Nem Todo Mundo Odeia O Chris - 2ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 22
Todo Mundo Odeia o Último Dia


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente...
Eu sei, anormal eu aparecer dois dias seguidos...
É a inspiração do Natal e Ano Novo...
Para quem ficou em dúvida no cap anterior, esse é o último da série original, mas é o penúltimo dessa temporada na minha histótia. Porque eu vou escrever um extra depois dele.
Enjoy... ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281014/chapter/22

POV. CHRIS (Brooklyn - 1985)

Pra mim as férias e os feriados sempre foram as partes mais importantes do ano. Primeiro porque eu era aluno; segundo porque eu detestava meu colégio. Mais especificamente, um determinado aluno do meu colégio. Engano de qualquer um pensar que o Caruzo me deixava em paz por muito tempo. Óbvio que ele não em batia como antigamente, mas ele não perdia a oportunidade de me xingar e encher o meu saco. A maior parte disso eu ignorava e fazia que não era comigo, mas depois de mais um ano aguentando isso eu precisava de férias desesperadamente.

Como uma recompensa por nosso esforço, se eu, Drew e Tonya passássemos direto, meus pais davam um ‘presente’ pra gente. Normalmente a gente ia sair pra jantar fora ou ir ao cinema; algo do gênero. Mas como tinha uns dois anos que eu não passava direto, só Drew e Tonya estavam ganhando os ‘presentes’.

Não só pelo que eu podia ganhar, mas pela minha vida também eu precisava passar direto. Exagero? Ah tá. Eu não sabia o que tinha acontecido, mas na penúltima semana de aula o Caruzo pareceu ter encarnado um demônio. Ele tava mais insuportável que o normal. Mas eu só fui saber o que era na segunda feira seguinte, quando vi ele sair do gabinete da diretora e ouvi ela dizer que ele ia ficar pro curso de verão pela média baixa dele em Álgebra. Não consegui evitar o sorriso no meu rosto e óbvio que ele viu. O que ganhei com isso? Um soco no estômago porque a Lizzy não tava perto.

“É melhor não contar isso pra ninguém, escuridão.” Ele saiu e eu me apoiei na parede, apertando meu estômago. Filho da mãe… eu acabei de comer...

Respirei fundo, tentando controlar a ânsia de vômito e fui pros armários ver se encontrava a Lizzy e o Greg. Antes daquilo acontecer eu já tinha uma coisa me incomodando. Depois daquilo, virou minha real preocupação. Cheguei nos armários com uma das minhas piores caras e o Greg percebeu.

“Que cara é essa, cara?”

A contra gosto contei o que tinha acontecido e a Lizzy ficou revoltada.

“Aquele filho de uma p***!” Olhei pra ela, surpreso. Dificilmente eu via ela falar palavrão, só quando estava com muita raiva mesmo. “Ele vai ver o que eu vou aprontar com ele…”

“Deixa pra lá, Lizzy.” Ele me olhou, ainda mais revoltada.

“Como assim ‘deixa pra lá’? Você não vai--” Interrompi ela com meu olhar de ‘a gente conversa isso depois’ e ela entendeu.

“Eu tenho outra coisa com o que me preocupar.”

Os dois perguntaram ao mesmo tempo, “O quê?”

“Ele vai ficar pro curso de verão. Se eu quiser me livrar dele na sexta, eu tenho que passar direto; o que não acontece tem dois anos.”

Eles se olharam e tenho certeza que pensaram a mesma coisa que eu: não tinha mais nada que a gente pudesse fazer. As provas finais já tinham passado e agora a gente só tava indo pra aula pra não ser reprovado por falta e pra ocupar tempo. Não tinha mais matérias nem atividade nem nada. A única coisa que eu podia fazer era orar pra ter conseguido média suficiente em todas as matérias.

Eles sabiam disso e fizeram o melhor pra me deixar menos preocupado.

“Cara, você estudou pra caramba pra última prova de Álgebra. Era sua única matéria ruim. Em Ciências você ficou legal pelos dois trabalhos que você e a Lizzy entregaram. Suas médias estão boas. A única meio duvidosa era Álgebra.”

“Eu sei, mas não é garantia de uma única nota boa recuperar todas as outras que eu tirei baixas.”

Depois disso eles não argumentaram mais nada e a aula passou rápido.

Quando tava voltando do Doc’s à noite, encontrei a Lizzy sentada na calçada. Subi as escadas e me sentei ao lado dela, sem dizer nada. Ela suspirou e encostou a cabeça no meu ombro.

“Preocupada?” Ela assentiu. “Com o quê?”

“Você. Se ficar no curso de férias com o Caruzo, vai ser massacrado todo dia. E eu não vou estar lá pra ajudar.” Sorri com a preocupação dela.

“Eu sei, mas a gente só pode esperar agora. Quatro dias.” Respirei fundo. “Eu nunca quis tanto ficar de férias. Parece que todas as coisas que eu quis que dessem certo esse ano deram erradas. Até deposto do cargo de presidente do grêmio eu fui.” Ouvi ela rir.

“Mas a campanha foi legal.”

“Foi. Exceto por…”

“Pelo quê?” Torci o nariz quando lembrei.

“O idiota do Ernie dando em cima de você.” Ela gargalhou e ergueu a cabeça pra me olhar.

“Sabe que eu acho ele um idiota. Ele é todo metido e só quer pegar todas as meninas. Imbecil.” Senti a leve pressão no meu peito aliviar e sorri.

“A questão é que eu queria relaxar. O ano foi puxado e próximo semestre já começa a nona série.”

“Relaxar como?” Dei de ombros.

“Sei lá.”

“Tipo uma viagem?” Olhei pra ela, considerando.

“É, podia ser. Sabe de algum lugar? Não precisa ser longe.” Os olhos dela brilharam.

“Sempre quis ir pra Long Island. Dizem que é tão bonito lá.” Fiz uma careta e ela notou. “O que foi?”

“Não gosto de praia.”

“Porquê?”

“Areia. É áspera, incomoda e entra em tudo que é lugar.” Ela me deu um daqueles sorrisos sacanas.

“Aposto que te faço gostar de praia.” Ergui uma sobrancelha.

“Sério?” Ela assentiu. “Aceito a aposta. Quero ver o que vai fazer.”

“Então pode ser uma das praias de Long Island?”

“Pode.”

“Ouvi dizer que tem chalés pra alugar lá.”

“Legal. Assim todo mundo podia ir.”

De repente ela soltou uma risada alta.

“A gente tá planejando tudo, mas você sabe que se nossos pais não deixarem a gente não vai, né?” Ri também.

“Sei. Não que seja por falta de dinheiro.” Ela assentiu, entendendo o que eu quis dizer.

“É. Não é por falta de dinheiro mesmo.”

“Sabe o que a gente podia fazer? Pedir como recompensa por ter passado direto. Você vai passar, o Drew e a Tonya já passaram. Mesmo que eu não passe a gente podia viajar no 4 de Julho e imprensar o fim de semana.”

“Boa ideia. Mas se você ficar no curso de verão acho que sua mãe não vai deixar de jeito nenhum.” Gruni de frustração.

“Droga!” A Lizzy afagou meu rosto.

“Espera até sexta pra saber, mas vê se não pira.”

Falar era fácil. Foi a pior semana da minha vida. Eu tava tão tenso que se batessem duas tampas de panela perto de mim era capaz de eu pular e ficar agarrado no teto que nem um gato. Não pirar nunca foi tão difícil. Pra mim a semana passou se arrastando, me torturando de propósito.

Me distraiu um pouco a mini briga do Drew e da Tonya. Motivo? Ele ia se formar e ia estudar na Sandford. Engraçado. Quando eu quis ir pra Sandford por não aguentar mais o Caruzo me fazendo de saco de pancadas, a mãe não deixou. Porque a justiça sempre prevalece nessa casa…

O caso é que ele ficou a semana toda zoando a Tonya. Os dois estavam em casa porque as aulas já haviam acabado e a Tonya já tava de saco cheio por ele ficar zoando ela. Na quinta feira foi o dia que eu mais me distraí com ele. Em uma das brigas, a Tonya jogou sorvete na beca do Drew no momento em que eu e a mãe entrávamos pela porta da cozinha. Ele se ferraram bonito e foi legal assistir de camarote uma vez na vida.

Quando a sexta chegou eu já tinha roído todas as unhas possíveis. Já tinha xingado a diretora de todos os nomes imagináveis por ela não entregar o boletim logo e não no final da ‘aula’. Sim, ‘aula’. Porque eu passei o tempo inteiro jogando forca com a Lizzy na última folha do caderno.

O som da liberdade (o sino do fim da aula) tocou e todo mundo ficou na sala pra srta. Morello entregar o boletim. Quem recebia, saía. Como sempre, a ordem alfabética fazia eu ser o primeiro de nós três a receber, depois o Greg, depois a Lizzy. Fiquei lá fora esperando os dois, que logo saíram sem abrirem os boletins. Ficamos olhando uns pros outros sem ter coragem de abrir. O Greg foi o primeiro a olhar.

“A+ em todas. Ai, que alívio!” Eu e a Lizzy olhamos pra ele com cara de assassinos.

“É claro que você ia passar em todas, Greg! O lascado aqui sou eu!”

A Lizzy foi a segunda a abrir.

“A- em Literatura, Língua Inglesa e Ciência, B+ em Álgebra, Geometria e Estudos Sociais.” Ela respirou fundo, aliviada.

Sorri pra ela. Eu sabia que ela também tava preocupada com a média de Geometria. Ela olhou pra mim e sorriu, me encorajando a abrir o meu. Olhei pro boletim e senti minha coragem se esvair.

Christopher Rock, você passou a semana inteira esperando essa porcaria. Pode caçar coragem pra abrir esse negócio. Respirei fundo e abri…

“B+ em Literatura, Geometria e Estudos Sociais, A- em Ciência, Língua Inglesa e…” Olhei pra eles sem acreditar no que o papel tava me dizendo. “... Álgebra.”

Os dois me olharam boquiabertos e o Greg perguntou.

“Ficou com A- em Álgebra?” Só assenti, sem acreditar, e ele riu. “Seu miserável! Fazendo a gente se preocupar por nada.” E me deu um soco no ombro.

“E aí, neguinho?” Viramos pra ver o Caruzo. “Vai ficar em qual matéria esse ano?”

Andei até ele com meu melhor sorriso sacana.

“Nenhuma. Passei direto. Te vejo em Setembro, babaca.” Passei por ele, embarrando em seu ombro e a Lizzy fez o mesmo, com o Greg atrás dela.

A volta pra casa foi toda ocupada em planejar como a gente ia contar e convencer nossos pais a deixar a gente ir. Falamos tanto que a Lizzy acabou tendo uma ideia.

“A gente podia contar pro Drew e pra Tonya. Quatro pedindo é melhor que dois.”

“Boa. Vai ser Long Island mesmo?” Ela me olhou quase implorando.

“Por favor?” Ri e acariciei seu rosto.

“Tudo bem. Ei, a formatura do Drew é hoje e depois a gente provavelmente vai comer em algum restaurante. Quer vir? Pode chamar o seu pai.”

“Chris, é um momento de família e…” Ela parou de falar quando viu meu olhar de ‘essa história de novo?’ e suspirou. “Tá, a gente vai.”

“Ótimo. Assim que eu chegar em casa vou falar com o Drew e a Tonya.”

“Beleza.”

Quando cheguei em casa, corri escada acima pro meu quarto e encontrei o Drew na cama agarrado com meu walkman. Ergui a sobrancelha e ele tentou esconder, mas era tarde demais.

“Você não ia pro Doc’s?” E a sua cara de pau, hein?

“Então é isso que você faz enfiado aqui no quarto. Por isso que quando eu vou escutar tá sempre descarregado e eu achando que era culpa da pilha. Idiota.” Ele abaixou a cabeça, pego no flagra.

“Foi mal, cara. Eu sei que foi a Lizzy que te deu.” Deu um tapa na cabeça dele e peguei o walkman de volta, guardando na gaveta da escrivaninha.

Naquela hora a Tonya resolveu aparecer na porta.

“Eu disse pra ele não pegar.”

“Sai daqui, sua fofoqueira. Eu não esqueci que você jogou sorvete na minha beca.” Ela deu língua pro Drew.

“Culpa sua por ser tão idiota.” Hora de eu me meter…

“Ei, ei, ei! Os dois, calem a boca.” Eles me olharam com cara de morte, mas eu ignorei. “Tonya, senta do lado do Drew.”

“Me poupe. A mamãe já fez isso com a gente.” Respirei fundo, invocando toda a minha paciência.

“Eu quero conversar. Ou será que vocês são como dois babuínos, incapazes de conversarem de forma civilizada?”

Eles consideraram e a Tonya foi se sentar ao lado do Drew. Puxei a cadeira da escrivaninha e me sentei de frente pra eles.

“O negócio é o seguinte: sempre no final do ano letivo, o pai e a mãe dão um presente pra gente quando passamos direto. Drew, você tá se formando e Tonya, você passou direto com média B+. Eles já estão morrendo de felicidade. Eu e a Lizzy também passamos com média A-, só que eles ainda não sabem. Então porque, ao invés da gente pedir uma coisa pra cada, a gente não pede a mesma coisa?” Eles me olharam interessados e o Drew perguntou.

“Tipo o quê?”

“Uma viagem.” A Tonya sorriu.

“Ia ser muito legal! Sabe a quanto tempo a gente não viaja?” O Drew franziu as sobrancelhas.

“Desde que a gente morava no conjunto habitacional?” Assenti.

“Exato. Drew, onde a gente vai comer depois da sua formatura?”

“No Junior’s.”

“Embora eu quisesse ir pro Sylvia’s.” Dei um olhar de alerta pra Tonya e ela se calou.

“Que seja. O pai da Lizzy vai também, junto com ela. Quando a gente chegar lá, eu e a Lizzy vamos contar que passamos direto e nós quatro vamos pedir a viagem. Vocês topam?” Os dois assentiram sem hesitação. “Ótimo. A ideia é a gente ir pra Long Island.” O Drew estranhou.

“Praia? Eu fico todo queimado.” Rolei os olhos.

“Você não precisa ir pro sol se não quiser, mas não fura com o plano.” Ele assentiu e eu estendi a mão pra eles. “Fechado?” Eles concordaram, pondo as mãos em cima das minhas.

“Fechado.”

“Beleza. Agora fiquem calados até lá.”

Como o planejado, todos fomos pra formatura do Drew e a Tonya tietou ele o tempo todo. E é porque estava com raiva dele… Imagina se não estivesse… A mãe tava quase pirando também.

Depois fomos pro Junior’s e todos tivemos uma grande surpresa. O sr. Jackson e a Lizzy estavam lá… com a sra. Jackson. Não foi só eu que fiquei boquiaberto e paralisado; todo mundo ficou. Um olhar de entendimento se passou entre o sr Jackson e o meu pai e entre mim e a Lizzy. Finalmente encontrei minhas pernas e fui na direção deles, seguido pelos outros. Nos cumprimentamos e a sra. Jackson foi muito educada com todos, principalmente comigo.

Tudo aquilo ainda era estranho pra mim e eu achava que tão cedo não ia me acostumar com aquela mudança drástica, mas eu percebi que meus pais estavam tentando ignorar o clima esquisito. Eles falavam o mais normal possível tentando incluir a sra Jackson na conversa e ela se deixava guiar.

Fizemos o nosso pedido e depois de comermos, percebi os olhares tensos que o Drew e a Tonya davam pra mim e pra Lizzy. Ok, seus desesperados. A gente vai falar. Olhei pra Lizzy e ela entendeu. É agora.

POV. LIZZY

Percebi que ele tava meio nervoso, mas logo minha atenção estava na mãe dele.

“Chris, você já recebeu o seu boletim?” Ele pareceu surpreso, mas enfiou a mão no bolso da calça e tirou o boletim. Eu acabei fazendo o mesmo e entregando pra minha mãe.

“Tá aqui.”

A dona Rochelle abriu e - talvez pela presença da minha mãe e o fato de que ela não queria se passar por louca - ficou feliz em apenas sorrir largamente.

“Ah, meu bebê passou direto com A-.” Vi o Chris rolar os olhos levemente, mas sorrir.

Minha mãe também olhou o meu, junto com o meu pai. Ele riu e cutucou o sr. Jullius.

“É impressionante como são parecidos. Até as notas são iguais.” E virou meu boletim pra todos verem o meu A- igual ao do Chris.

Fiquei um pouco vermelha quando ouvi minha mãe murmurar, “Parabéns, minha filha.” Meus olhos arderam um pouco, mas eu respirei fundo. Eu não vou chorar.

Me ajudando sem saber, a dona Rochelle continuou babando o Chris.

“O que vai querer, meu filho? Pode pedir qualquer coisa.” Acho que essa era a frase que ele estava esperando.

Fiquei quietinha como todo mundo pra escutar a resposta dele.

“Bom, não sou só eu que quero pedir. Somos nós quatro.” Ele disse, gesticulando pra mim, Drew e Tonya.

“Como assim?”

“É que a gente sempre pede coisas diferentes e dessa vez a gente quer a mesma coisa.”

Dona Rochelle olhou pra nós quatro, desconfiada.

“E o que seria?”

Sem ser planejado, falamos ao mesmo tempo, “Uma viagem.” Ela riu meio sem graça.

“Meu filho, uma viagem é cara.”

“Essa é a parte legal, mãe. Quem vai pagar é a gente.”

Depois dessa até o meu pai se interessou.

“E como vão fazer isso?”

“Lembra daquela aposta, pai? Do jogo de basquete? Phoenix x Lakers?”

Todos os adultos se entreolharam, entendendo o que eu quis dizer e o Chris continuou.

“A gente tem o dinheiro e podemos organizar tudo. Só precisamos da permissão pra levar todo mundo. Podíamos ir na quinta, 4 de Julho, e imprensar o fim de semana. Ia dar pra desestressar legal.”

O Chris me olhou com a cara de ‘nossa parte tá feita’. Agora, eles precisavam deixar. Mas como golpe de misericórdia, Drew e Tonya decidiram agir.

“Pai, por favor.”

“Mãe, por favor.”

Olhei pro Chris e soubemos que o jogo tava ganho. Os pais dele jamais diriam não pros preferidos, ainda mais depois de terem passado direto com notas altas. Provando isso, dona Rochelle suspirou desistindo.

“Tá bom. O que vocês acham, Arthur, Helen?” Meu pai riu.

“Por mim está ótimo. Estava mesmo querendo viajar. E você, Helen?”

Só aí entendi o tenso do Chris pra falar sobre a viagem. Minha mãe não sabia. E por mais que ela estivesse se esforçando pra ser mais legal e mudar, uma viagem com todos poderia ser pedir demais pra---

“Acho uma ótima ideia.” Olhei pra minha mãe, boquiaberta, e podia jurar que o Chris tava do mesmo jeito. Tarde de surpresas…

“Ok, então.” Dona Rochelle virou pra mim e pro Chris. “Agora, ideia de vocês, responsabilidade de vocês.” Assentimos sem hesitar.

“Não se preocupem, a gente organiza tudo, dona Rochelle.”

Por baixo da mesa chutei os pés do Drew, da Tonya e do Chris. Os três sorriram pra mim com o mesmo significado: a gente conseguiu!

Já chegando em casa, fui pro meu quarto trocar de roupa; queria dormir. Mas como minha garganta estava seca, resolvi descer pra beber água. Minha surpresa foi grande ao chegar na porta da cozinha que dava para o corredor e escutar as vozes dos meus pais, conversando.

“Helen, você tem certeza disso?”

“Tenho.”

“Eu sei que está tentando mudar e ser uma pessoa melhor, mas você não deve ir além dos seus limites. Estou orgulhoso de até onde você foi. Se essa viagem for demais para você, me diga. Eu arranjo uma desculpa e-”

“Arthur…”

“Sim?”

Eles ficaram em silêncio e eu percebi que deviam estar se beijando. Senti meu rosto esquentar, mas não me mexi. Eu queria escutar o resto.

“Se eu estou dizendo que estou bem com isso, é porque é verdade. Eu tive um choque de realidade muito forte com aquele garoto. Ele mostrou ser tudo o que eu achei que ele não era. Acabei aprendendo com ele que a cor da pele não é importante, mas sim o caráter da pessoa. Essa viagem vai me ajudar mais do que você pensa. Vou voltar outra pessoa de lá. E também… você viu o sorriso no rosto da Lizzy… ela nunca sorriu assim pra mim e hoje eu consegui isso. Não quero tirar essa felicidade dela. Eu quero conhecer melhor a nossa filha e o Chris. E essa viagem também vai ser o lugar perfeito pra isso.”

Não aguentei mais escutar e subi as escadas pro meu quarto. A medida que eu subia, minha vista ficava embaçada e eu percebi que estava chorando. Chorando de felicidade. Entrei no meu quarto e me deitei na minha cama, ainda chorando. Me agarrei com meu travesseiro e meu cérebro apaixonado me fez sentir o cheiro dele ali.

Obrigada, Chris. Obrigada.

***


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Feliz Natal atrasado, gente...
E Feliz Ano Novo..
Obrigada por todo esse tempo que você tem me acompanhado e espero que continuem acompanhando porque ainda tem muita coisa pra acontecer com esses dois doidos... #LizzyChris
Bjo...
E não esqueçam dos reviews...