Há muito tempo, havia um homem que seguia uma estrela, acreditando que ela o levaria ao paraíso.

Passava por diversos lugares e, em todos eles, ficava conhecido pelos moradores por seus feitos de coragem, generosidade e bondade. 

Nunca ficava em uma cidade por mais que um dia, pois logo de noite a tal estrela aparecia e ele seguia adiante.

Passou vários anos sendo guiado por este astro, com a esperança de que o tão sonhado lugar estivesse próximo, mas nunca estava; até que um dia, já velho, percebeu que fracassara, que esse paraíso não existia, a não ser em sua cabeça. Arrependeu-se por ter tido tal sonho, por ter levado uma vida miserável por ele, e ficou profundamente magoado por esse caminho não ter dado em nada.

Parando, finalmente, em uma cidade, e dessa vez querendo ficar para sempre, um homem o viu e o reconheceu, dizendo que, quando era menino, o velho o havia ensinado  a fazer cestos de palha para trabalhar e conseguir dinheiro. E a partir daquele instante, pensando em tal ensinamento, ele também fez o mesmo para muita gente, pois foi um gesto que fez muita diferença em sua vida. E mesmo que não estivesse rico, estava feliz por sustentar sua familia  e ter algo de bom para passar as outras pessoas. Disse também que não havia se esquecido das lições morais que aprendera e que estava imensamente feliz por ter reecontrado o anjo que Deus colocou em sua vida para que pudesse, de coração, agradecê-lo.

O velho, por sua vez, disse:

- Não mereço nenhuma admiração e nenhum dos seus agradecimentos. Sou um velho fracassado. Segui um caminho, dei minha vida por ele e não fui levado a lugar nenhum.

O homem sorriu ternamente e então disse:

- Dizes assim, mas não pensaste corretamente. És um homem que sabes fazer de tudo, um grande conhecedor das coisas. Tens o reconhecimento de todos os moradores desta cidade e tenho certeza que de outras também. Para mim, ser como és já seria o paraíso.

E o velho sorriu por ter finalmente encontrado seu lugar.