Somente Por Amor escrita por Nathalia S


Capítulo 1
I- Ridículo


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo gente.
Boa leitura. *-*



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I- Ridículo


'' Somente por amor a gente põe a mão, no fogo da paixão e deixa se queimar, somente por amor.''


-Alguém aqui sabe me dizer quais países que lutaram na segunda guerra mundial?


Eu sabia, lógico que eu sabia. Afinal passara a última noite toda lendo sobre o assunto. Levantei a mão para responder, mas exatamente nessa hora tocou o sinal anunciando o término de mais uma aula, de mais uma semana. ''Ah, sexta-feira''. Suspirei, era um dia cansativo, extremamente cansativo, afinal eu teria que trabalhar até as dez horas da noite.


Preguiçosamente comecei a guardar meus materiais, eu não estava com pressa alguma de guarda-los até que percebi que a senhorita Santos esperava que eu saísse para que ela pudesse fechar a porta. Apressei-me em colocar meu caderno e meu livro dentro da minha velha e gasta mochila.


-Tchau professora, tenha um ótimo final de semana.


-Obrigado Sophia, você também. E divirta-se ein.


-Pode deixar. - Falei rindo.


A senhorita Santos, também conhecida como professora Ariana, era minha professora de história desde a quinta série, o que fazia com que fossemos um pouco mais...conhecidas.


A escola já se encontrava praticamente deserta e eu preferia assim. Não que eu fosse uma dessas pessoas que são excluídas por todos na escola, porquê eu não sou, mas eu gostava mais do silêncio, da calma e isso era impossível quando se estudava numa escola tão grande quanto a minha.


Sai para o pátio da escola procurando por minha melhor amiga Roberta, não demorei muito a avistar seus longos e caracolados cabelos vermelhos perto do portão de saída. Fui sorridente em sua direção e ela já me encarava com sua cara de '' você demorou demais.''


-Você demorou demais Sophia. - Eu sabia que ela diria isso.


-E você anda reclamando demais Rô. Acho que é a idade.


-Me respeite bebê, sabe que sou mais velha.


-Apenas quatro meses. - Falei revirando os olhos e começando a andar para fora da escola.


-Quatro meses é muito tempo.


-Não para mim. Mas não vou discutir com você, até porquê não posso demorar mais, já estou atrasada, se demorar mais um pouco não terei tempo de almoçar.


-Vamos ir atalhando pelo parque.


-Sabe que não gosto de ir por lá, é perigoso.


-Eu sei, também não gosto, mas é isso ou você fica sem almoço.


-Tá legal, você venceu. - Falei virando a esquina em direção ao parque junto com ela.


O parque era um lugar lindo e quando eu era pequena meu pai sempre me levava nele para andar de bicicleta, mas agora não se via mais ninguém andando de bicicleta nele, muito menos crianças. A coisa mais visível no parque, talvez mais do que as próprias árvores, era a fumaça. Pessoas, na maioria adolescente, de diversas partes da cidade se reunião lá para fumar, cheirar e beber. Não importava se você passava de dia ou de noite, o estado era sempre o mesmo, talvez a única diferença era que a noite você corria mais risco de ser assaltada, estuprada ou assassinada.


Eu e Roberta só voltávamos para casa pelo caminho do parque quando estávamos, ou melhor, eu estava, muito atrasada. Economizávamos cerca de dez minutos passando por dentro do parque. Era bastante tempo...principalmente quando você tinha menos de meia hora para almoçar, trocar de roupa e sair para trabalhar. Roberta era minha vizinha e amiga desde sempre...uma dessas raras pessoas que você sabe que pode contar em todos os momentos de sua vida.


Nós já havíamos atravessado mais da metade do parque e ainda não havíamos visto ninguém, isso era muito estranho, mas eu não podia deixar de me sentir mais aliviada, pois desde que entramos no parque o clima era de extrema tenção...e estávamos em absoluto silêncio. Quem sabe isso não impedisse que as pessoas notassem nossa presença.


Mas, para variar um pouco, pensei com ironia, meus pensamentos e pedidos deram errados. Estávamos quase saindo do parque já quando ouvimos um assobio seguido de uma voz grossa e embaralhada.


-E ai gatinhas, que gostosas vocês ein.


-Por que vocês não se juntam a nós? - Perguntou uma segunda voz. Ignoramos completamente e continuamos caminhando, agora um pouco mais rápido.


-Ah não, elas 'tão fugindo mano. - Falou novamente a primeira voz. Não resisti me virei para olhar a quem elas pertenciam.


O cara que acabara de falar deveria ter cerca de 25 anos, era moreno, baixo e tinha uma barba grande demais. O segundo garoto deveria ter a mesma idade que eu, ou seja, 16 anos, eu não conseguia ver direito seu rosto, pois ele estava oculto pela sombra de um árvore gigantesca. O terceiro deveria ter uns 19 anos, e ele não estava nenhum pouco interessado em nós, e isso era bom, muito bom. Ele estava fumando algo, olhando para o céu, bem na paz e a única coisa que eu conseguia perceber a distância é que ele tinha o cabelo castanho e bem arrumado, e suas roupas pareciam de marca. Obviamente ele tinha uma boa condição financeira e ficava ali...perdendo seu tempo com coisas fúteis. ''Ridículo'', pensei.


-Ah as gatinhas pararam. - Voltou a falar o moreno. Senti um puxão em meu braço e percebi que Roberta 'tava bem desesperada e quando me liguei que eu estava parada no mesmo lugar ainda, também me desesperei e finalmente sai dali.


-O que você tem na cabeça Sophia? - Me perguntou ela quando já estávamos recuperadas do susto e quase chegando em casa.


-Me desculpa Rô, eu travei observando aqueles manés.


-Eu percebi né amiga, nunca mais faça isso. Quer saber, nunca mais vamos voltar por aquele caminho ok?


-Tudo bem, vou começar a sair mais rápido da sala para não precisarmos passar por ali.


-Acho bom mesmo ein. - Falou ela já abrindo o portão cinza de sua casa.- Beijos e até amanhã minha flor.


-Beijos amiga. - Falei dando mais alguns passos e entrando no meu pátio. Meu jardim era pequeno, deveria ter cerca de um metro de comprimento por uns 2 de largura, o resto era composto de lajes e logo começava minha casa verde com janelas, portas e portão marrom.


Não perdi mais tempo na rua, me apressei em entrar em casa e esquentar um prato de carreteiro que minha mãe havia feito no dia anterior e ela guardara a sobra para eu comer no almoço, como sempre. Comi rapidamente e me dirigi ao meu quarto para trocar de roupa.


O quarto não era exatamente meu visto que eu o dividia com minha irmã mais nova, de 4 anos, que estava na creche a essa hora. Mas ainda assim...era aconchegante. As paredes azuis, a mobília branca e alguns quadros com fotos nossas nas paredes.


Minha vontade era de deitar e não levar mais o resto do dia, eu andava esgotada, estava trabalhando demais e tinha consciência disso. ''Preciso de férias urgentes'', pensei. Mas eu não podia me deitar e muito menos tirar férias, eu precisava do dinheiro. Por sorte o dia seguinte seria sábado e eu poderia dormir um pouco mais que o normal, nem que fosse uma hora a mais, mas fazia toda a diferença.


Troquei de roupa voando, vestindo o uniforme do meu local de trabalho. Eu trabalhava como garçonete em uma lanchonete-restaurante de uma família muito rica e eu não recebia muito pelo tanto que eu trabalhava, mas enquanto não conseguia outro emprego eu não tinha nada do que reclamar. Meu traje de trabalho consistia em uma calça azul escura meio larga, uma camisa branca, cabelo preso e meu inseparável all star branco.


Tive que sair praticamente correndo de casa, meu chefes odiavam atrasos. Da última vez que me atrasara três minutos eles haviam me obrigado a trabalhar três horas a mais a noite. Para minha sorte o restaurante ficava a apenas três quadras de minhas casa, mas o bairro já era de uma classe social completamente diferente da minha.


Entrei pela porta do restaurante um minuto depois do que deveria, corri para a sala dos funcionários, onde bati meu cartão e coloquei um avental branco que eu sempre tinha que usar quando trabalhava. Não perdi nenhum minuto sequer a mais, fui logo pegando uma bandeja e comecei a servir família que estava numa mesa afastada aguardando. A primeira sorte que tive no dia foi o fato de nenhum dos meus patrões estarem lá quando eu cheguei. Assim eles não ficariam infernizando minha vida pelo um minuto de atraso.


–---//----


Eu havia estranhado a ausência de meus chefes pelo dia inteiro, mas graças a Deus eles não haviam aparecido, assim não ficariam enchendo meu saco o dia inteiro. Mas como nada na minha vida pode ser perfeito, quando faltavam menos de uma hora para fecharmos o local minha chefe chegou com uma cara nada agradável, segurando uma sacola enorme.


-Ah, que bom que você apareceu no emprego hoje Sophia, odiaria que você faltasse justo hoje quando preciso tanto de você.


-Hmm, que bom. Mas...para que exatamente que você precisa de mim?


-Você? Já lhe falei para me chamar sempre de senhora sua pirralha. - ''Vai começar a megera'', pensei.


-Desculpe, mas para que a senhora precisa de mim? - Melhor não retrucar com ela, se eu perdesse meu emprego minha família e eu estaríamos ferrados.


-A filha de uma família muito rica vai dar uma festa e nós fomos contratados para servir o local, isso inclui o buffet e os garçons. Ou seja, você terá que trabalhar na festa.


-Ah, por mim tudo bem,- Realmente, por mim estava tudo bem, com certeza eu ganharia hora extra e dinheiro era sempre bem vindo. - Quando vai ser a festa?


-Dentro de algumas horas, três horas para ser mais exata.


-Hoje?


-Não, amanhã. Lógico que é hoje, não ouviu o que eu disse.


-Ouvi sim senhora.


-Ótimo, então, vá para a casa, tome um banho e arrume-se decentemente, não quero ser arruinada por você estar mal vestida. - Falou ele, mais mal-humorada que o normal, pegando uma sacola pequena de dentro da outra e me alcançando. - Vista isso, quero tudo perfeito. - falou ela, finalmente virando as costas e indo para sua sala.


Suspirei fundo. Em qualquer outra ocasião eu daria tudo para ir embora mais cedo, mas hoje não. Pois eu teria que trabalhar a noite, sendo que eu tinha inúmeros trabalhos para fazer. Pelo menos o dia seguinte era sábado...e eu não trabalharia. Respirei mais uma vez e sai do meu local de trabalho, pensando em como seria a tal festa a noite.




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Notas finais do capítulo

E ai...mereço reviews? rsrsrsr. beijooos. *-*