A Filha Da Morte escrita por Messer
Notas iniciais do capítulo
Bianca!
Eu sei que a música não tem muito a ver com a história, mas não sei por que que me deu vontade de por ela
(Mentira, tem a ver sim, mas isso é mais pessoal).
Eu não confiava naquele garoto. Mas ele parecia estar em situação pior do que a nossa, então resolvemos ajuda-lo.
- Como você veio parar aqui? - Aline perguntou.
Ele baixou a cabeça, como se tivesse levado uma bronca. Creio que era a minha flecha, que estava pronta para disparar. A guardei, mas não escondi o armamento em meu colar. O garoto continuava cabisbaixo.
- Eu fugi - ele disse, quebrando o silêncio. - Minha mãe corria perigo. Então fui pra longe dela.
Ele parecia ser um pouco mais velho que nós. Uns 15 anos, talvez. Mas não sei o que estava fazendo. Os semideuses não deveriam ser reclamados?
Aline se aproximou com algumas frutas na mão. Ofereceu a ele, que pegou, hesitante, uma ameixa.
- De onde você vem? - Perguntei.
- São Paulo - respondeu ele, enquanto dava uma mordida na fruta -, capital.
Eu olhei para os outros, mas eles não pareceram perceber o que eu estava pensando. Como um garoto mais velho que nós podia simplesmente fugir? Sem ninguém?
Me virei, indo em direção ao Jared. Ele se assustou quando segurei a gola da camisa dele e o levei, com um pouco de delicadeza, para onde Aline e o garoto de Poseidon não pudesse escutar.
- Você o conhece? - Perguntei.
Jared balançou a cabeça negativamente.
- Então como ele sabe de quem é filho - Continuei. - Como ele veio, assim, do nada?
- Eu não sei! - Disse ele, aparentemente irritado. - Como quer que eu saiba? Talvez tenha sido reclamado fora do acampamento!
- Sem treinamento? - Eu elevava a voz. - Duvido! Eu tive que esperar até lá pra saber quem era meu pai! Como que só ele podia receber a reclamação assim?
- EU JÁ DISSE QUE NÃO SEI! - Ele agora gritava. Aline e o garoto voltaram os olhares para nós. Eu fiquei assustada como um gatinho. - Eu por um acaso tenho cara de ser filho de Atena? Ou ter a benção suprema dela? É você que tinha que saber, sua sabichona!
- Não fala assim comigo! Como eu vou saber sendo que nem estou nisso há uma semana? - Eu gesticulava minhas mãos com raiva. Não tinha culpa. Era ele que deveria saber, não? Então, ele se virou e foi conversar com o garoto. Eu deixei que meus joelhos cedessem e caí ajoelhada no chão, com uma mistura de sentimentos: raiva, amor, decepção e arrependimento. As vezes, Aline e o garoto olhavam curiosos para mim.
Fiquei lá, até alguém vir falar comigo. O garoto se aproximou, deixando Aline e Jared sozinhos. Ele se abaixou para ficar cara a cara comigo. Olhei para ele. Seus olhos eram de um verde meio escuro, e seus cabelos pretos estavam bagunçados. Ele havia alguns arranhões abaixo do queixo, e uma expressão mais selvagem do que a de Aline. Como se eu fosse pular e bater nele. Vestia uma camisa azul-clara e bermudas e tênis azuis escuros.
- Você é a filha da morte, né? - Ele perguntou, sem expressão. Eu confirmei com a cabeça. - Então, já aprendeu a transporte pelas sombras? Isso deve ajudar.
Eu achei muito estranho. Como ele podia saber de tanta coisa, sendo que ninguém o viu no acampamento?
Eu demorei para responder.
- Só consigo mexer com fogo - disse, e as chamas começaram a dançar pelos meus braços, como se fossem cobras domesticadas e inofensivas. Elas se ramificavam como uma raiz que crescia muito rápida. Pude perceber que se enroscaram em meu pescoço e foram ao meu rosto. O garoto se assustou e recuou.
- Bem... - Ele continuou - Você tem que aprender. Assim fica muito mais fácil.
- Já me transportei uma vez - eu disse, enquanto brincava com as chamas.
- Como você fez?
- Pensei em ir para algum lugar seguro. Então, fiquei perto do acampamento.
- Acha que consegue fazer isso de novo?
- Desde que eu não vá parar no outro lado do mundo - dei um sorriso tímido e ele riu.
Pensei em ir para uma sombra ali perto. Me levantei e me concentrei. Senti meu corpo perdendo a solidez, e meus pés não tocavam no chão. Ao mesmo tempo em que eu via o garoto perto de mim e Jared com Aline logo atrás, a imagem se invertia: eu via Jared e Aline em primeiro plano e o garoto atrás. Logo isso parou e essa imagem ficou. Eles olharam em volta, até que Aline me achou. Ela bateu palmas bem animada.
- De novo! - Ela disse, como uma criança animada com um truque de mágico. Eu estava quase caindo de sono, mas tentei novamente. Apareci na frente do garoto, a minha visão começou a escurecer, e pude sentir que ele me segurava com a cabeça apoiada em seu ombro.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!