A Filha Da Morte escrita por Messer


Capítulo 34
Demolition Lovers


Notas iniciais do capítulo

Demolition Lovers - My Chemical Romance.
Nunca passei nada com essa música, mas sempre que eu a escuto tenho um desespero enorme de agarra-la, como se tudo fosse possível. Ela é simplesmente maravilhosa. Nós somos amantes da demolição.
Bianca.



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Parecia que a guerra no Olimpo ficava pior a cada instante.

Havia vários semideuses jogados no chão, enormes focos de incêndio, tanto com fogo grego e o fogo normal. Edifícios desmoronavam, trazer o exército do monte de Atlas para cá não ajudou em nada. Meu pai estava à minha direita, com os olhos arregalados e em choque. Sua espada estava cheia de gosma verde e sangue. Ao ver aquilo, puxei minha faca de Ferro Estígio. Sua ponta ainda estava manchada de vermelho, mas agora o sangue já secava. Ver aquilo só piorou as coisas.

- Não se preocupe, você fez o certo.

Olhei para trás, e vi que Aline e Jared me olhavam, de um jeito tranqüilizador, mas podia ver o medo no fundo de seus olhos.

- Matar é certo? - Eu perguntei, me virei para frente para não ter que sustentar o olhar dos dois. Algumas lágrimas começavam a se formar em meus olhos, deixando minha visão embaçada. Suspirei e limpei o sangue da faca com minha blusa. Percebi que ainda usava a armadura.

Meu pai começou a dar alguns passos, então parou bruscamente. Com um gesto com a mão, todos os cães infernais sumiram, poupando bastante trabalho para os nossos guerreiros. Ele se virou para mim.

- Um sacrifício com sangue pode qualquer coisa.

Eu fiquei fitando-o, confusa.

- Como?

- Um sacrifício com sangue - ele repetiu. - Se lembre disso. Ele pode tudo. Até mesmo o que você pensa que é improvável.

E com isso, se virou e começou a batalhar novamente. Eu podia ver que ele estava se cansando. Eu me virei para meus amigos, e eles estavam tão confusos como eu. Aline tinha um pequeno corte na bochecha, e sua blusa estava rasgada, como se três garras tentaram agarra-la. Seus olhos bicolores estavam cansados, assustados, mas sua expressão era dura. Jared tinha a ponta dos cabelos chamuscados, e a manga esquerda de sua blusa havia sido arrancada. Tinha uma expressão de medo, mas ao mesmo tempo bravura no rosto, como se soubesse que iríamos perder, mas morreria batalhando.

- Vocês são os melhores amigos que alguém poderia ter - eu disse, e ambos sorriram. Aquilo me reconfortou, e me deu esperanças que poderíamos resolver tudo.

- Nós precisamos achar quem está no controle de tudo isso - Jared disse - , e então, dar uma surra naquele traseiro.

- Mas onde essa pessoa poderia estar? E quem poderia ser? - Aline disse, desesperada. Percebi que, mesmo com sua bravura, ela quase não tinha esperanças, e no fim de tudo, queria estar viva.

Eu fitei o alto no monte Olimpo, onde o templo maior se situava. Ele estava cercado por uma nuvem em forma de funil negra, com raios em sua volta. Muito ao longe, pude ver um deus e um mortal lutando. O deus tinha cabelos pretos, com alguns fios grisalhos, como uma nuvem de tempestade, e segurava um raio. Parecia tentar guardar a entrada do templo, mas não resistiria por muito tempo. O mortal era o que me parecia um garoto, com cabelos negros.

Estendi meu braço direito para Aline e Jared.

- Se segurem, pois nós vamos dar uma volta.

O tempo acelerou, e em menos de um segundo estávamos na porta do templo maior. Zeus estava cansado, com alguns cortes, por onde escorriam licor dourado. O garoto estava levando a melhor. Sem pensar, eu pulei em cima de suas costas. Ele levou um susto, e tentou me acertar com a espada, mas eu o empurrei no chão e nós dois caímos. Jared e Aline correram e ajudaram Zeus, que parecia querer desmaiar.

O garoto rolou, e ficou de frente para mim. Seus cabelos eram negros, e seus olhos eram completamente dourados. Tinha uma expressão bem familiar. Parecia estar assustado, como da primeira vez que o vi. Esse garoto era Bruno, filho de Poseidon. Ele estava no controle daquela guerra. Ele liderou o ataque ao acampamento. Ele era o vilão. No final das contas eu estava certa, mas aquilo não importava mais.

Ele sorriu, e seus olhos dourados faiscaram.

- O que você vai fazer, meio-sangue? Me matar?

Minha respiração estava tensa, e a única coisa que vinha na minha mente era matar aquele desgraçado. Eu o agarrei com mais força, e, com uma aceno com a mão, ele me fez voar longe. Quando percebi, estava na beira do Monte Olimpo, segurando uma das barras de proteção, que eu havia destruído com o impacto. Todos os ossos do meu corpo doíam. Com dificuldade, escalei a grade e voltei para a terra firme.

Silvio, ou o que lá que ele havia se transformado, caminhava lentamente em minha direção. Jared corria atrás dele, com a espada pronta. Silvio fez o mesmo sinal que havia feito para mim, e Jared voou até bater com a cabeça em uma árvore. Ele ficou lá, semiconsciente.

- Não! - Eu gritei, mas o garoto continuava avançando em minha direção. Eu me levantei com esforço.

- O que va fazer, mortal? - Silvio perguntou. - Você não pode fazer nada contra mim. Se ajoelhe, EU SOU CRONOS! O SENHOR DO TEMPO!

Nisso, o clima esfriou e o tempo descelerou. Eu parecia estar nadando em uma gelatina. O titã sorriu, e eu me lembrei que um corpo mortal não poderia guardar um titã sem um banho no Estige. Ótimo. Agora ele era duas vezes indestrutível.

Um sacrifício com sangue pode tudo, a voz do meu pai apareceu em minha cabeça. Com dificuldade, puxei minha faca. O titã sorriu com desdém.

- Acha que uma faca é capaz contra mim?

- Uma faca não - eu disse. - Uma espada sim.

As sombras se espessaram na ponta da faca, e ela se transformou em uma longa e curva espada. O titã ficou irritado, e partiu para cima de mim, com sua foice, que eu não havia notado antes. O feitiço do tempo se quebrou, e eu o ataquei.

- Por que não luta com uma espada, seu covarde? - Perguntei, quando nossas armas se chocaram. Como dito, a foice se transformou em uma longa e dourada espada. Cronos tinha uma expressão assassina nos olhos, e fez outro ataque. Eu o desviei, mas ele girou a espada para minha perna e ela explodiu de dor.

Eu me afastei, e cortei a palma da minha mão com minha própria espada. Cronos pareceu não perceber. Então, eu o ataquei, e ele desviou, mas que cravei a espada na lateral de seu tronco. Ele sorriu e cravou a espada no meio de meu corpo.

Senti um gosto metálico na boca, e enormes pontos negros dançarem em frente de meus olhos.

- Você não pode me matar, semideusa - ele disse, com um sorriso no rosto.

Com um esforço imenso, eu mostrei minha mão cortada. Em seu rosto, o desespero ficou claro. Ele voltou os olhos para minha espada, que havia cortado o lado de seu corpo, e estava empoçado de sangue. Com um grito, ele puxou a espada de mim, e me atirou abismo abaixo, enquanto minha espada sugava sua essência, feito um aspirador de pó.

Eu não escutei nenhum vestígio de batalha. Pude ver alguns rostos olhando para mim, enquanto eu caia do abismo. Pude ver e sentir as sombras e minha vida saindo de meu corpo. E, poupando esforços, fechei meus olhos.

Para sempre.


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