprir alguma necessidade pessoal, como comer, tomar banho, esticar as pernas etc. Não sabia como realizara tal façanha, mas acreditava que quando se passava algum aperto, não havia obstáculo que não pudesse ser vencido. Para ela, aqueles foram os piores dias de sua vida, achava que o furgão não tinha destino, e que vagaria pelo mundo pelo resto de sua vida, mas isso eram apenas delírios de um soldado desesperado e com medo, sozinho no mundo mais do que nunca. Porém, depois de tantas orações, tantas sonecas mal dormidas, os céus tinham sido piedosos com ela e finalmente lhe entregado no destino certo. O furgão estacionou em sabe-se lá onde, mas Chris esperou o motorista sair para ela poder livrar-se daquela caçamba o quanto antes, ou seria descoberta, e ela não podia ser mandada de volta justamente quando já tinha feito basicamente, todo o trajeto.

Tinha que arranjar um plano para pairar ali sem qualquer suspeita, ou, o tanto de tempo que conseguisse permanecer. Por fim, teve uma brilhante ideia, talvez não tão brilhante, mas era a mais plausível e cabível no momento, Chris tateou com a mão a caçamba, seus membros estavam dormentes, doloridos e tensos, mas ela tinha de se esforçar. Tinha visto um canivete qualquer na última parada, e agora ele poderia ser bem útil. Encontrou-o perto da caixa de frutas, agarrou-a e vestiu sua mochila, espiou pela cortina onde estaria o motorista, viu-o parado de costas para ela, pelo menos, uns três metros de distância, observando o local. Ela desceu sorrateiramente, acelerou o passo sem muitos ruídos, tampou a boca do homem com uma mão e com a outra segurou o canivete perto de seu pescoço. Ela sabia que se arrependeria de ter feito aquilo mais tarde, que estava ficando louca, mas agora era necessário. O homem tentou gritar, mas ela calou-o com um severo "Shh!" O homem tentava desprender-se dela à todo custo, todavia, ela não estava disposta a soltá-lo sem antes obter o que queria. Deus, ela não devia estar fazendo nada daquilo, e que ela podia ser presa por isso, mas... Não havia outro meio! Não queria ser cruel, e rezava para que o homem estivesse disposto a ajudar-lhe.

- Primeiro, cale a boca. Se gritar, eu corto sua garganta - ela soava firme, decidida, mas por dentro tremia como vara verde -, segundo, diga onde estamos, terceiro, diga uma palavra sobre isso que está acontecendo, e eu o procurarei até no inferno para fazê-lo pagar.

- E-estamos na I...Itália, s-senhora... Pp-por favor, n-não me faça ne-nenhum mal! - O pobre coitado tremia e gaguejava de medo, e ela nem se dera o trabalho de perguntar o nome dele. Tanto faz. Pensou ela. Já sei a fisionomia. Ele sabia que ela ela era uma mulher devido a voz, uma voz que era feminina demais para um homem.

- Ótimo, bom saber que é um homem esperto. Agora, quarto e último, você nunca me viu. - Dito isso, ela utilizou da mesma tática de seu carcereiro, meteu uma pancada na cabeça do motorista, arrancou suas roupas deixando-o somente com o samba-canção e a regata branca, então jogou-o dentro do furgão, em uma posição que pudesse dar indícios de que ele estava apenas cochilando. Com muita sorte, ele não vira seu rosto nem nada, talvez só sua voz, mas fora tão rápido que duvidava que mais tarde ele se lembraria do timbre. Chris procurou por sinais de vida, e ali, aparentemente havia somente ela e o motorista desacordado... Graças a ela e sua maluquice. Contudo, ela já havia ido longe demais e era muito tarde para parar. Vestiu as roupas do homem e escondeu os cabelos por baixo do boné. Durante a viagem, cortara mais um pouco dos cabelos e confeccionou uma barba falsa, porém escassa, mas era tudo que ela precisava. Jogou o corpo para o outro banco e dirigiu até o acampamento que encontrara há quase 1 quilômetro de onde se encontrava, estacionou e verificou uns soldados afobados correndo pelo acampamento, desceu do carro com o coração aos saltos, mais um pouco e seu coração sairia de dentro do peito, ou, ela desistiria, começaria a chorar e dizer que estava arrependida de tudo. No entanto... No entanto, ela tinha que ser corajosa e continuar lutando, não importava o seu destino depois de toda aquela loucura, afinal, ela não nascera para ter algum destino, a não ser que a vida lhe pregasse mais uma peça e a colocasse em qualquer futuro, fosse qual fosse.

Verificou seu reflexo no pequeno espelho do furgão, ajeitou as roupas para que escondesse seu porte feminino e ensaiou alguma carranca, boa o suficiente para não suspeitassem que ela não era o que queria aparentar ser.

- Com licença... - Disse um jovem soldado, parando-a ali mesmo. Droga, pensou. Será que seu disfarce tinha sido tão ruim? Acalme-se. Disse ela mentalmente. Ele ainda não abordou nada. Engrossou sua voz o máximo que conseguiu.

- Pois não? - O rapaz avaliou-a da cabeça aos pés, uma ruga desconfiada em sua testa, aquele soldado era no mínimo, um tanto quanto estranho...

- O que há com sua voz? - Chris quis arregalar os olhos e contar-lhe toda a verdade nua e crua ali mesmo, mas engoliu as palavras que chegaram em sua garganta, forçando-se a manter uma máscara de indiferença e a boca limitada em alguma boa mentira.

- Eu tive problemas com as cordas vocais no passado, não é algo que eu queira falar, sim? São más lembranças... - Chris dramatizou um pouco, e o homem pareceu compreender.

- Tudo bem, eu entendo, meu irmão quase teve isso quando bebeu água muito quente em uma brincadeira de desafios. Sou soldado Lee. Mas... O que o traz aqui, cavalheiro?

- Eu vim entregar uns fardos de alimentos, água e armas. Fui informado da nova missão contra o Red Skull. Já partiram? - Chris livrou-se das apresentações mais uma vez, um sobrenome errado e aquilo daria fim aos seus planos.

- Não, eles partem amanhã, ou mais tarde. Mas encontrar o capitão, a agente, o Stark e um soldado qualquer é muito difícil, principalmente encontrá-los desocupados. Dizem que o soldado é muito inteligente, e o Capitão afeiçoou-se à ele. Mas estes já partiram, há pouco mais de duas horas. Apenas o restante vai depois.

Chris quase desmoronou, mas ainda havia uma esperança! E ela tinha de agarrar-se a ela se quisesse continuar.

- Oh, entendo. E quem seria este soldado? - Disse aparentemente indiferente, mas com uma pontada de curiosidade presente em sua fala.

- Não o vi direito, não me sobrou tempo. Mas é jovem e ruivo. Só o que sei. - Chris avaliou o local rapidamente, e se deu conta que no pouco que viu, foram pelo menos quatro rapazes ruivos. Mas nenhum era Rick.

- De qualquer forma, obrigada. Eu tenho de levar estes armamentos, onde é que deixo? - Disse ela, engrossando a voz simpáticamente.

- Acho que nessas circustâncias, devia entregá-los nas mãos dos soldados mesmo. Ainda dá para alcançá-los. Além disso, tem outro furgão de armamentos que está sendo levado, acredito que em menos de uma hora parta. Vamos, eu lhe ajudo a descarregar o que é daqui e já te libero para prosseguir com o caminho. - Ela sentia-se grata pelo homem, tão grata que poderia abraçá-lo, embora ele não soubesse no que estava se metendo, tinha fornecido inúmeras informações gratuitamente e inocentemente. Pobre homem, devia aprender a reparar mais nas pessoas, ou talvez ela estivesse mesmo bem disfarçada. Seja como for, ela estava se dando bem, e tudo estava trilhando conforme o planejado. O soldado desconhecido mais um ajudaram-na a retirar a carga o quanto antes, e logo, depois de abastecer, Chris seguiu viagem, mas antes disso, certificou-se de que o motorista desacordado ainda estivesse vivo. Foi seguindo atrás do outro furgão, confessava que dirigir não era lá a tarefa que dominava, mas sabia e tinha  a carteira, entretanto, foram poucas as vezes que conduzira um carro. Horas e horas viajando, Chris atingiu um nível de stress tão grande, que ela já repassara todas as palavras torpes que conhecia, surpreendendo-se em resmungar alguns outros que ela julgava não conhecer.

Mas, depois de tanto chão percorrido, uma estrada ruim, com trechos íngremes, uma paisagem tediosa e verde, o chão coberto de poeira, com incontáveis buracos que faziam seu estômago dar voltas o tempo todo, mas nada do motorista acordar, e ela já pensava em chamá-lo de "Feio Adormecido", porque, de fato, o homem não era atraente. Tinha seus 1,67 de altura, branco, um nariz grande e achatado, um bigode espesso e negro pendia abaixo de seu nariz, as sobrancelhas grossas e negras, e o cabelo igualmente negro e liso, quase espetado naturalmente. E pior de tudo, era que era tão magro que ela perguntava-se como é que um homem daquele porte ingressara no Exército. Mas isso agora não vinha ao caso. Eles depararam-se com um posto, aparentemente jogado às moscas, embora houvesse um homem gordo e vermelho sentado em uma cadeira de balanço com um fumo no canto da boca, tinha feições rabugentas e uma posição acomodada, e parecia não ter vontade em atender os clientes. Quando entraram no posto, o motorista acordou, e Chris habilmente pegou o canivete e discretamente, apontou para o pescoço do homem, soando o mais severa possível:

- Ficará calado. Não viu nada, e você vai me ajudar. Vai pôr esse furgão de volta para o campus, nunca me viu, não me conhece, e irá me deixar aqui. Aconteça o que acontecer, você nunca me viu. E me ajude para seguir caminho com eles, insista, invente, seja criativo e me ajude. Entendido? - O homem quis contestar, debater-se e pedir por ajuda, mas Chris tomou uma medida drástica, o canivete era bem afiado, e bastou um pequeno arranhão na bochecha do homem para que um filete de sangue quente e vermelho escorresse. Era errado, mas ela sentia certa satisfação em causar medo, em impôr-se. Tentou repreender-se por isso, mas não conseguia julgar seus atos como algo errado. Embora fossem. Parecia que não era ela que gostava disso.

- Vamos fazer isso sem muitos danos, então seja um bom homem e colabore, eu repito: entendido? - Entoou ela, com uma voz grave e lenta, demonstrando não ter medo em fazer um estrago maior do que aquele corte na bochecha.

- S-sim s-senhora... - Disse ele, trêmulo. Ela sentiu dó, queria redimir-se, mas mais uma vez ela disse a si mesma que não era hora para sentimentalismo.

- Ah! Antes que eu esqueça, o corte na sua bochecha foi fazendo a barba, sim? E procure uma calça na sua mochila e vista rápido. Não quero que achem que furtei suas roupas. - Ela ofereceu-lhe um sorriso simpático, mas intimidador, se não fosse a situação em questão, o homem poderia julgá-la adorável, mesmo trajando-se como um homem. Mas não era uma situação comum, e de um jeito ou de outro, ele era refém dela. Portanto, ela definitivamente não era adoravél. Então, antes obedecer e sair vivo, do que ser corajoso e ser morto. Não que ela pretendesse matá-lo, esperava que somente as ameaças fossem o suficiente para ele obedecê-la, pois ela não teria coragem de matar um homem assim, a sangue frio, por um motivo fútil como aquele.

- Aja com naturalidade. Você estava cochilando, e para todos os efeitos, eu sou um homem. - O homem nada disse, apenas anuiu suficientemente para que ela obtivesse uma confirmação dele, um acordo mudo e perigoso. Abasteceram, compraram água e algum alimento, comeram ali mesmo, beberam a água, caminharam e foram ao banheiro. Era imundo, mas era o que tinha, e não dava pra escolher. Quando ela retornou e preparou-se para dirigir, o motorista do outro furgão, um homem alto, de porte atlético e uma expressão arrogante, de boca fina, olhos verdes, cabelos castanhos e pele cor de ébano fez sinal para que ela parasse.

- Daqui nós seguimos sozinhos. Só nos ajudem a colocar o restante das caixas aqui, depois, podem voltar.

- Não, eu vim para ir até o fim, senhor. Fui designado para isso. - O modo que Chris tinha de se portar era estranho, principalmente em referir-se no gênero masculino. O homem alto olhou-a com desprezo, e por um momento, ela imaginou-se enfiando a mão naquela cara arrogante dele. De fato, vinha se tornando um tanto quanto violenta, mas as circunstâncias não lhe eram as melhores, e o bom humor não parecia gostar daquela situação. Muito menos ela.

- Eu já lhe disse para voltar. É surdo, soldado? - Aquela pergunta fez ela se recordar de Nick, e ela respondera-o impertinente, e não seria agora que ela faria diferente.

- Não sou surdo, não senhor. E o senhor, por acaso é? Porque eu já disse que sigo com vocês, tenho ordens para isso. - O homem quis avançar sobre Chris, na tentativa de dar-lhe uns sacolejos e ensinar uma lição, mas foi contido pelo o outro, que era pouco mais que a metade de seu tamanho, de ombros largos e traços italianos.

- Ora, que atrevidinho! E como posso saber que foi mesmo mandado? - Chris girara o tronco o suficente para fitar o motorista feioso, cerrou os olhos para que ele entendesse bem o recado, e ele aproximou-se da conversa, tentando soar firme, com muito esforço, ele conseguiu atingir um timbre convincente.

- É verdade, senhor, mas não nos mandaram nenhum documento. É soldado jovem, disseram que por sua impertinência tinha de tomar uns tombos, e mandou que os seguissem.

- Ah! Por que não disseram antes? - Disse ele em ummisto de alegria e deboche- Novatos! São os melhores, servem muito bem como burros de carga, e se não fizerem direito, vão para o corredor polonês. Sim, sim, gosto disso. Vamos, rapaz, entre no furgão, e quanto ao senhor, volte para sua base. - O motorista medroso deu uma breve continência e correu para o furgão, Chris dera-lhe um sorriso maldoso, enquanto ele acelerava o furgão o quanto podia para ver-se livre daquela mulher que mais parecia o demônio de saias. Ou melhor, de farda.


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Notas finais do capítulo

N/A: E aí meus 18 amados leitores, mereço reviews? *-* s2 até a próxima!