O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Não me matem quem começou a ler agora ok? Eu sei que deve ta uma bagunça essa história, mas to arrumando aos poucos e logo ela fica inteirinha pronta :)



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Eu não deveria estar me sentindo daquela forma, principalmente aquela estranha e assustadora atração que eu sentia por Sam. Faziam apenas algumas horas que eu o conhecia, mas parecia mais que já havíamos nos visto e nos conhecíamos há anos. Jamais senti isso, por mais estranho que parecesse, e naquele momento, tudo que eu queria fazer era esquecer seus olhos negros olhando fixamente para os meus e sua expressão de caçador.

Fechei os olhos por longos segundos tentando manter a imagem de seus olhos bem afastadas de minha mente, mesmo sabendo que isso não seria exatamente tão possível. Vendo que não daria certo, voltei minha atenção às roupas jogadas sobre minha cama, as quais eu teria que arrumar logo para poder tirar uma boa noite de sono.

Depois de longas horas organizando roupas, sapatos e outros objetos pessoais, terminei de coloca-los no pequeno armário encostado na parede ao lado de minha cama muito próxima a porta do banheiro. Quando terminei, sentei-me ali olhando em volta sem ter muito o que pensar, apenas que a imagem de Sam estava sendo perturbadora demais. Soltei um suspiro e deitei-me ali mesmo sentindo o cansaço e o sono tomando conta de mim.

E finalmente, consegui dormir.



Já era de manhã. Como fiquei sabendo disso? Bom, digamos que Jes estava fazendo o maior barulho enquanto remexia em seu armário e, sem nenhum cuidado, deixou alguns sapatos caírem. Bocejei em revolta finalmente chamando sua atenção, quem apenas me olhou de rabo de olho.

- Hora de levantar, flor do dia! – berrou vindo em minha direção e puxando meu cobertor para bem longe. E no caso, o bem longe significa jogado perto de algum ponto ao lado da porta.

- O que?! – resmunguei soltando mais um bocejo. – Que horas são?

- Faltam exatamente vinte minutos para a senhorita levantar sua bunda branca da cama e correr para o banheiro se não quiser enfrentar a cara feia de uma professora mal humorada por causa de atraso!

Levei aquilo como um “atrasada ao máximo”, então, praticamente voando da cama, coloquei a roupa que havia separado no outro dia e fui para o banheiro tentando ser o mais rápida possível. Bom, a ameaça de Jes sobre a professora de cara feia foi convincente. Olhei-me no espelho mais algumas vezes tentando não ficar decepcionada com minha pele pálida e as olheiras um pouco fundas que insistiam em aparecer muito bem abaixo de meus olhos.

Soltei um longo suspiro e sai do banheiro, encontrando uma Jesse irritada e impaciente apoiada ao lado da porta do quarto.

O corredor parecia mais uma pista de corrida, com diversas garotas do dormitório feminino correndo para todos os lados carregando bolsas, livros, celulares – é, onde está a fiscal agora? – e outros objetos. Nem sei quantas vezes fui atropelada por algumas garotas que corriam tanto quanto eu, provavelmente também atrasadas.

Depois de alguns atropelamentos e empurrões, chegamos a sala encontrando Roman, Carly, August e Anny sentados às cadeiras, como sempre, do fundo da sala. Riam de algo sobre uma expulsão ou problema que um garoto havia causado numa das outras salas.

- Ninguém quer ouvir suas cantorias logo de manhã, ok? – Jes se jogou a cadeira ao lado de Roman, dirigindo-se a ele sem nem ao menos um “oi”.

Claro, em resposta, Roman apenas revirou os olhos e continuou cantarolando alguma música que tocava em seu celular em suas mãos. Sentei-me ao lado de Jes e Carly enquanto esperávamos a tal professora, quem não ia ficar tão de cara feia assim, já que chegamos um pouco mais cedo.

Senti algo vibrando no bolso de minha jaqueta, até que lembrei de que havia trazido meu celular para a aula.

Não vá me deixar falando sozinho hoje. Não quero levar bolo.  - Sam

Engoli um seco ao reler aquela mensagem, pelo menos, mais cinco vezes. Por um instante, achei que estava vendo coisas, afinal, desde quando ele possuía meu número de celular se nem sequer Jesse, que era minha colega de quarto, tinha?

Tentei manter minha atenção às conversas, porém o olhar perturbador de Sam voltou a rodear minha mente, trazendo-me os calafrios da noite anterior. Respirei fundo comemorando por dentro ao ouvir a porta sendo aberta violentamente e a tal professora entrar. Mas... ela estava de cara feia.


- Então, vocês não têm nenhuma idéia de como seu pai foi morto? – Sam se virou no banco de uma forma que pudesse ficar de frente para mim.  – Quer dizer, nenhuma?

Estávamos sentado no mesmo banco do dia anterior, eu com as pernas cruzadas sobre a madeira do banco e de frente para ele, quem tinha os cotovelos apoiados nos joelhos.

- Não. – murmurei. Lembrando-me daquela época, senti que algumas lágrimas quiseram escapar de meus olhos, porém as impedi, mesmo sendo difícil demais. – Os policiais chegaram a contar a minha mãe que iriam investigar, mas... nunca soubemos o que aconteceu de verdade.

Sam franziu o cenho.

- Isso é muito estranho. - murmurou. – Não tem sentido policiais dizerem sobre a investigação, mas não fazerem nada. Vocês tentaram acompanhar as investigações?

Tentei relembrar o que acontecera naquela época, entretanto eu era nova demais e as lembranças eram vagas. Por mais que eu tentasse, tudo que eu lembrava eram os policiais avisando minha mãe sobre a morte de meu pai de uma forma fria e sem qualquer gentileza. Claro, aquilo fora como uma bomba para minha mãe, quem chorou por semanas até finalmente se contentar com a ideia de que John Overton estava morto.

- Não me lembro, Sam, eu era apenas uma criança. – a expressão dele ficara mais terna, principalmente por saber que eu era uma criança ao receber uma notícia como aquela. – Tudo que sei é que os policiais não foram nada agradáveis com minha mãe, apenas contaram da morte e nunca mais soubemos nada. É difícil, eu só queria saber como meu pai morreu.

O silêncio reinou por algum tempo, fora constrangedor no início, mas logo se tornou apenas um silêncio comum. Achei que eu não fosse aguentar e cederia ao choro, entretanto, consegui segurar e permaneci no silêncio que Sam ficara.

- Sinto muito. – ouvi-o quebrar o silêncio. 

- Está tudo bem. Acho que... acho que já superei a morte dele.

- Você disse que havia se revoltado. Melanie, não acho que tenha realmente superado, você usa a revolta como uma forma de se proteger. – franzi o cenho para ele, quem apenas sorriu torto. – Não quer sofrer de novo, é uma barreira.

Ele estava certo, por mais que eu não quisesse admitir. Eu havia ficado uma pessoa revoltada com o mundo, apenas porque não queria sofrer novamente, não queria perder ninguém e, sendo má daquela forma com minha mãe, era meu próprio jeito de afastar as pessoas e nunca mais sentir a dor da perda.

Droga, odeio admitir que estou errada.

- Tudo bem, Sam Bower, você está certo. – falei numa forma como se me rendesse. – Eu sou revoltada assim, porque quero afastar as pessoas e não sofrer.

Seu sorriso só aumentou de uma forma divertida.

- Viu? Agora não parece mais uma pessoa má. – Sam piscou todo vitorioso. – Na verdade, você é tímida.

- O que?! – exclamei dando um empurrão de brincadeira em seu ombro. – Não sou tímida! Se eu fosse, não estaria aqui tendo essa conversa com você.

Sam arqueou as sobrancelhas como se estivesse surpreso, claro, provavelmente fora porque minha frase não teria sentido se não fosse colocado a parte de ele ser bonito demais, misterioso e algumas vezes... assustador.

- E o que isso quer dizer?

Droga.

Sim, ele sabia exatamente o que eu queria dizer, mas estava se fazendo de bobo apenas para ouvir eu admitindo o porquê. Droga de garoto esperto.

- Você me entendeu muito bem. - resmunguei sentindo meu rosto esquentar.

- Entendi, só quero ouvir você falando isso. – mesmo sem estar olhando em sua direção, eu sabia que havia um maldito sorriso estampado em seus lábios, aquele tipo de sorriso capaz de deixar qualquer um de pernas bambas.

Ou melhor, eu.

- Mas que droga, Sam. – falei indignada. – Até um dia atrás eu estava começando a achar que você havia matado alguém! E agora, sei que é mentira, porque o conheço melhor do que as pessoas que o julgam, mas mesmo assim! O que quero dizer é que você está me enchendo demais, eu cheguei aqui querendo matar todo mundo e tudo que se passa na minha cabeça é o seu rosto e o jeito que me olhou no campo!

As últimas palavras saíram como um grito, ou melhor, um desabafo mais do que desnecessário. Respirei fundo tentando recuperar o ar perdido e o olhei de rabo de olho, tendo uma surpresa ao vê-lo completamente surpreso com as sobrancelhas negras arqueadas e os olhos um pouco confusos.

E tudo que consegui pensar naquele momento – não que fosse uma surpresa – era droga.

- Você ficou pensando em mim? – e ainda, só para piorar minha situação, seu rosto se contorceu por um momento indicando que ele queria rir, mas tentava segurar o riso.

Sem muito sucesso.

- Não tem graça. – resmunguei levantando-me do banco e ficando de costas para ele. – Você é estranho ok? Me dá medo às vezes, parece que você fica me vigiando ou coisa parecida e isso é perturbador.

Sam havia parado de rir, agora, ele apenas sorria enquanto levantava-se ficando bem ao meu lado. Seus olhos passearam por meu rosto completamente corado por toda aquela atenção até finalmente ele dizer alguma coisa.

- Desculpe por isso, então. É que... Melanie, eu preciso vigiar você. – minha expressão ficou confusa e ele, gaguejava. – Não vai entender o que quero dizer agora, porque não fará sentido. Tudo o que precisa saber... é que tem coisas acontecendo no North England, coisas ruins. Melanie, não é seguro... – seus olhos estavam cravados nos meus. – Você está em perigo.

Senti o choque se alastrando por todo meu corpo, como se uma bomba fosse jogada contra mim de repente. Sam havia acabado de me dizer que o North England, o internato onde eu estava, não era seguro e que eu... eu estava em perigo. Eu não fazia a menor ideia de como reagir aquilo, principalmente porque a informação era absurda demais.

Tentei dizer algo que soasse convincente, porém a confusão havia tomado conta de meus pensamentos e tudo que eu tive certeza eram os olhos preocupados de Sam sobre mim. Ele parecia verdadeiro.

Aquilo não era loucura.

Ele estava me avisando de algo.

E eu, estava em perigo.

- Srta. Overton! – ouvi uma voz me chamar, tirando-me de meus devaneios de volta para a realidade. Ao nosso lado, Lilian me encarava de forma impaciente. – Precisamos conversar sobre algo de muita importância. – e depois, se voltou a Sam, quem a encarou de uma forma quase que... ameaçadora? – E Sr. Bower, na minha sala em uma hora.

Ignorando os chamados insistentes dela, apenas a acompanhei de volta ao prédio do internato, arrancando alguns olhares dos alunos que nos encaravam de forma curiosa. Desviei meu olhar para trás, vendo um Sam irritadiço e ainda assim, com o olhar preocupado como seu aviso.


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Notas finais do capítulo

Quem tem medo da Lilian além de mim? \O/



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