Somente Por Amor escrita por Nathalia S


Capítulo 5
V- Lanche


Notas iniciais do capítulo

Não ia postar hoje, já que estava concentrada estudando pro ENEM, mas vou postar como um brinde para você. Boa leitura. *-*



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V- Lanche

Eu não sabia a quanto tempo estava deitada na minha cama, segurando meu travesseiro com força, como se estivesse descontando toda minha raiva e frustração nele. Felipe havia me irritado mais do que qualquer pessoa já havia conseguido até então. Eu estava disposta a ajudá-lo e a, quem sabe, iniciar uma amizade com ele, mas se ele não queria, que se ferrasse sozinho.

Minha família não estava em casa, minha mãe me deixara um bilhete avisando que tinham ido a casa de minha avó materna e que voltariam somente a noite. Eu amava a companhia deles, mas naquele dia agradeci por estar sozinha, não queria que eles me vissem.

Eram quase quatro horas da tarde e eu ainda não havia comido nada, então decidi tomar um banho e ir até a padaria mais próxima comprar algo para comer.

Enquanto sentia a água morna percorrer meu corpo, pensava em não pensar em Felipe. Eu o conhecia apenas á algumas horas...não tinha nenhum motivo para eu pensar nele. Mas parecia que meu cérebro não queria me obedecer e sempre voltava meus pensamentos para ele, como ele me salvara, como ele era lindo e como ele era um idiota. Teria permanecido o resto do dia em baixo do chuveiro se não fosse pela minha consciência de como a luz sairia cara se eu demorasse muito e se não fosse pela minha barriga roncando. Não resisti a um sorriso, fazia tempos que não sentia tanta fome, geralmente eu fazia todas as refeições diárias em suas horas certas. Enxuguei meu corpo e voltei ao meu quarto.

Abri meu pequeno guarda roupas e peguei uma calça jeans, uma blusa azul clara e calcei meu all star branco. Deixei meu cabelo solto, já que ele estava molhado e ficaria terrivelmente marcado se eu o prendesse. Peguei minha carteira que estava dentro da minha mochila e sai de casa.

Caminhei tranquilamente por duas quadras até chegar na melhor padaria da região. Eu amava seus pães de queijo e os comprava sempre que possível. O lugar era pequeno, bem iluminado e com algumas mesas cobertas por toalhas xadrez espalhadas perto das janelas. Atrás do balcão, que estava cheio das mais deliciosas guloseimas, estava uma atendente simpática. Márcia era seu nome, já era uma conhecida minha e sempre me atendia quando eu ia lá.

-Boa tarde Sophia, está linda hoje. - Disse ela, me fazendo corar um pouco, sempre acontecia isso quando eu recebia elogios. - O que vai querer?

-Boa tarde, muito obrigado e eu quero dois pães de queijo,um pouquinho de geléia de morango e uma lata de Coca Cola.

-Seu desejo é uma ordem moça. Vai comer aqui ou irá levar?

-Vou comer aqui hoje. Mudar um pouco. - Respondi sorrindo, quase sempre eu levava o lanche para casa.

-Pode sentar que eu já levo para você. - Apenas assenti para ela e sentei-me na mesa mais distante da porta. O local estaria vazio, se não fosse por mim e por um casal que estava sentado em uma mesa perto da porta. Inevitavelmente comecei a pensar em Felipe, pensei em onde ele estaria naquele momento. Provavelmente na praça se matando aos poucos, seria típico e o mais provável. Talvez estivesse com seus dois amigos cafajestes que tentaram me...obrigar a coisas nada legais na noite passada. Talvez ele estivesse rindo de mim, de como eu fora idiota em achar que poderia tirá-lo daquela vida.

Interrompi meus pensamentos quando Márcia colocou a bandeja com meu lanche sobre a mesa.

-Obrigado Márcia.

-De nada minha querida, de nada. Mas me conte, como anda o emprego? - Márcia era uma amiga para mim, uma grande amiga. Apesar de nossa diferença de mais de 20 anos de idade, nos dávamos incrivelmente bem. Pensei por um segundo em como ia meu emprego...depois da noite anterior, eu não sabia mais.

-Anda...turbulento. - Falei apenas.

-Você sabe que eu odeio aquela sua chefe garota.

-Você não é a única. - Respondi rindo. Ela deu uma risada sonora e se afastou, voltando para trás do balcão no exato momento em que a porta se abria e por ela entrava Felipe, vestindo a mesma roupa que usava pela manhã.

Ele se encaminhou até o balcão sério, com um olhar pensativo. Pediu alguma coisa para Márcia e ela lhe mandou se sentar. Com certeza ele ainda não me vira ali, e eu rezava para que ele continuasse não me vendo, mas como minha sorte é quase inexistente, o primeiro lugar que ele fixou os olhos quando ela mandou ele se sentar, foi na mesa onde eu estava. Ele pegou a bandeja que ela já colocava em cima do balcão e se dirigiu até minha mesa. Abaixei meus olhos para meu próprio prato de pães de queijo e, de repente, eles não me pareciam mais bons, reviravam-se em meu estômago.

-Você está sentada no meu lugar, sabia? - Perguntou ele, com um sorriso insolente, parando na cadeira de frente para a minha e colocando a bandeja em cima da mesa.

-Não sabia que eles vendiam cadeiras nessa padaria, mas foi bom saber, assim eu jamais me sentarei aqui de novo. - Falei ríspida, ameaçando me levantar.

-Respeita tanto assim o meu lugar?

-Não, não tenho nenhum tipo de respeito por você, apenas não quero trompar em você de novo e muito menos ser confundida como uma conhecida sua. - Respondi me levantando, enquanto ele se sentava a minha frente.

-Ótimo. Eu se que você me odeia, mas pode pelo menos terminar seu lanche em minha presença?

-É claro que não.

-Vamos lá Sophia, não seja criança. - Falou ele, tendo a cara de pau de me insultar.

-Eu não sou criança. - Falei, e ele apenas levantou uma sobrancelha. Ok, talvez meu comportamento estivesse sendo realmente infantil, afinal ele me salvara e quem estava perdendo por não querer minha ajuda era ele, eu não tinha nada a perder. Olhei para o balcão para ver se Márcia tinha notado o pequeno alvoroço, mas ela estava distraída atendendo um cliente. Suspirei pesadamente para deixar bem claro a ele o quanto sua presença me incomodava e voltei a me sentar

-Ótimo, boa menina.

-Não sou seu cachorro para você falar assim comigo. - Falei, realmente irritada, bebendo um gole da minha Coca Cola.

-Desculpe, a minha intenção não era te ofender. - Falou ele com uma cara de sinceridade.

-Tanto faz. - Respondi, querendo falar ''foda-se'', mas eu não gostava de usar palavras de baixo calão, então me controlei.

-Sobre hoje de manhã...me desculpa, de verdade. Não era minha intensão magoa-la ou assusta-la, apenas...acho melhor que você não se aproxime de mim ou tenha qualquer tipo de esperança, não pode modificar o que eu sou.

-Já falei que tanto faz. - Disse irritada. - Não me importo ta bom? Quero dizer, por um momento até me importei, mas se você quer continuar sendo esse ser ridículo que você é, o problemas decididamente não é meu. Faça o que quiser com sua vida.

-Eu sei que você se importa Sophia. Não adianta tentar mentir para mim. Apenas me diga por que você se importa. - Ele realmente conseguiu me deixar sem palavras. Apenas fitei a rua pouco movimentada pela janela. Eu sabia a resposta para a pergunta dele. Só não queria falar. - Ande fada, me fale.

-Pare de me chamar assim.

-Assim como? - Perguntou ele, se fazendo de desentendido.

-De fada, fadinha. Não somos íntimos, não somos nem sequer amigos para você me chamar assim.

-Ta legal, se você não gosta, eu paro. Apenas me diga: Por que você quer me mudar?

-Eu não quero mudar você. - Falei antes que acabasse perdendo a coragem. - Não gosto de mudar as pessoas. Queria apenas lhe ajudar, lhe dar uma nova chance de vida, quem sabe não é disso que você precisa?! Queria lhe dar motivos para largar essa vida sem sentido que você tem nesse mundo sem volta. Não quero mudar você, quero dar razões para que você mude. Isso é clichê e idiota, mas nunca foi tão real como é agora. Você me salvou e eu queria salvar você.

-E você acha que conseguiria isso? - Perguntou ele, com um olhar de extrema curiosidade.

-Eu tenho certeza que conseguiria.

-Como pode ter tanta certeza?

-Eu vejo nos seus olhos seu desespero. Você quer ser salvo, mas não consegue salvar a si mesmo e é orgulhoso demais para pedir ajuda para alguém.

Ele não falou nada, apenas bebeu um gole de seu café e olhou pela janela. Mas ele não precisava dizer nada, eu sabia apenas pela expressão dele que eu tinha atingido em cheio no alvo, eu sabia que eu tinha falado as coisas que ele nunca esperava que alguém soubesse, muito menos que alguém lhe dissesse.

Compartilhamos juntos daqueles segundos de silêncio e apreciamos a mesma paisagem monótona, como se aquilo tudo tornasse aquele momento um pacto silencioso entre nós. Um pacto no qual eu dizia: - Eu vou te salvar. E ele me respondia: - Eu sei que vai e é com isso que estou contando.''


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Notas finais do capítulo

Bem leitores (as) lindos (as) do meu coração, ai está. Segunda ou terça eu posto o próximo. E amanhã farei o ENEM então...boa sorte pra mim e pra todos(as) que vão fazer. Beijos e obrigado por lerem e comentarem. Bom fim de semana.*-*



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