Nem Todo Mundo Odeia O Chris - 2ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 13
Todo Mundo Odeia Inverno


Notas iniciais do capítulo

Esse foi mais rápido por que já tava escrito há séculos...
O próximo já tem boa parte concluído...
Por, favor, não me abandonem...
Sinto falta de reviews...



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POV. CHRIS (Brooklin – 1985)

Nada – ok, eu repito – nada fazia minha mãe deixar a gente perder aula. Nem a mais horrível das doenças; nem o enterro de alguém e muito menos o mundo de neve que tava caindo do lado de fora naquela manhã.

“Mãe, eu preciso mesmo ir pra aula?” Eu tava com sono e com frio, mas ela queria que eu saísse de casa pra ir pra aula.

“Tem, sim. Meu filho não vai crescer burro só porque tá nevando um pouco.”

“Um pouco? A senhora chama isso” apontei pra janela, “de um pouco? Ah tá. Conta outra.

“Olha o deboche, garoto. Não sei onde aprende isso.” Ela virou e saiu.

Caí sentado na cama, morrendo de preguiça, mas com um sorriso no rosto. Eu sabia muito bem com quem eu tinha aprendido a ser debochado. Ao pensar nela eu tive uma ideia aparentemente boa. Ela tinha me contado uma coisa na noite anterior que ia me ajudar. Eu ia arriscar. Qualquer coisa pra não ir pra aula nesse frio. Levantei e corri escada a baixo, chamando minha mãe. Achei ela na cozinha.

“Mãe, eu acho que a Lizzy não vai hoje.” Ela me olhou.

“Por causa da neve?”

“É. Ela me disse que talvez o pai dela levasse a gente, mas a neve tá quase cobrindo os pneus dos carros.” Ela foi olhar pela janela e eu fui atrás.

“É mesmo.” Senti que tinha ganhado algum terreno, então eu continuei.

“Posso ir lá perguntar se eles vão mesmo?” Ela me olhou desconfiada, mas deixou.

“Tudo bem, mas volta logo. Eu to já saindo pro trabalho.” ISSO!

“Tá bom.”

Desci as escadas correndo e abri a porta da rua. Ok, minto. Eu tentei abrir, mas tava muito dura. Depois de dez minutos de muito esforço, consegui abrir e descobri porque a porta tava difícil de abrir. A neve tinha congelado as dobradiças da porta, mas o pior era que tinha gelo no chão até meu calcanhar. Tava nevando muito, e eu tava sem meu gorro. Pra sair logo do frio fechei a porta de casa e entrei logo no 604. Assobiei três vezes e alguns segundos depois ela pareceu no topo da escada. Mas ela não tava vestida pra ir pra aula.

“Sobe, Chris.” Subi, parando em frente a ela e notei que ela tava rindo.

“Qual é a graça?” Ela riu ainda mais.

“Você tá com gelo na cabeça. Abaixa que eu tiro.” Inclinei a cabeça, mas ainda assim ela teve que ficar na ponta dos pés pra me alcançar. Os anos e os hormônios tinham feito com que eu ficasse maior que ela. Agora eu era quase uma cabeça mais alto e ela continuava baixinha. Eu não sabia o porquê, mas eu adorava isso. “Pronto.” Olhei pra ela de novo.

“Por que não tá vestida?” Ela me olhou cética.

“Quem vai pra escola com esse tanto de neve caindo?” Rolei os olhos.

“Fala isso pra minha mãe.” Ela pegou minha mão e me puxou. “Cadê os seus pais?” Ela sentou no sofá e eu sentei do lado dela.

“Era sobre isso que eu queria falar com você. Eles...” Ela parou de falar porque o telefone tocou e ela foi atender. “Alô? Ah, oi, pai. Onde vocês foram? Ah tá. Ok. Não, tudo bem. Eu vou ficar em casa. Sério? Tá bom, eu pergunto. Tá certo. Beijo. Tchau.” Era impressionante como a relação dela com o pai tinha melhorado. Ela veio e sentou do meu lado outra vez.

“O que foi?”

“Ele disse que saíram hoje bem cedo pra resolver um negócio. Não sei o que é e nem perguntei. Mas ele pediu pra eu perguntar se não posso ficar na sua casa.” Abri um sorriso enorme.

“Claro. Eu vim perguntar se você ia pra aula. Como você não vai, eu também não vou.”

“Tá bom, então. Vou pegar umas coisas no meu quarto. Vem comigo.” Ela subiu e eu subi atrás.

O quarto dela não tinha mudado nada. As coisas continuavam no mesmo lugar, principalmente o sofá perto da parede. A parede das fotos tinha aumentado e agora tinha várias fotos nossas juntos. Algumas fazendo caretas; tinha uma do dia que ela jogou sorvete na minha camisa. Eu ri enquanto olhava pra elas e ela me olhou. Vi outra foto nossa, essa era com o Greg. Tinha outras dela com a irmã, com o pai, comigo no dia de Ação de Graças. Quando dei por mim ela tava do meu lado. Olhei pra ela e senti sua mão pegar a minha. Sorri e ela sorriu de volta.

“Pegou suas coisas?” Ela mostrou a mochila.

“Peguei. Vamos?”

“Vamos.” Descemos.

“Seus pais saíram hoje?” Olhei o relógio.

“Minha mãe já deve ter saído a essa hora, mas meu pai vai ficar em casa. A empresa fechou desde ontem por causa da neve. A escola do Drew e da Tonya fechou também.”

“Praticamente todo mundo em casa, então.” Não sei porque, mas a voz dela saiu meio triste.

Chegamos na porta da rua e tentamos abrir e... ela não abriu. Era a segunda vez naquele dia que isso acontecia. Tentamos abrir de todo jeito, mas ela tava emperrada mesmo. Como na lá de casa, o gelo tinha congelado as dobradiças da porta, mas teria dado pra abrir se não fosse a altura da neve. Quando eu entrei lá, a neve tava cobrindo meu calcanhar. Quando a gente tentou sair, já tava um pouco acima do joelho. Se a gente abrisse a porta, o gelo ia entrar com tudo. Conclusão: a gente tava preso.

“E agora, Lizzy? O que a gente faz?”

“O óbvio, né? Ficamos aqui.”

“Meu pai vai me matar.”

“Não vai, não. Primeiro, é melhor a gente subir. Aqui tá frio.” Subimos e sentamos no sofá.

“Como não tem jeito da gente sair, eu posso avisar pro meu pai que eu vou ficar aqui?”

“Claro. O telefone tá na cozinha.” Levantei e fui até lá. Pra minha sorte ou azar, quando eu liguei quem atendeu foi o Drew.

“Chris?”

“Drew, o pai já acordou?”

“Já. Foi tomar banho. Ei, onde você tá?”

“Eu to aqui na Lizzy. Tentei ir pra casa, mas a porta tá emperrada com neve. A mãe já saiu?”

“Já. Tem uns quinze minutos.” Amém! Assim ela não me mata porque eu demorei.

“Beleza. Avisa pro pai que eu vou ficar aqui até a neve baixar, tá?”

“Tá. Ei, saiu agora na TV que a Corleone fechou hoje.”

“Ótimo. Eu não ia mesmo. Falô, e não esquece.”

“Tá bom. Tchau.” E desliguei. Voltei pra sala, mas ela não tava mais lá. Fui até o pé da escada e chamei. “Lizzy?” A voz veio meio abafada.

“Sobe aqui e me ajuda.” Subi e ela tava praticamente brigando com uma caixa embaixo da cama. Comecei a rir e a cabeça dela apareceu. “Pára de rir como um idiota e me ajuda aqui.” Tentei engolir o riso e fui ajudar.

A briga toda era por causa de uma caixa comprida que eu ainda não tinha descoberto o que era. E a parte boa é que depois de fazer tanto esforço, nenhum dos dois tava mais com frio. Acabei tirando o meu casaco por causa do calor.

“O que é isso?” Ela respirou fundo, tentando recuperar o fôlego.

“É um colchão inflável. Vou colocar na sala pra gente fazer sessão cinema.”

“Boa! Mas cadê a bomba de encher?” Ela olhou ao redor.

“Ah... Deve ser aquela caixinha verde ali no canto da cama. Pega aquela enquanto eu desço essa.” Parei e encarei ela.

“Essa aí é mais pesada. Deixa que eu levo essa.” Ela sorriu.

“Humm... cavalheiro. Ok. Eu levo a outra.”

Resumindo a história, a gente sofreu pra caramba pra encher aquele colchão. Meus braços ficaram queimando e o rosto da Lizzy ficou tão vermelho quanto os seus cabelos, mas valeu a pena. Quando terminamos, a gente se jogou no colchão. Era como deitar em uma cama d’água! Muito irado! Ela pegou um lençol enorme no armário do quarto dos pais dela e trouxe pra sala.

“Pra quê isso?” Ela falou como se fosse óbvio.

“Pra gente se enrolar. O frio tá aumentando e eu não quero ficar tremendo.” O motivo era justo, mas ainda assim eu fiquei com vergonha. Mas se ela não se importava... Ela tinha pegado quatro filmes pra gente assistir.

“Escolhe um, Chris.” Escolhi e coloquei pra rodar.

Ela já tava deitada e enrolada e eu hesitei antes de deitar ao lado dela. Ela me olhou sem entender.

“Vem, Chris. Tá esperando o quê?” Pára de pensar besteira, cabeça!

“Nada.” Tomei coragem, tirei os sapatos e me deitei ao lado dela.

O filme começou, mas eu não tava prestando atenção. O cheiro dela foi a primeira coisa que eu notei; era algo doce, mas exótico ao mesmo tempo. Tentei parar de pensar nisso e focar no filme, mas cada vez que eu respirava eu sentia e tava ficando cada vez mais forte. Felizmente o filme começou a chamar minha atenção. Lá pra metade do filme a gente sentiu a temperatura baixar ainda mais e, mesmo com a roupa de frio, o lençol e o aquecedor ligado, a gente ainda tava sentindo frio. Eu já tava sem ideia do que fazer pra me esquentar quando sinto ela chegar mais perto. Olhei pra ela e não parecia ter sequer piscado, quanto mais se mexido. Voltei a assistir o filme, mas então percebi que poderia ser uma boa ideia ficar mais perto, assim a gente se esquentava. Pensei em me mexer, mas faltou a coragem. Então eu senti ela chegar mais perto. Olhei pra ela outra vez e a vi tremer.

"Tá com frio?" Ela me olhou e assentiu.

"Um pouco." Não sei como ou de onde eu tirei coragem pra falar minha próxima frase, mas saiu.

"Vem cá." Ela me olhou, surpresa, mas depois me deu um leve sorriso e chegou mais perto. Como se tivesse vida própria, meu braço esquerdo passou em volta dos ombros dela e ela encostou a cabeça no meu ombro. Senti minha pele arrepiar, mas eu não sabia se era por causa do frio ou da proximidade dela. Tentei fazer minha respiração voltar ao normal antes de falar. "Melhor?" Ela riu.

"Muito, mas meu estômago tá me dizendo outro jeito."

"Qual?" Ela me olhou e sorriu.

"Pipoca. Vem me ajudar?" Ela não esperou a resposta; se levantou e foi na direção da cozinha. Senti uma pontada de frustração quando ela saiu. Isso foi o mais perto que a gente ficou desde que nos conhecemos. Pensei que ela tinha gostado, mas ela fugiu. Achei melhor ir ajudar ela na cozinha ou ela ia estranhar. Levantei e fui.

Não demorou muito e a gente voltou pra sala com uma bacia de pipoca e duas xícaras de chocolate quente. Ela foi colocar o segundo filme e depois veio se sentar comigo. Pra minha grande surpresa ela sentou do meu lado, pegou meu braço esquerdo e ELA MESMA passou em volta dos ombros dela. Senti outro arrepio, mas dessa vez eu não tava com frio. Depois de um tempo eu me acostumei a tê-la tão perto, a pipoca acabou e nos deitamos de novo, mas ela não se afastou de mim.

O filme era legal, mas tava nevando lá fora - embora estivesse quente embaixo do cobertor por causa dela - minha barriga tava cheia e o cheiro dela era tão bom que eu comecei a ficar com sono. Olhei pra Lizzy e vi ela bocejar e fechar os olhos. Meus olhos começaram a pesar e eu desisti de tentar resistir. Meu último pensamento racional foi a lembrança de ter puxado ela pela cintura pra mais perto de mim.

POV. LIZZY

Tinha ficado muito frio de uma hora pra outra e eu cheguei mais perto dele. Pra minha surpresa ele não se envergonhou e me abraçou, mas eu fiquei um pouco com vergonha. Arrumei a desculpa da pipoca pra recuperar minha respiração. A gente fez a pipoca e depois nós fomos pra sala e eu coloquei o segundo filme. Antes de me sentar perto dele, respirei toda a coragem que consegui reunir. Fui e me sentei bem perto, depois peguei o braço dele e passei em volta dos meus ombros. Ele pareceu surpreso, mas depois relaxou.

A pipoca acabou, o frio aumentou e o filme tava quase terminando quando eu comecei a ficar com sono. O calor que vinha dele equilibrava perfeitamente a temperatura embaixo do cobertor, e isso me fez ficar com mais sono ainda. Mas eu não queria dormir. Era a primeira vez que a gente tava sozinho por tanto tempo e eu não queria desperdiçar esse tempo dormindo,mas o sono tava me vencendo. Olhei pra ele e vi que também tava meio sonolento. Não consegui evitar um bocejo e fechei os olhos. Antes de adormecer, senti ele me puxar pela cintura pra mais perto dele e suspirar. Um sorriso apareceu no meu rosto antes de eu ficar inconsciente.

Acordei de repente, pensando ter ouvido o som familiar do telefone, mas não tinha barulho nenhum. Ainda de olhos fechados, senti um calor reconfortante e uma mão na minha cintura. Sorri involuntariamente e abri os olhos. No começo fiquei assustada; o rosto dele tava tão perto do meu que os nossos narizes quase se encostavam. Ele ainda dormia; era muito fofo. A única injustiça era que assim ele não sorria e eu adorava o sorriso de lado dele. Mesmo com medo de acordá-lo, ergui a mão e acariciei seu rosto. Ele se mexeu um pouco, mas continuou dormindo. Sorri.

Sem ter muita consciência do que eu tava fazendo, cheguei mais perto dele e beijei seu rosto. Ele suspirou e me puxou pra mais perto ainda, colando totalmente meu corpo no dele. Sua perna esquerda ficou entre as minhas, seu braço ficou rodeando minha cintura e nossos rostos ficaram mais perto que nunca. Se eu chegasse um pouquinho mais perto, a gente ia se... Estremeci com o pensamento. É claro que eu queria, mas... se acontecesse eu preferia que ele quisesse também. E estivesse acordado, de preferência. Ainda assim eu olhava pra ele como uma adolescente apaixonada e boba, e o mais irônico era que eu era exatamente isso. Ele tá me fazendo ficar idiota.

Minha realidade/sonho foi interrompida pelo barulho do telefone. Eu sabia que esse troço tinha tocado. Por um momento odiei aquela porcaria. Pensei em deixar tocar, mas podia ser meu pai. Levantei e fui atender.

"Alô?" Falei, abusada.

"Lizzy, o Chris tá aí?" Deixei o abuso de lado.

"Greg?"

"É. Liguei pra casa dele e o Drew disse que ele tava aí?"

"Ele tá aqui sim, mas" pela porta aberta da cozinha olhei pro Chris, dormindo no colchão, "acho que ele não está em condição de atender no presente momento. Foi nocauteado."

"Como?" Ri dele.

"Ele tá dormindo." A vez dele de rir.

"Dormindo?"

"É. A gente foi assistir um filme e ele acabou dormindo."

"Ah tá. É que eu pensei que vocês tinham ido pra aula."

"Tá louco? Com toda essa neve?"

"Eu sei, mas a gente sabe que a mãe dele não regula bem." Eu ri.

"Ele veio falar comigo cedo pra perguntar se eu ia. Parece que ela queria que ele fosse mesmo."

"Imagino. Então tá. Era só isso. Valeu."

"De nada. Tchau." E desliguei.

Ainda bem que ele não perguntou se a gente tava sozinho. Eu acabei de acordar e não to com cabeça pra pensar em desculpas. Suspirei de alívio e olhei o relógio: 13:17h. Voltei pra sala e ele nem tinha se mexido. Por mais que eu detestasse a ideia, eu sabia que ele tinha que voltar pra casa. E eu tinha que olhar o nível da neve pra ver se ele já podia ir. Senti vontade de deitar de novo com ele e dormir o resto da tarde ou só observar ele dormir. Pra mim não fazia diferença, a felicidade seria a mesma. Mas eu sabia que não podia. Meus pais deviam voltar logo e não ia ser legal eles encontrarem a gente daquele jeito. Fazer o que é certo... por que é tão difícil?

Olhei em volta, procurando algum agasalho, e o único que encontrei foi o dele. O meu devia estar lá em cima. Em um gesto infantil, peguei o casaco e vesti, sentindo o cheiro dele. Era muito bom. Tentei me olhar direito e percebi que eu devia estar parecendo uma esquimó. O casaco ficava enorme por que ele era mais alto. Sacudi a cabeça, rindo e calcei minhas botas. Desci as escadas devagar pra não fazer barulho. Olhando pelo vidro da porta da rua deu pra ver que a neve não tinha baixado, mas tinha parado de nevar. Também deu pra ver que algo ou alguém tinha raspado a neve das escadas, então já dava pra abrir a porta. Soltei um suspiro de tristeza e subi pra acordar ele,mas antes de eu chegar na sala ele me encontrou no corredor.

"O que foi?"

"Acordei e não te vi. Fiquei preocupado." Sorri internamente.

"Só desci pra ver o nível de neve." Ele me olhou de cima a baixo e reprimiu um sorriso. Rolei os olhos. "Eu sei, eu to ridícula, mas foi o único agasalho que eu encontrei. Fiquei com preguiça de ir lá em cima buscar o meu." Ele balançou a cabeça.

"Não, eu gostei... mas ficou enorme." Ele não conseguiu segurar o riso dessa vez.

"Claro que tá parecendo um vestido. Você é mais alto."

"E você parece menos ainda. Tá parecendo um esquimó." Ele se retorcia de rir.

Fiz cara de ultraje e avancei nele com a intenção de bater, mas ele segurou meus pulsos e me girou, me abraçando forte pelas costas.

"Nossa! Desde quando ficou tão forte?"

"Na mesma época em que a voz engrossou." Ele sussurrou isso no meu ouvido ah, essa voz rouca... pára! e eu me arrepiei. Era melhor parar ali, antes que alguma coisa acontecesse. Ou que eu faça alguma besteira... Se bem que ia ser bom... Não! Pára, Lizzy!

"Acho que você tem que ir." O abraço afrouxou e a voz veio um pouco triste.

"Acho que sim."

Sem me soltar ele se encostou na parede do corredor e, como se fosse algo planejado, eu encostei a cabeça em seu peito e suspirei.

"Você gostou?" Ele se fez desentendido.

"De quê?"

"De hoje, bobo." Ele riu.

"Muito. Foi muito bom ficar aqui com você." Ainda bem que ele não tava vendo meu rosto porque eu fiquei vermelha e sorri.

"Eu também gostei." Eu não tava vendo o rosto dele também, mas eu posso jurar que ele sorriu. O abraço apertou um pouco, ele suspirou e beijou o meu pescoço. Estremeci.

"Ainda tá com frio?" Eu não tava, mas se eu dissesse isso ele ia se afastar.

"Um pouco." Ele me virou de frente pra ele e me abraçou. O calor dele afastou qualquer frio que eu pudesse sentir. Ele é tão quente. Devolvi o abraço e escondi o rosto na curva do pescoço dele. Ficamos um bom tempo assim, sem que quiséssemos nos separar... mas ele precisava ir. Me remexi, incomodada.

"O que foi?" Resmunguei.

"Você já vai." Ele riu do meu mau humor.

"Eu tenho que ir, Lizzy. Como parou de nevar, seus pais vão já chegar. E eu tenho certeza que o seu pai não vai gostar nada de saber que a gente ficou sozinho aqui. Lembra da confusão que deu quando a gente foi na casa da Tasha sem a Sra. Clarkson saber?" Assenti. Eu lembrava bem. A velha quase matou ele. "Não quero seu pai tentando me matar." Detestei a situação, mas ele tinha razão.

"Tudo bem. Toma." Mesmo sem vontade de fazer isso, eu tirei o casaco dele e entreguei. Ele pegou, depois beijou e afagou meu rosto. Sempre que ele fazia isso, nós dois sorríamos como bobos.

"Te vejo amanhã." Assenti. Ele pegou minha mão e apertou de leve, depois desceu as escadas vestindo o casaco e saiu. Senti um aperto no peito e uma súbita tristeza. Sacudi a cabeça tentando espantá-los.

Pra me ocupar fui ajeitar nossa bagunça. Acabei descobrindo que secar o colchão era bem mais divertido que encher. Depois eu ia contar pra ele. Lavei a louça e quando tava terminando, ouvi o barulho de chaves na porta. Pouco depois, meus pais entraram.Exatamente como ele disse.

"Lizzy? Pensei que estivesse na casa do Chris."

"Eu tentei ir, pai, mas a porta tava emperrada e tinha neve até a altura do joelho. Então fiquei aqui. Passei a maior parte do tempo assistindo e dormindo." Vi minha mãe dar um leve "graças a Deus", mas ignorei.

"Fico tudo bem, então?"

"Ficou. Sem problema." Ele pareceu mais aliviado.

"Então tá." Ele se aproximou e me beijou na testa.

"E então? Foi resolver o quê?" Ele tentou desconversar.

"Umas coisas. Deu tudo certo, não se preocupe." Percebi a relutância e decidi não forçar. Eles estavam muito misteriosos ultimamente. Saíam juntos e não diziam pra onde. Uma vez eu encontrei uma ordem judicial entre as cartas do correio. Perguntei o que era, mas eles nunca me davam uma resposta direta. Não adiantaria se eu pressionasse, então resolvi deixar pra lá... por enquanto. Eu ainda vou descobrir que segredo é esse.

Eles foram comer alguma coisa e eu subi pro meu quarto. Fechei a porta e me joguei na cama com um suspiro. De olhos fechados, revivi os momentos do dia com um sorriso bobo no rosto. O calor que vinha dele, seu sorriso, seus braços em volta de mim, os carinhos, o momento que ele me puxou pra ele antes de adormecer... Seriam minhas lembranças favoritas por semanas. Naquele momento eu me esqueci que a Tasha era uma sombra entre nós dois e me deixei gostar dele sem medo algum.

POV. CHRIS

Acordei com um pouco de frio e notei que ela não tava mais lá comigo. Sentei, tentando lembrar de alguma coisa. Tive a vaga lembrança de ter sentido um carinho no meu rosto e o barulho de um telefone. Também lembrei de ter dormido abraçado com ela e sorri. Levantei e fui ver onde ela tava, mas quando saí da sala encontrei ela no corredor. Ela tava vestindo o meu casaco e ficava enorme nela; não pude deixar de rir. Ela tentou me bater por fazer hora com a cara dela, mas acabou abraçada em mim. Senti o cheiro dela e involuntariamente me arrepiei.

Ela pareceu ficar triste ao lembrar que eu precisava ir. Não sei porque, mas eu gostei de saber que ela sentia minha falta assim como eu sentia a dela. Quando ela virou pra mim, eu pude olhá-la direto como não fazia muito tempo. Como eu não notei que ela é tão bonita? Ela sempre foi fofa, mas de uns tempos pra cá ficando seriamente linda. E ela gostava de ficar perto de mim; isso era o mais impressionante, principalmente pra mim. Eu sei que a gente é melhor amigo, mas eu nunca pensei que a gente ia ficar tão próximo... e ela não colocou nem um limite... Ninguém nunca tinha sido assim comigo, ainda mais uma garota. E eu gostava disso. Estar com ela me fazia sentir bem.

Olhei pra ela e beijei seu rosto, sentindo ela estremecer e suspirar. Era bom saber que eu conseguia causar nela pelo menos algo parecido com o que ela causava em mim. Disse a ela que eu tinha que ir. Ela me devolveu o casaco de mau humor e eu ri.

"Te vejo amanhã." Apertei sua mão e depois desci, vestindo o casaco. Saí da casa dela e entrei na minha. Enquanto subia as escadas, notei algo e sorri. O cheiro dela tinha ficado no meu casaco e trouxe o que tinha acontecido naquele dia de volta à minha memória. Seriam minhas lembranças preferidas por semanas.

***


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Notas finais do capítulo

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