O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 40
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

Quando eu escrevi esse capítulo, postei no natal! ushushsuhsuhs como ia ficar estranho né, prefiro apenas dizer: Boa leitura dreamers :) x



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As correntes estavam causando ainda mais ferimentos em meus pulsos, causando ainda mais dores do que eu já sentia. A minha frente, uma luz forte permanecia contra meus olhos impedindo-me de enxergar com clareza o que estava ao meu redor. Haviam pessoas ali, eu sentia sua presença andando próximo a mim e muitas vezes, falando coisas as quais eu não conseguia entender. Eu me sentia confusa, tonta e perdida. Por um momento, questionei-me se não haviam me dopado.

Ouvi uma sucessão de passos passaram ao meu lado e irem de encontro ao lugar atrás da cadeira onde eu estava. A pessoa ficou em silêncio, porém eu sentia sua respiração próxima a mim então estava muito próxima. Eu queria correr dali, porém tudo estava contra mim – o fato de estar dopada, as dores latejantes por todo meu corpo e ainda por cima, as correntes pesadíssimas presas em meus pulsos.

Outra sucessão de passos encheu o ar na minha esquerda e o mesmo na direita. Havia três pessoas a minha volta, provavelmente dois seguranças dos dois lados e atrás, Liliam. Como eu sabia que ela estava ali? Depois dos meses que a enfrentei já conseguia reconhecer sua energia - era algo pesado, mal e arrepiante. Agora, eu sempre saberia quando ela estava próxima, o que deixava-me apenas um pouco mais calma.

- Eu disse que tornaria a dor muito maior, não disse? – ouvi a voz de Liliam atrás de mim, provando de que eu estava certa. – Devia ter entendido minha ameaça.

Respirei fundo tentando ignorá-la, mas sabia que não conseguiria. Eu sentia tanto ódio de Lilian que, apenas ouvindo a voz dela, eu já sentia uma vontade tremenda de soca-la até a morte.

Bom, não que eu realmente teria consciência para fazer algo assim.

- Eu entendi, Liliam, agora quer parar por favor de dar indiretas em mim?! – desistindo de tentar lutar pela sobrevivência e implorar para ela me soltar, eu simplesmente desabafei. – Não vê que já bagunçou com a minha vida o suficiente? E sim, eu estou morrendo, se essa é a sua pergunta que não tem coragem de fazer.


A verdade doía, mas era exatamente isso. Mesmo não querendo admitir para mim mesma, eu estava morrendo, a cada segundo ficando cada vez mais fraca. Eu sentia meu corpo hesitando em continuar cada movimento e o fato de que estava bem mais pálida do que o normal mostravam o quanto isso era verdade.  A infecção estava se alastrando pelo meu corpo, matando-me lenta e dolorosamente, causando dores em cada canto de meu tronco.

Não conseguindo evitar, acabei deixando uma lágrima escapar de meus olhos.

Liliam permaneceu calada por alguns instantes, mas ao voltar a falar, suas palavras foram interrompidas pela própria gargalhada.

- Ah, então parece que meu objetivo deu certo. – ela parou a risada. – Agora, com a sua morte, seu queridinho irá se desesperar e entregará a fortuna a mim em questão de horas! Exatamente como eu queria. – ela andou lentamente até parar na direção da luz que me cegava, tampando-a com seu corpo. – Aquele garoto é fácil de enganar, não? Fiquei até surpresa quando meus seguranças disseram que ele já estava à procura da fortuna.

Engoli um seco. Eu não tinha reação, encara o chão tentando não encarar os olhos de Lilian e perceber o quão bom seria minha morte para ela. Eu sentia seu olhar alegre sobre mim, feliz pelo fato de Sam estar fazendo exatamente o que ela tanto queria. Claro que Sam fora atrás da fortuna, eu nunca tive chance de impedi-lo, a facada de Lilian fora o bastante para que eu não impedisse ele de fazer a maior burrada de sua vida.

Suspirei. Era só uma questão de tempo para que tudo acabasse, entretanto, não de uma forma que eu não esperava.

Mesmo sabendo que minhas palavras poderiam não estar certas, eu apenas disse o que tinha em mente. Enfrentar Lilian era algo extremamente gratificante, pois eu me sentia menos vulnerável do que eu estava.

- Ele não vai fazer isso. – murmurei. – Sam é mais esperto do que você imagina, Liliam. – eu praticamente cuspia as palavras sobre ela, estava pronta para enfrente-la e o momento, era esse. – A única aqui que é tola o bastante para afundar é você! Não tem nem ao menos a capacidade de mostrar o quão desesperada está, não é? Liliam, você não percebe que a fortuna não é sua?

Ela parecia confusa, tanto que tentou não olhar-me diretamente nos olhos, pois sabia que minha coragem crescia. Eu tinha pouco tempo para conseguir fazer aquilo, pois senti a dor se alastrar em toda a região de meu peito. A infecção estava ficando pior. Bem pior.

Tentei ignorá-la, mas a expressão de dor fora inevitável, fazendo com que Lilian expressasse sua alegria por conta disso.

Tentei disfarçar a dor voltando a ficar séria

- Sabe qual vai ser o final de tudo isso, Liliam? – indaguei olhando-a bem nos olhos, mostrando o quão séria eu estava naquele momento. – Você vai ser presa e morrerá na cadeia! Sua ordinária, repugnante estúpida!

Eu vi a raiva estampada nos olhos de Liliam e senti um tremor me ocorrer pelo corpo. Ela franziu o cenho e logo já pude perceber qual seria seu próximo ato. Raivosa, Lilian fechou uma das mãos e com força, transferiu um tapa em meu rosto, fazendo com que meu corpo tombasse para o lado. Por sorte, a cadeira e as correntes me manteram sentada, porém meu tronco estava caído para o lado por causa da força do tapa. Meu cabelo cobriu meu rosto e assim, escondeu a lágrima que escapou de meus olhos.

Eu estava farta de tudo aquilo!

Levantei meu tronco lentamente ignorando a dor latejante em minhas costelas por causa da infecção que me matava a cada segundo.  Meus olhos focaram nela, a qual estava me encarando seriamente tentando compreender qual seria meu próximo ato. Ela era uma covarde, me prendera com correntes para aproveitar o fato de eu estar vulnerável e sem qualquer chance de responder à suas formas de me agredir.

Lilian hesitou em dizer qualquer outra coisa, sua expressão estava neutra – nem irritadiça e muito menos alegre. Confusa, continuei encarando-a séria a espera de qualquer outro ato.

- Você é uma covarde. – falei lentamente repetindo meus pensamentos. – Covarde, doente e repugnante. Você é um monstro, Lilian.

Isso, com certeza, fora o estopim para Lilian.

Sabendo que eu havia ido longe demais, esperei pelo próximo passo e como ela me atacaria. Fechei os olhos sentindo-me melhor por finalmente tê-la encarado e falado tudo o que sempre quis. Eu me sentia em paz, poderia morrer finalmente sem nenhuma nada em mente.

Abri os olhos lentamente a tempo de ver o punho de Lilian ainda no ar, entretanto, quando estava prestes a me acertar, fora impedida por outro pulso segurando-a antes que pudesse me atingir. Não consegui conter o choro a ver a pessoa que eu mais amava no mundo encarando furiosamente Lilian, o olhar de caçador voltara mais uma vez em seu olhar.

Sam me salvara.

- Não toque nela. – esbravejou lentamente Sam. – Nunca mais toque um dedo nela!

Sam concentrou sua força diretamente nas mãos, jogando Liliam com toda a força para o lado, fazendo com que ela atingisse friamente o chão. Não havia realmente a ferido, apenas a tirado do caminho para que não tentasse me esbofetear novamente.

Os seguranças avançaram tentando impedir Sam, porém duas pessoas apareceram repentinamente da escuridão e os bloquearam com chutes. Jonah e Roman avançaram sobre os seguranças, desviando de seus golpes e os acertando sem nenhuma dificuldade. Um deles tivera problemas com Jonah, quem rolou no chão fugindo de uma cadeira que o segurança tentara acertar ele. Quando voltou a se levantar, Jonah conseguira roubar a cadeira das mãos do segurança e o atingiu bem na cabeça.

O segurança desabou no chão desacordado.

Roman repetira o ato de Jonah rapidamente, porém, usando as próprias mãos para deixar o segurança grande e gordo desacordado. Juntos, derrubaram o homem e comemoraram ao perceber que não havia mais nenhum além dos dois.

Bem atrás deles, Jesse surgiu do nada carregando uma chave. Ela sorria abertamente ao ver que eu ainda estava viva, veio até mim tirando o cabelo de meu rosto e vendo o quão feliz eu estava por vê-los ali.

Sam segurou Liliam no chão sem deixa-la com chances de escapatória, colocando-a sentada e presa por uma corda que ele mesmo trouxera. Jes pegou a chave e conseguiu abrir minhas correntes, livrando-me do aperto nos braços. Como eu já sabia, as correntes deixaram marcas e cortes em meus pulsos, mas nada que não pudesse melhorar no futuro.

Dei a volta na cadeira correndo na direção de Jesse e abracei minha amiga feliz por estar com todos eles ali, me salvando. Segurei-a com força não conseguindo impedir que lágrimas escapassem de meus olhos e os soluços causados pelo choro. Jesse também chorava, porém em silêncio deixando-me apenas me sentir salva por um momento.

- Obrigada. – murmurei no ouvido de Jes, quem apenas sorriu de volta.

Olhei na direção de Sam no chão, ele forçava o corpo de Liliam contra o concreto enquanto observava Roman e Jonah colocando os seguranças completamente desacordados para fora da sala, puxando-os pelos braços. Ele tinha a famosa expressão de caçador nos olhos, o que me fez lembrar da primeira vez que o vi.

Meu garoto da camisa 9.


Roman certificou-se que os seguranças estavam mesmo desacordas e, ao lado de Jonah, veio até mim um pouco preocupado por minha aparência desgastada e doente.

- Mel, você está bem? – perguntou. – Você não está com uma cara muito boa.

Jesse deu um tapa em sua cabeça.

- Isso, sua besta, diga para ela que ela está mal! – repreendeu de forma sarcástica.

Rindo daquela cena, pensei no que poderia responder a Roman. Se eu dissesse que estava bem, estaria mentindo a ele, mas também não poderia contar sobre meu estado. Eu estava morrendo, a infecção se tornara grave e se alastrava por todo meu corpo, derrubando-me aos poucos.

- Eu... estou.- forcei um sorriso. – Ela só me bateu, mas estou bem.

Roman pareceu satisfeito com isso e voltou-se para Sam e Liliam no chão. Ela lutava contra ele, claro, sem nenhum resultado, pois os braços fortes de Sam a seguravam com firmeza contra o chão. Ela não poderia ser deixada normal, apenas presa, porque não era confiável, poderia atacar com qualquer coisa.

- O que faremos com ela? – perguntou Jonah apontando para Liliam. – Tem um posto policial há algumas horas daqui e...

- Eu vou mata-la aqui mesmo! – interrompeu Sam, a voz tomada pela raiva, pronto para fazer isso mesmo. Eu não duvidava. – Não vão prendê-la, ela tem que morrer!

Sam estava tomado pela fúria, com raiva dela por ter me sequestrado e, mesmo sabendo de meu estado deplorável, simplesmente ainda tentara me matar. Eu sentia tanto ódio por ela quanto Sam.

Alguma coisa me fez parar o que estava fazendo ou pensando. Sam não podia mata-la, ela era a única prova viva de que havia maltratado milhares de alunos e pronta para matar qualquer um que aparecesse em sua frente. Sem  ela, ninguém nunca acreditaria em tudo que passamos por quase dois meses naquele maldito internato.

- Sam, - chamei-o tocando de leve seu ombro. Ele se encolheu ao meu toque, voltando o rosto de lado na minha direção. Olhando-me apenas de rabo de olho. – não pode mata-la. Ela é nossa única prova viva, pense bem. – ele não havia se acalmado, mas a respiração pareceu mais lenta e normalizada. – Sam? Não pode mata-la.

Ainda ofegante, Sam começou a controlar sua respiração até que ficasse mais calma. Aos poucos, Sam soltou as mãos, as quais antes estiveram presas ao redor do pescoço de Lilian para mata-la de uma vez. Ele parecia mais controlado, porém, seus olhos de caçador ainda encaravam Lilian de uma forma tomada pelo ódio que ele sentia por ela.

Em meio à aquilo, senti uma pontada de dor no lugar onde levei a facada, coisa que me obrigou a me contorcer e por sorte, ninguém percebeu. A dor era aguda e latejante, voltando a acontecer mais duas vezes, porém ainda mais fortes do que a primeira.

E dessa vez, Jesse viu.

- Mel, o que foi? – ela veio até mim, tocando-me no ombro que eu usava para me apoiar na parede gelada. Ela viu que uma de minhas mãos estava colocada sobre o ferimento e franziu o cenho. Pegou de leve a barra de minha blusa e a ergueu rapidamente e tudo que percebi foi seu espanto. – Meu Deus!

Isso chamou a atenção de Roman, Jonah e inclusive Sam, quem se virara mesmo estando segurando Liliam. Olhei para baixo temendo o pior – estava com uma vermelhidão gigante na região das costelas e descia até minha cintura. Estava muito pior.

Jesse ficou ainda mais desesperada que o normal, notando a forma surpresa que Roman e Jonah ficaram ao ver que minha infecção estava se alastrando por toda minha cintura.

Tremendo, meus olhos se desviaram para Sam, quem se esquecera completamente de Lilian para me encarar com os olhos repletos de dor. Ele se aproximou de mim, lágrimas já enchiam seus olhos enquanto ele observava o ferimento em minha cintura, onde Jesse segurava minha blusa, a qual antes o tapava.

- Melanie... – sussurrou ele deixando que a lágrima caísse. – Você está morrendo.





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Notas finais do capítulo

Isso é tão triste, acho que é uma das partes que eu mais chorei escrevendo :c



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