A Fabulosa Mooresville escrita por Luma


Capítulo 11
Capítulo 11 - Pés de galinha, Vizinho e Poker


Notas iniciais do capítulo

Estou desde de manhã escrevendo ele, estou cansada, mas estou aqui!!
Escritora Invisível, muito obrigada por sua recomendação! este capítulo é para você!!
As mensagens privadas não estão disponíveis agora, então não pude mandar as MPs, mas tentarei amanha!



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Entrei no estabelecimento, que me fora apresentado ainda esta manhã, após alguns olhares trocados entre eu e as outras garotas que presenciaram a cena que Joanne acabara de fazer. Abria porta e a fragrância chegou as minhas narinas e dominou minha mente. Havia um muito doce, semelhante à calda de morango recém feita, e um outro apimentado, que fazia meu nariz coçar.


Senti calafrios na minha coluna ao pensar em quais seriam os pratos servidos no almoço, me lembrando do que Oliver falara. “Volte no almoço e terá uma surpresa”. Não queria ter uma surpresa. Seriam os pratos do almoço tão saborosos e peculiares quanto os da minha primeira refeição ali?


Esperava que sim, mas algo me dizia eu aqueles seriam apenas peculiares.


Enquanto andava até a mesa onde Joanne e Alice estavam sentadas corri meus olhos pelo local, tentando não parar em apenas uma pessoa, para não deixa-las desconfortáveis, cuidado que a maioria não tinha comigo. Porém, era particularmente difícil não faze-lo. Ali, iluminados por apenas alguns raios solares que entravam timidamente pelas janelas e pelas luzes fracas, eles pareciam um mistério para mim. Até mesmo o meu próprio avô, que sentava no mesmo lugar desta manhã.


Sentei-me ao lado de Joanne, proposta a amenizar o clima tenso que se formou após os últimos acontecimentos. Teria sido convidar Aria um erro?


Para minha surpresa, ela olhou para mim e sorriu. Outro de seus maravilhosos sorrisos que mostravam seus dentes incrivelmente brancos. Ela estendeu um de sus braços alvos, aproximando sua mão do meu rosto. Seus dedos frios pegaram uma mecha solta do me coque improvisado, colocando-a atrás de minha orelha. E, depois, como se cansasse, se virou para Alice, retornando à conversa que levavam no tempo que ficaram sozinhas lá. E, por mais que eu tentasse não prestar atenção, descobri que elas discutiam sobre coberturas de bolos.


Por ter sido uma das primeiras a sentar, pode observar as pessoas entrando e se dirigindo as mesas de suas escolhas. Ao que parecia, o restaurante era a escolha da maioria da população da cidade. Fico me perguntando se este não é o único restaurante da cidade. Ou talvez seja porque as duas garotas intrusas iriam almoçar ali, um espetáculo barato para quem há muito não vê diversão.


Além dos garotos e garotas que eu acabara de ser apresentada, várias pessoas que eu já havia visto e outras que ainda não estavam ali. Havia uma senhora de vestido longo e feições rígidas, segurando um terço em suas mãos enrugadas. Sentado no bar, com um terno alinhado e cabelos loiros com poucos fios brancos, um homem de mais idade também observava o movimento.


–Aquele ali, querida Sofia, é o pai de Aria. O nosso tesoureiro. –Joanne sussurrou com a voz arrastada ao perceber em quem meus olhos estavam pousados. Ele era lindo, e tinha um ar jovem. Porém, era uma beleza comum, direta, não como as outras pessoas da cidade. E isso afirmava para mim que ele não nascera aqui.


Pude ver Aria entrando na minha visão, dando um singelo beijo no rosto do homem e se inclinando, parecendo que ia falar-lhe algo. Aos uns segundos, ele se levantou, correndo os olhos por todo o estabelecimento, parando em mim. Fiquei presa em seus olhos claros, e mesmo que quisesse não poderia me soltar. Por sorte, ele foi embora.


Mary apressou-se em sentar-se ao meu lado. Parecia que, no dia de hoje, virar amiga de Sofia Magdalena Ducce era uma prioridade, Mary havia percebido isso e não parecia nem um pouco feliz. Aria sentou-se a minha frente, ao seu lado direito sentou Lyanna e no esquerdo Lexi, que mantinha uma careta de desgosto.


Como os únicos lugares livres eram as duas cabeceiras, Jessica e Helena sentaram-se nelas, após virem andando calmamente até nós. Aparentemente, os garotos teriam que sentar em outra mesa.


Eles se aproximaram de uma mesa vizinha e colocaram seus pertences nas cadeiras. Mochilas, reprodutores de música e até mesmo um violão. Mas, depois de feito isso, vieram até nós.


Senti um braço em meu ombro, e me virei alarmada para o dono dele. Newton abraçava meus ombros com um dos braços e abraçava os de Joanne com o outro. Ele estava inclinado para frente, como rosto ao lado do meu. Era realmente muito bonito.


Alan se apoiava na cadeira de Mary, a mesma tinha o rosto colorido de vermelho. Ela estava com vergonha. Pude perceber que os meninos fecharam um círculo sobre nós.


–Então Sofia, nos conte como é viver na cidade grande. –Perguntou Newton e todos da mesa pararam suas conversas, atentos.


–É bem diferente de viver aqui, pelo que pude observar. Aqui todo mundo se conhece. –Falei.


–É, mas às vezes isso não é tão bom. –Newton sorriu de lado. –Sou obrigado a ver a Joanne todos os dias, olha que inferno! –Brincou, puxando a falsamente emburrada Joanne para depositar um beijo em sua bochecha. Os cabelos da loira caíram por cima dos do garoto, causando um grande contraste.


–Idiota. –Disse Joanne, agarrando o maxilar do garoto com os dedos. Quando ela o soltou, pude ver que ela realmente havia usado força, pois suas unhas ficaram marcadas na pele sem imperfeições dele.


–Nossa, que menina agressiva. –Cantarolou, passando a mão nas marcas deixadas por ela, porém parecia que ela não havia ouvido. Na verdade, ela nem se dignava a olhar para o garoto. Seus olhos estavam presos em outra pessoa, e parecia que não era apenas os olhos dela. Todas as garotas, inclusive Mary, olhavam.


E, quando segui seus olhares para ver o alvo de tanta atenção, pude entender o que havia acontecido. Havia três garotos em pé há alguns metros dali, e eles conversavam com Oliver. O que os quatro emanavam juntos era algo que eu nunca presenciei em toda minha curta vida. A beleza dos desconhecidos era tanta que chegava a confundir minha mente.


Inclinei-me sobre a mesa, escapando sem querer do braço de Newton. A necessidade de toca-los para verificar se eram reais me acertou em cheio. Os quatros juntos, belezas tão diferentes, faziam qualquer uma esquecer do que estava pensando. Inclusive eu.


–Dylan! –Newton falou alto. Um dos garotos o olhou, sorrindo. Seus olhos eram azuis e seu cabelo castanho. A pele clara era salpicada de pequenos pontinhos mais escuros. Subi meus olhos por sua boca avermelhada e pelo seu nariz bem esculpido até chegar em seus tão incríveis olhos. Demasiadamente atraente. Acima deles, em suas grossas e escuras sobrancelhas, estava um pequeno pedaço de metal perfurando sua pele. Um piercing.


Newton soltou Joanne e endireitou a postura, andando até o garoto. Cumprimentaram-se com um abraço daqueles que em que se depositam tapas nas costas e depois se afastaram. Dylan então se virou de costas e eu pude desviar meus olhos para o outro que lhe acompanhava. Eu já o vira antes, de longe, porém não me lembrava quando nem aonde. Seus cabelos claros caiam por sua testa e quase tampavam seus olhos, que eram verdes claríssimos. Era lindo, quase angelical. Sua linha do maxilar me chamava atenção, assim como o seu queixo com a pequena covinha.


Não conseguia dizer qual deles era o mais bonito. Principalmente depois de examinar detalhadamente o terceiro.


Tinha olhos e cabelos escuros, a pele queimada de sol. Alto e másculo, com os fortes músculos marcando a blusa. Seus cílios eram espessos e escuros, grandes. Era uma beleza clássica, antiga. Lembro-me de ter visto alguém como ele num dos filmes que minhas professoras passavam em aula, sempre sobre guerra, arte ou clássicos.


–Te falei sobre o Dylan esta manhã. Irmão da Dama de Gelo. –Joanne sussurrou perto de mim, enquanto sorria e acenava para o garoto de quem ela falava, que correspondeu animado. –O loiro se chama Thomas. Se eu não me engano eu já o mostrei a você.


–Já sim. É o amigo da Aria, não é?


–Exatamente. Filho do primeiro ministro, rico e lindo. –Comentou, pegando o cardápio e o examinando. Aproveitei que estava perto dela e o olhei também. Mas uma vez nele só se encontravam nomes peculiares.


–E quem é o outro garoto? –Perguntei enquanto tentava imaginar como seria cada prato do cardápio. “Pé de galinha ao molho pardo” e “cabeça de porco com pimenta” eram particularmente difíceis de se imaginar.


–O nome dele é Logan Thurner. Seu vizinho. –Fitei seu rosto, que ainda estava direcionado para o cardápio encadernado. Meu vizinho. Vizinho de Mary. Maldita a hora que eu falei que ela poderia se envolver com os garotos da cidade... –Oliver! Dá para nos atender ou está difícil? –Joanne gritou, fazendo o belo garoto ficar com feições de ódio.


–Que eu saiba você deveria estar trabalhando. –Respondeu se aproximando da mesa, tirando um caderno pequeno do bolso e uma caneta.


–Mas não estou. Vai nos atender ou não? –O garoto apenas apertou o botão da caneta, ignorando-a. –Ótimo, eu quero “ovos à Thibault”. Você sabe como eu gosto, gema mole e muita pimenta. –Falou fechando o cardápio e juntando as mãos, olhando para o garoto com desprezo. Lembrei-me do que se avô me falara. Eles não se davam bem.


Não mesmo.


–E você... Sofia, não é? O que vai querer? –Perguntou a mim. Meus olhos correram por sus fortes braços evidenciados pela manga arregaçada. Desta vez eu pude decifrar uma de suas tatuagens. “Why so serious” estava escrito na parte interna de seu braço direito. O garoto devia gostar do Coringa, o tão conhecido vilão. De repente, se tornou ainda mais atraente aos meus olhos...


–Sim, é Sofia mesmo. –Sorri, ainda o examinando. E ele percebeu. –Quero o mesmo que a Joanne. –Falei o primeiro prato que veio a minha cabeça, já que examina-lo tomou conta de minha mente, eliminando qualquer chance de eu lembrar de outro prato.


–Mesmo? Você deve ser muito corajosa ou completamente maluca. –Comentou sorrindo, para depois se dirigir a outras pessoas na mesa. Minha escolha teria sido tão ruim assim?


–Não liga para ela. É uma delícia, ele que ama implicar comigo. –Ou talvez seja você que ama implicar com ele. Por mais que minha vontade de falar isso fosse grande, não queria mais uma confusão com Joanne.


Newton, que estava conversando com Dylan, se aproximou novamente da mesa, parando no mesmo lugar onde estava antes. Senti seu forte braço me envolver. Thomas chegou perto de Aria, que se mantinha calada, e depositou um beijo em sua testa. Talvez eles fossem mais que amigos.


–Vamos indo, não é rapazes? –Newton falou, depositando um beijo na bochecha de Joanne.


–Para onde vocês vão? –Mary perguntou aparentemente triste.


–Como vocês estão indo fazer algo que não nos inclui, resolvemos parar um pouquinho para fazer coisas de homem na minha mansão. –Explicou um tanto esnobe. Meu palpite estava certo, ele era rico.


–Coisas tipo? –Jessica perguntou, fechando o cardápio que segurava.


–Vocês sabem... Bebidas, partidas amigáveis de poker... Coisas de homem. –Explicou sorrindo de lado, e os garotos riram baixinho, como se achassem graça de uma piada subliminar.


–Você joga bem? –Falei, olhando pra o seu belo rosto.


–Muito bem, sou o melhor.


–Ótimo, achei alguém para brincar nesta cidade. –Pude sentir os olhares em mim, como se o que eu falei fosse um absurdo. Talvez fosse, mas era verdade. E eles não pareciam aceitar. Era só o que faltava para esta cidade. Machistas.


Os garotos não falaram mais nada, apenas se despediram de nós. Quando Thomas veio até mim, ele me olhava curiosamente, medindo-me com o olhar exatamente como eu fiz com ele. Talvez eu parecesse uma criatura exótica para eles, assim como eles pareciam para mim. E Thomas parecia gostar disso, de ter algo diferente nas redondezas. Talvez eu estivesse fadada a me tornar o espetáculo da cidade, algo peculiar para as pessoas acharem graça. Porém ele não era o único que parecia gostar.


Aria me fitava profundamente, sorrindo. E, naquele instante, pude notar como seu olhar parecia animalesco.


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Notas finais do capítulo

Demorei muito desta vez? Espero que não. Perdi um pouco da noção do tempo por conta das provas.
Gostaram?