O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Vão começar minhas partes preferidas do livro *-* espero que gostem!
Beijinhos e boa leitura!



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Jes franziu o cenho lançando-me um olhar indignado.

- Então... vocês querem enganar  Liliam? – Jes e Roman se entreolharam, provavelmente não acreditando no que estávamos dizendo.

Eu e Sam tínhamos a noção de que era loucura, mas era aquela loucura que poderia dar certo e nada mais.

Nós dois estávamos sentados em minha cama, enquanto Roman numa cadeira perto da janela e Jes sentada na sua. Roman passava as mãos no cabelo quando estava nervoso e fazia exatamente isso naquele momento – era presente em seus olhos o fato de que ainda não acreditava em tudo que fizemos, apenas para conseguir uma fortuna escondida há anos. Para ele, tudo isso era novo, ele nem fazia a menor ideia de que passamos por tudo isso por tantos dias. Chegou a ficar assustado quando eu disse sobre a ameaça sobre Jes e como ela tinha um desejo enorme por vingança.

Respirei fundo arrumando palavras para continuar com nosso plano, porém elas não me apareciam, na verdade, parecia mais que as palavras escapavam de meus lábios como se dissessem: Não.

- Sam, você já pensou que se isso der errado... – Jes mordeu o lábio. – Melanie pode morrer?

Sam se mexeu desconfortável ao meu lado. É claro que ele sabia disso, mesmo não querendo admitir. Liliam dissera que só me deixaria viver se nós mostrássemos a ela onde estava fortuna, mas enganá-la era a melhor forma de dizer: Me mate agora!

Toquei a mão livre de Sam a qual ele se apoiava e sorri tentando mostrar a ele que estava tudo bem. Porém não estava. Eu sentia o medo tomando conta de mim por saber que talvez não saísse viva daquela noite e isso, estava me deixando apavorada, mais do que imaginei que estaria naquele dia.

- Sim. – disse ele ao meu lado, a voz apagada pelo medo assim como eu. – Mas nós vamos conseguir. Nós vamos acabar com os planos de Liliam. - ele me encarou, pude ver o brilho apaixonado em seus olhos, o que me tranquilizou. – Nem que essa seja a última coisa que eu faça.

Jes suspirou.

- Isso foi muito fofo, mas ainda tenho minha opinião do quão loucos vocês dois são, ok? – disse ela num tom de brincadeira. – E mais uma coisa, se vão envolver Roman nisso, podem acreditar que vai dar em merda.

Roman arregalou os olhos encarando Jes de uma forma indignada.

- Ei! – reclamou ele. – Eu vou ser útil, fiz algumas aulas com um lutador profissional para defesa pessoal. Eu morava em um bairro perigoso, fiz isso para me sentir melhor.

- Viu, Jes? Parece que Roman não vai ser tão inútil. – obviamente, disse aquilo apenas para irritá-la, o que funcionou.

- Bom, então vamos tentar. Espero mesmo que isso dê certo. – murmurou ela levantando-se e saindo do quarto sem dizer mais nada.



Coloquei o porta retratos com uma foto minha e de minha mãe bem ao lado de minha cama. Havia outras em que meu pai também aparecia, mas não consegui encontra-las. Fiquei algum tempo apenas encarando aquela foto tentando achar uma explicação para o que estava acontecendo em minha vida Tudo havia mudado num piscar de olhos, assim como meu futuro, que mostrava claramente que não seria mais o que eu esperava. Respirei fundo tentando colocar meus pensamentos em ordem, exceto pelo fato de que eles se misturavam mais ainda, não querendo permanecer como estavam.

Pensei em mandar um recado para minha mãe – não que ela realmente conseguisse ler uma mensagem em seu aparelho celular, pois isso era meio que um “caso impossível” para ela – pois assim me sentiria melhor.

“Mãe, precisamos conversar. Sei que prefere me ignorar até eu me formar aqui, mas preciso mesmo dizer uma coisa. Se eu não ligar mais... amo muito você, não importa o porquê de ter me colocado nesse lugar. Vou sentir saudades. – Melanie.”

Mordi os lábios ao reler a mensagem. Ok, não era exatamente a mensagem mais afetuosa que alguém poderia mandar à própria mãe, porém estava bom. Precisava que ela soubesse apenas o essencial, de que poderia haver uma possibilidade de eu não voltar mais para casa.

 Arrumei algumas coisas de meu quarto e fui para onde Jes, Roman e Sam me esperavam. Havíamos combinado de nos encontrar na quadra de futebol, onde Liliam não desconfiaria, já que Sam jogava.  Devo admitir que aquele não foi o melhor plano que eu e Sam já havíamos inventado, mas era o único em nossa mente. Além de nos preocupar com a fortuna, ainda teríamos que nos preocupar com os alunos desaparecidos.

Quando cheguei na quadra, eram exatamente 23h e 40min, faltavam apenas 20 minutos para a meia noite, hora exata em que teríamos que entregar a localização da fortuna a Liliam. Jes batia o pé de forma impaciente enquanto me esperava, já Sam, exibia o olhar de preocupação a me ver tremendo – tanto do frio, quanto pelo medo.

- Por que demorou tanto? – indagou Roman com as sobrancelhas franzidas. – Está congelante aqui fora.

- Estava me preparando para morrer. – falei com a voz carregada de sarcasmo. Ele abaixou os olhos, parecia que havia entendido. – Estão todos prontos?

- O que? – Jes franziu o cenho. – Eu e Roman vamos também? Liliam não vai gostar disso, vai achar que nós dois podemos entrega-la! Não viu o que aconteceu com Charlotte? Ela sabia de tudo e agora, está com todos os alunos sequestrados sabe-se lá onde!

- Vocês têm que ir conosco. – Sam cruzou os braços. Sua respiração fazia traços no ar gelado, mostrando o quanto a temperatura caíra naquela noite. – Fazem parte do plano.

- Então vamos logo antes que eu congele aqui fora.

Roman já ia na direção do internato sem nem ao menos questionar sobre o fato de estar num perigo no mesmo nível do meu.

Juntos, seguimos para dentro do internato na direção da parte mais sombria dele, onde estava a sala de Liliam, a qual me fazia ter pesadelos muitas noites seguidas. Passamos por algumas salas de aula até encontrarmos a porta da sala dela, a qual havia dois homens altos parados extremamente sérios cuidando para nenhuma invasão. Ao nos verem, um deles fez um sinal para que o outro abrisse a porta. Ao escutar o ruído da porta de madeira, senti minhas pernas tremerem.

Era agora ou nunca.

Quando entramos todos juntos na sala de Lilian, a encontramos sentada confortavelmente em sua cadeira de couro com um terrível sorriso maldoso estampado em seus lábios pintados de vermelho.

- Mas olhem só o que temos aqui. – disse ela alto. – Sabem como serem pontuais. E trouxeram... – seu olhar mudou, alternando entre Roman e Jes, quem pareceram surpresos com a forma assustadora com que ela conseguia pôr em seus olhos. – O que eles estão fazendo aqui?!

A última frase fora como um grito, fazendo-me dar um passo para trás.

- Eles nos ajudaram a encontrar a fortuna. – falei. - Vieram provar que não contarão a ninguém o que sabem.

Aquilo estava no plano, tínhamos que fazer Liliam acreditar que Roman e Jes eram apenas peças chave.

- E como pretendem me provar isso? – ela caminhou calma e lentamente na direção dos dois, os quais permaneciam estáticos apenas a acompanhando com os olhos. – Palavras não provam nada.  – ela se virou de repente na minha direção. – Onde está a fortuna, Srta. Overton? Estou cansada de ter paciência, quero aquele dinheiro em minhas mãos agora mesmo, e ao menos que tenha uma boa desculpa para a demora, me dê uma boa razão para não mata-la agora mesmo.

Sem hesitar, apenas sentindo sua respiração ofegante perto de meu ombro, arranquei um papel de meu bolso e coloquei-o sobre a mesa dela. Se Liliam fizesse o que estávamos esperando, teríamos uma chance.

Ela me olhou um pouco desconfiada, porém, voltou-se até o papel dobrado e o analisou sem abri-lo.

- O que é isso?

- O mapa de onde está o dinheiro. – respirei fundo lembrando do que combinamos. – Ai está explicado detalhadamente de como encontrar o dinheiro sem precisar resolver nenhum dos problemas impostos por meu pai. Fizemos um mapa resumido de como encontrar a fortuna. – retomei o fôlego. – Em questão de minutos, irá encontra-la.

Liliam arqueou as sobrancelhas claramente surpresa por nossa engenhosidade, mesmo por ela ser “falsa”. Claro, aconteceu tudo conforme o plano, Liliam não abriu o papel e nos liberou, dizendo que não faria mais nada e que estaríamos livres. Bom, não que eu realmente acreditasse nisso.

Saímos de sua sala com cada movimento nosso sendo acompanhado vagarosamente pelos dois seguranças parados à porta. Quando nos distanciamos deles, não consegui conter um sorriso de orelha à orelha.

- Deu certo. – murmurou Sam baixo demais perto de meu ouvido.

Senti o olhar dos seguranças e de Liliam praticamente queimando minhas costas e admito que fiquei com medo por um instante. E se ela atirasse em mim pelas costas? Balancei a cabeça tentando despistar o pensamento negativo e voltei a andar em direção a porta.

- Esperem! – ouvimos Lilian berrar de sua sala. Sua voz estava carregada de ódio mortal.

 O choque tomou conta de mim e tudo que pude fazer foi virar na direção de sua sala, a qual a porta continuava muito bem aberta.

Aquela maldita abriu o papel antes da hora.

- Peguem eles agora, seus inúteis! – a ouvimos novamente berrando e com certeza, apontava na direção da porta e para nós no corredor.

Na verdade, aquele era o mapa antigo que meu pai fizera com todos os enigmas sem serem desvendados e apenas escrevi no centro: “Ainda não, sua velha!”. Claro, aquilo atiçou ainda mais a raiva de Liliam, mas fora uma boa vingança por ela ter matado meu pai.

Aquela cena foi mais em câmera lenta – quando comecei a correr dos seguranças e quando acabei por me separar de Sam, Jes e Roman. Senti que um dos seguranças ia exatamente em minha direção, enquanto o outro corria na direção contrária atrás dos três. Ouvi a voz desesperada de Sam gritando meu nome quando percebera que eu não estava ao seu lado. Aquilo foi terrível de se ouvir, porém foi um choque de realidade para eu perceber que precisaria me virar sozinha. Aumentei minha velocidade quando chegamos em um corredor reto, sem nenhum obstáculo para me impedir, entretanto o homem era muito maior que eu e extremamente mais veloz. Alcancei uma mesa colocada encostada na parede e consegui jogá-la para o lado, retardando o avanço do segurança. Essa ação me deu mais vantagem sobre ele e alguns metros a mais para poder dobrar uma esquina do corredor em direção ao dormitório feminino.

- Melanie! – ouvi a voz de Jes quando passei pela porta do dormitório feminino e fechei-a, mesmo que isso não ajudasse muito. Ela parecia distante, provavelmente do outro lado do dormitório.

Bom, aquele lugar ser um verdadeiro labirinto estava me ajudando muito naquele instante, pois consegui despistar o homem em apenas alguns segundos. Deixei que meu corpo deslizasse pela parede sentindo a exaustão tomar conta de meus sentidos, até que me sentei tentando retomar o fôlego.

Mas ao sentir sua presença, senti meu sangue congelar.

- Achou mesmo que poderia escapar? – disse Liliam parada a poucos metros de mim encarando-me com aqueles malditos olhos assustadores.




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Notas finais do capítulo

Caramba, essa mulher não cansa?! PQP!