Olhei para a pia vazia a minha frente.

Eu estava exausta, mas havíamos conseguido fazer com que a louça ficasse cintilante.

Coloquei as luvas de borracha em cima da mesa e sentei no banquinho.

Desde de  minha chegada ao acampamento eu ainda não tinha percebido que estava faltando alguma coisa, alguma coisa muito importante.

Eu ouvi quase todos os campistas falando de quando viram seus pais olimpianos, de como eles pediram desculpas pelo tempo sem ver os filhos e alguns até haviam sido presenteados com armas magicas pelos pais orgulhosos.

Não estou exagerando, okay? O acampamento inteiro já havia visto pessoalmente seus queridos papais e mamães olimpianos. 

Mas não é o que você está pensando! Eu não estou interessada em nenhuma arma magica ou um "Ah, querida filha, eu estou tão orgulhoso de você!" Eu ainda estou em busca de explicações.

Como por exemplo, o que Larry quis dizer com "Ele fez o que podia" 

Eu já tinha juntado quase todas as peças de um complicado quebra-cabeça, Hermes, o Deus dos ladrões, dos viajantes e das estradas... Isso mesmo, minha mãe morreu em um acidente de estrada! Hermes podia muito bem ter evitado a morte de minha mãe. Não que eu o culpe por isso, talvez ele tenha sido empedido...

- Hey, Aly, no que está pensando? - Connor perguntou jogando as luvas dele ao lado das minhas.

- Hmm - De jeito nenhum eu iria contar no que realmente eu estava pensando - Em como lavar louça pode cansar.

Ele riu e se sentou no banquinho a minha frente.

- Ei, Percy, Will, vocês já acabaram ai? - Connor perguntou sentando-se também.

- Aaah... Acabamos sim... - Will apoiou as costas na pia e escorregou até o chão.

- Hunf, meus braços estão dormentes... Ainda vamos ter que trabalhar nos campos de morangos? - Percy fez uma careta ao sentar no assoalho gelado.

- Bem, vamos lá - Travis se levantou - Não vai ser tão ruim... E Kate pode estar lá.

Ele disse a segunda parte baixinho, mas eu ouvi.

Relutante, levantei e fui junto com os garotos, em direção aos campos de morango.

Enquanto saíamos do pavilhão, um sátiro veio correndo em nossa direção. Ele parou a nossa frente, ofegante e disse com dificuldade:

- Quíron... E o Sr.D... Pediram para que todos... Todos estejam em frente a C           asa Grande... Agora! – E com isso ele saiu correndo com seu traseiro de bode, para dar o aviso a outros campistas.

- Seja lá o que eles querem fazer ou dizer, nos salvou de trabalhar mais! – Travis disse parecendo bem satisfeito.

Um pouco mais felizes com a notícia, corremos até a Casa Grande. O acampamento inteiro estava reunido a frente da mansão branca e azul. O diretor, Sr.D, estava em pé na varanda, ao lado de Quíron.

Juntos, os dois pediam silêncio ao bando de campistas que murmuravam agitados sobre uma suposta comemoração Natalina.

- Silêncio! Silêncio – Quíron batia os cascos nos azulejos da varanda.

Os campistas se calaram e voltaram a atenção para o Sr.D, que abria uma Diet Coke.

- O que está acontecendo? – Percy perguntou baixinho.

- Eu não faço a mínima ideia... – Travis respondeu no mesmo tom.

- Este ano – O diretor começou – Iremos comemorar o Natal no acampamento, vocês poderão chamar seus pais e mães mortais, todos os Deuses estarão presentes.

Ouve outra rodada de murmurinhos e comentários entusiasmados, e o pobre Quiron teve de bater os cascos novamente.

- Continuando, precisaremos da ajuda de todos vocês com os preparativos, afinal nossas harpias não darão conta nem da metade do que planejamos fazer.

Mais murmurinhos. Dessa vez em tom de reprovação.

- O que!? Eles querem que a gente cozinhe? – Travis perguntou exasperado.

- Há-Há, se depender de mim, vão todos morrer com intoxicação alimentar. – Connor falou cruzando os braços.

- Silêncio, por favor. Para que os preparativos sejam feitos, vamos dividir todos vocês em grupos. Que cuidaram da decoração, comida, bebida, árvore de Natal e música.

- Faremos um sorteio. – Dioniso estalou os dedos e uma grande bola de plástico apareceu girando no ar, ela estava lotada de papelzinhos, provavelmente com os nomes dos campistas.

- Primeiro para a árvore de Natal... – Ele tirou uma das tirinhas de papel e leu – Drew... – Mas uma vez, ele estalou os dedos e uma lousa branca surgiu no ar, nela estava escrito “Árvore de Natal – Drew” – Agora é tudo com você, meu amigo centauro, eu tenho muitas coisas a fazer..

- Tipo beber mais Diet Coke? Alguém da multidão perguntou.

Os olhos de Dioniso adquiriram um forte tom violeta e chamas purpuras salpicavam seus cabelos, ele direcionou um olhar intimidador para todos e desapareceu em seguida, deixando no ar um aroma de vinho.

- Bem – Quíron pegou uma tirinha da bola – Nico Di Angelo, junte-se a Drew.

Nico se dirigiu a Drew, cabisbaixo, resmungando algo como “Eu já não sofri o suficiente?”.

Por meia hora, Quíron prosseguiu com o sorteio, (interrompido por algumas reclamações e lamentos) até que todos os campistas estivessem igualmente divididos em 5  grupos.

Eu. Clarisse, Will, Percy e duas filhas de Deméter ficaríamos encarregados de fazer a comida.

Travis, Connor, Nico e Drew e uma caçadora que eu não conhecia ficariam responsáveis pela Árvore de Natal.

E nos outros grupos restantes, ficariam campistas que eu só conhecia de vista.

- Isso vai ser divertido... – Falei para Will.

- Também acho, mas com a Clarisse nisso, nuca se pode ter certeza! – Ele sorriu.

- O que foi que você disse, Tampinha? – Clarisse entrou na minha frente cerrando os punhos.

Dei uma risadinha e fui procurar meus irmãos.