Recomeçar escrita por Amizitah


Capítulo 10
Capítulo 10 - Desvendando.


Notas iniciais do capítulo

Yo!!
Saudadeees?? - Desvia dos meteoros - Calma meu povo, eu estou viva, é que eu estou ocupada com váarios projetos e o mais próximo esta tirando meu tempo. Para compensar, postei um capítulo grande e com bastante conteúdo.
Espero que aproveitem e compreendam minha demora ^^
Bjks
Ami ~



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Depois de uma noite fria sem muitas estrelas, o sol se levantou preguiçosamente no horizonte, cobrindo Konoha com uma luz quente e aconchegante para espantar todo o frio. Ambos cansados com o dia anterior, os populares Yin Yang – Ok, talvez nem tão populares quanto pareçam – dormiam como duas pedras no apartamento confortável em que certo grisalho vivia.

O homem dormia silenciosamente num sono profundo e sossegado. Se não fosse pelo despertador ele não acordaria tão cedo. O relógio ao lado da cama tocou com um som estridente e contínuo, perto do grisalho sonolento que apenas abriu suavemente o seu olho normal e piscou algumas vezes para adaptar a visão à luz que saia da janela. Ele soltou um bocejo leve e movimentou um dos braços para desativar o despertador, mas ele para de se mover quando algo se meche ao redor dos braços dele. Ele olha para baixo identificando exatamente oque era. Subitamente inclina o braço para o relógio barulhento e o desativa com a palma da mão, quase quebrando o objeto inocente.

Seu olho negro volta a olhar para baixo sem fazer nenhum movimento brusco e o alivio inunda-o assim que percebe que eu não tinha acordado – De alguma maneira misteriosa... -. Apenas me mexi algumas vezes até voltar a encostar a testa no peito dele completamente sonolenta. O grisalho relaxa o corpo e cuidadosamente volta a colocar o braço em volta de mim, atento a qualquer reação que eu tivesse, mas felizmente, nada aconteceu.

Kakashi observou-me cuidadosamente antes de decidir fazer alguma coisa. Eu estava completamente adormecida ao lado dele, ressonando baixinho com uma das mãos perto do rosto. Ele sorriu automaticamente ao ver meu rosto tranqüilo e – aparentemente – vulnerável. Eu parecia muito com a antiga Mitsue. A Mitsue inocente, gentil e flexível de antes, totalmente o contrario da mulher hiper teimosa de hoje. Seu olho negro deixou meu rosto e passou devagar pelo meu ombro exposto até minha cintura, o lugar onde o lençol repousava e cobria o restante do corpo. Suas pálpebras desceram um pouco e ele voltou para onde tinha começado: o meu rosto.

Depois de pensar um pouco em quanto me observava ressonar, decidiu que não me acordaria agora, somente daqui a alguns minutos já que não era acostumada a acordar no mesmo horário que ele.

Num movimento rápido ele se descobriu do lençol e sentou na cama vestindo apenas uma bermuda, e me cobriu até os ombros com o lençol antes de se levantar da cama com os pés descalços. Antes de caminhar até o banheiro, ele se espreguiça, sentindo os ossos do corpo estalar um por um.

– Foi uma noite longa... – Murmurou em quanto fechava a porta do banheiro atrás de si.

Como de costume, ele foi rápido, e em exatos dez minutos saiu do banheiro com a bermuda de volta e uma toalha em volta do pescoço. A primeira coisa que viu, foi a mulher encolhida na cama agora do lado oposto em que estava, segurando inconscientemente o lençol para perto de si. Ele caminhou alguns passos na direção da cama e deu uma espiada no relógio ao meu lado.

– Acho que já está na hora – Voltou a murmurar assim que virou o rosto de volta para mim. Ele dobra os joelhos e fica agachado de frente para a mulher dormente e toca meu ombro, me dando leves sacudidas – Ei Mitsue! Já amanheceu – Apertei os olhos e dei um resmungo baixo antes de virar o rosto para o travesseiro. Kakashi riu divertido – Até mesmo dormindo você é resmungona...

– Isso é jeito de tratar alguém que acaba de acordar? – Minha voz saiu abafada graças ao travesseiro e ele retira sua mão do meu ombro, sorridente.

– Desculpe-me, achei que estava dormindo – Falou em voz baixa, mesmo sabendo que eu estava acordada.

Virei metade do meu rosto para fora do travesseiro, sentindo uma mecha desorganizada do meu cabelo cair no rosto em quanto o observava. Normalmente reviraria os olhos com aquele rosto sorridente, mas eu não o fiz. Apenas observava o cabelo úmido dele caindo nos olhos e o sorriso bobo ainda livre da máscara cobrindo o rosto perfeito. Na verdade ele seria completamente perfeito se não fosse por aquela cicatriz no olho esquerdo dele. Ri baixinho de mim mesma e ergui meu corpo, segurando o lençol contra meu corpo despido.

– Eu estava dormindo, mas acordei assim que ouvi... – Bocejo –... Aquilo – Passei a mão pelos cabelos desordenados e a desci até deslizar pela minha bochecha. Eu ainda morria de preguiça.

– Falta de sorte a sua por ter acordado só neste momento – Ele alargou o sorriso e eu revirei os olhos.

– Você é muito gentil de manhã. Não vou me esquecer disso na próxima vez que eu vier aqui – Falei com um meio sorriso repleto de ironia.

– Eu sei que sou gentil, não precisa me dizer... – Ele apoiou uma das mãos no colchão e se inclinou para mim, me dando um beijo suave e macio –... Mas eu não sou o único por aqui – Falou assim que se afastou, me deixando desorientada por alguns segundos – Então vamos começar com um “bom dia”. Você primeiro.

Ri dele e fiz minha melhor expressão angelical.

– Bom dia, Kakashi-senpai. É tão bom amanhecer com você falando mal de mim. – Falei com uma voz fingidamente angelical também.

– Você pode ser mais autentica que isso – Falou em quanto reprimia outra risada – Eu não estou pedindo muita coisa, apenas um “Bom dia”.

Joguei a cabeça para trás e dei um suspiro, fingindo cansaço. Quando voltei a olhá-lo, Kakashi continuava agachado, esperando pacientemente pela minha fala.

– Bom dia baka pidão – Falei com minha voz natural, impressionada quando ele abriu um sorriso de contentamento.

– Agora sim. Essa é você – Se levantou mantendo o sorriso e se virou em direção a cozinha.

Curvei as sobrancelhas em quanto ele se afastava.

– Ei! – O chamei chateada e ele virou o rosto para mim, ainda de costas.

– O que foi?

Corei de leve e apertei o lençol que me cobria, com força.

– Você não fez sua parte... – Ele aumentou os olhos de surpresa e eu corei um pouco mais – Só... Só eu dei bom dia...

Caramba... Eu realmente falei aquilo? Para o Kakashi? Hãã?

Kakashi soltou uma risada bastante humorada quando terminei e eu abaixei meu rosto corado, mordendo o lábio inferior.

– Você realmente me impressiona Mitsue – Falou a voz evidentemente divertida.

Mordi mais forte o lábio.

– Quer saber?! – Levantei o rosto, corada – Esquece oque eu disse! Eu não preciso de um bom dia seu como parece, porque ao contrario de você eu fico satisfeita sem isso – Prendi o lençol com rapidez acima do meu busto e me coloquei de pé perdendo o equilíbrio no começo pela ação repentina, e comecei a andar as pressas até o banheiro.

Kakashi assistiu toda a cena até ali com um meio sorriso, e num simples movimento, se colocou atrás de mim, passando os braços pela minha cintura para impedir qualquer passo a mais.

Prendi a respiração assim que senti seus braços me puxarem de volta para trás, e seus lábios roçaram meu ouvido.

– Bom dia, Sue... – Corei novamente assim que ouvi meu antigo apelido, que parecia ter sido esquecido, mas pelo jeito, não completamente.

Abaixei o rosto e encarei o chão, ainda corada.

Aquilo era tão infantil... Mas de alguma forma eu me senti satisfeita.

Kakashi beijou meu ombro e me soltou, voltando a caminhar até o cômodo que percebi ser a cozinha.

Olhei para ele com um sorriso, achando tudo aquilo até mesmo... Divertido.

– Eu vou cuidar de umas coisinhas para o nosso café da manhã... Em quanto isso você pode tomar um banho. Têm toalhas limpas na gaveta do armário do banheiro tudo mais que você possa precisar... Se tiver mais alguma coisa, é só me chamar – Ele parou de andar na porta da cozinha e olhou para mim para confirmar.

– Onde estão minhas roupas?

– Estão dobradas dentro do meu closet – Assenti e caminhei até o closet, abrindo a porta rolante e enxergando uma pequena pilha perfeitamente dobrada e organizada numa prateleira bem visível do pequeno espaço.

Fiz um rosto de espanto.

Está tão bem arrumado... Quando ele fez isso? – Coloquei o indicador perto dos lábios e tentei lembrar-me de algum momento que ele poderia ter arrumado aquilo.

– Bem... Se tiver mais alguma coisa, já sabe oque fazer – Virei meu rosto para ele e voltei a assentir com um sorriso. Ele também sorriu e desapareceu pela porta deixando-a aberta.

Voltei meu rosto para a pilha e a peguei, fechando a porta a seguir com um sorriso discreto permanente. Era bom aquele clima. Kakashi fazendo o café depois de acordarmos, dando-me tempo para tomar um banho e o melhor: Mostrando que realmente se preocupava e se importava comigo.

Sorri mais ainda quando repassei aquilo pela cabeça, já dentro do banheiro confortável e impecavelmente organizado. Aproveitei que estava de frente para o espelho e mexi nos meus cabelos, também aproveitando para ver melhor a minha expressão contente.

– Pensando bem... É a primeira vez que ele prepara um café da manha para nós na casa dele – Refleti em quanto me observava no espelho – Não é só isso... É todo esse clima bom pairando nas nossas cabeças desde que acordamos. Parece até que somos recém casados... – Parei de mexer numa mecha de cabelo assim que percebi oque tinha acabado de sair da minha boca, e o branco da minha pele do rosto se tornou rubro em questão de segundos. Coloquei as mãos na cabeça e encarei meu reflexo rubro no espelho – Meu Deus... Que droga é essa que eu estou falando?!

Parei de olhar meu rosto vergonhoso e retirei o lençol preso no meu busto, dobrando-o antes de andar até o Box que tinha uma banheira simples com um chuveiro acoplado.

– Eu já estou começando a viajar de mais... De mais mesmo – Murmurei em quanto entrava no Box e ajeitava a temperatura do chuveiro até que a água se tornasse morna. Com o trabalho feito, deixei que a água batesse na minha cabeça e ombros até deslizar para o resto do corpo – Parando para pensar, isso é uma coisa improvável. Por mais que tenhamos chegado até aqui, eu não sou capaz de me imaginar casada com ele... – Me calei, sentindo a água voltar a cobrir meus lábios e cerrei os olhos –... Nem ao menos consigo pensar nele me pedindo em casamento.

Deixei aquela postura pensativa e comecei a tomar um banho de verdade. Eu não deveria perder tempo pensando naquilo, era uma completa besteira. Uma brincadeira da minha mente.

– Isso... É só a minha cabeça reagindo a esse clima diferente – Concordei em quanto pegava um pote de xampu e esfregava o conteúdo bem cheiroso na cabeça, parando um momento para sentir o aroma bom vindo dele. É, com certesa é o mesmo aroma do cabelo bagunçado dele.

Sorri de leve e coloquei meus pensamentos em outro lugar.

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Saímos juntos do prédio em que ele morava. Ambos estávamos alimentados, limpos e dispostos para começar um dia de folga.

Coloquei as mãos nas bolsas de equipamentos para conferir os materiais em quanto o Kakashi pegava o seu livrinho verde do bolso da calça do seu uniforme. Quando terminei, olhei para ele de cima para baixo em quanto ele folheava o livrinho e franzi o cenho. Ele parou de folhear o livro e olhos para mim se soslaio.

– O que é? – Perguntou lentamente.

Cruzei os braços.

– Você não se cansa de sempre usar a mesma roupa?

Ele fechou o livro com um baque e pareceu pensar por um momento.

– Eu não me importo... E eu não uso sempre a mesma roupa. Quando estou em casa eu uso uma diferente.

Ri baixinho dele e revirei os olhos.

– Nossa Kakashi... Pelo menos nos dias de folga você deveria sair mais confortável – Desci os olhos para o livrinho dele e franzi o nariz – E tentar ler novos livros...

– Eu gosto desses livros – sorriu por baixo da máscara que havia recolocado – E acho mais seguro ficar prevenido para qualquer missão inesperada ou coisa assim.

Levantei as mãos, me rendendo.

– Tudo bem. Já vi que você é tão flexível quanto eu – Sorri quando o vi cerrar os olhos, duvidando – Ok! Eu sou levemente menos flexível, mas isso não muda sua posição!

Ele ainda não concordava, mas apenas deixou isso de lado com uma risada.

– Mudando de assunto, oque pretende fazer hoje?

– Eu estou planejando dar uma passadinha em casa e trocar de roupa...

– E depois? – Voltou a perguntar. Olhei para ele, erguendo uma sobrancelha.

– Porque tanto interesse? Está planejando me perseguir para passar o tempo?

Ele corou de leve e balançou as mãos para os lados.

– Não é isso. É que eu... – Ele parou de falar por um momento, olhando para outra direção, e então voltou para mim – Deixa para lá. Não é nada de mais.

– Hm... Tudo bem, mas respondendo a sua pergunta... – Tive vontade de parar e rir da cara de interesse que ele fez. Kakashi estava planejando alguma coisa -... Eu estou querendo ver o Yuuto para que ele possa me esclarecer umas coisas que ando pensando.

– Ah, então é isso – Ele coçou a nuca com o rosto discretamente vermelho – Está querendo saber mais sobre seu chakra?

– Sim, estou querendo saber sobre o nosso chakra e mais algumas coisas – Coloquei Uma das mãos na cintura – Sabe, você também deveria buscar algumas informações sobre seu novo chakra. Você tem três boas fontes para isso ao seu dispor.

– Eu vou, assim que o Ryo voltar para Konoha. Parece que ele está bem ocupado ultimamente.

– Notei. Não o vejo desde pouco antes da minha alta – Refleti com os pensamentos voando longe, mas logo voltei a terra firme – Vou indo Kakashi. Tenho que falar com o Yuuto antes que ele fique ocupado.

– Tudo bem, vai com cuidado – Ele se aproximou e tocou meu rosto com as pontas dos dedos que não estavam cobertas pela luva. Sorri e me inclinei, dando um rápido selinho nos lábios cobertos pela máscara e sumi logo depois, desaparecendo pelos telhados.

Cheguei em casa antes do esperado, e para a minha surpresa o Naruto já havia saído. Era bem raro que ele saísse cedo de casa num dia de folga, e pelo oque eu sabia, a prova chunin está bastante próxima.

– Talvez ele tenha resolvido treinar – Murmurei em quanto procurava algo para vestir no meu closet. Por fim, me contentei com short de malha preta, uma camiseta branca e uma blusa de frio com capuz, que ia um pouco abaixo do meu quadril com mangas compridas que alcançavam a metade de minhas mãos, e vesti uma meia 5/8 preta. Guardei minhas roupas adaptadas para batalhas e minha bandana no closet e caminhei para o lado de fora da casa com o bom clima de antes ainda flutuando sob minha cabeça. Finalmente pronta, fui a procura do Yuuto no lugar mais provável entre todos que eu poderia ir: A floresta.

Não sei o que o meu irmão via de tão interessante naquele lugar. Para mim, aquela clareira era como qualquer outra em Konoha e nada mais. Caminhei com as mãos nos bolsos da blusa de frio aberta, sem olhar diretamente para as pessoas que se afastavam de mim, e/ou evitavam o meu olhar a todo custo.

Aquele boato incrivelmente estúpido que uma pessoa seria amaldiçoada se olhasse diretamente em meus olhos ainda rondava as cabeças das pessoas ignorantes a minha volta. Claro que com suas exceções, mas são minoria.

Enquanto eu caminhava pela rua, sem que eu visse, pois evitava olhar para as pessoas, um cara com proporções gigantescas, bate de frente comigo – provavelmente de propósito – e para de caminhar, para encarar-me com um rosto evidentemente irritado.

Dei um suspiro.

É hoje... – Resmunguei mentalmente.

– Desculpe-me por esbarrar em você cara – Abri um sorriso amarelo, mesmo que tenha sido ele a me esbarrar, mas ele continuou me encarando, irritado – Com licença... – Pedi, me afastando com tranqüilidade do grandalhão.

– Ei, você acha que vai sair fácil assim intrusa? – Cerro os dentes quando sinto a mão grande dele apertar meu braço com força e me puxar devolta - Acha que é só pedir desculpas e sair por ai?

Respirei fundo para manter a calma e olhei para ele com o máximo de naturalidade.

– O que é? Não e isso o que se faz quando se esbarra em alguém sem querer? – O rosto dele ficou mais irritado e o aperto também aumentou – Então será que poderia, por favor, largar o meu braço?

Ele endureceu o rosto e puxou meu braço com força para perto dele, encarando-me com clara repulsa.

– Quem você acha que é para pedir alguma coisa aqui, mulher insignificante? – Perguntou lentamente e com voz seca e irritada.

– Estou pedindo como uma mulher! Ou será que não é homem o bastante para admitir que esta me machucando e me largar?! – Pedi com a voz mais alta e de saco cheio com toda essa falta de respeito que aturo todo santo dia.

Ao verem que uma briga se iniciava ali, as pessoas fizeram nada a não se afastarem e formarem um círculo torto em volta de nós como se esperassem por um espetáculo.

– Como uma mulher?! – O homem gargalhou alto e um pouco de saliva voou no meu rosto – Essa é boa... Todos nós aqui até duvidamos que você realmente é humana. Talvez seja só mais um lixo de laboratório que jogaram fora e veio parar em Konoha e isso é apenas uma das possibilidades.

Meus dentes trincaram. Tirei meu braço das mãos dele com força, que agora tinha uma marca vermelha por baixo do tecido da blusa

– Já chega de provocações por hoje. Eu apenas quero seguir o meu caminho. Não pedi em nenhum momento uma briga com você e nem com ninguém! – Encarei o homem com os olhos que pareciam gelados de tão clara que se tornou a íris com toda aquela provocação – Mesmo sem sua licença, vou sair agora – Me virei de costas para ele e andei na direção da multidão que começava a se movimentar com minha aproximação.

Um sorriso surgiu no rosto do homem e uma risada grotesca escapou.

– Isso, pode ir! Tenho certesa que aquele filhote de besta está esperando por você.

Parei de andar, prendendo o olhar na multidão na minha frente que logo se afastou de mim, com medo.

– Seu idiota! Não provoque ela! – Falou um cara no meio da multidão com o rosto coberto de nervosismo.

O homem voltou olhou para o homem, depois olhou para mim, rindo despreocupadamente.

– Deixe de ser covarde. Oque uma mulher tão insignificante pode fazer comigo, um homem de verdade? E no final das contas, aquele moleque sempre foi uma...

Gritos de susto escaparam das pessoas ao redor de nós assim que minha mão foi parar no pescoço dele. O homem perdeu a fala e seus olhos congelaram nos meus, aterrorizados com a velocidade. Meus olhos gelados se apertaram diante do olhar amedrontado dele e apertei um pouco mais a mão no pescoço do homem duas vezes mais alto que eu.

– Eu nunca machuquei ninguém por briguinhas de rua, muito menos por provocações chulas dirigidas a mim como as suas... – Falei numa voz controlada, apertando um pouco mais a garganta do homem assim que iniciei a próxima fala – Mas não pense que eu serei tão pacifica se envolver o Naruto em suas provocações. Então ouse terminar essa frase e você será a primeira pessoa que irei machucar.

O homem assentiu com cuidado. Tirei a mão do pescoço dele e o vi se afastar com súbito medo em quanto massageava o local.

– Muito bem. Posso saber que confusão é esta?

Todas as cabeças se viraram para o ANBU que surgiu dentro do círculo sem que ninguém percebesse. Assim que o vi, meu rosto suavizou.

– Nada de mais, isso já é rotina – O ANBU de falsos cabelos castanhos escuros olhou para mim e assentiu.

– Mesmo assim, vamos desfazer isso antes que eu me sinta obrigado a comunicar ao Hokage... – Yuuto olhou para a multidão em volta, e pregou os olhos quando chegou à causa da confusão – E parece que eu vou ter nomes de sobra para dar ao Hokage, querem que eu comece a ditar?

Amedrontados pela ameaça, todos se apressaram a sair dali, indo como baratas tontas para qualquer lugar mais seguro que aquele. Isso inclui o cara de agora a pouco.

Yuuto se aproximou de mim, desviando meu olhar das pessoas para ele.

– Você vive a me assustar... Eu realmente achei que você fosse enforcar o homem – Falou agora em seu tom natural.

Balancei a cabeça para os lados.

– Eu nunca enforcaria uma pessoa daqui tão facilmente, mas tenho que admitir que não gostei nada do modo que ele chamou o Naruto... – Terminei a frase com um suspiro cansado.

Yuuto sorriu, tocando meu ombro com a mão coberta pela luva de couro.

– Deixando isso de lado, você estava me procurando?

Meus olhos se arregalaram de surpresa.

– Como sabia?

– Não sabia, foi o Kakashi quem me avisou há alguns minutos – Minha cabeça se encheu de mais duvidas ainda. Kakashi se encontrou com o meu irmão? – Ele disse: “Acho melhor você se apressar, parece que sua Imouto quer te perguntar algumas coisas.”. – Ele riu para si mesmo – Depois ele desapareceu feito fumaça com aquele livro meloso nas mãos...

Uma gota de suor escapou da minha testa.

– Ele ainda está lendo aquele livro... – Murmurei com a voz decepcionada.

Sua mão foi retirada do meu ombro e colocada no bolso da calça preta da ANBU.

– Então? O que quer me perguntar?

O livrinho verde irritante sumiu da minha cabeça e eu voltei a pisar em terra firme, buscando na minha cabeça as perguntas que eu estava guardando.

– Bem... Eu queria que você contasse um pouco sobre a nossa família para começar.

– “Para começar”... – Ele riu por um momento, mas logo voltou a se concentrar em mim e apontou para um banco ali perto – Isso vai levar certo tempo, que tal se sentar um pouco em quanto pego alguma coisa para nós bebermos?

– Seja rápido – Sorri e andei até o banco com um pouco de ansiosidade.

Como esperado, levaram apenas poucos minutos para que o Yuuto voltasse com um sorriso e me estendesse uma lata coberta por gotículas de água em quanto segurava a outra. Peguei a latinha, sentindo o metal gelado nos meus dedos desprotegidos e observei que aquilo era suco de feijão.

Surpreendi-me novamente.

– Como sabe que eu...? – Apontei para a lata em quanto ele abria a dele, sentado ao meu lado.

– Oque? Não gosta? – Olhou para a latinha em minhas mãos.

– Gosto sim, na verdade é meu suco favorito.

Ele também fez um rosto surpreso.

– Isso sim é um golpe de sorte – Ele sorriu para mim, e tomou um gole do suco de tangerina.

Ri dele, abrindo a lata com um estalo oco.

– Pode começar – falei antes de levar a bebida aos meus lábios.

Yuuto encostou as costas no encosto de madeira e levou o olhar para o alto em quanto colocava a latinha em cima do banco.

– Por onde eu começo... Nem mesmo eu me lembro de muitas coisas – Murmurou pensativo.

– Eu começaria pelo começo de tudo – dã - Lembre que eu não sei de nada sobre minha família.

Ele virou o rosto para mim e abriu um sorriso suave quando viu meu rosto animado. Eu ganhei uma mania de parecer uma criança ao lado dele que nem mesmo eu percebia. Acho que era assim que eu costumava ser antes, como o Kakashi sempre me dizia: Animada, solta, sorridente e sempre flexível.

Ele tirou os olhos de mim e voltou a fitar o alto, e num instante, ele ganhou uma expressão diferente, como se estivesse iniciando uma viagem ao passado.

– Acho que seria melhor eu começar pelo nosso clã, assim será mais fácil – Assenti devagar, sem tirar os olhos do rosto dele – Como você sabe, o nosso clã era o mais poderoso do País do Fogo, graças a nossa Kekkei Genkai...

– O chakra violeta – Murmurei.

– Sim – Concordou sem tirar o olhar do alto – O País do fogo costumava usar alguns de nossos ninjas para conflitos do país, guerras, missões secretas, infiltrações e etc., e isso fez com que nós ficássemos bastante conhecidos dentro e fora do país como os cães de caça do Hokage – Franzi o cenho. Esse apelido não me soa amigável – E em pouco tempo, começamos a ser temidos pelas outras pessoas, pois éramos fortes de mais – Ele me olhou de soslaio – Para você ter uma ideia, de todas as missões que fomos convocados, apenas uma falhou.

Uma?! Mas... Como? Por quê?! – Perguntei, chocada.

– O nosso chakra é temível e bastante perigoso Mitsue, se uma pessoa apenas tocar o nosso chakra, ela será ferida e o nosso clã possuía uma habilidade que tornava tudo mais doloroso.

– O que?

Ele se desencostou do banco e pegou a latinha de volta, dando mais um gole no suco. Apressei em fazer o mesmo. Eu havia me esquecido do suco de feijão.

– Essa habilidade era usada somente como ultimo recurso. Nós tínhamos uma técnica que fazia o nosso chakra invadir o corpo de outra pessoa no menor contato, seja físico ou entre os chakras, e o chakra violeta destruía o oponente por dentro. – Parei de beber meu suco, com os olhos fincados no chão a minha frente – Era uma boa técnica por ser rápida, silenciosa e não deixava vestígios nem ao menos do corpo do oponente.

– Meu Deus... É brutal. – Finalmente abri a boca depois de engolir a bebida doce. Olhei para uma de minhas mãos e franzi as sobrancelhas.

Eu posso fazer isso? – Perguntei mentalmente.

– Por isso que era usada como ultimo recurso – Falou ainda com naturalidade – Bem, voltando ao ponto, nós nos tornamos um clã temido e odiado pelas pessoas comuns, inclusive outros clãs. Então, para evitar conflitos, o nosso clã diminuiu a quantidade de ninjas que poderiam ser convocados pelo Hokage e criou uma lei rígida que proibia um Terasu de ter qualquer contato com uma pessoa comum. Não importava se era um olhar, um “oi” ou seja lá oque fosse, não podíamos. Tudo para evitar acidentes e/ou conflitos possíveis – Yuuto parou um pouco ao ver o meu rosto ficar tenso e sorriu suavemente, tocando o alto de minha cabeça – Não se preocupe, apesar de tanta rigidez, éramos um bom clã, ao contrario do que muitos pensavam.

– Mas como sobrevivíamos sem tem contato com outras pessoas? Isso não é possível.

– O clã selecionava um grupo de pessoas para poder cuidar da nossa vida fora do território, mas mesmo assim, quase todo o chakra dessas pessoas era selado para que minimizasse as chances de acidentes.

– Ainda não gostei – Murmurei desapontada. Devia ser chato viver no meu clã.

Ele riu gostosamente de mim.

– Eu também odiei no inicio, mas você logo se esquecia desse detalhe. O nosso clã era maravilhoso. Todos se conheciam, cuidavam um dos outros e organizávamos vários festivais por ano para compensar isso, e faltava nada para ninguém. Tínhamos nosso próprio comercio, nossas plantações, nossas casas, santuários e nossas próprias leis. Éramos como um pequeno país.

– Era tão bom assim?

Ele sorriu largamente.

– Melhor. E só conseguíamos viver assim porque o líder do clã, o nosso avô paterno no caso, nos instruía de como controlar nosso poder desde que dávamos nossos primeiros passos, e assim, ninguém tinha muitos problemas com ele. Somente alguns que eram mais frágeis de saúde e sentiam mais as dores que nosso chakra era capaz de causar algumas vezes, principalmente na adolescência, quando estamos numa fase de mudanças corporais.

– Eu entendo como eles se sentiam... – Murmurei com um meio sorriso brincalhão.

– Nunca duvidei disso – Ele sorriu também, divertido.

– Mas Yuuto, você já me disse que meu chakra é diferente dos outros. Mais forte e perigoso. Por quê? Oque tem de diferente no meu sangue?

– Não é uma coisa muito complicada de explicar, é que no nosso clã existiam muitos grupos familiares e cada um possuía um chakra levemente diferente dos outros graças ao chakra azul que é consumido quando você ainda está no útero. Então, algumas famílias possuíam o chakra mais poderoso que o outro, ou em maior quantidade e etc. Mas entre todas as famílias, a nossa era a que recebia maior destaque e tudo por causa do nosso avô, o líder.

– Então éramos como a família Nozawa? Que é rica e importante por causa de seus importantes ancestrais?

Yuuto balançou o indicador, negando.

– Não era por causa da posição do nosso avô. Era por causa do chakra dele.

– E qual era a diferença? Não havia outras famílias poderosas?

– Não como ele – Yuuto pegou a latinha novamente e deu mais alguns goles antes de amassá-la e lançar o objeto redondo numa lixeira ali perto – Nosso avô só se tornou líder por que ele tem o sangue “puro”, assim dizendo. Antes de nosso avô, havia um homem chamado Enzou que era líder do clã, e ele era neto do primeiro homem a ter nosso chakra. Este tal de Enzou, como todos os homens anteriores, se casou com uma mulher vinda de uma família que tinha um sangue forte e puro, e esta família era a responsável pelas esposas dos futuros líderes do clã. A mulher se chamava Mioko e pouco tempo depois de casar com o Enzou, ela engravidou e deu a luz ao nosso avô, Toura. Assim que ele nasceu, Enzou preparou o seu filho para ser o futuro líder do clã e assim foi. Com seus vinte e um anos de idade, ele se tornou o novo líder e cinco anos depois, Enzou morreu, deixando a esposa que morreu nove anos após sua morte.

Encarei o Yuuto com o queixo caído. Que coisa complicada era aquela?

– Havia uma família somente para fornecer as esposas? – Ele concordou – Que coisa idiota! Como é que essas mulheres aceitavam se casar por obrigação?

– Pode dizer que é idiota, mas na verdade era o mais seguro a fazer. O chakra dos nossos líderes é bastante forte e pesado Mitsue, não é qualquer mulher, mesmo que tenha o nosso chakra, que agüentaria ele no seu corpo. Pior ainda com um filho. Ela morreria antes de dar a luz. Então só essas mulheres que eram preparadas o bastante podiam se casar com os líderes.

Cruzei os braços, inconformada.

– Ainda acho errado.

Yuuto suspirou balançando a cabeça negativamente.

– Tanto faz, isso nem existe mais – Ele deu de ombros e deu mais um suspiro antes de continuar – O nosso avô, Toura, naturalmente começou a envelhecer, e então decidiu que era a hora de criar um herdeiro forte o bastante para liderar em seu lugar. Quando a ordem foi dada, a mais velha das mulheres daquela família, Yoi, foi escolhida para dar a luz ao herdeiro e dois dias depois, Toura e Yoi se casaram e em poucos meses a mulher ficou grávida. – Yuuto deu uma pausa na fala e sorriu com os olhos distantes em quanto falava a próxima fala – Meses mais tarde nosso pai, Ichirou, nasceu.

– Pai? – Perguntei em voz baixa.

– É Mitsue – Yuuto pegou minha mão e a apertou – Agora, vou te contar a história do nosso pai. O quinto e ultimo líder do clã.



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