Acordei cedo naquela manhã de Sábado. Arrumei o meu quarto e por incrível que pareça, não havia recebido mais nenhuma mensagem sobrenatural pela manhã. Fui até a cozinha, não tinha ninguém, a casa estava vazia. Logo, escutei um barulho no banheiro, cheguei até a porta e havia uma garota, que eu nunca tivera visto na minha vida. A menina estava de costas. Um vento forte fez bater a janela do quarto mais próximo. Mesmo com o clareado da tarde, a casa estava em silêncio, escura por dentro. Barulhos ecoavam por toda a parte. Coloquei minha mão no ombro da menina, ela não se virou, mas sua cabeça sim. Era como se a cabeça não estivesse colada em seu corpo, sua cabeça deu um giro de 180º graus. A menina era branca como aquela parede do banheiro, ela não possuía sangue, nem olhos. Um grande vazio preenchia o espaço onde era para serem os olhos. Ela sorriu pra mim e automaticamente, sangue descia de sua boca. Quando ela abriu a mesma, o espaço do banheiro foi todo tomado por sangue, ela vomitava sangue. Não tinha língua, ou até onde dava para ver. Ela não tinha nada em sua face, era tudo vazio. O vômito dela não era normal, era como se estivesse aberto uma torneira, vazava água por toda parte, eu apenas corri. Assustei-me tanto, que subi as escadas correndo, me tranquei no quarto e pude ver o diário sendo aberto, eu podia ver as sombras ao meu redor. Aquela sensação ruim tomava conta de mim novamente. Eu podia sentir.

– Cassie! O que você quer de mim? Deixe-me em paz! – Eu berrava, enquanto via a mesma escrever algo naquele maldito diário.

“Eu não vou te deixar em paz nunca. Lembra que eu te prometi isso? Pois é... Porque fugiu da sua amiguinha? Talvez ela só quisesse brincar. Ou não... haha”.

Eu li aquilo e ouvi a campainha tocar, olhei da janela do meu quarto, eram policiais. Será que haviam descoberto o meu crime cometido na noite anterior? Abaixei-me e fingi que não estava ali. Cassie mais uma vez se manifestou.

“Não vai atendê-los? Como você é medrosa, Sam...”.

Aquilo para mim foi terrível. Eu não era medrosa. Não mais. E uma força jamais vista por qualquer outra pessoa, me empurrou da parede, eu bati com a cabeça forte na porta do meu quarto, mas aquilo não me impediu de nada. Era como se eu já não sentisse dores. Eu não sentia mais dores. Desci as escadas correndo, e o sangue já não estava mais lá. Como se nunca existira. Abri a porta rapidamente e pude ver os policiais com pequenos cadernos na mão, olhando em meu rosto.

– Posso ajuda-los? – perguntei, segurando a porta.

– Queremos algumas informações. – um deles me respondia.

– Sobre...? – tentei fingi que não sabia de nada.

– Sobre a morte de Emily Susan. Uma menina de sete anos. Que foi assassinada na noite anterior. – o outro me encarou.

– Não conheço ninguém por aqui. Eu sou nova em Yorkshire. – me fiz de desentendida.

– Ah... Foi uma morte terrível. Só encontramos um papel escrito “001” no local do crime. Não encontramos o corpo da menina. Só as mãos. – um deles respondeu.

– Olhe meu senhor, eu já falei que não sei de nada sobre isso. Quer entrar? Quer conferir minha casa? – indaguei abrindo mais a porta.

– Não senhorita. Obrigada e bem-vinda a Yorkshire. – eles disseram entrando no carro.

– De nada, sinto muito pela Susan. – fechei rapidamente a porta.

Como não encontraram o corpo da menina? Como assim? Eu tenho certeza que deixei lá. Eu não fiz nada com o corpo dela. Mas, deixei para lá, subi novamente a escada, e o diário estava escrito:

“Surpresa com o que eu fiz? Todos vão procurar o corpo da Emily agora. Mas, ninguém vai achar, só você querida Sam...”.

Olhei aquilo e joguei o diário longe. Eu não queria estar naquela situação, eu não queria está passando por aquilo. Apenas respirei fundo. Não havia nada que pudesse fazer. Algum espírito demoníaco estava dentro de mim. Era o fim.