O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 54
Capítulo 53


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo de "O garoto da camisa 9" :( vou sentir falta de vocês! Tomara que gostem do final, é muito louco! hahah



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Eu e Jesse terminamos de pegar nossas coisas em nosso quarto guardando tudo dentro de malas, sacolas, tudo que poderia suportar o peso de coisas típicas de nós garotas. Estava a maior bagunça no dormitório feminino, pois todas corriam de um lado para o outro com malas e outras coisas para ir embora do internato. Bom, a verdade é que todos nós queríamos muito ir logo, pois para até aqueles que não sabiam exatamente o que acontecia, o North England trazia más lembranças.

- O que acha que sua mãe vai fazer quando vê-la? – disse Jes de repente enquanto saíamos no quarto.

Resolvemos deixar nossas coisas ali por enquanto, pois eu ainda teria que conversar com o pai de Sam. A verdade é que eu ainda não tinha muitas ideias de perguntas, mas sabia que precisava tirar todas as minhas dúvidas sobre meu pai antes de morrer.

Jesse e eu seguimos para o salão da entrada onde Roman e Sam estavam. Quando me viu, Sam esboçou um sorriso largo, provavelmente por causa da noite anterior.

- Oi, Mel. – ele me abraçou de lado e depositou um beijo em meus lábios.

- Ei, podem parar de agarração.- resmungou Jesse.

Eu e Sam rimos, mesmo agora namorando Roman, Jesse continuava contra “coisas fofas de casais”. Encontramos Jonah, os gêmeos fazendo a bagunça normalmente, Carly – quem estava finalmente bem – e até August. Os dois vinham sorridentes em nossa direção, então fiz a primeira coisa que me veio em mente, abracei Carly com força.

- Melanie... – resmungou ela. – Você está me apertando!

- Desculpe. – eu disse sorrindo. – Como você está?

- Bom, além de alguns hematomas que ainda não sumiram, ataduras e alguns cortes, estou bem. – ela apontou para dois hematomas nos braços e para o curativo ao lado do olho. – Mas e você? Roman disse que Liliam feriu você.

- Nada além de uma facada. – brinquei, mas ela estava séria e com a expressão assustada. – Quero dizer, ela me atingiu com uma facada, mas estou bem.

Carly ficou um bom tempo me encarando de uma forma muito assustada por conta de minha explicação nada delicada para uma garota impressionada.  Mas ficou mais calma à medida que eu contava sobre a cirurgia e que ficara bem de qualquer forma.

Contamos uma para a outra as coisas que aconteceram durante o tempo que ficamos separadas e August ouvia tudo com atenção e pareceu surpreso quando contamos sobre a morte de Liliam. Porém, Sam me cutucou, olhei para onde ele apontava e me senti um pouco confusa e com um misto de saudade e medo – minha mãe havia chegado. 

Ela sorriu em minha direção e fez uma das coisas que eu menos esperava, veio até mim e me abraçou.

- Menina, você que me matar de susto? – ela viu minha expressão confusa e continuou. – Me mandou uma mensagem como se estivesse indo para a morte! Nunca, repito, nunca faça isso!

- Mãe, me desculpe. – falei dando mais um abraço nela. – É que aconteceram coisas bem ruins por aqui.

Apresentei meus amigos a minha mãe e ela ficou – inacreditavelmente – feliz por eu ter feito bons amigos. Entretanto, pareceu surpresa quando a apresentei a Sam como meu namorado, mas no fim ela acabou gostando dele. Eu já conseguia facilmente reconhecer cada expressão de minha mãe.

Tivemos que contar a ela tudo o que aconteceu nos meses que fiquei no North England, desde a procura da fortuna, as ameaças de Liliam até a parte em que ela quase conseguiu me matar. Minha mãe apenas ouvia a história, ficou completamente louca quando ouviu a parte da facada e fez um verdadeiro escândalo sobre terem que prender Liliam.

- Mãe... mãe, para de gritar. – falei tentando acalmá-la. – Liliam está morta.

- O que? – gaguejou ela. – Como assim a diretora está morta?

- É uma longa história. – murmurei.

Ela não ficou contente por eu não contar a ela como Liliam morreu, mas acabou cedendo e não perguntou mais nada.

Sam foi atrás de seu pai e chamou-me quando o encontrou. O pai de Sam era um pouco parecido com ele – tinha marcas de expressão fundas, olhos negros como os do filho, entretanto cabelos um pouco mais claros. Ele parecia ser uma pessoa muito gentil, coisa que se assemelhava muito a meu pai. Sam o trouxe até mim e ao dizer que eu era filha de John Overton, ele pareceu incrivelmente surpreso. Bom, de uma forma boa.

- Então você é a filha de John? – ele apertou minha mão direita. – Se parece muito com ele.

- Eu mesma. – sorri.  – Ahn... Sr. Bower, se não se importar, eu gostaria de fazer algumas perguntas sobre o meu pai. – ele me olhou surpreso, mas aceitou que eu fizesse as perguntas.

Acabei descobrindo que meu pai foi mesmo a pessoa incrível que eu acreditava. De acordo com o pai de Sam, ele ajudou muito a família de minha mãe, quem conheceu anos depois de sair como diretor do North England. Quando contei sobre as loucuras de Liliam, ele não pareceu surpreso, na verdade apenas assentiu.

- Seu pai me dizia sobre Liliam estar ficando obcecada com a fortuna e que estava um pouco preocupado com ela. Sempre achei que algo ruim aconteceria se John continuasse aqui, cheguei a avisá-lo para sair daqui o mais rápido possível, mas insistiu em permanecer. – ele suspirou. – Tanto que aconteceu o que menos esperávamos.

- Ele chegou a dizer alguma coisa sobre onde está a fortuna? – Sam hesitou. Era uma pergunta direta, eu sei, mas precisava saber. Fazia meses que sabíamos sobre a fortuna e até hoje não conseguimos encontra-la. Talvez ele soubesse onde estava.

O pai de Sam abaixou os olhos.

- Infelizmente não, querida. John morreu antes que me contasse. Talvez nunca saberemos onde esse dinheiro dos Mean está.

- Pai, não acha muito estranho isso? – perguntou Sam ao meu lado. – John Overton apenas deu pistas sem final nenhum, se ele quisesse que Mel encontrasse a fortuna, deveria ter dado a ela uma pista compreensível.

- Pode ser que Liliam tenha encontrado antes. Ela podia até ser completamente obcecada pelo dinheiro de sua família, mas tinha a compreensão que John a havia encontrado. Por isso, deve ter dado fim a todas as possíveis pistas que ele tenha deixado.

- Velha louca esperta! – gritou Jesse de repente.

Isso fez com que praticamente todos do salão voltassem sua atenção para Jesse, quem ficou mais vermelha que um tomate e se escondesse atrás de Roman. 

Quando eu digo que Jesse é muito escandalosa, não é exagero.

- É minha impressão ou vocês chamam Liliam de “velha louca”? – perguntou ele rindo.

- Ah, longa história. – Sam disse revirando os olhos.

Terminei de guardar algum livros em minha mala, apenas o que deixei para trás quando estava guardando minhas coisas com Jesse,  haviam muitos ali que eu amava ler e reler muitas vezes, pois sempre gostei muito de ler, gosto que herdei de meu pai, uma pessoa, que de acordo com minha mãe, lia mais de cinco livros por mês. Ao ter essas lembranças, lembrei de que havia guardado o livro preferido de meu pai, um que fez parte de minha infância por ele sempre estar lendo quando estava comigo.

Abri uma das malas e peguei o livro. A capa antiga revelava sua idade avançada e as marcas desgastadas na capa me lembravam de como ele costumava cuidar daquele livro como um filho. Passei meus dedos pela extensão da capa tirando a poeira, abri me deliciando com as palavras do escritor, lembrando-as com a voz de meu pai.

- Sinto sua falta. – murmurei sentindo uma lágrima escapar de meus olhos.

Eu não queria chorar, não agora que estava livre da velha louca e de todos os problemas que ela me causara. Então fechei o livro e ao guardá-lo, algo caiu no chão. Um pequeno pedaço de papel amarelado caíra de dentro do livro, tão pequeno que poucas palavras poderiam estar escritas ali.

Ao ler, meus lábios se abriram com o tamanha surpresa.

“Filha, talvez esteja surpresa com todos os acontecimentos. Minhas pistas podem ter sido extremamente confusas para você e Samuel, mas garanto que tiveram um sentido oculto. Graças a elas, você pôde descobrir sobre Joseph, eu sabia sobre o plano dele e que queria me enganar. Acredite, eu sempre soube.

Já deve saber que o dinheiro é da família Mean e quando encontrei, descobri sobre os McGary e sobre a morte de Elizabeth, dona real do dinheiro. Sejamos francos, eu sabia que Liliam ficaria louca ao descobrir que encontrei o dinheiro, mas ainda assim continuei com minha idéia original. Ela não podia ficar com a fortuna, sua família tinha inúmeras dívidas nessa época, e mesmo com o dinheiro, ela não iria pagar. Conheço bem Liliam Mean.

Estou sem tempo para explicar as coisas de uma forma mais detalhada, fui obrigado à escrever essa carta muito rapidamente, então preste bem a atenção.

Filha, há uma coisa que preciso dizer que pode mudar tudo. Pense bem ao ler as próximas palavras, pois assim descobrirá minha maior pista.

Nem tudo vem facilmente e será totalmente visível. Liliam não sabia da pior parte dessa história, aquilo que ela procurava, estava bem debaixo de seu nariz!

John Overton”

O papel caiu de minhas mãos diretamente para o chão. Eu estava completamente boquiaberta, jamais pensei daquela forma e muito menos que tudo estava como meu pai havia dito: “bem debaixo de nosso nariz”. Não aguentei mais nenhum segundo ficar ali, sai correndo do quarto largando tudo para trás, até mesmo as malas, minha mãe teria que esperar. Eu precisava encontrar Sam, isso não podia esperar.

- Sam! – berrei pelos corredores. Todos estava olhando para mim e tinha que empurrar alguns alunos. – Sam!

Virei diversas esquinas dos corredores do internato até encontra-lo sentado no refeitório ao lado de seu pai, Roman e Jonah.

- Sam! – chamei desesperada.

- Meu Deus, Melanie. – disse ele com as sobrancelhas negras franzidas. – O que foi?

- Eu sei onde a fortuna está! – soltei de uma vez só.

Eles se entreolharam ainda mais surpresos que eu. Puxei Sam pelas mãos enquanto corria na direção de onde eu tinha a absoluta certeza que estava. O pai de Sam vinha logo atrás, junto a Roman e Jonah, quem se perguntavam se eu estava ficando louca ou algo assim.

Eu deveria estar.

Corri pelos corredores me lembrando de quando Liliam nos perseguiu, ameaçou Jesse em sua sala, me esfaqueou...

- Sam, tudo não passou de uma grande bobagem! – gritei enquanto corríamos. – Ainda não acredito, chegamos a ver onde estava fortuna!!

Ao ouvir isso, Sam me parou, puxando-me pelos dedos.

- O que? – perguntou ele abismado. – Como assim nós vimos?

Sorri e voltei a puxá-lo pelas mãos. Ao chegarmos na sala de Liliam, abri as portas altas e pesadas com força, fazendo com que elas batessem contra a parede. Sam me olhava ainda confuso, então fui até o armário de livros de Liliam.

- Me ajude! – pedi a ele.

Sam e eu empurramos o armário dando de cara com uma entrada, a qual dava direto para o porão. Como eu sabia disso? Liliam sempre ficava de olho naquela entrada quando eu estava em sua sala e por essa razão, soube quando eu e Sam entramos ali e pegou Jesse como refém. Entramos ali seguindo um corredor escuro e úmido até o pequeno “buraco” a qual era chamado de porão do internato.

Havia um motivo para aquele lugar estar ali e ter sido tão idolatrado por Liliam. Se Elizabeth McGary fugiu da casa, fora por ali, onde havia a saída para o esgoto por onde uma garota poderia facilmente sair. Sorri ao ver o grande baú de madeira ainda entreaberto onde eu e Sam encontramos a certidão de nascimento – provavelmente falsa – de Joseph.

- Meu pai sabia do baú o tempo todo, por isso deixou a carta até ali dentro. Ele disse em uma carta que encontrei em seu livro que Liliam não sabia que a coisa que ela mais procurava, estava bem debaixo de seu nariz! Ela sabia desse lugar o tempo todo. – fui até o baú e o abri, as milhares de cartas ainda estavam lá.

- Então, mas se seu pai já havia descoberto a fortuna e ele não queria que Liliam descobrisse... – disse Sam.

- ... Teria que deixar no local mais óbvio, onde ela com certeza não olharia.

Eu estava com um grande sorriso no rosto ao dizer isso. joguei todas as cartas que estavam dentro do baú dando de cara com o fundo de madeira, ao lado, havia uma lasca, a qual provava ser um fundo falso. Arranquei a madeira com os próprios dedos e sorri.

Estavam todos surpresos, mas eu, estava mais que isso.

- Isso é...

- Sim, Sam. – murmurei. – Achamos.

E bem ali, na nossa frente, estava o que procuramos por tanto tempo no fundo falso do baú do porão do internato North England.

Bem debaixo do nariz de Liliam, estava a fortuna dos McGary.


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Notas finais do capítulo

Fiquem atentos ao próximo para mais informações sobre "O garoto da camisa 9 - vingança" que conta a sequência da saga!
Beijos dreamers, amo vocês ♥



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