O menino chorava sujo de sangue.

– Me ajudem, me ajudem! Chamem uma ambulância! Não fiquem parados aí, ajudem!

Mas ninguém parecia ouvir. Homens e mulheres de idades e expressões diferentes permaneciam ali parados, apenas encarando a triste cena. Alguns olhavam para o menino suplicante e simplesmente iam embora.

– Por quê? Por quê?! Ela precisa de vocês! Façam algo!

Mas não. Ela não precisava de ajuda, não mais. O menino já sabia, mas não acreditava. A garota em seu colo, com seu corpo rasgado, sujava de vermelho o chão e o amigo ao redor. Mas nada ela poderia fazer contra isso. Seu coração já não batia mais e tudo o que ela podia fazer era encarar o azul do céu.

– Ei! Ei! Acorda! – o menino a sacudiu. – Acorda! – lágrimas pingaram nas bochechas sem cor dela e escorreram para seus lábios. – Fica comigo! Fica...

– Ela morreu, Len. – disse uma voz familiar.

Len olhou para frente e viu a névoa de calor.