A Busca escrita por Youko Yoru


Capítulo 3
Capítulo 3 - Verdade e Passado




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~A Busca~

Por Youko Yoru

 

III. Verdade e Passado


Passado, Primeira Parte (1)

Belvedere do Escorpião, terça-feira, 00:45 am.

 

            Gustavo ainda o admirava, nunca imaginaria que ele, com aquela aparência, tão humana, fosse um demônio... – Não, ele é muito bonito para ser real! – pensou ficando rubro de vergonha, nunca havia tido pensamentos como esse sobre uma pessoa... e agora ele ficava o encarando, perguntou temeroso: - O que foi senhor Luriel?

            Ele fechou os olhos – Chame-me de Luriel, ou Louis, prefiro este quando estiver nessa forma... mas não me chame de senhor... – falou com voz seria, Gustavo pensou que ele havia ficado bravo com ele, por isso murmurou um pedido de desculpas cabisbaixo, Louis se aproximou e tocou em seu queixo para que olhasse em seus olhos – não precisa se desculpar – ele ficou encantado com os olhos verdes acinzentados do menino – estou intrigado com você! – Gustavo o fitou sem entender o que se passava com ele, ia perguntar, mas ele próprio respondera: - Você não é somente humano! Tem algo em você, algo diferente... que só percebi agora!

            - Não, você disse isso antes... quando fizemos o pacto! Não se lembra?!

            Louis o encarou curioso: - Eu disse?! O que eu disse?!(2)

             - Você disse que eu não era um humano normal, eu não entendi o que você quis dizer com isso, porque eu tive pai e mãe... – Gustavo se calou depressivo.

            Ele prestava atenção nas mudanças de Gustavo, de alegria a tristeza profunda... tinha muito sentimento guardado dentro dele, Louis sentia a emanação dos sentimentos muito claramente... ele seria a pessoa perfeita para lhe explicar (3), quebrando o silencio falou: – Vamos sair daqui, aonde mora?!

            Gustavo se espantou com a pergunta, mas respondeu ainda da mesma maneira: - fica um pouco longe daqui, fica pra lá – disse apontando para o lado oeste.

            Louis se aproximou novamente de Gustavo, encostando seu corpo no dele, segurando em seus ombros sussurrou - Pense nesse local e feche os olhos.

            Gustavo sentiu seu corpo quente com a aproximação dele, mas fez o que ele pedira, sentiu seu corpo leve e um cheiro doce e envolvente, adormeceu nos braços de Louis. (4)

            Ele só acordou mais tarde em sua cama, pensou por instantes que tudo havia sido um sonho, mas o viu encostado próximo a minúscula janela esperando que acordasse.

             - É este o lugar em que vive?

 - Sim.. foi o único lugar que me deixaram ficar por pouco dinheiro, e também porque trabalho aqui – calou-se e suspirou – Moro nesse quarto, que fica nos fundos de uma danceteria, Hell´s Door (5), é um lugar feio e sujo... mas nem se compara ao lugar aonde eu vivia – ainda sentado na cama abraçou seus joelhos – esse lugar vive apinhado de pessoas dia e noite, me foi cedido pela dona do lugar, Sagess, é uma mulher alta e esguia, com cabelos tingidos de ruivo, olhos azuis e extremamente inteligente. Me falou que percebeu, assim que me viu, que eu tinha um determinado talento e fez uma proposta, que em vez de pagar o aluguel, eu cantaria todas as noites a partir das duas da manha, de inicio recusei, pensando que conseguiria um emprego um pouco melhor, porém não tinha trabalho para um garoto de 15 anos em lugar nenhum, e ainda tinha algumas vizinhas, mulheres que trabalhavam na danceteria, que utilizavam seus quartos, também, para os seus “serviços extras”. Eu saía angustiado todas as noites para não ter que ouvir os sons dos outros quartos, que perduravam noite adentro. Numa noite tomei uma decisão, precisava pagar de alguma forma o aluguel, e como não tinha conseguido nada, resolvi aceitar a oferta de Sagess. Ela havia ficou satisfeita por eu aceitar, e mandou que começasse no mesmo dia.. é o que eu faço todas as noites há quase um ano. – ele encostou a cabeça nos joelhos.

Louis encarou o menino, algo nele o fascinava... – talvez todos esses sentimentos. – pensou, e curioso perguntou: - Então é isso o que te deprime, essa sua vida aqui?!

Gustavo ergueu a cabeça o encarando tristemente – Não, aqui eu poderia até ser um pouco feliz, se não fosse essa coisa que trago dentro de mim – falou batendo de leve o punho da mão em seu peito – as pessoas daqui me tratam bem, e Sagess me trata como se fosse seu filho, são pessoas boas, ficam preocupados comigo... das outras vezes que eu tentei suicídio, foram eles que na maioria das vezes me impediram... e como eu disse, minha vida aqui é melhor do quando eu morava naquela maldita casa! – amargurou-se, se lembrando de seu passado.

 - É uma casa grande e branca? – indagou Louis calmamente.

Gustavo ergue-se assustado: - Como você sabe?! Como conhece a casa?

 - Eu a vi em suas lembranças quando pedi para que você visualizasse onde morava, passou muito rapidamente imagem dessa casa, mas porque você ficou desta maneira, tão assustado e com raiva?!... você muda de sentimentos muito rápido, porque faz isso?

Gustavo sorriu triste – Não sei o porque que mudo de sentimentos tão rápido como você diz, eu sinto apenas, não se controla sentimentos.

 - Então porque você esconde e controla uma tristeza gigantesca na sua alma?!

 - Você pode ver a minha alma?! – perguntou curioso, o viu assentir – você tem razão quando diz que eu a escondo... é porque não consigo confiar em ninguém para contar o que eu sinto e o que eu vivi... mas o que eu quis dizer, é que não se consegue controlar os sentimentos por muito tempo, ninguém consegue... a minha forma de extravasar esse sentimento é me ferindo – Gustavo ergueu a manga da blusa mostrando seus braços cheios de cortes e cicatrizes profundas – estas foram todas as vezes que eu tentei suicídio e que me impediram... – começou a chorar e se encolheu na cama.

Louis sentiu novamente a dor em seu peito, sentou-se ao lado dele na cama e o chamou – Olhe para mim – esperou que ele se sentasse e tentasse conter os soluços, pegou seus braços e transmitindo energia, fez com que as cicatrizes e os cortes sumissem de sua pele, Gustavo parou de chorar o encarando espantado – Curei seus ferimentos, mas ainda vejo que a sua alma permanece igual, porque?! (6)

Gustavo ainda em choque respondeu – Porque a minha cicatriz é na alma e não no meu corpo.- encarou os belos olhos azuis escuros ainda cheios de duvidas, ele era realmente muito belo e inocente para ser um demônio – Louis, você não tem sentimentos assim?

 - Igual aos seus e de algumas pessoas não... pode ser que eu até saiba o que são, mas não me lembro nada de meu passado, parece-me que fui criado há pouco tempo, e de acordo com um outro General (7), foi minha Mestra quem apagou minha memória, mas não acredito nele!

 - Porque não perguntou para sua Mestra?

 - Não posso incomoda-la com esse tipo de coisa, seria futilidade de minha parte incomoda-la por causa de fofocas!

 - Sim, você tem razão – Gustavo ia dizer mais alguma coisa quando ouviu uma batida insistente na porta e uma voz aguda o chamando.

 - Gus! Abre a porta! A Sagess tá pé da vida com você porque não foi cantar ontem, abre aí! – continuava a bater na porta e a falar.

Gustavo se levantou indo atender a porta – Já vou, Samanta! – abriu e viu uma mulher loira, de seios fartos e muita maquiagem, mascando chiclete, Gustavo percebera pela primeira vez que já estava de manha, ficara conversando com Louis a madrugada inteira e nem percebera. (8)

- Hei, Gus?! Que cara é essa de tacho?! – falou abrindo a porta por completo revelando Louis que estava sentado num canto da cama, a mulher sorriu felinamente para Gustavo – Ah! Mas porque você não disse que estava acompanhado, heim gracinha?!

Gustavo sentiu seu rosto ficar vermelho instantaneamente – Não é nada disso, Samanta! Ele é um amigo meu!

Ela nem pareceu ter ouvido o que ele dissera – Hei, meninas venham ver o que o lindinho trouxe pra casa! – gritou chamando as outras, que em pouco tempo já estavam na porta do quarto. Ficavam cochichando entre elas.

 - Poxa, Gus! Nem pra chamar! Olha que gato!

 - É Clary, ele é egoísta! Samanta você falou pra ele cobrar quanto?!

Isto foi a gota da água para Gustavo, que gritou muito nervoso: - Parem com isso! Já falei que ele é só um amigo! Vão embora! – foi quando apareceu uma mulher alta de cabelos castanhos.

 - Muito bem mulherada, chega! Deixem o menino em paz! – falou empurrando as outras – se ele disse que é um amigo é um amigo, e parem de ficar olhando para o homem! – quando todas foram dispersas, ela se dirigiu a Gustavo perguntando baixo e seriamente: - quem é ele realmente?!

Gustavo sabia que Marta não iria perguntar se não estivesse preocupada, ela era sempre muito discreta: - somos amigos eu o conheço já algum tempo.

 - Se não quer dizer, menino, não diga, mas só não minta! – acariciou os cabelos dele – você não tem jeito para isso! Mas tome cuidado, esta bem?! Qualquer coisa nos chame! – falou se retirando. (9)

Gustavo permaneceu por instantes na porta do quarto, sorriu – Obrigado, Marta – pensou fechando a porta. Olhou para Louis que o encarava curioso, ficou rubro pelo o que elas haviam falado, porque com certeza ele escutara.

 - Convença-me! – falou somente Louis aguardando Gustavo.

Gustavo respirou profundamente: - Eu não sei por onde começar, Louis... não sei como! – falou fechando os olhos.

 - Conte tudo o que você se lembra da sua vida na casa branca, é um começo!

 - Sim – ele parou de frente a janela olhando o céu azul – O meu pai sempre me contou que havia se casado com a minha mãe por obrigação, nunca em nenhum momento de sua vida a amou, e acho que ela também não o amava... eles eram empregados de um homem rico, o senhor da mansão Don Marcelo e de toda uma comunidade que vivia por lá... esse homem, Marcelo III, era um homem que prezava costumes – sorriu amargurado – ele não podia permitir que uma de suas empregadas ficasse grávida e não fosse casada... meu pai tentou por diversas vezes fugir comigo de lá, mas toda vez que tentava era impedido de alguma maneira... a ultima vez que tentou, quebraram suas pernas para que não pudesse mais andar, eu tinha uns 4 anos nessa época. O senhor Marcelo havia ficado muito irritado por ele querer me levar dali, eu não entendia o porque do desespero de meu pai para que saísse daquele lugar... depois do que aconteceu, eu entendi, mas era tarde de mais... eu amava os momentos em que eu ficava com ele no casebre, ficaria horas e horas conversando com ele... mas o senhor Marcelo, obrigou minha mãe a começar a me por para trabalhar dentro da casa, e foi assim que começou meu desespero, no começo eu não entendia ao certo o que acontecia, ficava com medo... o senhor Marcelo me chamava, quase sempre para ir ao seu escritório, lá ele me fazia sentar-se em seu colo e ficava se esfregando em mim, eu achava estranho e como disse tinha medo, não dizia nada a ninguém... com o passar do tempo ele me mandava – Gustavo se calou  engolindo o choro – tirar minha calça, para ele ficar me tocando, eu chorava todas às vezes, ele dizia que se eu contasse para alguém ele mataria o meu pai, chorei mais ainda e ele me bateu forte, disse que não queria me ferir, mas se precisasse o faria...

 

~oOo~

 

(10) Marcelo espumava de raiva: - Que menino chorão! Parece uma menininha!! Venha aqui! – gritou puxando o pequeno pelo braço, que ainda chorava.

 - Por favor, senhor Marcelo – implorava com a voz infantil – juro que não vou falar nada! Juro! Não machuque o meu pai!

 - Vou pensar! Agora para de chorar e saia daqui!

Gustavo correu o máximo que pode, trombou com sua mãe que o aguardava fora do casebre já de noite, ela o encara seria.

 - Enxugue essas lagrimas se não o seu pai vai perceber! – falou fechando a porta.

Gustavo sentiu um vazio ainda maior dentro de si... a mãe sabia e não iria fazer nada para ajudar seu pai... Gustavo não estava preocupado com o que iria acontecer consigo, e sim com o pai... mas também não imagina o que estaria por vir...

Correu para uma fonte que havia ali perto e lavou seu rosto, indo para casa novamente, lá viu seu pai sentado na cama, sorriu para ele e o abraçou.

 - O que aconteceu, Gustavo?! – perguntou preocupado ao ver o menino tenso.

 - nada papai, não aconteceu nada! – falou apressado ainda o abraçando.

O pai o puxou para que se encarassem face a face, ele viu nos olhos do filho angustia e desespero, deixou cair lagrimas de seus olhos, fez um carinho no filho sussurrando: - Eu vou te tirar daqui! Eu juro! Nem que para isso eu tenha que mo...

 - NÃO! – gritou o menino abraçando desesperado – Não! Não quero que você morra papai! Não! Não! – chorava soluçando.

Christian não sabia o que fazer para acalma-lo, nunca o vira tão assustado, apenas correspondeu ao abraço o acalmando, depois de um tempo Gustavo adormeceu em seu colo. Ele o acariciava quando sua esposa chegou, ele a encarou com ódio profundo e proferiu perigosamente: - Se você deixar que aquele velho maldito toque em um fio de cabelo desse menino eu farei questão de matar você e ele! Nem que para isso, tenha que fazer um pacto com o pior dos demônios!

Ela estremeceu e disse como se não ligasse para o que ele havia dito – Do que você esta falando, Christian?! Depois que você ficou desse jeito parece que ficou senil!

 - Doris, você sabe que eu não estou brincando! É uma promessa! Não deixe aquele velho se aproximar!

 - Não fale assim do senhor Marcelo! Ele é um homem bom!

 - Bom?! E o que ele fez comigo foi bondade?! – indagou irônico e cheio de ódio.

 - Você fez por merecer! Quem mandou tentar fugir com o meu filho?!

 - Ahahaha! Seu filho?! Mas que piada! Você nunca o tratou como se fosse seu filho! – falou tentando manter o tom de voz baixo para que não acordasse Gustavo – Mas é bom você não se esquecer do que eu disse hoje, Doris, para o seu próprio bem! E eu não quero que o Gustavo vá mais para a mansão! Ele fica aqui comigo!

Gustavo até completar seis anos, permaneceu todos esses anos em casa com seu pai, sem mais ter visto Marcelo. Certa tarde, enquanto brincava viu alguns capatazes de Marcelo se aproximando da casa, entrou rápido para avisar ao pai.

 - Fique calmo, Gustavo! – falou tentando se apoiar numa muleta – fique aqui dentro. – ouviu as batidas na porta, caminhou lentamente até ela a abrindo: - O que querem?!

 - Temos um recado do senhor Marcelo! – falou um negro e alto – Ele mandou avisar que não sustenta vagabundos, quer que você e seu filho venham trabalhar amanha cedo!

 - Eu irei! Mas meu filho ira permanecer aqui! – falou determinado – trabalharei por nós dois!

 Os capatazes riram e o outro falou com escárnio: - Você mal se agüenta em pé como fará pra sustentar os dois?!

 - isso não te interessa! Só diga ao seu patrão que meu filho não ira trabalhar!

 - Esta bem então! – falou um deles e indo embora avisou – esteja na casa antes das cinco!

Christian permaneceu em pé na porta enquanto os via ir embora, assim que os perdeu de vista caiu no chão exausto. (11)

 - Papai! – gritou Gustavo ao ver o pai no chão, e ajudando-o a se levantar – pai, eu vou trabalhar na casa, o senhor não pode ficar muito tempo de pé!

 - Não meu filho! Entendo a sua preocupação, mas você esta na época de ir para a escola, não deve ficar trabalhando, principalmente lá! – Christian sentiu um espasmo forte e completou – prometa para mim que não ira para lá!

Gustavo não entendia a preocupação extremada do pai, mas acatou o pedido sem discutir.

No dia seguinte, Christian, deixando Gustavo dormindo, se despediu com um beijo em sua testa, o mau pressentimento surgiu novamente, um aperto em seu coração o fez ficar por mais alguns instantes com o filho, saiu e seguiu até a mansão. Chegando lá Marcelo e seus capatazes já o esperavam... Christian havia entendido de imediato o que iria acontecer, os capatazes o seguraram em seus braços o prendendo, Marcelo se aproximou o fitando esnobemente.

 - Pensa que é quem para me dar ordens, seu energúmeno?! – o chuta nas pernas, Christian solta um gemido baixo de dor – Eu decido quem trabalha e quem não trabalha na minha cidade! – segurou em seu queixo encarando de perto olhar de ódio de Christian, sussurrou entre dentes – Eu consigo tudo que eu quero, rapaz!

 - Não! Seu filho da puta! – berrou Christian tentando se soltar – Não chegue perto dele!!

 - Levem ele daqui! – ordenou vendo Christian ir embora com suas ameaças, sorriu felinamente – Silvano! – chamou um de seus capangas – traga até mim Doris, agora! – em poucos minutos Doris entrava na sala, Marcelo estava sentado em sua escrivaninha escrevendo algo quando se dirigiu a ela – Seu marido foi embora, falou que não queria mais viver aqui, me extorquiu alguns dólares e foi! Um cretino esse seu ex-marido! – falou fingindo irritação.

             - Mas... – ia dizer algo, mas resolveu calar-se ao ver ele mudar de expressão a encarando.

– Traga seu filho para trabalhar junto com você amanha – ele sorriu – não vai ser bom para o menino permanecer sozinho na casinha que vocês vivem, ele é um bom menino, puxou a você, Doris! Estou pensando em até chamar uma professora para dar aulas para ele, o que acha?

Ela sorriu – Sim, senhor Marcelo é uma ótima idéia! Trarei Gustavo comigo, mais alguma coisa senhor?!

 - Não, Doris pode ir!

Ao anoitecer, Doris chegou em casa vendo Gustavo na soleira da porta.

 - O que você esta fazendo aí, menino?! – perguntou irritada.

 - Estou esperando o papai, mãe!

 - Então saia daí! – ele a encarou confuso – ele não volta mais! Ele te abandonou por um punhado de dinheiro!

Gustavo não acreditava no que ela dizia, chorava negando com a cabeça – Não! Ele não foi embora!! Ele falou pra mim que...

 - Cala a boca! – gritou – Ele foi embora sim! E pára de chorar! Você não é mais um bebe!! Vá dormir, porque amanha você vem comigo pra mansão!

 - Mas o papai me mandou ficar aqui! – falou ainda soluçando.

 - O seu pai foi embora! – gritou novamente – ele não manda mais em você, e se eu estou dizendo que você vai comigo, é porque vai!!

 - Mas, mamãe – ele foi calado com um tapa que o derrubou no chão, ele chorava em silencio, ela entrou na casa e fechou a porta.

 

~oOo~

 

 - Naquele dia eu fiquei a madrugada inteira acordado esperando por meu pai, chorei o tempo todo, e ele nunca mais voltou... – Gustavo parou de falar enxugando as lagrimas que teimavam em descer. Louis o fitava angustiado, não entendia o que estava sentindo, o porque daquele sentimento de preocupação e tristeza, não sabia o que falar ao humano, se levantou da cama indo a direção a ele, segurou em seu rosto o erguendo para si, com os dedos enxugou as lagrimas.

 - seu pai, como era o nome dele?!

 - O nome do meu pai era Christian.

Louis fechou seus olhos, esse nome era conhecido, traziam lembranças ruins e boas – Ele realmente te deixou?!

Gustavo suspirou – Nunca acreditei nisso, porque acho que o senhor Marcelo o matou, nunca soube ao certo o que aconteceu com ele, nem sei se ele ainda permanece vivo... é o que eu espero – falou baixo. (12)

Louis sentiu a tristeza do menino, era impressionante como alguém aparentando ser tão frágil poderia sentir tanta dor, fechou seus olhos buscando por uma imagem do pai... sentiu uma dor imensa em seu peito, chegando até a se encolher e a arfar de dor, Gustavo o amparou segurando em seus ombros, e indagava preocupado: - O que aconteceu com  você?! Esta bem?!

Louis ergueu-se com os olhos banhados de sangue: - Que dor é essa?! – perguntou entrecortado.

Gustavo o encarava sem saber o que dizer, não conhecia nada de demônios, como saberia o que acontecia com ele?! – Você não pode chamar a sua Mestra?! Ela deve saber o que tem!

 - Não posso ficar incomodando ela! – falou do mesmo modo, deixando Gustavo ainda mais preocupado.

 - O que posso fazer pra você melhorar então?! Não sei o que aconteceu com você, e estou preocupado! – falou tocando em seu rosto, vendo se tinha febre.

Louis se acalmou com o singelo toque e descansou seus olhos adormecendo, Gustavo chegou a suspirar de alivio quando percebeu que ele adormecera, acariciou levemente os cabelos prateados, se levantou da cama e saiu do quarto o fechando.

Estava descendo as escadas quando Marta surgiu de um dos quartos: - E aí?! Ele já foi embora?!

Gustavo sorriu triste – Não, ainda não... ele esta descansando.

Marta colocou sua mão na cabeça dele bagunçando os cabelos – Você é uma graça, Gustavo! – sorriu deixando-o confuso – A  Sagess quer falar com você lá no escritório! Vai logo porque hoje ela não esta de muito bom humor! – falou indo embora.

Gustavo sem entender, foi em direção a uma pequena sala da danceteria, alguns empregados ainda limpavam a pista, Sagess estava sentada mexendo com alguns papeis, quando o viu entrar – Porque você não veio cantar ontem, pequeno?!

Gustavo se sentou na cadeira e respondeu amuado: - Sinto muito, perdi a noção do tempo...

Sagess o encarou seria: - Acha que eu não sei aonde você foi?! Será que você não entende?! – levantou-se – Porque tem que tentar isso todas às vezes, a cada instante?! Será que eu não te dou carinho suficiente?! – ela se ajoelhou fazendo com que ele o encarasse – responda pequeno, porque tem que tentar sempre tirar a sua vida?!

Gustavo a fitou com os olhos lacrimejantes, murmurou desculpas e a abraçou, ela acariciou seus cabelos dizendo suavemente – Não quero que você se desculpe, quero que você viva... todas as pessoas que te conhecem desejam isso, até aquele que você conheceu hoje– Gustavo a encarou surpreso, ela pegou sua mão, a qual fizera o pacto com Luriel, a olhou minuciosamente – eu tenho um carinho em especial por você, e você sabe disso! Por nada no mundo, desejaria ver você chorando novamente... mas saiba que o passado esclarece a verdade, não se esqueça disso jamais! (13)

 

Danceteria Hell´s Door, quarta-feira, 02:33 am.

 

Louis abriu seus olhos num espasmo, percebeu que ainda estava no quarto de Gustavo, mas a noite despertara há muito tempo, sentiu o cheiro de luxuria no ar, ouviu os sons, que Gustavo descrevera... Levantou-se da cama o procurando, fechou os olhos seguindo sua energia, o encontrou num pequeno palco, sentado num banco, de roupas negras, o cabelo solto, o microfone em uma das mãos, sob a luz opaca de um refletor, cantando com todo sentimento que ele possuía, um blues com o som de um gritarra ao fundo, dando uma entonação sublime a sua voz. Louis visualizou a cena impressionado com a sensualidade infantil que ele transmitia sem perceber, e num instante já se encontrava no meio da danceteria o observando cantar...

 

(14)“I die for you

I cry for you

I´m always live waiting for you

 

You never come

And I die alone

only waiting for you

I cry alone

You never come

I live alone

only waiting for you

 

Please my love

come and kill me

Don´t cry for me

This only way

This only way I´ll be free

 

You never come

And I die alone

only waiting for you

I cry alone

You never come

I live alone

only waiting for you”


            Gustavo ainda cantava quando o viu num canto o observando, sentiu-se mais aliviado por ver que ele estava bem, continuou a cantar sua musica, que agora mais do que nunca ela fazia sentido a sua vida...

 


 

Continua..

 

 

 

Notas:

 

BASTIDORES - LEIAM (cenas imperdíveis – CI –; explicações – E –; comentários inúteis – CmI  ou Traduções – T – que eu não coloquei para não estragar o desenvolvimento da historia! São os (com números) que eu coloquei!!)

 

(1 - E) eu decidi dividir este capitulo, pois se naum fizesse, além de fica gigantesco, vcs iam ter que esperar e muito -________-“” e isso naum é legal!!

(2 - E) parece que o Luriel perdeu a memórria momentaneamente, assim que ele fez o pacto com o Gustavo, mas purque será neh?! ^____^””

(3 - CmI) O___õ explicar?! U q?! *Yoru senndo muuuuuuuito ironica*, depois eu explico!!

(4 - CI) Louis carregou-o em seus braços ddesaparecendo, e surgindo no pequeno quarto, colocou-o suavemente na cama, ainda observando seu rosto.

             - Você poderia se passar por um anjo, garoto – sussurrou retirando alguns fios de cabelo de seu rosto adormecido – um anjo...

(5 - T) Hell Door: Porta do Infernoo, sugestivo, naum?!

(6 – E/CmI) O Luriel naum eh uma graça?! =^.^= ele curou todos os ferimentos do corpo de Gustavo, todos! Lembrem-se disso!!

(7 - E) Vcs se lembram do Cain?! O__õ poiss eh ele!! Ò__Ó demoniozinhu fofoqueiro, e aguardem que ele vai retornar ainda!

(8 - CmI) Eles ficaram conversando a madruugada inteira, contudo o Gustavo dormiu, e naum percebeu o tempo passar!  Também quem ia ligar pra tempo qdu si tem um demônio lindu daquele junto com vc!! *__________________*

(9 - CI) Marta assim que deixou Gustavo fooi ao escritório de Sagess, a viu escrevendo algo, bateu na porta entrando – Ele esta lá com ele, senhora.

            Sagess encarou-a com um certo alivio – Então foi ele quem o salvou desta vez!

             - Senhora, se me permite – a encarou seriamente – acha que ele não vai perceber?!

             - Entendo sua preocupação, mas a energia de Gustavo vai mantê-lo bastante ocupado para se preocupar conosco!

(10 - E) eu fiz uma pequena mudança de comoo contar a historia, achei que assim ficaria mais interessante, ao invés de Gustavo contar tudo do ponto de vista dele, e fora que a hist  do Gus vai ficar quente!! *______________*

(11 - E) Christian depois que apanhou dos ccapangas do Marcelo não conseguiu mais andar direito, ficou com um problema permanente em suas pernas ;______; tadinhu!

(12 - E) O Gustavo naum sabe realmente o quue aconteceu com seu pai, alias nem eu! hehehe XD *Yoru sendo irônica di novo*¬__¬””

(13 - E) Este Capítulo se resume nessa frasse: “passado esclarece a verdade”, lembrem-se disso até o final dele!!

(14 – T/E) Essa musica super animada (*Yoru sendo irônica again*), fui eu quem escreveu, vcs podem naum acreditar mas essa fic e o Prelúdio, saíram de uma idéia dessa musica, eu criei ela em inglês, vou colocar a traduçaum mas jah aviso q ela vai ficar um tanto exquisita! -____- agora a traduçaum:

 

"Eu morreria por você

Eu choraria por você

Eu sempre vivi esperando por você

 

Você nunca veio

E eu morro só

só, esperando por você

Eu choro só

Você nunca vem

Eu vivo só

só, esperando por você

 

Por favor meu amor

venha e me mate

Não! Não chore por mim

Esta é a única maneira

Esta é a única maneira de eu me sentir livre

 

Você nunca veio

E eu morro só

Só, esperando por você

Eu choro só

Você nunca vem

Eu vivo só

Só, esperando por você"

 

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