Quando eu acordei, Jared estava me segurando. Ele me carregava nos braços. Eu estava muito dolorida. 

Meus braços pareciam pegar fogo, minha cabeça queria explodir, minhas pernas estavam amortecidas e meus olhos ardiam demais. Estava com muito sono, mas não quis dormir. Jared olhou pra mim. Ele sorriu.

- Está bem? - Ele me perguntou, enquanto me colocava no chão.

Não respondi. Estava tonta demais pra saber de algo. Meu pai, Aline e o garoto de Poseidon se aproximaram. Meu pai colocou sua mão em minha testa, e meio que sorriu, satisfeito. O que eu tinha feito?

- Você fez um trabalho e tanto - ele disse. se sentou no chão com as pernas cruzadas. Eu me sentei ao seu lado, com os pés esticados. Os outros se sentaram em volta, curiosos. - Quem dera, que, um dia, um filho meu podia fazer um fato daquele? Ainda mais uma filha! - Ele sorriu e bagunçou meus cabelos. - Derrotar um titã não é pra qualquer um.

''Você havia me acordado. Aquele maldito havia me sequestrado. Só não sei pra quê. Então, ele veio, e derrubou seus amigos que estavam lá atrás." Ele apontou para Aline e Silvio." E, então, acho que você ficou bem irada.

"Uma névoa começou a surgir, e o clima esfriar. Você tinha liberado parte de sua aura. Ou ela inteira, com a densidade que ela surgiu! O titã ficou um pouco receoso. Então, você olhou pra ele. Bem, eu nunca vi ninggém com aqueles olhos. Mentira, o Nico ficou assim."

Olhei pra ele meio curiosa, e ele respondeu:

"Seu meio-irmão." Ele fez uma pausa, mas continuou: "E você nem esperou por nada. Puxou o seu colar, guardou o arco e atirou a faca no chão. Não sabia que já conseguia fazer isso." Ele fez uma careta estranha. " Nem que você deixava seus olhos daquela maneira. Bem, o titã veio pra cima de você mas foi impedido pelos soldados-esqueletos. Eles surgiam do nada. Suas mão misturavam o fogo grego e o negro. Não sei como você fez isso também, mas aí tá o resultado." E apontou para os meus braços. Eles estavam horríveis. " E começou a mirar no titã. Acertava uns, ele rebatia outros, até que você se irritou pra valer, e atacou tudo o que tinha nele. E caiu."

Sério, eu não acreditava! Como eu teria feito aquilo? Eu nem estou aqui há uma semana!

Percebi que Jared me olhava de uma forma que não consegui identificar. Surpreso, admirado, mas não deixava se demonstrar isso. Mas eu podia perceber. Aline estava com o queixo caído, quase igual ao garoto de Poseidon. Se não fosse por algumas diferenças, qualquer um dizia que eles eram irmãos.

- Bem - meu pai retomou, após o breve silêncio estabelecido -, acho que é bom nós continuarmos. Não vamos chegar em casa conversando aqui.

- Teletransporte! - Disse Aline. - Já estou farta de caminhar.

Meu pai suspirou. Então, estendeu um braço para os garotos. Eles se seguraram.

- Se segure em mim - disse ele, olhando para mim. Segurei o seu ombro e senti tudo rodopiar. Meu estômago se revirava com a pressão. Mas, logo senti o chão novamente. Estávamos no acampamento.

Pelo menos, uma parte dele.

Estava tudo queimando, e monstros andavam pra lá e pra cá. Eles eram bem mais reais do que nos desenhos da aula de história. E bem mais perigosos.

Também tinham os semideuses. Todos armados. Creio que chegaram vários outros depois que eu saí. Haviam feridos, outros jogados de costas no chão, que eu torcia para que estivessem somente desmaiados. Mas algo dizia que não estavam. Estava tudo horrível.

Jared me puxou para cima. Ele falava comigo, mas eu não escutava nada. Somente ruídos da batalha. Eu percebi que estava parcialmente surda. Tirando o fato que eu escutava uma espécie de chiado agudo e forte. 

Mas mesmo assim, entendi o que ele queria fazer. Hora de ir pra guerra.

Me virei para o meu pai, mas ele não estava mais lá. 

Ótima hora pra fugir! Pensei. Então, saquei o meu arco e comecei a destruir tudo o que eu via pela frente. Parecia que eu estava no modo automático. Atirar, desviar e atirar. Como se eu tivesse feito isso na vida toda.

Como se eu tivesse nascido para aquilo.