Somente Por Amor escrita por Nathalia S


Capítulo 14
XIV- consolo


Notas iniciais do capítulo

Volteeei, capitulo meio triste...mas eu gostei. kkkk. Boa leitura!



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Quando cheguei em casa, depois de uma manhã exaustiva na escola, naquela sexta feira, me surpreendi ao ver que haviam quatro ligações de um número desconhecido no meu celular. Se fosse engano a pessoa teria, provavelmente, desistido depois da segunda tentativa, resolvi ligar para descobrir quem era.

- Alô? - perguntou-me uma voz conhecida.

-Alô? - Falei. - Quem está falando? Haviam quatro chamadas não atendidas no meu celular e todas pertenciam a esse número...

-Ah Sophia, finalmente, tentei lhe ligar a manhã toda, mas você estava na escola imagino. - Falou a mulher.

- Sim eu estava, mas ainda não reconheci sua voz, me desculpe.

- Oh, eu que peço desculpas querida, é a Denise. - Respondeu a mulher. Agora sim que eu não estava entendendo nada. Por que motivos minha chefe estaria ligando-me? Será que ela queria falar sobre Felipe? Estremeci com a ideia.

- Ah sim, o que a senhora quer? - perguntei, cautelosa e educadamente.

- Queria lhe informar que não iremos abrir a loja hoje. - Falou-me ela e percebi que sua voz começou a ficar embargada. - Meu marido, Luciano, teve um derrame durante a madrugada e está hospitalizado, ele não está nenhum pouco bem sabe?! Decidi que não abriremos hoje então. - No final da frase ela estava chorando.

- Ah sim, estimo melhoras para ele senhora. E muito obrigada por me avisar. - falei.

- De nada querida. - E antes que eu dissesse alguma coisa a mais, ela desligou.

Coloquei o celular em cima da minha cama e fui para a cozinha esquentar o resto de carreteiro* que minha mãe havia deixado para mim. Embora eu não tivesse a preocupação do horário de ir para o trabalho nem nada do tipo, eu não consegui comer mais que duas garfadas, a comido embolou-se no meu estômago e tive que correr para o banheiro...não sabia dizer quando fora a última vez que eu vomitara, mas hoje não consegui me segurar. Quando consegui me controlar de novo escovei meus dentes e fui me deitar um pouco. Logo encontrei a resposta para meus sintomas, mas não queria admitir...mas quando não encontrei outra solução tive de admitir para mim mesma que estava assim por causa de Felipe, eu sabia que ele não era muito ligado aos pais, mas sabia, acima de tudo, que ele estava muito mal naquela hora. Se alguém me perguntasse como é que eu sabia...nunca encontraria a resposta, eu apenas sabia, sem explicações.

Me levantei subitamente. Eu tinha de fazer isso, não conseguiria conviver em paz comigo mesma se não fizesse. Calcei meu par de all star branco e sai de casa. Eu sabia exatamente onde tinha que ir. Caminhei pelas ruas o mais rápido que eu podia, cheguei a correr em alguns trechos, eu sabia que ele estava precisando de mim...contrariando toda a racionalidade que havia em mim ainda eu entrei no pátio daquela luxuosa casa e fui correndo até os fundos...até o quiosque. Contrariando toda a lógica aqui estava eu...vindo atrás dele novamente, ele havia me humilhado, me traído, mas eu estava aqui...prestes a me oferecer para consola-lo.

Estendi a mão e virei a maçaneta da porta do quiosque, me detive por um momento pensando o que eu faria se ele estivesse com a garota da outra vez de novo...ou se estivesse com qualquer outra...ou ainda se estivesse com seus amigos idiotas...balancei minha cabeça para afastar todas as dúvidas e pensamentos contrários e, respirando fundo, abri a porta.

O lugar não era nem de longe o que eu me lembrava, pelo contrário. Havia cacos de vidro por toda a parte, livros estavam espalhados no chão e algumas páginas jaziam soltas. Entrei sem fazer barulho e fechei a porta atrás de mim. Felipe estava lá, sentado na cama, com os fones nos ouvido e recostado na parede. Os olhos estavam fechado, o baseado pendia dos seus lábios entreabertos, seus pulsos estavam mutilados e sangrando e seu belo rosto encharcado pelas lágrimas.

Fui me aproximando devagar da cama, não queria assustá-lo, continuei caminhando e tomando cuidado para nenhum vidro espetar no meu pé, Felipe não parecia notar minha presença pois em momento algum abriu os olhos. Somente quando eu me sentei ao seu lado na cama foi que ele abriu os olhos, ele me fitou por um momento, como se não estivesse entendendo quem eu era ou o que eu estava fazendo ali, mas então ele retirou os fones dos ouvidos e me abraçou, seu rosto encostou no meu ombro direito e senti o corpo dele se sacudir violentamente enquanto ouvia os soluços que subiam por sua garganta. Em momento algum eu imaginei que o veria chorar dessa forma um dia, tive de segurar minhas lágrimas, estava com vontade de chorar junto com ele, mas eu sabia que deveria ser forte.

- Felipe? - Falei. Eu não queria interromper aquele momento de ''desabafo'' emocional dele, mas seus pulsos continuavam a sangrar e eu tinha de estancar aquilo ou ele teria problemas. Ele não me respondeu. Fiz um esforço para afastá-lo do meu ombro e segurei ele, que mantinha os olhos fechados, pelos dois braços e o sacudi. - Felipe, abra os olhos. - Ele relutou por alguns segundos, mas acabou abrindo. Seus belos olhos negros demonstravam toda a tristeza que ele estava sentindo. Ele ficou me olhando, mas não falou nada. Arrumei o travesseiro, encostando ele na guarda da cama e falei: - Se recosta ai, eu preciso cuidar dos seus braços. - Ele não falou nada, mas fez o que eu pedi.

Fui até o banheiro do quiosque e abri as portas do armário que tinha embaixo da pia, achei água oxigenada, algodão e umas gazes ali, ao lado de um rolinho de fita crepe. Peguei tudo e voltei para o lado de Felipe, ele continuava parado exatamente da mesma forma, o baseado continuava nos seus lábios. Tirei o mesmo da boca dele.

- Não. - Disse ele, falando pela primeira vez.

- Sim e nem pense em discutir. - Eu parecia uma mãe agora, mas ele me obedeceu, pelo menos não falou mais nada. Coloquei o resto do baseado no lixo do banheiro e voltei novamente. Comecei a tratar dos cortes dele, eram profundos...não o suficiente para matá-lo, mas com certeza demorariam a cicatrizar. Limpei bastante com a água oxigenada e depois os cobri com as gazes, não era algo digno de um diploma médico, mas dava para o gasto. Quando terminei, fiquei uns minutos em silêncio, talvez tenha passado de 5 minutos, não tenho certeza, esperei que ele falasse alguma coisa, mas ele não falou. Então resolvi quebrar o silêncio eu mesma. - Quer comer alguma coisa? 

- Não, obrigado. - Falou ele, sua voz estava rouca e baixa devido ao choro.

- Quer alguma coisa? - Insisti.

-Só quero... - Falou ele, mas logo parou.

- Sim? - Encorajei.

- Só quero que fique aqui comigo. - Terminou ele,  fitando-me profundamente como se pudesse ver minha alma, ler minha mente, penetrar nos meus sentidos e sentimentos.

- Vou ficar sim, não precisa se preocupar. - Respondi e fiz menção de me levantar, fui impedida por uma mão dele que segurou meu braço.

- Aonde você vai? - Ele parecia uma criança assustada agindo dessa forma...talvez ele fosse realmente isso.

- Eu ia sentar numa cadeira para deixar você relaxar melhor. - Respondi.

- Não, está bom assim, prefiro que fique comigo. - Apenas assenti e voltei a me sentar ao seu lado. Ele passou o braço pelas minhas costas e me puxou para perto, exatamente da forma como ele fizera quando nós havíamos visto o filme no quarto dele...dessa forma parecia que tudo estava bem entre nós...suspirei. - Está confortável? - ele perguntou.

- Mais do que deveria. - Respondi, sendo sincera. Ele sorriu com o que eu disse, em meio as lágrimas, ele sorriu. - Você quer conversar sobre o que aconteceu com todo esse vidro e esses pobres livros? - Perguntei.

- Foi minha culpa, eu estava tão mal antes de você chegar, eu... - Ele não conseguiu terminar de falar, havia recomeçado a chorar.

-Shhh, - Falei colocando meu dedo sobre seus lábios. - Durma um pouco, vai lhe fazer bem. - Falei e comecei a mexer nos cabelos dele levemente.

- Você vai ficar aqui?

- Vou sim.

- Promete? - Não estava com vontade de prometer nada para ele, mas...

- Eu prometo.

Continuei mexendo nos cabelos sedosos e macios dele e menos de dez minutos depois senti que ele relaxou, havia dormido. Continuei mexendo nos cabelos dele e fui me recostando...acabei dormindo também.


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Notas finais do capítulo

E ai? Comentem. Vou ir pra minha dinda...então só postarei outro terça ou quarta feira. =/ Comentem. Beijooos. *-*



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