Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 12
Paris - parte dois.


Notas iniciais do capítulo

Bia, Anne e Lorena, recebi as recomendações de vocês de uma só vez e nossa! Foi maravilhoso. Obrigada por cada palavra!
Aconteceu algo chato com meus capítulos digitados, mas eu resolvi o imprevisto e apesar do atraso - o que me desculpo - estou postando este cap, cheio de coisas novas pra fic. Espero que gostem.
Boa leitura!



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–Eu pensei que você não fosse me ligar. – Elijah diz sedutoramente, depois que o garçom se afasta de nós.

–E por que não? – ele sorri.

–Bem, talvez seu chefe não aprovasse. – eu entendo sua intenção.

–Damon tem coisas mais importantes a lidar do que minha vida fora da Salvatore. Diferente de muitos que tem por aí, meu chefe sabe diferenciar suas relações e merece meu respeito por isto. – ele pisca.

–Você é uma ótima funcionária. – ele ironiza. – Defendendo o chefe com tamanha lealdade.

–É apenas a verdade. – digo esnobe.

–A única verdade sobre o seu chefe é sua prepotência esnobe. Além de um super ego irritante. – sua voz adquiri um tom seco.

–Acredito que a postura de Damon condiz com o cargo que ocupa. Ser exigente e gostar de agilidade não são defeitos em seu ramo. Ele apenas faz seu trabalho.

–Nossa! Você fala como o irmão dele.

–Compartilhamos opiniões. Stefan e eu.

–Percebo. É meio curioso. As pessoas que admiram o Damon costumam, em algum momento, o decepcionar. – eu o olho e ele não está me olhando, seu tom é misterioso e eu não gosto disto. – Stefan é uma delas, certamente.

–Você insistiu por semanas por este encontro e agora quer mesmo manter uma conversa sobre o meu chefe ou minha postura como sua funcionária? Acredite, não me é muito atraente no momento, ou animador. – eu também posso jogar o seu jogo Elijah Mikaelson. Ele me olha um tanto surpreso.

–Você tem fibra Elena. Eu realmente admiro mulheres como você. É de personalidade forte sem dúvida alguma.

–Obrigada. – eu digo em tom esnobe e ele me olha de maneira divertida.

Rapidamente mudamos de assunto. Elijah começa a me contar sobre a sua empresa e a antiga relação da Salvatore com a Krhomos. No passado, o pai dele e de Damon começaram um negócio juntos, ainda jovens. Mas por algumas discordâncias acabaram seguindo rumos diferentes. Uma história interessante, mas adoraria ouvir a versão de meu chefe. Certamente seria diferente da dele.

Começamos a falar sobre mim, a desistência da faculdade, minha decisão de vir apostar tudo em Nova Iorque. Falamos até de minha infância no interior. Eu não tinha muita coisa a falar. Quer dizer, não há o que contar quando você é uma garota que cresce em uma fazenda e morre de medo de cavalos, dentre outras coisas que fogem ao contexto de uma garota do campo. Eu era alienígena. Na cidade me encaixei muito melhor.

–Eu não acredito. Como você pode ter medo de cavalos? – Elijah sorria largamente.

–Eu tenho, é verdade. – Já estávamos no fim do jantar. Tomando mais uma garrafa de vinho, era a terceira. Eu estava ficando um tanto alta, e leve demais. – Tenho que voltar. Amanhã há muito que resolver.

–Sim, é o almoço da Salvatore. A Krhomos irá oferecer o jantar. – ele diz com um sorriso faceiro.

Elijah pede a conta. No caminho de volta pro hotel eu estou absorta em pensamentos. Admirando as luzes de Paris.

–Nunca tinha vindo aqui antes não é? – a voz de Elijah me traz de volta.

–Não. É uma cidade linda.

–Ainda mais vista de cima. – ele solta a frase e ao mesmo tempo me direciona um olhar de quem acabou de descobrir uma fórmula secreta. Ele chama a atenção de seu motorista e estamos indo em outra direção.

–Pra onde está me levando? Tenho que voltar.

–Estamos hospedados no mesmo hotel Elena. Você vai gostar. É só mais alguns minutos.

Algum tempo depois, estamos diante da Torre Eiffel. Uau! Elijah fala com algumas pessoas e temos a autorização para subir, mesmo com o horário. É bem tarde!

Estamos no topo e a visão é linda. Eu respiro fundo e absorvo toda a beleza de Paris. Minha mente vaga e fico pensando o quanto eu, em minha infância me imaginei em lugares assim. Desfrutando de tamanha beleza. Sinto mãos em minha cintura.

–É uma bela visão. – o sopro de Elijah é quente e amadeirado em minha nuca. – Você conseguiu deixá-la melhor. – Oh! Pare com isso senhor gentileza e cavalheirismo perfeito. Ele gira meu corpo e estamos face a face. Eu acho que não sinto mais o chão. – Você é uma bela mulher Elena. – sua voz está grave. Ele mexe em meu cabelo, afasta as mexas de meus olhos, afaga minha nuca, me olha intensamente. Pare!

–Elijah... – eu não consigo terminar. Seus lábios estão nos meus. De uma maneira doce, calma, experiente. Ele se afasta e me olha. – Eu acabei de terminar um relacionamento... – ele me cala com outro beijo, quando consigo respirar eu chio. – É uma cidade estranha e... – outro e sinto minhas forças irem embora. Eu gosto dele. É um homem muito interessante. Ele se afasta.

–Céus, você está calada! – diz em voz divertida e me faz rir. – É muito bom te ver assim. – ele me beija de novo. Ficamos juntos mais um pouco, e eu volto a insistir que temos que voltar pro hotel.

No caminho de volta estamos quietos, mas a mão dele está na minha. No caminho pro elevador seu braço entrelaça minha cintura, as portas se fecham e acho que por conta da hora estamos sozinhos e lá está ele, me colocando no canto do elevador, suas mãos ao lado de minha face, minha respiração está falha, seus olhos vagam entre minha boca e meus olhos, ele é intenso. Está perto de mim, perto demais, nossos lábios quase selados e o elevador hesita e sua porta abre. Eu acho que algo dentro da minha mente quebrou. A visão da pessoa do lado de fora, encarando a mim e Elijah tão próximos é mais que sombria é de asco. Damon se move pra dentro do elevador e não fala nada, apenas nos dá as costas. Eu acho que vou cair a qualquer momento. Elijah se afasta e noto um riso em sua face.

–Boa noite Damon! – sua voz é dissimulada. Oh Pare!

–Seria mais adequado bom dia. – Damon rosna sem virar para nós e pelo tom de sua voz, ele está prestes a explodir.

–Bom dia então. – Eu suspiro e Elijah me olha. – Tudo bem? – sua voz é apreensiva, eu estou tonta, bêbada, aterrorizada. Olho pra Damon e encontro seu olhar, atraído pela pergunta de Elijah talvez? Sua expressão é confusa. Eu estou tentando respirar. – Elena? – Elijah insiste e Damon se volta totalmente pra nós. Estão ambos me encarando. Fale Elena!

–Sim, estou. – a voz quase engasga. Meu chefe retoma sua posição inicial, depois de relaxar a feição, que estava tensa. Está de costas pra nós novamente.

Elijah é o primeiro a sair do elevador. Vou ficar sozinha com Damon. Não!

–Foi uma noite adorável Elena. Obrigada! – ele beija minha mão direita, cumprimenta meu chefe. – Nos vemos amanhã Damon. – ele se vai, recebendo apenas o aceno em resposta.

E estamos a sós, Damon e eu. Estou tensa, todos meus nervos travados, minha respiração está acelerando, ele está de costas pra mim e eu consigo ouvir sua respiração tão agitada quanto a minha, o único som do lugar. Ele começa a bater o pé no chão, é um som insistente e perturbador.

–Estará de pé amanhã na hora que deve? – estou com medo de falar.

–Sim.

–Inteira Elena. – ele não vira pra mim.

–Inteira.

–Ótimo! – ele fala simplesmente. O elevador se detém. Firme agora Elena. Respiro outra vez e me dirijo pra saída. Tenho que passar por ele.

–Bom dia Damon! – eu sussurro.

–Bom dia! – estou passando por ele, meu corpo vibra. Minha vista vacila e treme. Oh não! O pequeno espaço onde estamos gira e suas mãos estão na minha cintura, um toque leve, mas me causa um alvoroço. O que eu tenho com o toque dele?

–O que ele te fez beber? Você mal para em pé. – ele está aborrecido, com certeza. – Elena! – a voz dele está agitada. Ele está me sacudindo. O mundo está sacudindo e girando, muito. – Mas o que...?

–Oh não! – eu chio e baixo a minha cabeça. Eu não quero cair, respiro, meu corpo está sofrendo descargas elétricas, meu coração palpitando. Eu estava bem. Por favor Damon, tire as mãos de mim. – Me solta. – ele aperta mais seu abraço, eu estou sofrendo com choques.

–Oh Claro! Pra você cair. Vem! – estamos fora do elevador. – Onde está sua chave? – ele está vasculhando minha bolsa, eu não vejo imagens coerentes. – Uma coisa sobre os Mikaelson é: não saia pra beber com eles, a menos que queira se encrencar. De verdade. – sua a voz ainda é dura, mas o tom está mais... Paternal?

Pode haver situação mais constrangedora? Meu chefe está cuidando de mim numa crise de bebedeira. Ótimo Elena, você consegue se superar sempre.

–Vem! – estou sendo guiada para o meu quarto. Damon me senta no sofá e se afasta, estou me livrando de meu sobre tudo e de meus sapatos e bolsa, quando ele volta estou quase deitada no sofá, muito tonta. – Beba! – ele fala enquanto me estende um copo com água, minha cabeça está girando e começa a latejar. Há tanta pressão nela. Eu pego o copo e é uma boa sensação. Está tão quente. – Vai ficar bem? – eu não quero responder, pelo simples fato de que ele não devia estar aqui. – Elena?! – é quase um grito.

–Sim. – falo enfim. Consigo firmar meu olhar no seu, ele está me olhando, sentado na mesa de centro diante do sofá onde estou. Ele está realmente me olhando, inteira. Estou largada no sofá e meu vestido é... Não existe mais o sobre tudo. Eu me movo e endireito minha posição, colocando o copo vazio ao lado dele. Não foi uma boa ideia se inclinar assim pra cima dele. Eu encontro seu olhar, voltamos a posição de horas atrás, tão perto, tão... quente! Porque você tem que ser meu chefe? Por que tem que ser tão belo e com olhos tão... Credo! Para Elena! Me afasto rapidamente dele e dos pensamentos, Damon se ergue.

–As sete. – vai direto pra porta e eu ouço a batida forte. Posso respirar? Não acho que vá conseguir ir pra cama. Eu não vou.

...

Amanhece e estou toda quebrada, minha cabeça me matando. Eu estou no salão de festas do hotel. A todo vapor, ao lado de Caroline.

–Você está com uma cara péssima. – ela fala e eu mal consigo a enxergar. – Você não dormiu?

–Pouco. – eu já tomei muitos remédios pra dor na cabeça, mas está muito difícil de passar.

São quase nove da manhã. E estou indo tentar comer alguma coisa. Agora que o embrulho em meu estômago passou.

–Elena! – a voz de Elijah me faz saltar. – Assustada?

–Atordoada. Passei da conta ontem.

–Você relaxou ontem. Se divertiu. Uma das coisas que muitas pessoas que trabalham pro seu chefe não conseguem fazer com frequência.

–Você sempre vai argumentar comigo relacionando tudo ao Damon? – ele me olha confuso, pois estou irritada.

–Você está de mau humor. A noite foi tão ruim assim?

–Não. Apenas quero outro tipo de conversa. – ele assenti.

–Tenho que te mostrar uma coisa. Acha que pode conseguir um tempo antes do almoço. É importante.

–Bem, eu posso tentar. Do que se trata?

–Eu prefiro mostrar. Vou estar no meu quarto. – Como? Eu o olho confusa e ele sorri. – Não pense bobagens. – eu respiro.

–Farei o possível.

–Ótimo! Até logo Elena. – e de novo beija minha mão antes de sair.

–Senhorita Gilbert. – É Alaric. Se aproxima de mim depois que Elijah se vai.

–Alaric. – ele sorri e nos cumprimentamos com um beijo no rosto.

–Como está tudo? – dou um pulo com a voz de Damon, Caroline está ao lado dele.

–Está tudo correndo como o planejado.

–Excelente! Vamos Ric? – ele olha pro amigo, que sorri pra mim antes dos dois se afastarem.

–Eu vou ter que resolver umas coisas com Stefan. Damon acabou de nos dar instruções sobre o almoço. Ele vai anunciar o presidente da filial hoje. – Caroline diz sorridente. – Você dá um jeito em tudo aqui certo?

–Pode ir tranquila, já está tudo encaminhado. Só tem o detalhe da sobremesa, eles trocaram um dos sabores do cupcake, mas já estou resolvendo. Está tudo arranjado.

–Então eu vou indo. – ela se vai e finalmente consigo me servir e comer.

Depois de resolver todos os detalhes do almoço eu vou até o quarto de Elijah. Ele me recebe sorrindo.

–Eu tenho uma proposta Elena. – ele começa sem rodeios. –Tive acesso ao seu curriculum na Salvatore e... Bem, eu não quero tirar você do seu emprego. Não entrarei numa espécie de disputa por você. Apenas quero que considere a proposta e saiba que o cargo estará a sua disposição. – ele sorri. Me estende uma pasta, onde contém uma simulação de contratação.

–Como você conseguiu o meu curriculum? – ele dá de ombros.

–Meu irmão é um dos sócios de seu chefe. Ele tem acesso a muitas coisas. – Para! Mas você e seu irmão não estão no meio de uma disputa de poder maluca?

–Ouvi que vocês não se dão muito bem, porque ele...

–No nosso meio se ouvem muitas coisas. –ele interrompe.

–Todos na Salvatore pensam assim. – eu chio.

–Damon pensa assim. – ele corrige – E por isso todos pensam assim. – eu dou uma olhada nos papeis enquanto ele continua a falar. - Meu irmão e eu temos de verdade uma relação complexa, mas temos muitas coisas em comum e uma delas é o interesse pela Salvatore.

–Eu não estou entendendo... – em minhas mãos há um contrato de diretoria executiva. Um cargo altamente importante. O que eu sempre quis, minha área sem dúvida. Mas é um contrato com o selo da Salvatore, não da Khromos.

–Você está Elena, pois é uma mulher inteligente. Seu chefe acha que meu irmão entrou na Salvatore pra me enfrentar, mas a verdade é que Klaus é meu testa de ferro lá. – eu paraliso.

–Como...?

–Eu em breve serei o novo presidente da Salvatore. E quero você na diretoria executiva. Acredito que com seu curriculum é onde deveria estar desde o começo.

Eu gelo. Ele vai tirar Damon da presidência da Salvatore?

–Você nunca foi brigado com seu irmão... – estou tonta e paralisada - Porque tanta vontade de assumir a Salvatore? Porque tirar de Damon uma empresa que ele lutou tanto pra reerguer? É tão... Vingativo? É disso que se trata? – ele sorri.

–Você é realmente uma mulher singular. Não tem nada haver com vingança. É apenas uma jogada de negócios, é uma empresa muito rentável e Damon infelizmente ou felizmente não é dono majoritário dela. Uma pena de fato, é a vida.

–Porque colocar o Klaus como testa de ferro?

–Damon é esnobe. Esse é seu pior defeito. Mas eu tive muita ajuda do irmão dele. Acredito que Stefan sim, tem uma relação de disputa com seu irmão, mas ele não conseguiria notar.

–Você já está tão seguro sobre a presidência assim?

–Bem, o conselho ainda não conseguiu chegar a um consenso. Há três nomes pra presidência. Mas acredito que eles acabem optando pelo menos complicado, pelo simples fato que é o correto, o acionista majoritário, ou seja, eu. Damon não tem como sair desta.

–Damon está para anunciar o presidente da filial de Los Angeles. Você já deve saber que Stefan está fora da disputa da presidência. Damon dará o cargo ao irmão. O conselho certamente irá optar pelo Damon na presidência, uma vez que Stefan esteja fora da disputa. Não há ninguém com maior qualificação que Stefan pra tirar ele de lá. Você sabe. – ele sorri.

–Você o defende tanto. Poderia achar que você sente algo mais estreito por Damon, mas sei que se trata apenas de sua lealdade profissional, outra razão pra te admirar. – eu estou tensa com suas palavras. Apenas sou leal, é claro! - Apenas considere a proposta. Eu sei que você provavelmente fará algo sobre tudo isto, mas acredito que não adiantará muita coisa. São favas contadas. – ele fala e me ergo indo em direção a porta, levando comigo a pasta. Tenho planos pra ela. Com certeza farei algo.

–Eu vou considerar. Tenho que ir.

–Até breve.

Eu saio daquele quarto, obstinada a falar tudo pra Damon. Ele não pode sair da presidência. É absurdo. Aquele lugar não seria o mesmo sem ele. Estou numa nova missão: encontrar meu chefe antes do almoço. Eu sei onde ele está, tento ligar antes, mas sou ignorada. Em todos os lugares que penso encontrá-lo eu desencontro, no último momento, quanto estamos indo na direção do salão do hotel, ele acompanhado por Alaric consigo lhe falar.

–Ele me deu um contrato. Ele praticamente age como se a empresa já fosse dele. – eu rosnava e Damon estava em silêncio, assim como Alaric, não parava de caminhar, indo na direção do salão em seus passos largos. – Ele estava falando sobre o quanto você era esnobe e mal conseguia se enxergar com seu discurso de: “são favas contadas.” – tentei imitar a voz dele e Alaric sorriu.

–Aqueles são a equipe da Poiser? – Damon rosna apontando para alguns fotógrafos diante de nós. Será que ele ouviu algo do que eu disse?

–Eu fui clara quanto a entrada de qualquer membro daquela revista no evento. – falo com voz falha. Estou tremendo e nem sei porque, estou tão frenética.

–Então porque estão aqui Elena? – ele rosna pra mim. Eu perco a fala. – Cuide disso. – ele diz e acena pra Ric o seguir, eles se afastam de mim.

Oh! Ele é tão frustrante. Eu fico correndo igual uma maluca atrás dele por toda uma manhã e ele simplesmente me ignora. Eu... Ah! Só tenho vontade de esganar este homem por vezes.

Me movo pra resolver o problema e minutos depois está tudo acertado. Todos estão nos seus lugares e Damon irá abrir a recepção.

–Você está estranha. – Caroline fala ao meu lado em nossa mesa. Eu apenas aceno pra dizer que estou bem. Olhando ao redor encontro o olhar de Elijah. Estou irritada com ele e enjoada. Tinha que haver algum defeito nele, é claro. Acredito que em todos os homens deste meio, tão ambiciosos e competitivos, capazes de tudo, visando sempre mais. Por um momento a simplicidade de Matt invade minha mente e eu suspiro. No que estou metida? É um mundo de lobos e não sei que eu posso me adaptar. Não mais. Talvez Rebekah tenha percebido que não conseguiria, Andie também. Quem sabe até a Sofia, ela pode deixar de ser tão conformada.

–Será que ainda posso dizer bom dia? Creio que sim... – Damon diz olhando em seu relógio. – Bem, bom dia! – todos respondem. – É um grande prazer para a Salvatore Tecnology oferecer anualmente o almoço de abertura dos trabalhos e apresentações. Mas este ano tenho um motivo ainda maior...

–Eu acho que vai ser agora. – Caroline diz empolgada e sorrimos, procurando por Stefan no salão que não está longe de nós e parece radiante ouvindo o irmão.

–É um desejo a muito adiado para a família Salvatore expandir essa empresa. E eu estava sempre receoso, pois eu não acreditava que havia alguém bom o suficiente para guiar a filial. Eu tive tempo pra reconsiderar, pois este jovem, a cada novo dia vem se mostrando cada vez mais capaz e realmente me surpreendeu. Quando apresentei a proposta aos meus sócios eles aprovaram imediatamente e ontem finalmente chegamos a este veredito. Então eu quero apresentar a vocês, o novo presidente da Salvatore Corporation Tecnology, senhor... – ele pausa e estou olhando Stefan, ele espera de cabeça erguida. – Klaus Mikaelson. – a voz de Damon ecoa por meus ouvidos e olho pra ele.

–Mas o que...? – é Caroline, e há aplausos no ar. Eu não tiro os olhos de Stefan, sua cabeça está baixa enquanto ele aplaude. Klaus fica de pé e recebe os aplausos, seu irmão está ao seu lado e o rosto de Elijah está surpreso. Damon volta a falar.

–Eu desejo boa sorte amigo. – ele diz sorrindo.

Ele seguiu seu discurso e logo depois se juntou as pessoas em sua mesa.

–Não acredito que Damon voltou atrás. – Caroline fala emburrada.

Eu estou tentando assimilar o que houve aqui. Damon teria que ter um bom motivo para isto. Ele certamente teria. Depois do almoço eu estou tentando chegar perto de Stefan, realmente quero conversar com ele.

–Damon está fazendo o seu trabalho Elena. – ele diz com voz distante – E ninguém faz melhor do que ele. – fala amargo enquanto bebe. E eu não quero mais falar.

Estou perto de Damon e ao final do evento estamos voltando pros nossos quartos. No elevador não estamos sós. Quando entramos ele aperta o botão do seu andar, eu o olho e ele diz em baixo tom:

–Precisamos conversar. – eu apenas assinto.

Chegamos no seu andar e estamos indo pro seu quarto, ele abre a porta e acena pra que eu entre e depois me segue. Ele serve duas doses de conhaque e me estende uma apontando o sofá, depois que eu sento ele senta diante de mim.

–Eu já sabia de tudo o que você me contou Elena. Desde o momento que o Klaus apareceu na minha empresa com o seu discurso de: eu odeio o meu irmão. Elijah me acha esnobe, eu realmente sou, mas ele tem um defeito maior. Achar que eu sou desprovido do sentimento de humildade. Este é o defeito dele. Ele acha que sabe demais. Ele manipula, brinca. Forja – sua voz é dura. – Eu conheço o meu irmão. Stefan me admira, mas ele é muito inteligente e com muita vontade de crescer. Ambicioso. Vocês tem muito em comum na verdade. Você e meu irmão. Vejo o mesmo fogo em você, a mesma vontade. – ele está me olhando com admiração e sorrindo. Oh céus! - Eu nunca esnobei meu irmão Elena. Elijah sim, esnobou o seu. Conheço o Stefan e seus desejos. Eu pedi muito a ele quando propus a procuração. Prometi que um dia ele teria o próprio barco pra guiar e estava pra cumprir. – ele sorri amargo – Ele era o nome que eu queria falar hoje. Porque ele é o melhor pra isso, eu sei disso, eu o vi crescer e ninguém mais pode senão ele. Mas ele foi impaciente e agiu por impulso e se deixou levar pela raça de manipuladores. – ele levanta, mãos na cabeça. – Eu não o culpo. Eu senti muito ódio dele no dia, mas eu o entendi. Ele é tão ansioso. Está tão pronto. Era a hora dele. Eu sabia, ele sabia. – ele começa a gritar e para pra respirar, quando volta a falar sua voz está calma outra vez. – Elijah quis jogar meu irmão contra mim, eu inverti o jogo. Apresentei ao Klaus uma proposta melhor do que ser testa de ferro do irmão e viver nas suas costas pra sempre. – e aí eu entendi. Damon usou o plano do Elijah contra ele. – Não foi difícil. Os olhos de Klaus brilharam quando ofereci a ele sua tão sonhada Klauslândia. – Damon senta novamente – Isso custou o cargo que preparei por anos pro meu irmão, mas digamos que Stefan colheu o que plantou. Ele terá que esperar agora. Esperar que Klaus se canse de brincar e medir força com seu irmão enquanto o mesmo tenta tirar de mim o que é meu por direito. – ele para.

–Eu entendo. – eu falo simplesmente.

–Eu sei que sim, - ele diz e volta a sorrir, um riso que me faz sorrir também. – Eu realmente queria lhe agradecer pelo que tentou fazer e como tentou me avisar sobre tudo. Você com certeza foi minha melhor contratação pra este cargo em anos e não me arrependo por ter feito. – acho que meu riso se alargou. – Obrigada Elena! Eu realmente queria que você entendesse esta decisão. Eu não tive escolha. – ele fala a frase e eu paraliso. As palavras de Matt voltam a minha mente: “essa é sua desculpa pra tudo sempre.” Eu estou mortificada, pois Damon Salvatore também não tem escolha. – Eu tenho que abrir mão de muitas coisas. Eu realmente procurarei um jeito de compensar Stefan. Como eu sempre procuro compensar minha filha por ser ausente. Como eu tentava compensar minha esposa, ou ex, pelas noites mal dormidas, ou até mesmo as passadas em prantos. Eu tento de verdade. Por que depois de tudo o que tive que fazer, depois de tudo o que eu perdi e abri mão, não é justo abdicar do meu direito. Eu sou o presidente da Salvatore. Eu ergui aquele lugar. Perdi anos de minha vida lá, me afastei de minha família. Ninguém lutou tanto por aquele cargo, pelo nome. Não posso recuar agora.

–Stefan entenderá. – eu falo, pois sei que seu coração está pesado.

–Conto com isso. Depois de tudo, no fim das contas eu só tenho que esperar. – ele está encarando os dedos, que se movem no braço do sofá onde está.

–Não precisava me chamar aqui e se explicar Damon eu...

–Acima de tudo eu queria agradecer. Você me respeita e me admira. E isso faz com que você faça seu trabalho com perfeição, e acredite, ninguém consegue como você. – eu acho que corei. – Não queria que você perdesse este sentimento por mim. Ainda pode me respeitar e admirar depois disso? – e ele acha que sou louca? Claro que posso, eu devo. Ele é admirável. E todo aquele pensamento de horas atrás, sobre competições e falta de escrúpulos se foi de minha mente.

–Tem minha admiração e respeito Damon. Mesmo eu não gostando do tipo de recurso que seu mundo exige de você. Olho por olho. Mas você administra bem, ou tenta, o que eu acho mais importante em você. O que mais admiro. – ele sorri, e é um riso tímido, ele está mais corado. Oh meu Deus! Damon Salvatore sem jeito. Ele pigarreia.

–Há outro ponto, na nossa conversa... – ele hesita e me olha por baixo. – Sobre ontem... – Oh não!

–Damon, eu...

–Calma! Não tenho o direito de me meter na sua vida pessoal, nem farei isso. Apenas... – ele está sem jeito. – Elena você é jovem e bonita, - Han?? – e... Eu sou péssimo nisso, e já estou me metendo, - ele se repreende. – enfim, eu só quero que você seja mais cuidadosa quanto a sua relação com...

–Não temos nada. – eu interrompo. – Apenas saímos pra uma bebida e conversa. Eu não acho que qualquer atração inicial será mantida depois do que ele conversou recentemente comigo. – ele me olha especulativo.

–Entendo. Ele tem bom gosto, eu não posso negar. – certo, o que foi isso? - Um olhar muito bom, a proposta que ele te fez foi realmente muito boa. – sua voz está cuidadosa. – Realmente boa e... Não quero que soe como uma imitação, está mais pra uma tática estratégica exasperada. – eu estou perdida. – Você sabe que as diretorias estão sendo renovadas, estamos indicando novos nomes e... O que eu quero é que você seja a minha diretora executiva. Claro se você... Você sabe... é bem complicado, mas eu acho que você é capaz. – ai meu Deus!!

–Damon... – eu inalo.

–Eu sei... Eu já estava pensando sobre isto na verdade. Antes da viagem. Você tem o perfil, eu te falei no aeroporto. Eu realmente queria ter mencionado antes do Mikaelson. – ele se põe de pé, diante de mim - Seria lago mais original, mas tenho que admitir que a proposta dele me assustou. Se ele pode ver o que eu vejo, tenho certeza que não é o único e cedo ou tarde alguém mais veria isto e bem... – ele está me olhando de uma forma doce, quase suplicante - Você sabe, uma proposta melhor, você é tão... Você é ambiciosa. Assim como eu, sempre quero os melhores no meu time. – Eu acho que quero gritar, ou... Uau! – Você está perdendo a cor e tremendo Elena. Realmente me assustando. – eu estou procurando ar e quando reaprendo a respirar estou sorrindo, gargalhando na verdade.

Em um impulso eu me ponho de pé e me jogo ao redor de Damon o abraçando.

–Obrigada! Obrigada! Obrigada! – ele está paralisado, não corresponde o meu ataque o que me faz o soltar. Ele está me olhando assustado.

–Isso é um sim?

–Com certeza não é um talvez. - diz Alaric surgindo no quarto.

–Perca a mania de escutar atrás da porta. Deixa de ser moleque. – Damon rosna acenando com a cabeça em desaprovação.

–Calado! – Alaric diz e se volta pra mim. – Devo dizer parabéns a nova diretora executiva da Salvatore? – olho pra Damon e ele está piscando pra mim. Eu disse piscando? Mas é ele piscou. Uau!

–Acho que sim. – digo risonha. E Alaric me abraça.

–Ela está tremendo. – ele diz. Estou?

–Eu sei. – Damon diz e se afasta voltando com um copo com água. Passa pra mim e depois que bebo Alaric me puxa pra outro abraço. Damon pigarreia e ele me solta de imediato. Estou delirando e explodindo de felicidade. Tenho que ligar pra minha mãe e Bonnie. Uau!

–Preciso que mantenha isto em segredo por hora Elena. Pelo menos até voltarmos a Nova Iorque. – eu assinto. –Bem, nos vemos mais tarde no jantar da Krhomos. – Damon fala sorrindo pra Alaric.

–Vai ser divertido. – ele diz ao meu chefe risonho.

–Te espero às sete Elena. No Hall. – Damon diz e estou saindo. Ainda processando tudo.

Que dia longo. Quantas coisas. Eu estive em extremos por toda manhã e tarde e ainda nem terminou, tenho certeza que este jantar vai render muitas coisas. Mas me sinto pronta pra enfrentar tudo. Fui promovida! E que promoção... Mas o melhor foram os elogios vindos de meu chefe. Parabéns par mim!


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Notas finais do capítulo

Beijos!