Nascidas para Matar ou Morrer escrita por Bárbara Martin


Capítulo 6
Quase lá


Notas iniciais do capítulo

Oi pra você que chegou até aqui! ^~^ Muito obrigada.
Então, esse capítulo tem mais ação e vocês vão começar a descobrir as treta ae.
Vocabulário de joça, mas enfim.. O que importa é aqui em baixo.
Boa leitura!



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Evie estava na cozinha da confeitaria preparando uma encomenda, quando ouviu a sineta que ficava pendurada na porta tocar. Então parou de amassar seu bolo, limpou as mãos cheias de farinha no avental e foi para o balcão atender o cliente que recém havia chegado, já que a dona dali havia saído hoje e ela ficara encarregada de cuidar de tudo.

Quando chegou na parte da frente da loja pode ver o homem que ali estava. Ele usava um terno escuro e um chapéu pequeno grafite. O que não fazia muito sentido já que estava nublado em Londres. Ainda assim, o homem não perdia a elegância e, de certo modo, um jeito meio sombrio.

–Bom dia, cavalheiro. Posso ajuda-lo?

–Creio que sim, senhorita. –ele deu um sorriso com o canto da boca que fez a garota se arrepiar por um instante- Gostaria de falar com Evie McGomery, por favor.

A garota engoliu seco. O que queriam com ela diretamente? Já havia passado por coisa parecida por causa de seus amigos, que muitas vezes ficavam com as contas atrasadas e os cobradores –que eram um tanto agressivos e exigentes- buscavam todos que tinham alguma relação para conseguir o pagamento, mas nenhum viera diretamente para a confeitaria.

–O senhor está falando com ela. –Evie deu um sorriso fraco, segurando-se para não enxota-lo.

–Ora, pois bem! –O moço foi chegando mais perto do balcão e, a cada passo, ela podia ver mais detalhes dele. Ele tinha um rosto quadrado e uma expressão séria- Que bom que fomos rápidos! Vejo que você não é tão inteligente como dizem, a final. Talvez esse dom tenha se esvaído com o tempo.

–Eu não sei do que você está falando, senhor. Talvez esteja me confundindo com outra pessoa. –Ela disse dando um passo para trás.

–Não... Tenho certeza que não! –O homem voltou a sorrir macabramente com o canto da boca e chegou no balcão, se apoiando com os cotovelos- Vamos, você é da estratégia, mas temos outros que também são.

Que? A cabeça da garota deu um nó nessa hora. Eles tinham o que? Ela era como? Mas principalmente, quem eram eles? Ela tinha que sair dali o mais rápido possível.

–Desculpa, mas realmente não sei do que você está falando... –Evie fez uma tentativa de se distanciar mais do homem e ir para a porta dos fundos, mas ele era mais rápido e a segurou pelo braço com força.

–Chega de fingir, garota insolente! Você virá comigo queira ou não.

Mas ela também agiu rapidamente, quase instintivamente, e pegou o pote de pimenta em pó que ficava sobre o balcão e jogou no rosto do homem. Quando ele a soltou, gritando inúmeros xingamentos e esfregando os olhos, a garota saiu correndo o mais rápido que pode para porta dos fundos da loja.

Virando a direta bem na saída da confeitaria, Evie passou pela janela da casa vizinha e seu corpo reagiu tão rápido quanto sua mente. Ela precisava ser mesmo rápida e precisa sumir do campo de vista daquele homem. Então ela se esquivou de alguns vasos de flores que ficavam perto da porta da casa –sem muito sucesso já que quase todos caíram e quebraram- e entrou pela porta. Ela não pensava direito, só queria sumir. Ficar viva. E parecia que seu corpo trabalhava independentemente. Como se já soubesse se virar para situações daquele tipo.

Enquanto isso, o homem já saía exasperado da confeitaria por onde a garota havia passado e, de olhos e ouvidos atentos para todos os lados em busca da garota, ele escutou o barulho dos vasos quebrando a sua direita. E foi para onde ele foi furioso, já com uma extrema vontade de apertar os olhos de Evie para o fundo da sua cabeça e faze-la explodir em pedacinhos.

Quando ele entrou, chutando a porta, pode ver a menina de cabelos negros pulando janela a fora e correndo para a praça que ficava ao centro das lojas dali, o deixando ainda mais irritado. Então ele pulou pela janela brutalmente, quase a quebrando toda por ser bem maior e mais largo que a abertura, e saiu correndo o mais rápido que pode atrás de Evie.

Algumas senhoras, seus maridos e crianças pedintes passavam por ele, mas isso não o impedia de empurra-los para longe e focar sua visão na garota. Ela andava onde havia mais e mais pessoas, buscando confundi-lo, mas aquilo não era o suficiente. O homem era ardiloso e estava cada vez mais perto dela.

Alguns segundos de distração, quando ele derrubou uma senhorita no chão, o fizeram perde-la por um momento, mas então conseguiu achar a moça de vestido bege e cabelos negros novamente subindo em uma carruagem, a alguns metros.

Quando o cocheiro estava prestes a pegar as rédeas do cavalo, o homem de terno escuro parou na sua frente e o olhou com um olhar mortífero. O homem –que talvez tivesse sido apenas um pobre trabalhador- arregalou os olhos, largou as rédeas do cavalo e pulou para fora da carruagem.

Segundos depois, a porta da carruagem for aberta com força e o homem macabro entrou e fechou a porta atrás dele. Ao se virar para garota, pronto para apertar seu pequeno pescoço, encontrou uma mulher sorrindo.

–Procurando alguém?

Enquanto isso, a alguns quilômetros dali, a verdadeira Evie e não sua melhor amiga e vizinha -que por sinal, era muito semelhante à garota- se encontrava perto de uma estação de trem pronta para pular dentro do próximo vagão que estivesse com as portas abertas. Seu folego e desespero ainda não haviam cessado e ela sentia a necessidade extrema de ir para longe dali. Talvez fosse exagero deixar tudo para trás, mas ela pressentia que aquele não era um homem comum e ele não iria parar até vê-la morta.

Então foi quando ela decidiu lá na confeitaria que precisava por seu plano de fuga para casos extremos em prática. Evie e sua amiga, Dakota, começaram a pensar em um jeito para conseguir se defender de pessoas que queriam feri-las logo depois que um cobrador estuprou Dakota, uns anos atrás.

Onde elas vivam não era raro esse tipo de coisa acontecer, então mais ninguém se importava com as vítimas. Mas ambas as meninas juraram para si que não deixariam nada disso acontecer novamente, portanto bolaram um plano.

Se Dakota tivesse que fugir, correria para confeitaria e derrubaria um pote de vidro cheio de farinha no chão. Com esse sinal, Evie correria pela porta da frente e Dakota se esconderia no lavabo. Quem quer que estivesse a perseguindo, estaria exasperado e não prestaria atenção nos detalhes da garota que saía pela porta da frente. Só o mesmo cabelo escuro e as roupas claras típicas de mulheres que trabalhavam na cozinha. Dependendo da situação, a outra iria ficar escondida ou, se fosse mais grave, correria para o lado oposto o mais rápido possível. Se fosse Evie quem tivesse de fugir, o sinal seria derrubar os vasos de flores que ficavam na porta dos fundos e depois fariam o mesmo procedimento.

Na estação de trem, depois delas já botarem o plano em prática, um trem passava rapidamente na frente de Evie, fazendo seus cabelos voarem. Ele estava transportando madeira e não tinha muitos vagões.

Então uma porta aberta de um dos vagões passou por ela e seguiu com velocidade sobre os trilhos. Ela começou a correr com toda sua força, com os braços esticados para alcançar a lateral da porta e se lançar para dentro. Evie mal conseguia respirar e enxergar direito. O trem andava depressa e suas pernas pareciam fraquejar a cada passo. Ela precisava aguentar só mais alguns segundos e chegaria aos centímetros que faltavam.

Como último esforço, antes que desmaiasse, pulou para frente e conseguiu se agarrar nas bordas frias da porta. Uma de suas mãos soltou devido ao peso que tinha que sustentar e a outra, Evie já podia sentir o ferro cortando seus dedos.

Era isso. Ela ia cair, se chocar com o chão e morrer. Isso se o trem não passasse por cima dela primeiro.

Seus dedos estavam escorregando e ela começou a ver tudo em câmera lenta. Podia sentir as lágrimas nas bochechas e seu coração na garganta. Só que como se seu corpo soubesse o que estava perto de acontecer se não reagisse, ela pareceu ficar mais forte. Seu último pingo de garra e coragem surgiu novamente e ela apertou os dedos feridos com força na porta e jogou sua perna para frente, tentando alcançar a beirada da porta. Seu pé chegou na porta e ela se empurrou para frente.

Se a mão direita alcançasse a outra lateral, ela podia se lançar para dentro, se não, ela cairia para trás. Mas era o que aconteceria se ela não fizesse nada mesmo, então pelo menos ela morreria tentando.

Só que sua mão direita não alcançou a o lateral da porta, ela alcançou outra mão, forte e rígida, que a puxou para dentro. O corpo de Evie foi quase jogado para dentro do vagão e, tanto o homem que a ajudou, quanto ela, caíram no chão do vagão. Com Evie em cima do moço, mais precisamente. Os dois arfavando por causa de todo o esforço.

–Senhorita! –ele tinha uma expressão preocupada- Você está bem?

A garota abriu a boca para falar, mas então notou a posição vergonhosa em que se encontravam e rapidamente ficou de joelhos e saiu rastejando para parede.

–Ehr... –ela olhou para mão esquerda que estava toda ensanguentada e então estancou a ferida com a outra mão- Sim, estou bem. Obrigada. Por... Tudo. –e sorriu, sentindo seu rosto ferver.

– Oh, tudo bem. –ele sorriu de volta e passou a mão pelos cabelos claros. Ela pôde ver uma cicatriz meio estranha nas costas da mão dele. Ela tinha formato de espiral com mais algumas coisas que ela não conseguiria dizer o que eram e emanava um brilho azulado fosco- Creio que você esteja fugindo de alguma coisa. Estou certo?

–É... Só não me pergunte de quem ou por que querem me matar que nem mesmo eu sei. –A garota rasgou um pouco da saia do vestido e amarrou o pedaço na mão esquerda.

–Pois eu sei quem está atrás de você, senhorita McGomery. –O homem se levantou e Evie arregalou os olhos- O governo está atrás de você. Eles querem você de volta. E digamos que somos espertos o suficiente, -ele fez uma pausa- eu pelo menos, para saber que a senhorita é da estratégia. Portanto iria tentar fugir da cidade de algum modo. Logo pensei que a rota melhor seria de trem. E aqui estou. –ele sorriu e ajeitou o paletó- Mas, por favor, não se preocupe. Eu não vou machuca-la. Longe de mim. Tenho nojo de brutalidade.

A garota se espremeu ainda mais na parede e estava mais confusa que nunca.

–Desculpa? Perdi-me na primeira frase. O senhor é um deles? Como sabe meu nome?

–Sim e não. Faço parte da mesma causa sim, mas não me assemelho a eles em nenhum outro aspecto. –o homem fez um cara de nojo por um instante e depois voltou a mesma expressão séria, mas tranquilizante- E todos nós sabemos o nome de cada um de vocês.

–Como vocês? E por que me querem volta se eu nunca estive com esse tal governo?

O homem suspirou e apertou as têmporas.

–Olha, garota. Eu sei que você está confusa e lamento muito termos que captura-los dessa forma. Eu particularmente, apreciaria muito mais se essa decisão de ir ou não fosse de vocês –ele soou meio melancólico- mas não funciona assim. E também lamento, mas não sou autorizado a lhe explicar mais nada. –ele se sentou do lado dela e colocou as mãos nos ombros dela. A garota rastejou para o lado, se segurando para não demonstrar o medo que estava sentindo.

–Eu... Eu não entendo. Não chegue perto de mim! –ela tentou falar em um tom sério, mas sua voz saiu meio tremula.

–Ei... Eu já disse que não vou te machucar. –ele falou em um tom mais baixo e doce- Não sou como os outros. Só estou aqui porque fui ordenado. Não gosto de lidar com essa parte. -ele fez uma pausa- Acho que você está cansada, não?! Porque não dorme um pouco? Prometo que vai ficar tudo bem.

–Como eu posso confiar em você?

–Olha, senhorita, não sei se isso ajuda, mas se eu quisesse mata-la já teria o feito.

Aquilo não a reconfortou nenhum pouco, mas Evie estava realmente cansada. Suas pálpebras pesavam e seu corpo todo doía agora que a adrenalina havia passado. Ela mal sentiu o homem a deitando no colo dele e sua voz parecia um sussurro quando ele disse:

–Por sinal, meu nome é Daniel. Bom, descanse porque logo logo você passar pelo inferno que é virar um de nós.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Não? Quer dar alguma ideia ou sugestão? Me deixa uma crítica. Tudo será bem-vindo.
Agora juro que vou tentar postar um capítulo por semana (eu não tenho mt tempo e.e)
Obrigada por chegar até aqui mais uma vez!
xoxo



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