Aquela melodia triste ao piano só podia significar uma coisa: eu errei.
            Errei em acreditar que tudo entre nós ainda estava certo, claro, puro e inocente, como quando começamos. Tudo era mais belo quando estávamos amando, mas não acho que consegui expressar tudo que queria, certo?
            Aquele teu sorriso, sempre descontraído, queria poder vê-lo novamente em seu rosto. Teu belo corpo, lindos braços e lindas mãos que me acolhiam e me abraçavam, dando-me carinho nos momentos que precisava. Sentir o calor do seu corpo e ouvir palavras doces, sussurradas em meu ouvido, tudo isso havia acabado por um erro meu.
            Houve uma briga de fato, porém talvez não tenha sido meu erro fatal. Meus pensamentos e raciocínios estavam enganados em relação a ti. Fui tolo em acreditar que me trairas, nosso relacionamento estava numa fase muito boa e você já me parecia mais distante. Mas quando soube que aquela suposta traição era brincadeira, que você não havia feito nada contra mim e que tudo aquilo tinha como objetivo me irritar, descontei toda a minha raiva em você. Não devia nunca ter dito tais palavras que te machucaram naquele dia. Em berros de raiva e de tristesa, lhe mandei embora naquela fria noite de inverno. Se ainda estivéssemos juntos, estaríamos rindo da pequena bobagem que fiz, não é?

            Horas pareceram dias depois que vi você indo embora, saindo pela porta da frente, magoado. Foi quando me sentei ao banco do piano e compus essa triste melodia que simbolizava o erro sobre aquele que amo, cometendo injustiças sem um julgamento correto.

            Após uma batalha contra o sono e a vontade de lhe pedir perdão, dormi a beira de um rio de lágrimas. Por que não te liguei naquele momento para dizer que te amava e que tudo aquilo que havia dito a pouco foi um mero desajuste temperamental meu?
            Acordei no dia seguinte triste, sabendo que você não estava ao meu lado. Voltei ao piano, tocando aquela melodia novamente. Não tinha ideia de que aquilo teria um significado afinal. Recebi uma ligação, mas não era você. Me informaram sobre sua partida definitiva, para um lugar onde eu não pudesse mais encontrá-lo. Talvez tenha acontecido isso por descuido teu, que não olhava às luzes que sinalizavam “pare” enquanto você possivelmente chorava. Se eu não tivesse sido tão estupido em reclamar a você o que me pertubava, estariamos tão felizes agora.
            Aquilo me chocou de tal modo que por dias ainda não saí de minha própria casa, somente contando os minutos para que eu vá a falecer.  Porém, pelo erro que cometi, eu vá para um lugar que você não tenha ido, e nós nunca mais nos encontraríamos novamente. Tudo por causa de um pequeno e fatal erro que te afetou. E, agora descance em paz, Aoi, nada que eu faça tem tal importância quanto quando você estava comigo. E esta melodia, é o que não queríamos: o fim de um amor que parecia que iria durar para sempre.