Quase um mês se passou e agora estávamos prontos para o aniversário de Damon. Nas últimas semanas foi necessário que ele aumentasse a segurança e estávamos sendo seguidos por homens fortes a todo tempo. O assédio sobre nós era tremendo, e sempre estávamos respondendo aos repórteres que nos perguntavam sobre a vida na Salvatore e nossa vida pessoal, bem como meu relacionamento com a filha e as ex de Damon. Meus pais estavam agoniados com a quantidade de telefonemas e a paz de Oklahoma se fora. Bem, mesmo com toda esta loucura do ‘mundo Damon’, eu estava bem com meu namorado. Estávamos mais juntos que nunca e felizes, não fosse um pequeno detalhe... Elena! Pois é. A minha chara me deixava cada vez mais intrigada. Ela é produtora musical e veio a New Yourk para promover a turnê americana de Celine Dion. Ela leva a Sofia para rodos os shows nas redondezas, já que a garota adorava a cantora. O que me espantava era Damon, sendo tão protetor com a filha a largar com toda a segurança com esta mulher, se nem com o irmão ele o fazia com tanto desprendimento.

-Amor, eu terei que fazer uma viagem amanhã e voltarei na segunda. Você vai ter muito trabalho por aqui.

-É sobre a Polaroid?

-Exato! Há um problema com uma de nossas mercadorias lá e terei que ir pessoalmente, parece que nenhum técnico consegue dar um jeito.

-Isso é muito estranho. Está indo fazer assistência técnica?

-Estou indo supervisar na verdade, mas se caso não der jeito...

-Bem, pelo menos esteja aqui na segunda de manhã. Não vai querer perder a festa que eu e sua filha passamos dias organizando.

-Contra minha vontade. Você tem certeza que não chamou muita gente?

-Absoluta. Apenas sócios e amigos mais íntimos e a mídia não foi liberada para cobrir.

-Maravilha. Pelo menos isto.

 Damon está me olhando de sua cadeira. Estou de frente pra ele. Ele me olha com malícia.

-O que você tem? –pergunto.

-Você engordou. –me pega desprevenida e acho que estou de boca aberta e vermelha.

-O que? – ofego. Damon se ergue sorrindo estende o braço pra mim. Hesito e seguro sua mão e ele nos afasta do foco de visão de entrada da sala, estamos quase escondidos.

-Você ganhou peso. O que adorei. – ora eu detestei. Eu gorda?!

-Você me chama de gorda e diz que adorou? Claro, o ciumento falando, me prefere assim para que não me olhem.

-Na verdade te prefiro assim, porque seu traseiro está uma delícia, mas é... Também gosto da ideia de deixarem de te olhar. – bato em seu ombro incrédula.

-Acha mesmo que engordei? – ele franze o cenho percebendo que não gostei de ouvir isto. Que mulher gosta?

-Um pouco. Apenas o suficiente pra te deixar mais gostosa. – ele diz e agarra minha cintura, estou com as mãos em seu ombro e ele me aperta e desce as mãos até meu traseiro onde prende com força enquanto me beija de leve.

-Nossa! – ouvimos a voz e nos separamos. É Caroline. – Desculpem. – ela está tão sem jeito quanto eu, enquanto Damon apenas a encara.

-O que você quer? – ele pergunta sério.

-Ah... Apenas Stefan pediu pra você assinar estes papeis. – fala sem jeito e estende a pasta pra Damon.

Damon segura e vai até a mesa, e começa a analisar tudo. Volto meu olhar para Caroline que me olha com expressão de: “que mancada” e depois sorrimos uma pra outra. Damon assina tudo depois de revisar.

-Mais alguma coisa?

-Não. Só isso por hora. – ela pega a pasta e se vai.

-Katherine?! –Damon grita e parece furioso.  Porque? Não teve resposta e rola os olhos inalando fundo. – Katherine!

-Damon! – ela entra esbaforida na sala.

-Quantas vezes tenho que repetir que não quero ser incomodado quanto estiver em reunião com Elena? – ela abre a boca e ele ergue o dedo a fazendo parar. Hum... É a primeira vez que vejo isso, e é demais. – E quantas vezes terei que dizer que as únicas pessoas autorizadas a invadirem minha sala são minha filha, irmão, advogado e Elena?

-Me desculpe, ela passou feito maluca eu não...

-Você sabe qual é seu trabalho, eu te pago bem pra isto, então o faça direito. Agora ligue para o Alaric e confirme as passagens dele.

-Claro. Com licença.

A garota sai cabisbaixa e eu encaro o Damon que se joga na cadeira esfregando as têmporas. Um deslumbre do Damon que conheci nos primeiros dias na Salvatore me vem a mente e eu me reaproximo dele e o encaro.

-O que foi isso? – ele me olha e suspira.

-Acho que fui muito leve com ela e agora ela precisa acordar. Está relaxada.

-Você joga pesado.

-Só sei jogar assim. – ele dá de ombros. – E também odeio que me interrompam quando estou com você. – sorri maroto. Ignoro risonha.

-A que horas viaja amanhã?

-Depois do almoço. Vamos ter uma despedida? – sorri de lado.

-Talvez, se você se comportar. Mas agora saiba que perdeu pontos por me chamar de gorda. – ele se alarma.

-Não te chamei de gorda. Disse te tinha engordado.

-É a mesma coisa.

-Não é não.

-É pra mim. – falo me erguendo devagar e indo pra porta.

-Amor...

-Mais tarde. – falo sem o olhar e volto a minha sala sorrindo. Nem noto a Katherine. Ele é uma força da natureza. E eu o amo demais.

...

Estou na cozinha terminando de preparar um café e Damon fala com Sofia pelo celular enquanto me observa.

-Bem, eu estarei de volta na segunda. Alaric irá comigo e você ficará com Stefan até eu voltar. Não... Não... Nem pensar Sofia, você só visita sua mãe com campainha. Não, Stefan e Elena vão estar ocupados... Não a Eny não pode te levar, ela está a trabalho. – Eny é como Damon chama minha chara. Muito carinhoso, ele não é de apelidos. Não comigo. – Agora passe pra ela, por favor... Beijo. Te amo!... Oi!... Não deixa ela te enlouquecer, ela não vai e pronto... Está te dando trabalho?... Assim espero, que horas estarão em casa amanhã? – sinalizo que o café está pronto e o sirvo, ele acena sorrindo e coloco a xícara diante dele. – Certo... Qualquer coisa me liga... Um beijo. – ele desliga e prova o café enquanto me sento em frente a ele. Estamos bem a vontade, Damon só de calção e eu com baby-doll. – Hum... – ele geme em satisfação. – Elena você pode não saber cozinhar, mas eu realmente amo seu café.

-Melhor pra mim. – digo maliciosa e ele sorri e volta a provar. – Como está tudo com Sofia?

-Bem.

-Damon... - eu tenho que perguntar, quero esta conversa a dias. Ele me encara. – Vai me contar quem é esta mulher?

Ele engole e descansa a xícara na mesa.

-Ela foi babá da Sofia por um tempo... Ah... Logo depois que eu assumi as empresas e não tinha muito tempo pra ela. Ela estava terminando os estudos e precisava de dinheiro.

-Ficaram amigos?

-Bastante.

-Percebo. – me livro de meu café e me abraço. Ele está escondendo algo.

-O que foi?

-Tem certeza que é só isso? – ele sorri e dá a volta na mesa. E joga seus braços por cima de meu ombro me abraçando por traz.

-Não me diga que está com ciúmes? – fala enterrando os lábios em meu cabelo.

-Estou apenas estranhando. Ela é uma estranha.

-Pra você.

-Que seja Damon. Ainda acho que você está me escondendo algo.

Ele bufa e me faz ficar de pé e o encarar.

-Olha amor, eu sei que é meio difícil pra você controlar esse seu ciúme e tudo mais, mas...

-Não estou achando graça.

-Nem é pra achar. Amor Elena foi babá da Sofia por um tempo e depois eu me envolvi na empresa, mudei pra minha casa e casei com Andei e só. Ela apenas é uma amiga.

-Tudo bem Damon. Não quer falar não fala, mas não me julgue a boba. – eu me solto de seus braços e ele leva as mãos a cabeça.

-Elena você é tão... Argh! Não quero brigar. Você tem que confiar em mim.

-Faça por merecer. Você age estranho perto dela, tem um carinho único quando está com ela, sorri, beija o rosto dela. Você não é disso.

-Tudo bem Elena. Você tem razão. –oh, obrigado. – Olha a Eny é muito importante pra mim sim, mas não é neste sentido que você está pensando. Então eu vou falar logo a verdade e me livrar disso.

-Então admite que estava me escondendo algo? Você teve um caso com ela, foi isso?

-Eu não estava escondendo, só não estava pronto pra te contar isto agora. É difícil pra mim. – sua voz está cansada e dentro de mim algo se aperta. – Vem aqui. – ele pede e me guia de volta pra sala e estamos sentados de frente um pro outro. É muito bom a mídia não ter descoberto meu apartamento ainda. Temos paz aqui.

-E então...? – eu incentivo.

-Eu fui adotado Elena. – como? Ele espera uma reação e continua – E a Eny é minha irmã mais nova. – Senhor me segura.

-Espera, eu não... Como?

-A minha mãe... quer dizer, a senhora Salvatore não podia ter filhos, ou pelo menos ela pensou assim, quando me adotou eu tinha um pouco mais de um ano. E alguns anos depois ela acabou engravidando do Stefan.

-Meu Deus! Como você descobriu isto?

-Meu pai me falou pouco depois que minha mãe morreu. Daí eu saí de casa, Rose já estava na clínica e eu não queria nada dele e comecei a procurar minha mãe, mas ela já tinha morrido e não sei nada sobre meu pai. - ele está tagarelando, péssimo sinal. – Só encontrei Eny com a ajuda do Ric e desde então eu a ajudo, ou costumava, agora ela é autossuficiente e não aceita mais.

-Stefan sabe disso? – ele nega calado. – Oh meu Deus!

-Só Ric, Elena, meu pai – ele sorri amargo – e você.

-Damon... Você... Tem que contar pra ele.

-Olha, meu pai não queria que Stefan assumisse a Salvatore, porque ele não tinha talento, mas eu não queria nada do dinheiro dele, só que eu cresci achando ser irmão do Stefan e eu sou. Eu não podia deixar a empresa afundar e meu irmão sem dinheiro algum, voltei por ele e por Sofia também. E aquilo virou minha vida.

-Meu amor eu nunca... Cristo!

-Estou te contando para que entenda de vez. Não tenho nada com minha irmã. – ele tenta brincar - Para Stefan ela é apenas a ex babá da Sofia e minha filha também a  vê assim. Mal sabe que está com a tia. - sorri sem jeito. -Olha, tem muita coisa sobre isso ainda e vou te contar aos poucos tudo o que eu descobri, mas agora não, eu... – ele hesita e seu olhar é agoniado. – Tem muita coisa por traz Elena, eu levei muito tempo pra superar tudo o que descobri. Muitos anos. Eu vou te contar. Quero ser sincero com você sempre, só não posso fazer agora. Você acredita? Entende?

-Claro que sim... Eu... Me desculpe, eu nunca imaginei que...

Damon me abraça. Um abraço de alívio

-Eu estava tentando te contar isto a dias, eu nunca teria coragem se você não tivesse me questionado então...

-Fique tranquilo, saberei esperar, mas acho que Stefan também merece saber. – ele me encara.

-Eu sei.  – me diz com seu tom resignado e o abraço.

Ficamos conversando até tarde sobre isto. Damon me contava devagar a mesma versão uma, duas vezes mais e eu entendia cada vez melhor. Fiquei imaginando o que mais teria nesta história e mais uma vez estou sendo assombrada pelo passado do meu amor. E pelo jeito esse passado assusta até ele próprio.

...

- Finalmente! Eu achei que você tinha uma.

-E tinha. Mas tive que devolver.Não reclama. A lesada não é tão desligada como pensei. É tão sagaz quanto a Elena. Mas aqui está, sua chave.

-Isso!

-O que vai fazer com isto Elijah?

-Não é da sua conta.

-Bem, você me perguntou um dia bom pra invadir a Salvatore. Eu diria segunda. Não terá trabalho por lá.

-O aniversário.

-Isso! E seu irmão? Ainda esperando por mim? Diga a ele que adorei o novo apartamento que me deram.

-Você é uma cobra mesmo. Estou cercado por cobras perniciosas.

-Olha só quem fala.

-Sabe, eu nunca te perguntei por que você o odeia tanto.

-Bem, eu não odiava. Não até alguns meses atrás quando a sua protegida pisou na Salvatore. A propósito, ela ainda está no meu caminho.

-Não vou fazer nada contra Elena, eu já disse.

-Bem, eu tenho pensado em algo.

-Se você encostar nela eu acabo com você.

-Quanta agressividade. Eu apenas darei uns sustos. Coisa leve. Ela estará inteira pra você.

-Cuidado! Toma. Este é seu pagamento, a segunda parcela completa.

-Hum... Está certinho, gostei de ver.

-Não me respondeu ainda. Porque passou a odiar ele?

-Eu dediquei anos da minha vida, os melhores, me acabando naquele lugar, fazendo todos os gostos dele, ouvindo todos os desaforos e pra que? Pra primeira cara de santa aparecer e roubar o posto que almejei a anos e ainda conseguir o milionário.Você poderia reconsiderar... Elena é esperta demais para trocar o Damon por você. Ele é mais rico, mais gato.

-Ora cala a boca. Você não passa de uma ambiciosa sem noção.

-Seu irmão discorda e me ama. Bem, pelo menos agora eu estou jogando com o Salvatore mais novo. Acho que ele está ficando caidinho por mim. Ele será minha válvula de escape, caso seus planos fracassem, mas se derem certo...

-Já sei. Quer sua parte. E quanto ao que eu te pedi?

-Elena tem um amigo. Um idiota que é aparentemente fã do Damon.

-Babaca!

-Enfim, ele ficou caidinho por mim. Então eu tenho uma desculpa para entrar no círculo de amigos dela e ficar mais próxima e daí você já sabe...

-Você não presta.Mas é um bom plano, tente não estragar.

-E quando fiz isto? Quem não faz nada certo é você. Vou ser bem amiguinha. Ombro amigo, confidente. Um doce. Vou precisar de vários antiácidos pra aguentar aquela chata sem sal, mas é por uma boa causa.

-Faça seu trabalho Caroline e não se meta com Elena. Quando tudo isto acabar ela terá que ver em mim o amigo mais leal e dedicado. A mão amiga de todas as horas. Elena não conhece Damon Salvatore, não como eu. Ele tem muita coisa escondida. Ela vai precisar de muito colo...

-E você dará.

-Com toda certeza, eu darei.

-A segurança vem estando mais dedicada. Seja lá o que queira com esta chave, vai precisar de alguém muito bom.

-Eu já tenho a pessoa.

-O que quer com os medicamentos dele? Não me diga que vai matar o delícia?

-Acho que está na sua hora.

-Muito cuidado com seus planos. Quando acabar não quero ser alvo de suspeitas.

-Você não tem mais acesso a chave, e fora Damon, apenas Elena e o irmão além da garota tem, se a corda arrebentar...

-A lesada de Pierce se ferra.

-Exatamente!

-Tenho que admitir, pra alguém como você isso até que foi brilhante. Aposto que não foi ideia sua.

-Vaza Caroline.

-Hahahahaha! Está bem querido. Mande lembranças pro Klaus. Diga a ele que me faz falta na cama a noite.

-Some!