Uma História Nada Perfeita. escrita por Giiibs


Capítulo 10
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora para postar, já tinha tentado fazer esse capítulo 5 vezes.. Eu esquecia de salvar, ou não achava alguma coisas legais.. Enfim, pronto, ele tá aí.



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Chegamos na minha rua, deixei Pablo em sua casa e estacionei o carro aonde minha tia o tinha deixado. Entramos em casa e veio a surpresa: minha tia já havia chegado.

_Ti.. Tia ? -Eu falei, com um pouco de medo.

_Olá Andressa, como vai ? Por favor, você poderia subir para o quarto de hospedes ? Se quiser eu levo a mala lá em cima depois.. Mas suba por favor ? -Minha tia se dirigiu a Dê, simplesmente me ignorando. Ela sabia o quanto isso me irritava.

_Claro.. Pode deixar que eu vou levar minha mala junto.. -Dê disse, pegou as malas e começou a puxá-las com grande esforço.

_Quer que eu te ajud..

_Você fica aqui Luna Alves Siqueira. -Minha tia disse me cortando.

Dê me lançou um olhar de compreenssão e continuou a puxá-las até o fim da escada. Enquanto isso eu e minha tia a observava sem pronunciar nenhum palavra, mas isso durou até minha tia ouvir o fechar da porta.

_Não espera isso de você.

_Isso o que? Eu pegar o carro? Pode ver, ele está intacto, não precisa se preocupar. -Eu disse.

_Mas que caralho! -Foi umas das únicas vezes que ouvi minha tia falar palavrão.. Isso se não foi a primeira.-Sério Luna ? Sério mesmo que você acha que eu realmente me importo com o carro? Você parou para pensar o que poderia ter acontecido? Para e pensa o quão irresponsável tu fo.. -Minha tia foi cortada.

_Perai, agora tu está me chamando de irresponsável? Você sabe o que é ter que se virar sozinha desde seus 9 anos? Você sabe o que é ter que administrar o dinheiro que te mandam, pagando em dia, sem esquecer nenhuma conta aos 9 anos? VOCÊ SABE? NÃO, NÃO SABE. ENTÃO NÃO VENHA FALANDO QUE SOU IRRESPONSÁV.. -Fui cortada pois levei um tapa na boca.

_OLHA AQUI GAROTA, TU ME RESPEITE! GRITA DENOVO COMIGO PRA VER!

_Você é louca !? -Disse percebendo o gosto de sangue que sentia saindo de minha boca.

_Devo ser louca mesmo, adotar uma garota de 6 anos, enquanto eu tinha só 19! Você sabe o que é ser olhada por outros com um olhar de condenação? Afinal, uma mulher aos seus dezenove anos, com uma menina de seis, só poderia ter sido uma vadiazinha aos seus 13 anos e ter tido uma filha com o primeiro que viu pela frente. Você sabe o que é deixar de aproveitar sua juventude, tendo que ir trabalhar no exterior, para sustentar uma garotinha de 6 anos que tinha que ir ao psicólogo pois só falava em morte? Não, não sabe. Agora me diz, se acontecesse um acidente, como eu ficaria? Ah sim, provavelmente eu só me sentiria culpada pelo resto da vida e apodreceria na cadeia. Só.

_Mas nada aconteceu, você tá fazendo tempestada em copo d' agua.

_Nossa Luna. Como pode? Você só pensa em si mesma, és muito egoísta. Nem parece ser filha da Cátia.. Ela até se sacrificou para o bem dos outros..

_Sacrificou? Minha mãe foi assassinada. A-S-S-A-S-S-I-N-A-D-A.

_Isso é o que sempre te contaram. Você realmente achou que uma mulher, que nunca fez o mal a ninguém, seria assassinada assim? Do nada entrariam 2 sujeitos e a mataria? Ah por favor né, deixe de ingenuidade. -Minha tia disse e foi para o jardim.

Eu nunca havia pensado por este lado.. Realmente nunca. Mas era loucura, por que ela permitiria que a matassem, mesmo sabendo que tinha uma filha para criar e um marido que a amava tanto? É, mas ele só a amava mesmo, porque a mim, nunca nem se quer veio me visitar depois que me abandonou em frente a casa daquela bruxa velha. Bruxa velha.. O apelido que dei a minha avó, que nunca gostou de mim. Se fazia de boazinha quando eu a visitava, e quando ia me visitar na casa de minha mãe também.. E na hora do sufoco, cade toda a bondade dela? Se foi. E sem contar que, ela sempre praticara cultos estranhos, mas não era de nenhuma religião.. Se fosse, não era nada conhecida.

Dê! Como pude esquece-la? Subi para o quarto de hospedes e fui falar com ela.

_Dê? -Disse abrindo a porta do quarto.

_Oi.. O que sua tia disse? Não deu para ouvir quase nada.

Não me surpreendi que ela não tenha ouvido a conversa, já que minha tia sempre me ensinou a discutir meio que sussurrando-gritando.. É aquele sussurro que sai quase como o tom de voz normal.

_Ah, nada de mais. -Respondi.

_Mas as partes que ouvi, você disse que não era irresponsável e ela ordenou respeito..

_Ah, não é nada de mais. -Dei um sorriso suave, e sim, falso.- Então, tenho que ir dormir, amanhã tenho aula.. Até..

_Até.. Luna, sua boca ta sangrando! -Dê disse preocupada.

_Eu devo ter mordido, ou sei lá. Tchau Dê. -Nem esperei pela resposta dela e sai fechando a porta de seu quarto, afinal, eu tinha que pensar um pouco sobre essa discussão com a tia.

Chegando no meu quarto, lá estava Fefê, dormindo em minha cama.. Ele estava dormindo tão tranquilamente, que não quis acordar o bichinho resolvi ler um livro.

Desci as escadas e fui para a biblioteca que ficava dentro de um quartinho, logo após o jardim. Minha tia ainda estava lá, sentada no meio do gramado, olhando a lua minguante e o céu limpo daquela noite. Passei por ela em completo silêncio, até ouví-la me chamar.

_Luna..

Parei aonde estava, respirei fundo e me virei.

_Hum?

_Precisamos conversar.. Sente aqui ao meu lado. -Ela disse apontando para o espaço vazio que logo eu estaria.

_Conversar sobre o que? -Perguntei, começando a me irritar com o jeito calmo e suave que minha tia expressava.

_Seus pais. -Ela disse com um olhar de seriedade.

Meus pais. Há muito tempo que não me falavam de meus pais. Sempre que tocavam no assunto, era "sua mãe" e as vezes "seu pai".. Muito raramente "seus pais". Até porque, as únicas pessoas que já conversaram comigo sobre eles foram meu tio Alberto que a cada dois anos vinha me visitar, minha tia, e a diretora de meu colégio, que conhecia minha mãe desde que ela tinha 3 anos de idade. Conhecia bem, até porque a diretora é amiga de minha avó. Esse assunto até que me interessava, resolvi me sentar.

_Sabe Luna, sua mãe sempre foi radiante, ela continha uma beleza impossível de se descrever. Ela era a mais amada da família, a predileta de sua avó..

_É, o pouco que eu me lembro de seu rosto, são seus olhos.. -Eu disse.

_Sim, seus olhos eram marcantes, da cor da lua. Até hoje, nunca vi ninguém com os olhos prateados, a não ser sua mãe. -Ela sorriu, mas seu sorriso logo se desfez, fazendo aparecer a tristeza em seu olhar.- Ela conheceu seu pai, ainda muito jovem.. Na verdade conheceu por minha causa.

_Sério? Da onde você conhece meu pai?

_Conhecia. -Seus olhos se enxeram de lágrimas.

_Como assim conhecia? -Perguntei assustada.

_Ele.. Ele cometeu suicídio Luna.

_OI ? -Perguntei sem acreditar.

_Ele sempre se achou culpado pela morte da Cátia..

_Por que !?

_Ok, vou contar tudo desde o começo.. -Minha tia falou enxugando suas lágrimas.- Quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, me apaixonei por um menino do meu colégio, mas ele nem ligava pra mim. Então numa festinha de final de ano desse meu colégio, a Cátia foi, e o teu pai, o Jorge, irmão desse menino que eu gostava também. Aí eles se apaixonaram, e 1 ano depois que eles tinham se conhecido, você nasceu. Mas assim, sua mãe não sabia nada do seu pai. Nada. Eles se casaram, e quando você tinha 6 anos, ela recebeu uma ligação e acabou descobrindo que nesses 6 quase 7 anos de relacionamento com Jorge, ele tinha uma dívida muito grande com umas pessoas do tráfico, e ou ele pagava ou ele morria, porque os traficantes já tinha esperado 7 anos praticamente. Mas a sua mãe não contou que eles tinham ligado cobrando. Um mês depois, era um dia normal e você foi tomar seu banho, enquanto isso eles invadiram a casa em procura do Jorge, mas ele não estava, e aquele dia era o limite para o pagamento.. Sua mãe sabia disso, ela passara o dia inteiro com um bilhete na calça, talvez ela soubesse que poderia acontecer aquilo.. Eles perceberam que ela não passou o recado e aí atiraram. -Minha tia disse as duas últimas palavras chorando.

_Tinha alguma coisa escrita no bilhete? -Foi a única coisa que consegui falar.

_Sim.. "Jorge querido, desculpa não ter te avisado. Você não teria a quantia para pagar.. Antes eu, do que você. Sei que você não conseguirá cuidar da Luna sozinho, peça para a Lúcia Diga a todos que os amo.. Diga a Luninha que sempre estarei cuidando dela.. Me desculpa.. Eu te amo, nunca se esqueça meu amor."

Olhei para minha tia sem reação e segundos depois, comecei a chorar, então subi para o meu quarto correndo. Acabei adormecendo.


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