Heat-Haze Days escrita por Bacon


Capítulo 3
Tic tac, tic tac, tic tac.


Notas iniciais do capítulo

MIIIIIIIIIIIIIIIIIL DESCULPAS PELA DEMORA!!!
Meu computador está com a bateria viciada e com uma dobradiça quebrada (rimou lol) e eu tive que mandar pro conserto, e fiquei sem ele por umas duas ou três semanas, sem poder continuar escrevendo o que já tinha começado T^T
E o pior é que os caras não entregaram a bateria ainda e não conseguiram consertar a dobradiça >:U
TODA A ESPERA PRA NADA, ARGH!
Masok, vou parar de encher vocês com os meus probleminhas com o PC, aproveitem o cap :3
ALIÁS, UMA PEQUENA NOTA PRA HARUMI18!!!!!
Na sua última review, eu sem querer respondi "Siu u3u" quando era pra ser "sim u3u"
Desculpa se eu pareci grossa ou alguma coisa, foi sem querer, eu não reli o que tinha escrito ;^;



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Tic tac, tic tac, tic tac.

Acordei com o som dos relógios ao meu redor, mas não era capaz de abrir os olhos. Não fazia ideia de onde poderia estar, mas sabia que não estava sozinho. Eu estava deitado de uma maneira relativamente confortável num chão morno e havia algo me observando. Eu sentia isso. Era como se eu fosse a presa indefesa de algum leão faminto preparando seu ataque. Patético.

Por mais que tentasse, não conseguia mexer um músculo sequer. Era frustrante, principalmente porque eu estava ciente de que poderia ser estuprado a qualquer momento, considerando os tempos em que vivia. Mas, aos poucos, essa suspeita começou a desaparecer, pois a provável sala em que eu estava subitamente começou a ficar muito, muito quente. Algumas gotas de suor escorreram pela minha testa, pingando lentamente em meu nariz ou cílios.

– Até quando pretende brincar de bela adormecida, Lenzito? – perguntou uma voz carregada de escárnio. Meu corpo começou a queimar sem mais nem menos, e eu não tive alternativa senão gritar.

Tic tac, tic tac, tic tac.

Não posso dizer que foi algo ruim. Quando gritei, pude controlar meu corpo novamente, portanto, abri os olhos. Foram precisos alguns segundos para que eu pudesse me acostumar com a claridade do local.

Parecia não ter fim.

Era uma sala enorme, com as paredes todas negras, que davam um ar de escuridão, mas era bastante claro. Lá, havia uma infinidade de relógios, todos diferentes. Relógios cucos, de pulso, digitais, de pêndulos, todos os tipos estavam presentes ali. Porém a predominância era de relógios de parede. Tentei, mas não cheguei a encontrar um igual ao outro. Haviam os sérios, de diferentes tons de cinza, preto e branco; e os divertidos, com ponteiros ondulados, coloridos ricamente com várias cores e, às vezes, alguns tinham rostos felizes e tristes, bolinhas de futebol, flores e corações no lugar dos números de 1 a 12. Mas a maior peculiaridade do lugar era a sincronização. Não havia um relógio que não batia o tic tac ao mesmo tempo que os outros. Parecia um coral ensaiado detalhadamente para que não houvesse nada imperfeito. Um arrepio percorreu minha espinha.

– É sério que você vai prestar mais atenção nesses relógios estúpidos do que nesse seu amigão aqui? – perguntou a voz novamente. Mas eu já sabia quem era, afinal, a voz era minha, e eu sabia muito bem que não estava louco a ponto de falar sozinho. Olhei para frente, para trás e ao meu redor, mas não consegui encontrar a névoa de calor. – Aqui, desgraça! – Um bafo quente me atingiu novamente e, logo em seguida, senti alguém (ou algo) me abraçando por trás. Era quente, extremante quente, mas não chegava a queimar. Quando tentei tirá-lo de cima de mim, percebi que não era sólido. Não fazia sentido. Ele podia me tocar, mas eu não podia tocá-lo.

– O que você quer?! – perguntei, impaciente. Num mísero piscar de olhos, ele estava na minha frente, sorrindo debochadamente como de costume. Vendo mais de perto, percebi que ele usava um moletom de capuz preto, calças jeans e seus cabelos não eram louros como os meus, eram negros. Claro que todas as cores tinham um toque alaranjado aqui ou ali. Ele era completamente a minha visão contrária, já que eu estava usando uma blusa branca e shorts verdes claros. E, (in) felizmente, sorria muito raramente.

– Len, como você é chato! Nunca pensei que alguém tão maravilhoso como eu poderia ser tão... tão eu! – riu. – Mas, bem, vamos conversar. Como está a Rillinha? – perguntou, sorrindo de maneira irritantemente inocente.

– Morta. – respondi, soando o mais seco e indiferente o possível.

– Disso eu sei, né? Eu quis dizer: o corpo dela, como está?

– Morto.

– Ai, ai, Len! Será que eu sou tão chato assim quando quero? – sorriu. – Serei mais específico: como ela morreu?

Revirei os olhos. Que pergunta mais estúpida, claro que eu sabia como ela morreu. Se era alguma espécie de jogo ou pegadinha, eu não estava a fim de brincar. Encarei-o por alguns segundos, com meu olhar mais frio e penetrante o possível, que ele apenas respondeu com uma sobrancelha levantada e os lábios ainda curvados num sorriso.

– Ela morreu – suspirei. – Atropelada por um... –Foi quando me lembrei dos acontecimentos anteriores. A menina no parquinho, o gato, o caminhão, tudo. Porém, quanto mais tentava enxergar a cena novamente com o máximo de detalhes, o rosto de minha irmã aparecia sendo atropelado, aquele rosto que eu mal me lembrava, e, sendo morta por um tiro, quem eu via era a garota do parque, que eu nem sequer sabia o nome. E, por mais que eu tentasse “arrumar” minhas memórias, nada adiantava.

Tic tac, tic tac, tic tac.

– Ah, sim?

– O que você fez?! – gritei em plenos pulmões, irritado com a ideia de estar confundindo pessoas tão importantes em minha vida. – Por quê?!

– Não fiz nada, ué – respondeu ele, inclinando a cabeça de modo a parecer uma simples criança inocente. – São as suas memórias, você que fez ou deixou de fazer algo, Len.

– Não, foi você! Você sou eu, eu sou você, nossas memórias são as mesmas!

– Será mesmo? – ao perguntar isso, ele desapareceu numa névoa, o calor tomando conta de meu corpo novamente. Poucos instantes depois, senti seus braços irritantemente quentes envolverem-me os ombros, e sua voz, num sussurro, disse-me: – Eu sou você, você sou eu, mas não somos os mesmos.

Meu coração bateu tão forte com aquela frase que a batida parecia ter o meu corpo todo em si. Estava ele insinuando que éramos... de dimensões, mundos diferentes? Não fazia sentido. Tentei me virar para encará-lo o mais rápido possível, mas em um instante ele desapareceu, numa névoa alaranjada de calor e pó.

E foi nesse mesmo instante que todos os relógios começaram a badalar.

Dim dom, dim dom, dim dom.

O som das batidas ecoava na minha cabeça com tanta força que me deixou tonto por alguns instantes, o que fez-me cair de joelhos, tampando os ouvidos, para tentar abafar o som, pelo mínimo que fosse. E assim os relógios tocaram e tocaram, por doze vezes sem descanso. Quando pararam, meus tímpanos pareciam estar quase por estourarem. Minha cabeça latejava e minha visão estava meio desfocada, mas nada grave o suficiente para que eu não pudesse sobreviver. Respirei fundo e olhei para frente.

A névoa de calor estava apoiada na parede à minha frente, me encarando de braços cruzados, ao lado de um relógio de ponteiros redondo e preto, com algumas manchas avermelhadas. O mais curioso era sua expressão. O outro eu não estava mais sorrindo como de costume ou olhando zombeteiramente para mim. Estava sério, encarando-me com o olhar mais penetrante que um dia pensei em fazer.

Arrepiei.

– O-O que foi...? – perguntei, indo em sua direção. Ele apenas soltou um “Tsc!” e desapareceu novamente, deixando-me sozinho com os relógios.

O que eu não havia percebido foi que ele esbarrou no relógio que estava parado, deixando uma mancha de sangue no mesmo.


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Notas finais do capítulo

E aí, ficou bom?
Reviews, please? :3
Esse capítulo não é muito esclarecedor (não é nada lol), mas é bem importante, porque várias partes da história vão se passar nessa "sala", e eu gostei desse suspensezinho do final, hehe ^u^