Meu primeiro dia numa universidade. Niel, Rô e eu fomos juntos de ônibus até a avenida principal, onde ficavam distribuídos todos os campus, depois, porém, tivemos que nos separar. Como faríamos cursos diferentes, os campus eram diferentes, mas próximos.

O prédio de história era lindo, em minha opinião combinava perfeitamente bem com o curso, tinha um ar antigo...ou melhor, era antigo.

Estava um pouco nervosa ao passar pelos portões, pois não conhecia ninguém que escolhera o mesmo curso que eu. Dei alguns passos exitantes pelo pátio, conferindo um pequeno mapa que eu conseguira na internet com a localização de cada sala. Quando, finalmente, localizei onde seria a minha primeira aula no mapa, entrei no prédio e comecei a procurar pela sala. Achei-a com facilidade.

A sala estava vazia quando entrei, foi melhor assim, pois pude sentar-me bem na frente, onde eu sempre gostara de sentar. Faltavam dez minutos para as aulas começarem, por isso pus-me a ler um pouco mais de um livro que eu vinha lendo nos últimos dias.

Aos poucos a sala foi ficando mais cheia, mas não fiquei observando, continuei lendo. Até que alguém sentou-se na classe ao lado da minha. As classe não ficavam juntas, por isso não olhei logo que a pessoa sentou, mas depois de um minuto senti que o olhar da pessoa não saía de cima de mim. Resolvi olhar para mostrar o quanto aquilo estava me incomodando. Qual não foi minha surpresa ao ver que ali, na mesma universidade que eu, fazendo a mesma coisa que eu, estava Jonathan, sorrindo para mim.

-Não acredito. - Falei, perplexa. - O que você está fazendo aqui? - Perguntei sorrindo.

-Eu é que não acredito, não pensei que fossemos fazer o mesmo curso. - Disse ele, levantando-se e dando-me um abraço.

-Eu nem sabia que você pretendia fazer alguma faculdade. - Falei. - Pensei que você gostava de morar no litoral.

-E eu gosto, ou melhor amo, mas tenho que me focar num futuro melhor.

Nesse momento um senhor entrou na sala e identificou-se como sendo um de nossos professores. Sorri para Jonatha e comecei a prestar atenção na aula.

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Finalmente havia chegado a hora do almoço. Eu e Jonathan tínhamos todas as cadeiras juntos, o que tornara tudo melhor. Ele era realmente querido.

-Vai almoçar com seus amigos? - Perguntou-me ele.

-Não, não estou a fim de segurar vela. - Falei, fazendo-o rir.

-Te entendo perfeitamente. Quer almoçar comigo então? Pode me indicar um bom restaurante, já que não conheço praticamente nada por aqui.

-Adoraria almoçar com você. - Falei e nós fomos até o restaurante mais próximo.

Era fácil conversar com ele. Os assuntos fluíam com facilidade. Jonathan era simpático, educado e inteligente. Enfim...um ótimo amigo.

-E como vai seu namorado? - Perguntou ele, enquanto comíamos a sobremesa.

-Ele está bem. Até o meio do ano ele sai da clínica. - Falei. Um pouco antes havia contado a ele a minha história com Felipe.

-Que ótimo. - Disse ele, sorrindo.

-E você, tem alguma garota? - Perguntei, curiosa.

-Não, ainda não. - Respondeu ele, frisando bastante a palavra ainda.

-Está interessado em alguma então? - Perguntei, sorrindo ainda mais quando vi as bochechas dele ficarem coradas.

-Estou sim, mas a conheço a dois dias apenas. Ela mora na mesma república que eu, no prédio ao lado, ela é linda e, pelas poucas palavras que troquei com ela, é simpática também.

-Hum, qual o nome dela?

-Vanessa. - Respondeu ele, juro que vi os olhos dele brilharem.

-Sabe qual curso ela está fazendo?

-Medicina. - Respondeu ele, parecendo desanimado.

-Ué, por que esse desânimo?

-Ela deve ser muito inteligente para mim. - Revirei os olhos.

-Não deve pensar essas coisas. Se você gostou dela, assim que chegar na república, procure por ela e convide ela para almoçar com você amanhã.

-Isso não vai parecer atirado demais? - Perguntou-me ele, demonstrando insegurança.

-É claro que não. Só preste atenção: Mulheres hétero querem relacionamento com um homem de verdade, ou seja, um homem seguro. Não fique pensando demais nela sem fazer nada. Convide-a para almoçar logo antes que outra pessoa o faça.

-É, você tem razão.

-É claro que tenho. - Falei, levantado-me e indo até o caixa pagar a minha conta.

Assim que saímos do restaurante demos de cara com Roberta e Nathaniel, ambos caminhavam felizes de mãos dadas.

-Sophia. - Falou Niel quando me viu.

-E ai gente. - Falei. - Como estão sendo as aulas de vocês?

-Excelentes. - Disse Niel.

-Realmente ótimas, melhores do que eu imagina. - Falou Roberta.

-As minhas também. - Falei.

-Quem é esse ai? - Perguntou-me Rô.

-Ah, esse é Jonatha, o meu amigo que mora na praia, lembram dele? - Perguntei e ambos assentiram. - Ele também está fazendo licenciatura em história.

-Ah, que ótimo. - Disse minha amiga. - Eu sou Roberta. - Falou ela, apertando a mão dele.

-Prazer.

-E eu sou Nathaniel.

-Prazer em conhece-lo. - Falou Jonathan.

-Bem, foi ótimo conhecer você, mas agora temos que ir para a aula. - Disse Roberta. - Temos aulas das 13h até as 15h, ou melhor, eu tenho até as 15h, o Niel tem até as 16h.

-Sorte a de vocês. Nós temos das 15h até as 17h. Ficaremos esperado por um bom tempo.

-Que azar. - Falou Roberta, nos ''consolando''. - Tchau então. Até amanhã. - Falou ela, já saindo com Nathaniel. Niel apenas acenou para nós dois.

Jonathan e eu voltamos para o campus, onde ficamos sentados embaixo de uma árvore no pátio. Ele contou-me um pouco mais sobre sua vida no litoral, falou-me sobre sua mãe. Disse-me também que seu pai morrera há alguns anos, vítima de um acidente de trânsito.

Depois contei-lhe sobre a minha vida e minha família. Ele era realmente um ótimo amigo. Nunca poderia pensar que surgiria uma amizade tão incrível assim...do nada e onde eu menos esperava.

Por último, voltamos ao assunto ''Vanessa''. Jonathan contou-me como a pele levemente morena dela havia atraído-o, como o cabelo dela era preto, longo, ondulado e brilhante. Falou também que os olhos dela eram completamente negros e como ela era baixa, mas perfeita para ele. Realmente aturar um amigo apaixonado era para poucos.

Pensei que as horas que teríamos que esperar demorariam a passar, mas não foi isso que aconteceu. Meu novo amigo tinha um dom raro...o dom de entreter as pessoas. E assim o tempo passou rápido, quando percebemos já estava na hora de irmos assistir as últimas aulas do dia.

-Jure que vai falar com a menina hoje. - Falei para Jonathan, enquanto ele me acompanhava até a parada.

-Eu juro. - Falou ele.

-Acho bom mesmo. Assim que receber a resposta dela, mande-me uma mensagem, preciso saber o que vai acontecer. - Falei, fazendo-o rir.

-Pode deixar madame.

O ônibus não tardou a vir. Despedi-me de meu amigo com um gostoso abraço e fui embora.

Depois de jantar e relatar a meus pais como havia sido meu primeiro dia de aula, fui para meu quarto e deitei-me na cama. ''Um dia a menos para a volta de Felipe.'', pensei e sorri com a ideia de que logo voltaria a vê-lo.