Eles saíram em silencio do consultório e no instante em que a porta atrás deles se fechou ela viu no rosto de Andrews certo desconforto e de longe notava-se irritação.Se calmo ele era perigoso, nervoso ele poderia ser bastante destrutivo. Algo dizia a Janina que logo ela teria uma demonstração disso.

Andrews fitava Janina com aparente interesse. O rapaz mantinha os dedos de ambos entrelaçados enquanto ainda andava por meio da clinica. Derek conhecia o amigo demasiadamente bem, e por esse motivo não se pronunciou. A irritação era visível nos olhos de Andrews. Até mesmo Layane optou por se calar. Ela conviveu muito tempo com seu pai e se a personalidade masculina raramente se difere uma da outra, era palpável o fato de que o rapaz a sua frente estava no mínimo irritado com algo. Notou também os olhares assustados que a moça lançava a Andrews. Era como se ela houvesse cometido um crime grave e agora estivesse esperando por sua sentença.

Caminharam rapidamente e assim que entraram no carro Andrews observou a todos atentamente. Respirou fundo e sem dizer uma única palavra se dirigiu ao caminho de casa. Seguiram a viagem inteira em silencio e assim que chegaram em casa ele quebrou o silencio.

-A Layane por hoje é de completa e inteira responsabilidade sua. Fez um bom trabalho hoje meu amigo, merece se divertir um pouco._Ele disse lançando um olhar macabro para Derek._Eu preciso ter uma conversinha com a Janina aqui agora._Ele disse puxando a jovem contra si que nem se quer se deu ao trabalho de reclamar._Vamos logo.

Janina reuniu as forças que ainda tinha e caminhou quase que sendo arrastada por Andrews. A casa estava silenciosa e por isso ela concluiu que nada poderia salva-la da fúria de seu algoz.

-Eu me lembro de ter falado com você a uns dias atrás que você deveria obedecer estou certo?_Ele disse a empurrando sobre a cama assim que adentraram o quarto que era dela._Estou certo Janina? Eu quero uma reposta agora._Ele disse alterado assustando a garota que a esse ponto já derramava grossas lagrimas.

-Me desculpe..._Ele disse se encolhendo sobre a cama.

-Te desculpar? Por que eu faria isso? Você acaso faz o que eu peço?_Ele disse se aproximando dela._Eu me lembro que minha primeira ordem para você foi “fique viva” e “mantenha essa criança dentro de você viva” não foi? Sendo assim por que é que você insiste em me desobedecer?_Ele disse puxando com força o rosto dela na intenção de fazê-la olhar para si.

- Eu já tinha anemia antes._Ela disse encarando os olhos dele._Eu tento comer, mas as vezes eu vomito e por isso estou um pouco fraca. Não me culpe por estar tendo problemas na gravidez só por que estou sendo mantida presa por um louco que me mantém sob constante ameaça de morte._Ela disse tudo reunindo as forças que nem se quer tinha.

-Agora a bonequinha acha que está em posição de fazer exigências?_Ele disse com raiva aparente na voz._Você devia me agradecer por ainda estar viva, sua infeliz.Mas parece que não, para você nada está bom nunca. Se não está satisfeita assim, acho que vou ter que te dar um incentivo a mais._Ele disse e dessa vez Janina sentiu que não devia ter desafiado ele.

- O que você vai fazer...? Por favor._Ela sussurrou e ele riu com escárnio.

-Agora é a boa moça outra vez?Agora quer bancar a santinha desafortunada?_Ele disse mais uma vez se aproximando dela._Eu já falei  parte disso ao seu papai, e agora vou falar para você. Eu sei a vadia que você é. Eu sei quem é o pai do seu filho e sei o quão vagabunda você foi para fazê-lo. Eu sei que você é uma fracassada que tenta agradar o papaizinho a todo custo, mas no final é só mais um projeto de prostituta louca para conseguir mais um “cliente”. Me diz uma coisa Janina...O que te levou a pensar que depois de um mês de pegação o cara pra quem você abria as pernas iria se prender a você por causa de um filho? E o pior é que você nem sabe quem ele é. O seu amado Julio, é um drogadinho filhinho de papai que gasta o dinheiro de uma faculdade que ele não cursa só para bancar vadias e comprar as pedras que ele usa todo dia. É só mais um fracassado que agora está trancado em uma clinica de reabilitação por que o papai anda com vergonha dele. E o pior de tudo é que você me olha como se estivesse surpresa. Você não tem que odiar por te manter aqui, você devia me amar por te tirar da vida medíocre e da vergonha de ter que levantar todos os dias, olhar na cara das pessoas e ser quem você é. E ainda mostrar para todos eles o tamanho do fracasso que você alcançou.

Andrews terminou as palavras e olhou Janina se derramar em lagrimas sobre a cama. Se ela um dia antes daquele momento pensou que conhecesse o sofrimento, ele havia acabado de provar a ela que ela estava errada.

-Vamos fazer o seguinte._Ele disse atraindo a atenção dela para si._Você vai levantar desse chão e me fazer pensar que vale apena todo esse esforço que venho fazendo, para caso contrario, eu jogar essa merda toda de plano para o alto e enfiar um tiro na cabeça do homem que você chama de pai, te fazer assistir isso e no final te dar um tiro no meio da testa.

Janina levantou assustada e encarou o homem a sua frente. Sentiu o coração ser arrancado do peito assim que ouviu as palavras dele. Ela em circunstancia alguma deixaria o seu pai ou seu filho morrerem por culpa dela. E foi isso que afez dizer as palavras que mudariam ainda mais a sua vida.

-Eu estou aqui, e estou disposta a fazer o que quiser. Eu sou sua e serei até que não queira mais. Farei o que desejar e te dou minha palavra de que nunca mais irei te desapontar. Só peço que não machuque o meu pai e nem  a mim por enquanto.Assim que meu filho nascer eu posso dar adeus a essa vida e você nunca mais precisará olhar para mim, mas até que isso aconteça eu prometo toda a minha lealdade a você._Ela disse cada palavra sentindo o coração arder dentro do peito.

Andrews arqueou as sombracelhas e sorriu em seguida.

-Vejo que temos um acordo.

No quarto um pouco distante dali Derek segurava Layane pela cintura no intuito de acalmar a garota.

-Me deixa sair daqui Derek, eu preciso fazer alguma coisa._Ela dizia pela enésima vez se debatendo nos braços de Derek.

-Você quer saber..._Ele disse soltando ela._Eu deixo você ir._Ele disse ela o encarou surpresa._Mas antes vem aqui...

Ele disse isso e rapidamente a puxou contra si selando seus lábios. Acariciou de leve os cabelo emaranhados da moça e a viu se apertar ainda mais contra si. Se separou dela e olhou carinhosamente, com um olhar triste para a menina.

-Por que você fez isso?_Ela perguntou ainda confusa.

-Por que eu te dei permissão para sair daqui, mas sei que se você fizer isso, nem mesmo eu vou poder evitar que o Andrews enfie uma bala certeira bem no meio da sua cabeça.

Layane olhou atordoada para o jovem a sua frente e ela não saberia dizer o momento em que se lançou sobre ele selando mais uma vez os lábios dos dois.

Dois lados de uma mesma moeda. Enquanto o ódio se carimba em um, do outro o amor ganha espaço. O que faz um sentimento se modificar? Até onde as conseqüências de nossas escolhas podem nos levar?