15 de Dezembro de 1188 – velha cabana

Mesmo depois de tomar, minha sede não acabava, eu precisava de mais, de cada vez mais.

Me levantei e agora sozinho, gritei para que alguém me trouxesse mais, mas ninguém, literalmente ninguém me respondia, eu não conseguia ouvir nada.

Após praticamente uma hora, o sol começou a invadir minha cela, meus olhos queimavam toda vez que eu tentava olhar pela janela.

“Seus olhos estão queimando?”

“Como você sabe?”
“Toma coloque isso”- ela me entregou uma espécie de óculos com lentes escuras.

“Oque é isto?”

“Justamente o que você acha, nós podemos fazer coisas que você não imagina e nunca imaginaria, em breve você se juntará a nós, só precisamos de vinte e quatro horas para mudarmos o seu futuro e o futuro de todos nós”

E em um piscar de olhos ela sumiu, no meio do nada ela desapareceu.

Coloquei os óculos e realmente me ajudaram a ver durante o dia, a permanecer, pelo menos, com os olhos abertos. Isso tudo é uma novidade para mim, e sinceramente eu estou assustada com tudo isso, nunca passou pela minha cabeça que um dia eu me juntaria a pessoas que me fizeram mal, que me sequestraram, mas o pior é que eu estava gostando.

Eu gostei de beber o sangue, gostei de me sentir mais forte assim que eu tomei, gostei de ser torturado e forçado até eu tomar a bebida que eu tanto gostei.

Minha vida sempre foi certinha, cheia de regras, cheia de problemas, e agora eu posso desfrutar da minha vida, eu sou mais forte do que antes, eu me sinto mais forte e ninguém irá me derrubar, simplesmente ninguém.

Um grito ecoou através do extenso corredor que antes eu não havia prestado atenção, um grito de dor, um grito feminino de pavor, era a garota que estava apavorada durante a noite e hoje, pouco tempo antes, havia me aconselhado a parar com o sofrimento e obedecer a eles, agora, neste mesmo momento, estava sofrendo nas mãe deles.

Eu serei o próximo, o próximo a emitir este mesmo grito.

Mais pessoas chegaram, irão dividir a cela comigo, uma criança e uma mulher, exatamente como eu, eles foram jogados na cela sem explicação alguma, eu ouço o coração dos dois baterem descompassados, morrendo de medo.

Que vontade de ataca-los e enfim conseguir o que eu quero, o sangue de um humano, isso é o que eles provavelmente me deram pois tem o mesmo cheiro do que estes dois humanos, do que estes dois ao meu lado.

Me encolhi em um canto, longe deles, tenho que me concentrar e me controlar, eu não posso mata-los, não posso.

O que fizeram comigo?

O que eu virei?

Essas coisas não existem, lendas não existem!

Isto é imaginação minha ou provavelmente eu estou sonhando, como os outros pesadelos que eu tive.

“Não, você não está sonhando, isto aqui é real, é o nosso mundo e em breve o seu também!”