Os Novos Jogos escrita por Diana
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem!
Jade's POV
Apoiei em uma árvore, ofegante. Eu tinha finalmente conseguido sair do labirinto, mas estava fortemente abalada. Minha cabeça girava e a visão estava embaçada. Faziam pelo menos dois dias que eu não comia ou bebia nada.
Um canhão estourou, mas não prestei atenção. Um cheiro me distraiu e fui involuntariamente em sua direção. Vi um pouco de fumaça entre as árvores e fui até lá. Os dois garotos do distrito 3 dormiam pesadamente em volta da fogueira e de seu lado estava algum pássaro morto, ainda pela metade.
Meu estômago roncou tão alto que temi que acordasse os dois garotos. Eu ainda possuía o canivete que conseguira na Cornucópia. Puxei-o de dentro da roupa e me aproximei de um deles. Antes que mudasse de ideia, enfiei o canivete em sua cabeça e dois segundos depois o canhão anunciou sua morte.
A parte ruim foi que o barulho fez o outro garoto acordar em um salto. Eu me lembrava de seu nome, Brandon. Ele era negro e tinha a cabeça raspada, duas vezes maior que eu. Segurava um soco inglês entre os dedos; olhou para o corpo de seu amigo e em seguida para mim, suas feições se contorcendo em fúria.
Brandon avançou pulando a fogueira e só por ser menor consegui desviar. Tentei correr para o lado, mas ele pôs o pé e eu cai de costas. Ele ergueu a mão com o soco inglês e eu a vi vindo de encontro ao meu rosto. Rolei para o lado e quando vi que ele foi me atacar novamente brandi o canivete de qualquer jeito, já não estava pensando tão claramente.
Graças a Deus – ou aos deuses – acertei seu abdome, que ficava na altura de minha cabeça. Brandon gemeu de dor e inclinou. Sem pensar duas vezes, empurrei-o com toda a força que ainda me pertencia para trás. Ele caiu de costas nos restos da fogueira quente e acesa e gritou. O que me restava de consciência achou maldade deixá-lo sofrer, já que não conseguia mas se levantar.
Como fiz com seu amigo, enfiei o canivete em sua cabeça e mais uma vez o canhão foi ouvido. Eu dera sorte, muita sorte, mais do que poderia esperar. Agarrei o que sobrava do pássaro e o devorei em algumas mordidas desesperadas. O gosto era tão bom e eu senti tanta falta, que meus olhos se encheram de lágrimas.
Olhei para o lado e avistei uma enorme folha de bananeira que não havia notado antes cheia de água. Não hesitei em beber tudo. Revistei os dois do 3 e peguei o soco inglês, que era a única arma. Mesmo sendo pouca coisa, aquela pequena refeição me renovou as forças e a vontade de lutar.
Noah's POV
Quando acordei e olhei em volta, vi que Diana e Chace estavam dormindo abraçados. Sorri comigo mesmo, contente por ela estar feliz com alguém. Por alguma razão, isso me fez olhar para Claire, a branquinha adormecida docemente ao meu lado, respirando profundamente.
Após meia hora, todos já estavam despertos. O ar estava abafado e quente, parecendo querer nos esmagar. Não tínhamos mais comida, consumida toda na noite anterior.
- Temos que ir para o mar. Vão ter peixes lá – disse Chace.
- E no caminho podemos pegar mais água – Claire completou.
Exaustos como estávamos, mesmo sendo apenas o terceiro dia na Arena, ninguém contestou, nem Nathan ou Thomas. A distância até o mar era longa e cansativa, mas Chace nos guiou até lá, por poder senti-lo. Assim como Claire dissera, encontramos um pequeno riacho e reenchemos as vasilhas depois de nos servirmos.
Chegando na praia, todos foram para o mar pescar. Fui até Diana.
- Gostando mais dos Jogos do que esperava? - perguntei, cheio de significado.
- O quê? O que quer dizer com isso? - ela perguntou, rápido demais, arregalando os olhos.
Eu ri.
- Não pode esconder as coisas de mim, Diana – eu disse, sorrindo.
Ela também sorriu, vencida.
- É, eu devia ter me lembrado. - Tentou pegar um peixe, fracassando totalmente. - Então, o que me diz de você?
- Como assim? - eu perguntei, sinceramente confuso.
- “Branquinha” não é usado apenas como um apelido normal – Diana lançou um olhar incisivo a mim.
Senti o rosto queimar.
- Hã... é só que... - comecei.
Ela riu alto, um som bom de se ouvir se você passa muito tempo só ouvindo gritos e canhões.
- É, sei bem o que quer dizer, Gilles – ela me provocou, empurrando-me de leve com o cotovelo. Não pude deixar de dar um meio sorriso e olhar novamente para Claire, alguns metros a minha esquerda. Fui até ela.
- Como vai, branquinha? - me senti um idiota começando um assunto daquele jeito, mas não sabia mais o que falar.
- Oi, Noah. - Claire deu um sorriso que quase me cegou. - Estou bem, apesar de cansada. Já pegou alguma coisa?
Demorei uns segundos para entender que ela se referira à comida.
- Ah... não. Não tive sorte.
- Nem eu – Claire olhou para baixo, como se pensasse. Esperei até que voltasse o olhar para mim. Ela respirou fundo e cerrou os olhos, como se tivesse tomado uma decisão. - Ah, por favor, só não me mate – ela disse.
A princípio, fiquei confuso com a frase. Mas então ela segurou meus ombros e me beijou rapidamente, me fazendo ter a sensação de que meu coração parara. Claire afastou o rosto e mordeu o lábio.
- Sinto muito – ela disse, talvez arrependida por achar que fez algo errado.
Encontrei a voz para responder, que saiu algumas oitavas mais animada do que eu planejara.
- Não sinta – eu a abracei. - Estou feliz que tenha feito isso por mim.
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