Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 13
Capítulo 13- Confidente


Notas iniciais do capítulo

Está para vir o dia em que eu escreverei um dia sim e outro... Também! Acredito que tudo tende a ser criado de alguma inspiração, excitação, ou até imaginação. E, destes ãos, podem ter certeza de que todos serão encontrados em minha história. Mas admito que alguns capítulos iniciais foram totalmente complicados de escrever (esse capítulo 13 é um exemplo). Só de lembrar que tinha que lhe escrever ficava nervosa e já pensava no tal final, o que me deixava mais nervosa ainda. Aliás, ansiosa seria a palavra melhor reformulada para esse tipo de questão.
Seja o que for, espero que gostem deste, pois acabei gostando do 13 bem de última hora, praticamente, nas palavras finais.
Porém, tenho um pouco de esperança de que com vocês talvez seja diferente... Ou não (hahah)
Tá bom! Chega de amarrar vocês aqui, hora de fazer o que mais tem de melhor: Ler.
Mil e um beijos e obrigada por estarem aqui.



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-Drew! Drew! – Desirée vinha correndo até minha direção. – O que foi aquilo? Como você fez aquilo? Caramba, você tem noção do que acabou de fazer? – ela ria, enquanto se exaustava com as palavras.

- Certamente, ainda não acredito no que acabou de acontecer. – ri ao lembrar. – Mas e você, o que está fazendo aqui? Achei que tivesse ido almoçar.

- Ah, sim! Eu achei melhor Ed pegar os lanches ao invés de almoçarmos lá. Afinal, ninguém quis nos acompanhar. – disse propositalmente.

- Ah, sabe como é... A dança não poderia esperar. – usei esse argumento como desculpa.

- Vamos lá, meninas! Hora do treino!- gritava a treinadora.

Então, Desi e eu fomos até a pista para alongarmos. O resto do treino ocorreu muito bem, apesar das implicâncias e deboches de Sophie, a dança fora melhor do que eu havia esperado. Aos poucos, eu conquistava a amizade de cada uma. Muitas delas me pediam conselhos e até perguntavam sobre como fora estar naquela equipe invencível. Eu ficava sem graça aos elogios, era muito legal da parte delas saber dessa admiração até porque não sou nenhuma atriz ou cantora famosa.

Desirée atrapalhou meus pensamentos com seu cutuque em meu ombro, chamando-me para irmos embora. Apenas concordei com a cabeça e seguimos para nossos próprios quartos. Ao chegar em meu aposento, fui direto para o banho, não conseguia ficar mais de cinco minutos naquele estado deplorável de suor.  Ao terminar, enrolei-me em minha única toalha à vista: da Barbie, a qual eu havia ganhado com 7 anos de idade.

Meu nível de amadurecimento impressionava, pensei.

Arrumava as coisas do meu quarto, enquanto estava somente de toalha em volta de meu corpo. Ficar seminua em casa não me parecia ser algo constrangedor, aliás, eu adorava ficar apenas com as roupas íntimas, era bem mais confortável do que os pijamas.

Antes que eu pudesse mudar de ideia e vestir uma roupa, alguém havia batido na porta. Desirée deveria ter esquecido alguma coisa em minha mochila enquanto estávamos no treino. Fui diretamente à porta e quando a abri, nem me dei por responsável para ver quem era.

- Desi, não tive tempo para olhar em minha mochila se você esqueceu alguma coisa. Acabei de sair do banho, como você pode ver. – disse de costas para a porta.

- É, eu reparei. Mas, não sou a Desi. – quando ouvi aquela voz, parei imediatamente o que estava fazendo e me virei lentamente para que as minhas expectativas se confirmassem.

Era Morin.

E eu estava, somente, de toalha.

- Morin? Nossa... Hã... Que susto! Hã... Entre! – disse, embaralhando-me com as palavras.

- Eu volto outra hora, você deve estar ocupada... Eu cheguei em um péssimo momento, desculpa. – respondeu, afastando-se da porta.

- Não! – gritei. Um grito tão impulsivo que até ele havia paralisado. –Quero dizer... Fique! Eu não estava fazendo nada. – fui sincera.

Meio sem graça, ele havia finalmente entrado no quarto. E eu não estava acreditando no que eu havia acabado de fazer.

- Tudo bem! Agora que você entrou, vire-se. –disse girando o dedo em sentido horário.

- Virar? Para quê? – ele perguntou após não ter entendido minha reação com os dedos.

- Ah, nada... Apenas porque eu estou só de toalha na sua frente, fora esse pequeno detalhe, mais nada. Vamos! Vira logo. – ele riu de minha resposta e virou-se como eu havia pedido.

-A propósito, sua toalha é da Barbie? – ele disse olhando para a porta.

- É... E eu falei para você virar, seu idiota – disse após as suas nítidas gargalhadas.

Dei outra conferida para ver se ele não estava olhando e então tirei a toalha. Sim, eu estava completamente nua a poucos centímetros de Morin. Mas no fundo, eu sabia que não me importava. Eu confiava nele.

E, sei que ele confiava em mim.

- Pronto. – disse tirando os cabelos que ficaram dentro da camiseta.

- Camiseta do Ursinho Pooh? Não me diga que você também assiste Peter Pan? – caçoou após sentar na cama.

- Vai à merda! – disse rindo, fazendo-o rir também. – Mas e você, tudo bem? Você sumiu a tarde inteira. – preocupei-me.

-Ah, estou bem sim. Só tive que resolver alguns problemas, mas está tudo bem. Aliás, trouxe um Croque Monsieur para você. – ele disse, tirando a torrada embrulhada em uma sacola que eu nem havia notado presença.

- Para mim? Nossa, obrigada! Estou morrendo de fome. – e peguei o Croque Monsieur de suas mãos.

- É, passei no Monoprix há pouco tempo. Achei que fosse querer. – e sorriu timidamente. Ele era lindo. Absurdamente lindo. Mais do que lindo: hipnotizante. Aqueles olhos, os cabelos, os lábios, era impressionante o quanto tudo combinava. Mais impressionante ainda, era o quanto ele se importava, ou como ele se lembrava de coisas tão simples, como dar a alguém uma torrada.

Claire era uma menina de sorte, pensei.

- Drew. – ele chamou. Atrapalhando meus pensamentos.

- Diga. – eu respondi.

- Ainda não entendi o porquê de você ter vindo para a França. – ele disse pensativo.

- Ah... –suspirei. – É complicado...

- Não precisa falar se não quiser. – ele me alertou, olhando seriamente para mim.

- Na verdade, é bem simples... Meus pais me deram essa viagem como presente para minha formatura, mas eu teria de completar os estudos e cursar minha faculdade aqui. – expliquei.

- Não parece ser tão simples assim para você. – ele concluiu.

- O que quer dizer?

- Quero dizer que... Toda vez que alguém fala da sua saída, ou sobre a Inglaterra você fala de uma forma desanimada. Parece até que não gosta daqui.

- Não, eu gosto daqui. Só estou tentando me acostumar, entende? Eu tinha tudo na Inglaterra. Amigos e família, os quais sempre estiveram por perto. Mas agora é diferente. Parece que não tenho ninguém. – disse entristecida.

- Você tem a mim. – ele deixou escapar. Por um movimento involuntário, eu o olhei dentro de seus olhos e, voluntariamente esse olhar se tornou em um sorriso tímido e agradecido. – Quero dizer, você tem a mim, a Desi e até Ed. - corrigiu-se.

- Obrigada, é bom saber disso. – disse estalando os dedos, para que não fosse necessário nenhum tipo de toque entre nós, pois o choque elétrico de emoções estava borbulhando em meu estômago. – Você deve estar me achando uma mimada. – ri com os olhos.

- Talvez achasse se não tivesse passado por isso também. Sabe como é... Todo mundo têm uma insistente mania de julgar sem viver a experiência, sem se por no lugar do outro. – revelou.

- Você já passou por isso? –perguntei.

- Infelizmente. – disse entristecido, enquanto brincava com o papel de embrulho em seus dedos.

- Nossa, eu jamais pensaria que você passou por isso. Quero dizer, você tem cara daquelas pessoas que nasceram em berço de ouro, as quais visitam vários lugares do mundo todos os anos e que têm generosos pais que decidem fazer você se formar em alguma escola estrangeira na França. – disse, fazendo-o rir de minha colocação.

- Na verdade, eu sou adotado. – disse, fazendo-me engasgar com o último pedaço de torrada já posto em minha boca.

Por um momento, sentia-me um lixo. Eu realmente achava que a minha vida fosse difícil. Que minha situação era inexplicavelmente desagradável. E que tudo que se relacionava à Morin fosse absolutamente perfeito.

-Meu Deus... Desculpa! Foi só uma brincadeira, por mais sem graça que tenha sido... Eu jamais... – explicava-me.

- Tudo bem, Drew. Não se preocupe, não fico ofendido tão fácil. – ele riu de si mesmo.

- Acho que você não deveria me falar mais nada. Sou completamente insensível. – propus arrependida de meu comportamento.

- Calma aí, fresca. Não se julgue até porque você não sabia... E não é tão ruim quanto parece, só é... Complicado. – admitiu seriamente.

- Quer continuar? –perguntei, preocupada se ele iria aguentar falar de sua infância para mim. Porém, ele apenas deu de ombros e prosseguiu com a história.

- Fiquei até os sete anos em um orfanato na Escócia. Lá não era ruim, a única coisa que realmente incomodava era você pensar que passaria o resto da sua vida lá dentro. Eu já não ficava mais traumatizado, ou tinha esperanças que meus pais iriam voltar e me buscar. Somente, esperava e fazia de tudo para não perder o controle, como muitas crianças naquele lugar. –suspirou. – Mas depois de 7 anos, passando Natais e Ano novos sozinho, a minha mãe me escolheu e me acolheu. Deu carinho, aconchego, comida e tudo o que uma mãe poderia dar de melhor para o seu filho. O único problema é que ela trabalhava demais e sempre que eu me acostumava viver em algum lugar, tínhamos que viajar ou trocar de lar. Com 16 anos, emancipei-me. Acredito que ela tenha ficado chateada, afinal, eu era a única pessoa que sempre esteve ao lado dela, mas fui sincero ao dizer que queria viver em um lugar só. Eu não tolerava mais conhecer e abandonar pessoas pelo caminho. – desabafou. – Ela concordou com a emancipação, mas disse que continuaria pagando o meu ensino até que eu me estabilizasse de verdade.

- E então você escolheu vir para França? – perguntei.

- Sim! Ela ficou bem emocionada por eu ter escolhido justamente aqui, já que foi o país onde ela nasceu. – orgulhou-se.

- Nunca se interessou em saber quem eram seus pais biológicos?

- Eu não sei absolutamente nada sobre minha mãe, mas conheço o meu pai. Se é que posso chamar aquilo de pai. – bufou. – Ele não dá à mínima.

- Sinto muito. – pus minha mão sobre a sua e nossos olhos escorregaram-se para a tentação novamente. – Quando você precisar desabafar, ou quando quiser somente alguma companhia, quero que você saiba que... Pode contar comigo. – eu teria parado nesse momento milhares de vezes para retratar cada detalhe. Seja lá o que for esse sentimento, eu tinha certeza de que era especial.

- Obrigada, Drew! De verdade. – ele finalmente respondeu.

Ficamos em um silêncio meio constrangedor. Não que tivesse acabado o assunto, mas que não tínhamos certeza do que seria certo a ser dito nesse momento. Até que uma simples dúvida apareceu, de repente, em minha mente.

- Morin.

- O quê?

- Quero que você saiba também que Desi e Ed nunca me contaram nada. Pode ter certeza de que eles são de extrema confiança. – garanti.

- Bem... Eles não sabem. Na realidade, ninguém sabe. Apenas você! – disse, encarando suas botas.

 E eu nada respondi. Um sorriso dentro de mim se formava. O maior deles, eu garanto. Eu estava feliz. Feliz com a sua presença, feliz com a sua amizade, feliz por ele, de repente, ter cruzado em meu caminho. E admito que seja estranho.

Mas mais estranho que isso

Era que ainda estávamos de mãos dadas.


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Notas finais do capítulo

Awn!
O amor é.... Ih, só capítulo 14 para descobrir.
Hahah
Beijo



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