Derek e Andrews preparam o necessário para a “reunião” que teriam com Emanuel Cantini. Ambos pareciam transtornados naquele momento. Derek pelo que acontecera com Layane mais tarde e Andrews por ver que seu plano poderia estar em risco. A raiva definitivamente não era um sentimento que fazia bem a eles. Se em dias normais a personalidade forte dos rapazes já era um problema, conversar com qualquer um deles em um momento de irritação era com toda certeza estar buscando uma forma dolorosa de suicídio.

Derek dirigiu o carro com maestria. Ele descontava a “raiva momentânea” que sentia de si mesmo, passando por cima de todas as regras de transito que eram conhecidas. Por puro azar, ou talvez ironia do destino, as manobras desenfreadas do rapaz acabaram por chamar a atenção da policia. Uma viatura se encontrava fazendo uma ronda de rotina como sempre era de costume e dentro dela um único policial estava, visto que era a hora de almoço do seu colega de trabalho. Emanuel Cantini andava preocupado de mais ultimamente a ponto de deixar passar muitas coisas despercebidas, mas nem um cego conseguiria ignorar a forma como Derek conduzia o carro pelas ruas. Dentro do veiculo Andrews apenas revirava os olhos a cada nova curva fechada que o amigo passava a kilometros desnecessários. Já era de costume que Derek extravasava as emoções de maneira bastante “surreal”, mas era sabido para ele também que o rapaz em era excelente naquilo também, e não os colocaria em perigo.

O barulho da sirene fez Derek sorrir de canto e acelerar ainda mais. Ele viu que em questão de segundos a distancia do seu carro para o carro do policial já era enorme e dessa forma ele despistaria o homem em poucos minutos. Mas não era isso que ele queria e Andrews percebeu a intenção do amigo assim que viu ele diminuir a força com a qual pressionava o acelerador.

–Sério Derek?_Andrews perguntou sorrindo._Vai dar o gostinho pro cara só pra depois fazer ele comer mais poeira?

–Como adivinhou?_Derek respondeu com sarcasmo sem desviar os olhos da pista.

Ambos viram o carro se aproximar, mas o que chamou a atenção deles foi quem dirigia o veiculo que os perseguia com tal afinco. O homem velho e de aparecia cansada era Emanuel Cantini, que se sobressaltou assim que viu Derek abaixar o vidro do carro e revelar assim quem estava lá dentro. Andrews trocou rápidas palavras com Derek e esse logo fez sinal para o policial encostar a viatura. De longe, quem visse a cena, acharia no mínimo um tanto quanto cômica.

–O que vocês pensam que estão fazendo?_Emanuel perguntou exasperado assim que saiu do carro e encontrou os dois jovens.

–Brincando de pique pega com você, pode ter certeza que não é._Derek respondeu e Andrews revirou os olhos.

–Acredite cara, nenhum de nós queria estar aqui._Andrews se pronunciou com uma expressão seria no rosto._Ou talvez quisesse, mas isso não importa. O importante no momento é que eu me lembro de ter dado uma ordem e não tenho visto essa ser cumprida.

–Ora essas rapaz, acha que sou o que?_Emanuel perguntou também assumindo uma postura séria._Pensa que sou algum tipo de imbecil? Vocês podem muito bem estar me enganando, já que a única prova que tive de que minha filha estava viva foi um vídeo que você me mostrou a quase um mes atrás. Já fazem dois meses que não tenho noticias da Janina, e ainda tenho que aturar receber ordens de dois moleques?_O homem cuspiu as palavras com fúria fazendo a raiva dentro de Derek e Andrews crescer ainda mais.

–Agora você acha que está em posição de exigir alguma coisa?_Andrews perguntou antes que Derek desce um tiro na testa do homem a sua frente._Eu fico impressionado, com o tamanho da coragem que existe na família de vocês. Se é que isso pode ser chamado de coragem._O rapaz disse com um sorriso macabro brincando nos lábios._Eu prefiro chamar de burrice, visto que tanto você, quanto a cadela que você chama de filha, resolveram que se acham no direito de me desafiar.

–Talvez o motivo que nos leva a fazer isso, seja o fato de que um moleque com pose de bandido não assustaria nem mesmo a própria sombra._Emanuel disse e um brilho de fúria passou pelos olhos de Andrews._E não adianta fingir que é diferente por que não é. O que leva vocês a pensar que as pessoas com que vocês pensam estar brincando, vão levar a sério dois frangotes que carregam uma arma na cintura e acham que podem ocupar o lugar dos dois velhos vagabundos que mandavam nessa merda toda antes de vocês? Me respondam? Por que a única coisa que eu vejo aqui e agora são dois filhos da puta malcriados querendo brincar de bancar os caras maus.

O homem mal terminou a frase e foi surpreendido por um soco certeiro no canto esquerdo do rosto. Derek tinha os olhos em chamas e Andrews não parecia diferente. Derek se aproximou ainda mais do homem que ainda cambaleava e antes que ele pudesse recuperar o equilíbrio, o rapaz lhe desferiu outro soco.

–Eu não disse?_O Cantini sorria ironicamente com o rosto marcado pelo próprio sangue._Os moleques aceitam qualquer ofensa, mas chamar de “filhos da puta” não pode?_Derek o desferiu mais um soco e com esse derrubou de vez o homem no chão._Isso só mostra o tamanho da infantilidade de vocês._Ele disse e em um movimento rápido sacou a pistola que estava na cintura._E agora meu jovem, o que você vai fazer?_Ele perguntou a Derek que apenas o olhava com uma fúria quase que palpável no olhar.

–Eu acerto um tiro no meio da sua testa antes que você possa pensar em apertar esse gatilho._A voz de Andrews se fez ouvir e fez Emanuel segurar ainda mais firme a arma em sua mão.

–Nem se você fosse homem de verdade você teria a coragem para me dar um tiro seu infeliz._Emanuel disse e Andrews se viu tentando a finalmente dar fim a vida do homem a sua frente._Mas não pense que eu sou incapaz de fazer um furo bem no meio da testa do seu amiguinho, por que eu faço isso assim que me der vontade. E quanto a vocês dois? Parecem mais que amigos. Esse daqui._Ele apontou para Derek com a arma._Parece estar sempre pronto para defender a fêmea. Que vergonha rapaz... Seu pai te mataria se soubesse disso._O velho disse tudo com uma expressão de deboche no rosto, e a única coisa que lhe preservou com vida foi o fato de que era Andrews e não Derek que segurava aquela arma.

Andrews apenas observava a cena atento a qualquer movimentação que Emanuel pudesse fazer. A rua completamente deserta e sol escaldante do meio dia pareciam deixar o cenário ainda mais tenso.

–Eu quero ver a minha filha seu merda._Emanuel voltou a provocar._Ou eu juro que nunca mais cumpro uma ordem sua e antes que você pense em voltar a me ameaçar aqui, eu meto uma bala na testa do seu “parceiro” e pela segunda vez você vai ver alguém que você ama morrer por você não é Andrews?

Andrews adquiriu uma feição ainda mais sombria e Derek apenas conseguia pensar no quão prazeroso seria para ele no fim de tudo poder finalmente dar um tiro certeiro bem no meio do peito daquele infeliz que agora apontava uma arma para ele. Mas Derek sabia também que dependendo das palavras que o velho usasse naquele momento, viria da ama de Andrews a bala que atravessaria o peito do homem.

–Não façam cara de desentendidos..._Emanuel disse tentando se levantar e falhando na tentativa._Eu ainda lembro do quão bonita era a moça que se jogou na sua frente naquela noite._Ele disse e deu uma risada alta._Bonita e burra, já que perdeu a vida por um infeliz que não vale o chão que pisa._E ela era sua irmã não era?_Ele disse apontando para Derek que apenas o encarou de maneira fria._E você ainda protege o homem que fez sua irmã morrer?

–De que merda você pensa que está falando seu desgraçado?_Derek perguntou com raiva contida na voz.

–Não se faça de desentendido meu jovem, eu estava lá. Eu vi o que aconteceu, e na verdade eu até senti um pouco quando vi que no lugar de acertar o coração de quem eu queria eu acertei a desgraçada que entrou na frente._Emanuel disse e antes que tivesse a chance de apertar o gatilho, Derek chutou sua mão e no instante seguinte já o levantava do chão.

–Você não está querendo mesmo me dizer que foi você o infeliz que apertou o gatilho naquela noite não é?_Andrews perguntou assim que se aproximou deles ainda com a arma em punho.

–Fala seu desgraçado, fala._Derek pediu enquanto desferia mais golpes contra o rosto de Emanuel._Fala que não foi você que matou a minha irmã._Ele disse a ultima frase sentindo os olhos úmidos de lagrimas.

–Na verdade eu tenho um arrependimento que carrego desde aquela noite._Emanuel respondeu ignorando a fala anterior de Derek._ Eu na verdade queria ter tido a sorte de acertar a bala em você_Ele apontou para Andrews._e só depois acertar um tiro na garota e em você._Ele disse agora olhando para Derek, que no instante seguinte o jogou com força no chão e tirou a arma que guardava na cintura.

Andrews se adiantou e com força deu uma coronhada certeira que fez Emanuel ficar desacordado.

–Ele matou ela And, foi ele o tempo todo..._Derek disse enquanto chutava o corpo inerte de Emanuel._E ele fez de propósito And..._Ele disse agora deixando as lagrimas guardadas finalmente escorrerem._Eu fui um fraco, Andrews, tão fraco a ponto de não conseguir salvar a minha irmã.

–Você não foi fraco Derek._Andrews disse se segurando para não chorar como o amigo fazia._O único problema era que ela era forte de mais para ser controlada por qualquer um de nós.

Derek olhou para Emanuel e destravou a arma em sua mão. Ele estava pronto para dar o tiro certeiro que ceifaria de vez a vida daquele que arrancou parte da sua, mas nesse momento ele ouviu a voz de seu amigo.

–Não faz isso irmão._Andrews disse tocando no braço dele._Ela não gostaria que você fizesse isso. E nós ainda teremos outra chance, mas por hora ainda precisamos dele.

–Você tem razão._Derek disse abaixando aos poucos a arma que sustentava._E que você pretende fazer agora?

–Dar a ele o que ele pediu..._Ele disse simplesmente dando de ombros.