O Resplandecer Da Luz escrita por Ninguém


Capítulo 18
Cap. 16 Semelhanças.


Notas iniciais do capítulo

Um pouco confuso e com alguns errinhos de português, por isso me perdoem. Leiam atentamente por que esse capitulo explicará uma boa parte da estrutura da história.
Boa leitura. ;)



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Semelhanças.  

De todo o quartel podia-se ouvir os fortes estrondos que agitavam as janelas, tendas e qualquer metal próximo. Cães e gatos que ficavam pela base saíram correndo depois das primeiras batidas, os soldados estavam tensos e muito nervosos... muitos deles sempre mantinham a mão em seus coldres no caso de ter necessidade de puxar as armas.

Ainda sim enquanto se aproximava da origem do som, Smith não se preocupava ou sentia medo. Na verdade o que o delegado da policia federal sentia naquele exato momento era tédio, misturado com um pouco de insatisfação.

Aquele trabalho de babá de um ser humano mutante com um alien dentro de seu corpo não fazia parte de seus afazeres quando o homem se inscreveu no concurso da policia federal anos atrás.

Mas não era só por isso que o delegado estava desanimado. Além de ter que ouvir broncas e ameaças de seus superiores a respeito da operação que custou milhões de reais, somados a mais milhões pelos danos causados a cidade que Greco e Eros destruíram, Smith tinha a esperança que pudesse recrutar o rapaz para ajuda-los... é só um moleque de 17 anos, mas um moleque com um poder maciço dentro de si, poder esse que seria muito útil nessa guerra que estavam travando pela sobrevivência do país e do mundo. Relatos sobre as destruições em cidade pequenas e grandes pelo país já estavam se tornando os alvos preferidos da mídia, o governo federal teve de impor censura em todos os meios de comunicação e até ter de retirar a página do Youtube no Brasil devido aos inúmeros vídeos amadores que mostravam de modo bem rústico e precário, a luta de selos de energia.

Adalbert sabia que era questão de tempo até o caos se instalar de vez.

O delegado adentrou no galpão velho empoeirado, com manchas de óleo no chão e cheiro de querosene no ar enquanto observava Greco parado com o corpo levemente curvado para frente e os braços jogados, parecia que descansava de um modo como um zumbi comedor de cérebros fazia  quando estava inerte.

- Sabe... – Adalbert parou a poucos metros do soldado. – quando eu propus de você aliviar sua raiva e frustração por deixar um moleque que nem saiu das fraldas escapar, eu estava pensando em um saco de areia na academia... e não um tanque de guerra M60. Os malditos militares vão nos cobrar por mais esse prejuízo.

Greco se endireitou e encarou o delegado.

- Veio aqui  pra diminuir a paciência que eu consegui aumentar enquanto me “exercitava”?

- Não. Vim aqui pra te avisar que o helicóptero está pronto. Há uma hora houve um combate de selos em Serra do Lajeado... aparentemente a luta terminou mas não conseguimos localizar o portador com o selo vencedor.

- Então precisam de mim pois quando eu chegar lá o selo do desgraçado vai se ativar novamente... – Greco sorriu de escarnio. – Bom... estou mesmo com vontade de matar mais desses filhos da mãe. Já encontraram Eros?

- Ainda não. Mas creio que seja questão de tempo. Todos os postos policiais deste país e até a Interpol tem o rosto, as digitais... tudo sobre o menino... não irá demorar para o acharmos.

-  Espero que sim. – disse Greco num tom de ameaça. – vamos.

***

Durante a viagem no helicóptero Greco ficou observando a paisagem abaixo de si como um grande borrão meio verde meio cinza, quando então seus olhos se fecharam.

De volta ao espaço nebuloso e escuro dentro de si, o militar já sabia que o seu selo queria conversar, pois não havia outra razão para ele estar ali agora.

- Espero que seja importante. – disse Greco. – Você tem pouco mais de uma hora até o helicóptero pousar.

- Eu sei. – das trevas surgiu o seu reflexo, o selo ainda usava uma projeção exatamente igual ao do militar. – eu vejo e ouço tudo o que você vê e ouve. E realmente lhe chamei aqui por um assunto sério.

Greco cruzou os braços a frente do corpo.

- Eros?

- Em parte. – admitiu o sósia. – o que quer que seja que há naquele humano não é algo “natural” e quando digo isso me refiro a energia que emergiu dele.

- A energia? Sério? – o militar usou de sarcasmo. – e o fato de desgraçado ter uma armadura que é impenetrável e uma espada mágica que corta com um simples balançar nem lhe impressionou?

- Já lhe disse que não deve dar importância a aquilo. – um sofá apareceu na região de trevas e o sósia se sentou. – aquelas armas não deveriam existir, como não existe nada de Nextos ou sétimo cosmos.

- Como sabe? – Greco se aproximou do reflexo. – eles me pareceram bem reais.

- Greco. – o sósia lhe encarou seriamente. – eu sou a fonte de energia que criou todo os malditos multiversos que há nessa porcaria toda... acredite. Não existe Nextos e o que o garoto fez não deveria ser possível, por que este mundo está dentro de uma dimensão que possui regras... regras tão densas e vorazes que não podem ser burladas... jamais.

- Regras?

- Sim. – o selo suspirou. – cada universo está em uma dimensão diferente. Por isso não existe apenas um universo e sim vários... na verdade 400 milhões e um para ser mais preciso, e cada um deles existe dentro de uma dimensão e cada dimensão possuí regras especificas que mantém sua estabilidade e sua existência... essas regras energéticas ou leis universais são a garantia da continuidade da vida dos mundos dentro do universo que está dentro da dimensão.

Greco não estava entendendo muito bem, mas não perguntou por que queria ver por que o selo estava lhe explicando aquilo.

- E na dimensão em que a Terra se encontra... não é possível criar “armas” assim do nada. Tudo o que existe nesse planetinha tem de vir da própria natureza, da própria transformação dos elementos que nela existe, e não assim do nada.

- Mas Eros fez...

- Não. O pirralho não fazia ideia do que estava havendo até que aconteceu. A estranha energia provinda de seu ser que fez aquilo. Por isso eu lhe digo para nos preocuparmos com ela e não com o garoto. Ele é apenas um moleque ignorante. No entanto eu não te chamei aqui para falarmos do que houve e sim do que podemos fazer para evitar uma nova derrota.   

- O que quer dizer? – Greco ficou mais atento.

O selo ergueu o braço esquerdo apontando para o nada, e em meio as trevas surgiu uma grande chama branca brilhante, rodeada por outra chama ainda maior, só que na cor vermelha.

Greco levou um pequeno susto ao ver a potência do brilho e da claridade das chamas flutuantes.

- O...o... que é isso? – o soldado se aproximou das labaredas.

- “Isso” é você. Mais especificamente sua fonte de energia, ou como já deve ter ouvido falar... sua alma.

O soldado virou a cabeça na direção do sósia, espantado.

- Minha alma?

- É o nome mais popular para designar a fonte primária de energia dos humanos. Acho que eu deveria ter explicado que tudo que existe nos multiversos são feitos a semelhança do que os criou... no caso a semelhança de nós, os selos de força. E como somos fonte de energia pura... é de se esperar que tudo a nossa volta seja feito de... energia é claro. A diferença se encontra nas dimensões em que elas estão. Como eu disse antes, as leis universais são rígidas e vorazes... não se é possível burla-las com facilidade, então ocorre uma adaptação.

- Adaptação?

- As energias que existem na dimensão se adaptam a elas, gerando modificações. Seria complicado demais explicar isso a você, logo te darei um exemplo simples... as almas nesta dimensão vagam livremente, mas se quiserem de fato existir na Terra, ou em qualquer outro mundo que suporte vida nesta dimensão elas precisam se modificar... precisam se adaptar e é onde através das leis universais um corpo se molda à alma. Sua mente e seu corpo são meros reflexos dessa pequena chama branca a sua frente.

Por incrível que parecesse, Greco estava entendendo.

- Ok... e como isso ocorre?

O selo bufou, já se levantando.

- Do modo tradicional... um homem conhece uma mulher, eles transam, o esper...

-Já entendi! – Greco o interrompeu. – Aonde você quer chegar me mostrando tudo isso?

- Que bom que perguntou. – o selo sorriu parando ao lado do militar. – sua alma é a pequena chama branca. Esta maior vermelha é a minha energia, a que foi trazida até seu corpo.

Greco observou com mais atenção.

- Parece estar rodeando-a.

- Por que está. E há algo que eu vou compartilhar com você... algo que levou um tempinho para eu descobrir.

- O que é?

O sósia de Greco inspirou fundo, parecia estar hesitando em dizer o que iria dizer.

- Eu descobri que sua alma, que as almas dos humanos de um modo geral... tem a mesma configuração energética que a dos selos de energia primária. – o selo ergue a mão direita. – espere, eu sei que você não entendeu muito bem... deixe-me explicar com calma.

Mais uma vez o Greco falso inspirou fundo.

- Tudo no universo é energia vibrando em estados diferentes... praticamente nenhuma, nenhuma força energética é igual a outra... era o que eu e meus “irmãos” sabíamos... é uma das leis universais... porém depois de alguns dias em seu corpo eu percebi que sua alma tem exatamente a mesma configuração e isso é impressionante.

- Por que?

Um sorriso brotou na face do sósia.

- Por causa das diferenças entre essa semelhança inacreditável. Veja bem... a alma é como se fosse um selo de energia primária, só que com muito, muito menos poder... no entanto ela possuí algo até mais valioso que a força maciça que eu possuo.

- Que seria? – Greco não gostava do suspense do sósia.

O selo abriu os braços, ainda com aquele sorriso estranho no rosto.

- Liberdade. As almas são completamente livres para fazerem o que bem entendem. Elas podem vagar por todos os multiversos, podem conhecer cada canto de tudo o que há sem nenhum impedimento e quando se cansam de vagar e decidem que querem viver de outro modo... elas encarnam como um ser humano que possuí as mesmas dádivas. Todo o ser humano é livre... pode fazer o que bem quiser...

- Não é bem assim não. Não podemos fazer tudo o que nos der na telha...

-Podem sim! – o selo o retrucou de imediato. – ter que arcar com as consequências dos seus atos não impossibilita nem por um momento em executá-los. – o selo estava empolgado. – será que não vê a maravilha que é? Não percebe como a liberdade é algo extraordinário? Ela está cravada em cada um de vocês, por que derivam de suas almas... a própria história mostra que regimes inteiros que tinha a escravatura caíram, hoje em dias são raros os casos de escravos, casos que privem a liberdade do ser humano... e se a alma sente que está presa, ela simplesmente desisti do corpo e volta para o espaço onde tem sua liberdade sem qualquer impedimento!

Então logo todo o êxtase do selo se foi por terra, ele abaixou os braços e sua expressão assumiu um tom de tristeza.

- E nós não temos isso. Eu tenho poder ilimitado... poder que pode destruir sistemas solares inteiros... mas que é inútil.

- Por que? – Greco estava de certo modo sensibilizando com o selo.

- Por causa das leis universais... elas ditam minha existência...na verdade elas a negam. Sou uma bateria que só serve para criar e criar, mais e mais... quando por fim consigo minha liberdade, sou novamente forçado pelas leis a encontrar meus “irmãos” para que possamos nos destruir a fim de voltar a ser a fonte de força de toda a Criação. Eu fico preso a esse sistema... não havia nenhuma chance de escapar... até agora.

Greco apenas o encarou, em dúvida. O selo logo continuou falando.

- Sua alma e minha energia são idênticas, e uma das regras que há em todo o processo é que energias iguais podem se fundir e aumentar seu tamanho... moléculas de água se aglomeram formando oceanos, moléculas de nitrogênio, oxigênio... tudo que é igual pode se juntar e expandir.

- Esta falando de fusão? De nossas energias se fundirem?

- Exato. O poder gigantesco que minha força carrega, com a liberdade pré-programada que sua energia tem. Será que você entende o dínamo que será? Será que sua mente consegue processar a magnitude do que podemos nos tornar?

Sim Greco tinha noção. A simples ideia de ter um poder daquele tamanho a sua disposição era tentador, mas o soldado só tinha um objetivo em mente.

- Eu poderia trazer Ellen de volta...

O selo fez uma careta.

- Sim, sim... é claro que poderia... mas porque parar por aí? Pense grande Greco... pense que poderíamos ser mais, podemos refazer todo esse processo imperfeito.... veja a humanidade deste mundo... veja o sofrimento e o caos que eles suportam... tudo isso por que não tem ninguém que os pode guiar... mas nós poderíamos e depois que a Terra estivesse em ordem poderíamos partir para outros mundos, você conheceriam as maravilhas dos cosmos e...

-Só me interessa trazer Ellen de volta a vida. Nada mais. – Greco foi seco e direto.

O sósia fechou as duas mãos em punho.

- Sim... eu entendi. – o selo abaixou a cabeça, mas logo a ergueu. - mas por quanto tempo?

O soldado hesitou.

- Como assim?

- Você iria ressuscitar sua amada, passaria décadas felizes e depois ela pereceria pelo tempo. E aí? Eu ainda estaria com você e por causa disso seu corpo não envelheceria...

Greco não havia pensado naquela possibilidade.

- Eu... eu...eu... a ressuscitaria de novo!

- Não daria certo. Uma coisa é o corpo morrer jovem, quer dizer que a alma não esperava por aquilo, outra bem diferente é o tempo... a alma fica no corpo por oitenta... talvez cento e poucos anos, mas esse é o limite... depois disso a alma dela vai vagar pelo espaço em busca de uma nova aventura e mesmo que reencarne na Terra... seria uma pessoa completamente diferente.

Greco ficou perturbado com aquela ideia...

- Não! Quando ressuscita-la eu me livro de você... assim viverei minha vida ao lado dela por felizes décadas.

- Tem certeza disso? Sabe... a morte é um fim, e a vida é diferente por que é cheia de possibilidades... e se eu dissesse que se nossas energias estiverem juntas eu posso dar a imortalidade a sua amada?

- O que? – o soldado arregalou os olhos.

O selo sorriu.

- Imagine isso... você e ela... felizes para sempre... no termo mais literal possível da palavra “sempre”.

Greco gostou de ouvir isso. Era uma oferta tentadora... não havia mal algum, havia? Ainda assim um presente desses não viria de graça, por essa razão o soldado estreitou o olhar, desconfiado.

- E qual o preço que eu deveria pegar por essa “gentileza”?

- Simples... qual o preço que você está disposto a pagar?

Ambos se encaram por alguns momentos em silêncio. Mais pareciam dois reflexos em um espelho imaginário.  

- Se... – Greco tornou a falar. – se nossas energias são iguais por que não se fundiram ainda?

- Por causa de um pequeno entrave. – o selo fez um gesto com a mão. – nossas energias são semelhantes, mas há uma pequena diferença entre os estado de vibração delas... eu diria que são os polos.

- Que polos?

- Aparentemente minha chama vermelha irradiando energia de um polo diferente da sua, e para que possamos usar livremente o poder um do outro é necessário que ambas liberem a mesma configuração de energia... o que pode ser feito por você.

O selo se aproximou de Greco.

- No exato momento em que você percebeu que havia matado sua mulher sua alma mudou a configuração baseado no ódio que sentiu naquele instante e foi ali, naquela exato segundo que eu percebi que éramos iguais. O ódio é minha fonte de poder, e pode ser a sua... na verdade se for a sua, se você sentir aquele ódio mais vezes eu poderei injetar minha energia com a sua, por essa razão que eu lhe disse uma vez que o ódio é sua melhor arma.

- E por que não me disse isso antes?

- Por que eu esperava que o processo ocorre normalmente com o tempo... mas agora me deparei com uma nova energia que não se encaixa nos padrões que eu reconheço e o pior é que ela é poderosa... por isso te chamei aqui... precisa fazer com que sinta mais ódio... precisa forçar sua determinação em odiar caso contrario não poderei liberar mais de meu poder e estaremos vulneráveis caso encontremos Eros novamente.

- Eu não vou perder novamente pra aquele moleque. – disse Greco determinado.

- Então faça o que eu disse... odeie... odeie este mundo, odeie as pessoas nele... odeie até você mesmo se for necessário, se não... jamais irá rever sua amada.

***

Smith estava de frente a Greco, o observando. Pela suas informações, o soldado não precisava mais dormir ou comer... ele mesmo havia dito que não precisava, no entanto ali está o rancoroso puxando um cochilo em pleno voo de helicóptero.

Como esse filho da mãe consegue dormir com esse barulho?” Pensou Adalbert.

Então como numa cena de filme de terror, Greco abriu os olhos de repente, a medida que o seu selo era ativado e sua pele começava a se modificar.

O delegado só teve tempo de recuar o máximo que podia na cabine enquanto assistia de camarote a transformação medonha de Greco. Por fim, quando o militar já não mais parecia um humano, Smith perguntou de modo lento e cauteloso.

- O...que...está...fazendo?

Greco focou os olhos demoníacos no delegado que pode ver seu reflexo naqueles pequenos espelhos negros. Greco inclinou-se para o lado e abriu a porta lateral da aeronave, um forte rajada de vento soprou na cara de Smith que não conseguia controlar a gravata que permanecia em seu rosto.

- Greco! – Adalbert gritava tentando remover a gravata da cara. – O que está fazendo!!!??

Mas o militar nada disse, apenas saltou do helicóptero em pleno voo. 


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez... acho que deve ter sido um pouco confuso, por que tinha muita explicação, mas continuo afirmando que é muito importante esses detalhes para o decorrer da história.
Então... comentários?



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