Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista
- Talixka querida, bom dia! – Minha mãe veio me acordar.
- Bom dia!
Levantei e me arrimei para a escola, coloquei uma calça cinza e uma camisa preta com jaqueta branca (uniforme prestigiosa), calcei meu scarpin com polaina preto e fui para a cozinha. Encontrei meus pais rindo e tomando café juntos, sentei-me com eles para a refeição e comi uma tigela de cereais. Terminando, peguei minha bolsa no sofá, uma enxurrada de folhas escorregou pela boca aberta e me abaixei para recolhê-los.
- O que é tudo isso? – Perguntou mamãe.
- Revisão – Respondi – Hoje tem prova.
- Ah, então boa prova!
- Obrigada. Tchau, mãe. Tchau, pai.
Pensei em gritar tchau para o meu avô também, mas se ele não veio tomar café, provavelmente já saiu de casa.
- A Hina também está dando tchau. – Brincou mamãe se referindo à minha irmãzinha que está pra nascer.
- Tchau, Hina. – Disse rindo e saindo pela porta.
Fui caminhando para a escola, como sempre. É perto, e não precisa de carro. Encontrei Rosalya no caminho e fomos conversando, é legal falar com ela, embora precise evitar a cada dois minutos que agarota desvie o assunto para o Leigh (seu namorado). Tomei um susto quando vi Pedí entrando na sala de aula, e não fui a única que arregalou os olhos. Veja bem, qualquer um ia achar até normal, mas pra quem conhece aquela garota descolada e skatista, vê-la vestida com um conjunto de saia rodada e jaqueta azul marinho (uniforme estudiosa), é pra tomar um susto!
- Pedí – Aproximei-me – Que roupa é essa? Não que não esteja legal, mas... Sei lá, não parece você.
- Meu pai me trouxe até a escola e não pude passar no Fórum pra me trocar – Respondeu com os olhos baixos – Ele está meio bravo.
- É só isso mesmo? – Questionei – Você não parece bem.
- Na verdade... – A frase morreu quando seus olhos se fixaram na porta.
Hally a encarava com seus All Star, calça slim preta e blusa azul e preta (uniforme marinheiro). Sua expressão não era muito amigável, mas eu não entendi o porquê daquilo.
- Hally, senta aqui! – Disse contende mostrando o lugar vago ao nosso lado, mas a morena apenas me lançou um sorriso de desculpas e foi para o outro canto da sala – O que deu nela?
A pergunta sussurrei apenas para a ruiva do meu lado, mas esta baixou os olhos descontentes e se encolheu na carteira. O professor Faraize passou uma super revisão de toda a matéria, e eu aproveitei para anotar tudo, já que tenho muita dificuldade com as notas, mas nenhuma das minhas amigas parecia estar se importando, Hally olhava distraída para o nada (como eu faço quase o tempo todo) e Pedí ficou de cabeça baixa a aula inteira.
- O que aconteceu com a Pedí e a Hally? – Perguntou-me Iris quando o professor saiu da sala.
- Não sei. Quando chegaram hoje já estavam assim.
- Não se preocupem – Melody sorriu – Todo mundo fica meio estranho em época de provas, isso logo vai passar!
- Atenção, galera! – A presidente do concelho estudantil, Chinomiko, entrou na sala para dar um recado – A diretora acabou de liberar os próximos horários para estudarmos. Não precisa ficar na sala de aula, pode rodar por aí, mas se alguém arranjar confusão, todo mundo vai ser punido – Ela abriu um sorriso maníaco – Não me obriguem a matar vocês... Bora cambada, circulando!
Ela recebeu uma chuva de aplausos e algumas reverências enquanto os alunos saiam da sala em meio a risadas. Vai ser bom poder estudar com um pouco mais de liberdade! Hally cruzou a porta direto para o corredor, Pedí ainda tentou falar com ela, mas foi completamente ignorada.
- Vocês brigaram em algum momento? – Perguntei para a ruiva em tom de voz baixo para que nossos outros colegas não ouvissem.
- Não, Tali. Ela viu uma coisa que não entendeu, e não me deixa explicar. Acho que o Castiel é assunto sério pra Hally.
- Ela viu o presente? – Pensei um pouco – É meio estranho mesmo vocês brigarem tanto e mesmo assim ele te dar um presente daqueles, até eu que te conheço há mais tempo fico meio confusa... Mas essa reação toda é exagerada!
- Não – Ela balançou a cabeça – É mais que isso.
A ruiva me deu as costas e também sumiu pelo corredor. Droga! Estou ficando preocupada! Isso não é hora pra elas brigarem. Além do más, as duas precisam fazer as pazes hoje, porque amanhã começam as férias, e elas não podem passar o verão inteiro brigadas. Peguei minha bolsa e fui em direção à porta.
- Talixka – Lysandre segurou de leve o meu braço – Não sei o que aconteceu, e nem é da minha conta, mas se você ficar correndo atrás das suas amigas, não vai poder estudar.
- Eu sei, você está certo... Mas preciso falar com a Hally rapidinho, já volto pra revisar!
Saí apressada atrás da minha amiga de cabelo castanho. O pior é que não tenho a menor ideia de onde ela esteja.
- Oi Violette, você viu a Hally? – Perguntei quando a vi no clube de jardinagem.
- (murmurando) Será que era um coelho?
- Violette? O que você está fazendo?
- Ah, oi Talixka. Estou tentando lembrar qual era o desenho que eu estava fazendo enquanto o professor explicava a matéria.
- (ha ha ha) eu também faço isso as vezes! Mas me fala, você viu a Hally?
- Acho que ela foi para o ginásio, mas não tenho certeza.
- Ok, obrigada.
Cruzei o pátio para chegar ao ginásio, Ambre estava em uma rodinha com Bia, Charlote e Li, mas elas nem me notaram (ufa). Acho que quando estou sozinha, não sou um alvo.
- Não precisamos de tudo isso! Se eu souber somar, subtrair, multiplicar e dividir, já está bom. Não vou precisar calcular o valor de “x” nas compras do mercado.
Hally e Kim estavam sentadas na arquibancada.
- Exato! E eu nunca escutei ninguém dizer “Estou comendo 1/8 da pizza”.
- Isso aí!
- O que estão fazendo? – Perguntei chegando perto.
- Oi Tali, Kim e eu estávamos estudando...
- E discutindo as inutilidades da matemática! – Completou a outra.
- Ah tá... Hally, nós podemos conversar?
- Claro! Fala.
- Não – Neguei com a cabeça – Preciso que venha comigo.
- Ah, está bem – Disse meio confusa, mas provavelmente já soubesse do que se tratava – Eu já volto, Kim.
- Beleza! – A outra fez um “jóinha” voltando a olhar para o caderno.
Hally e eu atravessamos a quadra e caminhamos até o vestiário feminino.
- Pedí me contou que você está brava porque não entendeu direito uma coisa que viu... – Deixei a frase morrer esperando que a morena esclarecesse.
- Ah, eu entendi sim! Só acho que é ridículo da parte dela fingir briguinhas com o Castiel esse tempo todo, e dizer que nós somos loucas por mostrar algum tipo de interesse nele.
- Mas a Pedí não finge as brigas. É estranho mesmo essa amizade violenta dos dois.
- Sabe Talixka, eu não tenho nada com ele, e jamais me colocaria entre os dois se quisessem ter um relacionamento, mas eu acho que o mínimo de decência seria ela ter a honestidade de abrir o jogo com a gente. – Abri a boca pra falar, mas ela continuou – Acho que você não sabe o que eu vi!
- Como não? – Franzi as sobrancelhas – Você viu o bracelete que o Castiel deu pra ela, não foi?
A expressão da minha amiga ficou indecifrável.
- E-Ele deu um bracelete pra ela?
- V-Você não sabia? – Oh my goodness, o que eu fiz?!
Hally colocou as mãos na cintura e caminhou de um lado para o outro arquejando e rindo de indignação.
- Depois EU é que não entendi direito, né? Beleza então!
- Hally! – Chamei quando ela virou para ir embora.
- Não Talixka, errar é humano, mas persistir no erro é burrice... E eu sou MUITO BURRA!
Não, não pode ser... EU ACABEI DE PIORAR TUDO! O que será que a Hally quis dizer com isso? Será que tem haver com o passado que ela nunca menciona? Mas isso não importa, o que ela viu afinal, já que não foi o presente do Castiel?
Cruzei o ginásio para voltar ao pátio, Hally tinha voltado a se sentar com Kim. O grupo da Ambre ainda estava na rodinha, Iris se sentou para estudar no corredor, Nathaniel está revisando na sala do grêmio e Lysandre ainda está na sala de aula.
- Já falou com ela? – Castiel?
Escondi-me atrás da parede, ele e Pedí estão na escadaria.
- Eu tentei – Respondeu a ruiva – Mas ela não quer me ouvir. Hally está muito irritada, seria mais fácil se eu pudesse contar logo a verdade.
- Esconder de todo mundo foi ideia sua!
- É, mas está se tornando um problema.
Será que a Hally tem razão? Eles estão mesmo juntos? Escutei o garoto suspirar.
- Beleza, então aproveita as férias e abre logo o jogo pra Hally... E pra Talixka... Por que não pra Iris? Ah, quer que eu chame a Peggy? – Captei a ironia.
- Você é ridículo! – Pedí chutou um armário – Acha que é legal ter as minhas amigas com raiva de mim?
- A Hally é muito estranha! Por que está tão brava afinal?
- Eu não sei, Castiel. Ainda não virei x-men! O professor Xavier e eu estamos ainda aperfeiçoando a telepatia e...
- Beleza entendi! – Ele teve que controlar a voz, não podia gritar, ou chamaria atenção – Olha, se quiser conta, se não quiser não conta. Só pense que as pessoas já nos enchem bastante por termos crescido juntos, se começarem a nos tratar que nem gêmeos retardados, alguém vai cair do terraço!
Que gêmeos? Eles nem são irmãos, e o Castiel é mais velho que a Pedí. Escutei passos indo para lados opostos e a garota virou o corredor, trombando comigo.
- T-Tali... O que você ouviu?
- Ouvi do que? – Tentei parecer dispersa.
- Ah nada, deixa pra lá!
- Pedí – Começamos a andar em direção ao bebedouro – Me... ajuda na revisão de português?
- Ah, droga! Não estudei nada ainda!
- Caramba! – Parei no meio do corredor – Pega o livro agora! Você NÃO PODE tirar nota baixa!
- Tá. – Ela deu de ombros... Minha amiga não está legal!
Pedí entrou na sala dos representantes, ela sempre se sente mais a vontade no grêmio, acho que tem haver com o tempo em que o irmão dela era presidente do conselho. Passei pela sala de aula e vi novamente Lysandre... Ele está certo, eu preciso mesmo estudar, só vou lanchar primeiro (~le eu protelando... mas tudo bem).
- Talixka, que bom te encontrar!
- Ambre? – Isso tá estranho!
- Pois é, acontece que eu estava tão preocupada com os estudos, que nem lembrei de comprar algo para comer. Você poderia me dar o que tem aí na mão.
- Não... Acho que não. – Apertei levemente a garrafa d’agua e a barrinha de cereal que segurava.
- Eu não estou pedindo. – Disse a loira com a maior naturalidade.
Alguém arrancou o lanche das minhas mãos. Li e Charlote? De onde elas vieram? As três começaram a rir e foram para a escadaria. Ah não, não pode ficar assim, as vilãs não podem se dar bem!
- Violette! – Agarrei o braço da minha amiga distraída que passava – Preciso da sua ajuda para recuperar o que a Ambre tirou de mim.
- P-Precisa ser eu? – Ela começou a ficar nervosa – N-Não pode ser a Pedí ou a Hally?
- Elas não estão aqui. – Respondi fazendo carinha de cachorro abandonado na chuva – Além disso, provavelmente a Pedí ia querer colocar laxante na água ou algo assim. Eu só quero pegar o meu lanche de volta. Você distrai a Ambre pra mim?
- Ah... Tá bom...
Fomos atrás do (como diz a Hally) “Trio ternura” e as encontramos combinando estratégias de cola.
- (sussurrando) Vai lá Violette, é a sua deixa!
- M-Mas... Tem certeza?
Empurrei-a de leve para que ficasse na frente das três.
- O que você quer aqui, garota? – Li fez cara feia.
É agora! A garota de cabelo roxo começou a inventar um monte de desculpas enquanto eu me aproximava por trás. Ambre nunca fecha a bolsa, então estiquei a mão e peguei a barrinha, estava quase alcançando a água quando Charlote gritou:
- Ambre, sua bolsa!
Agarrei a garrafa e gritei:
- Corre Violette!
Nós duas disparamos pelo corredor e corremos até as pernas não aguentarem mais.
- Caramba, que medo! – Ela tremia.
- Até que foi divertido! – Comecei a rir.
- É, até que foi. Mas vou voltar a estudar... Tchau Talixka.
- Ok, tchau. Obrigada pela ajuda! – Acenei enquanto ela ia embora.
(Nossa, só faltam alguns minutos) Joguei-me no chão do corredor (vou estudar aqui mesmo!). Em um instante revi tudo o que eu precisava, o problema é que ainda tinha algumas dúvidas. Queria poder perguntar para alguém.
- Está tudo bem? – Lysandre se aproximou – Por que essa cara?
- Oi Lysandre, chegou em boa hora! Você poderia me tirar algumas dúvidas?
- É uma pena, eu gostaria mesmo de tomar um pouco de ar antes das provas...
- Nossa, pena mesmo – Baixei o rosto – Isso teria realmente me ajudado, mas eu entendo.
Comecei a recolher as minhas coisas.
- Espera Talixka, você pode vir comigo se quiser.
- Verdade? – Olhei para ele sorrindo e... Por que as minhas bochechas estão esquentando? – Muito obrigada!
Saímos para dar uma volta e Lysandre me explicou tudo o que eu não tinha entendido (foi uma verdadeira luz), ele explica muito bem, e apesar de meio esquecido (tive que lembra-lo de dois ou três nomes na parte de história) é um rapaz muito inteligente. Quando retornamos, eu me sentia tranquila em relação a prova.
A diretora chamou todos os alunos para as salas e o professor Faraize entregou os testes. Estava um pouco grande, mas não achei nada difícil, tenho certeza que a minha nota vai ser boa. Escutei a voz do professor chamar o nome da Ambre umas cinco vezes mandando ela olhar para a própria prova. Pedí tinha uma cara de pânico como se estivesse com uma prova de alemão nas mãos. Nathaniel foi o primeiro a entregar o teste. Hally foi chamada atenção quando começou a batucar com a caneta da mesa. E Castiel estava tão distraído que nem parecia que estava fazendo prova.
Quando acabou o tempo, nós entregamos as folhas e fomos liberados. Finalmente estamos de férias, eu estava tão ansiosa por isso! Meus pais disseram que nós vamos passar uns dias na casa de praia do vovô, e vou tentar levar as meninas também. Quem sabe elas não fazem as pazes?!
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