The Gray Eyes Puppy escrita por UnknownName


Capítulo 2
Capítulo extra - Lost


Notas iniciais do capítulo

Capítulo extra, porque vocês pediram e eu gostei bastante dessa oneshot, então estou continuando ^^



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Você já amou alguém?

Você já amou alguém de verdade?

Já amou alguém, sem ter motivos para isso?

Eu já.

Liz era uma garota encantadora e especial. Mesmo com eu apenas podendo conversar em torno de 10 minutos a cada dois dias com ela, eu sabia disso. Uma pessoa que pode trazer cor ao meu mundo em preto e branco tem que ser especial. E isso nem é uma metáfora.

Fazia um ano e meio que mantínhamos essa rotina. Liz sempre ia para a faculdade nas segundas, quartas e sextas feiras, às 6 e meia da tarde (ela voltava de ônibus). Às vezes ela tinha aulas de sábado, também, e, eu admito, eu ficava feliz quando isso acontecia. Nem que fossem 5 minutos a mais com ela, eu já estava feliz. 

Isso até parece meio brega.

Não sei se é porque durante muito tempo não recebi nenhum tipo de carinho, mas eu me sentia ─ e sinto ─ assim. Não consigo dizer de outra maneira. 

Só que algo diferente aconteceu. Algo que ia mudar tudo...

Era uma segunda-feira.

Ela não tinha vindo.

"Deve estar doente", pensei.

Mas era estranho. Ela jamais quebrara sua promessa.

Ela não veio na quarta-feira também.

Nem na sexta.

"Não pode ser uma simples doença.", pensei. Alguma coisa estava errada. Com o meu jeitinho "otimista", comecei a pensar o pior.

Será que ela viria de novo? "Será que ela tinha me esquecido?" Chacoalhei a cabeça. Não era possível você esquecer alguém tão facilmente.

Mais uma segunda. Mais uma quarta. Mais uma Sexta.

Ela não apareceu de novo.

Eu estava decidido a fazer alguma coisa. Peguei minha mochila, e saí pela cidade inteira procurando por "Elizabeth". O problema é que existiam centenas de Elizabeths na minha cidade. Eu nem sabia o sobrenome dela. Mas... Dane-se. Eu continuaria procurando. Procurando. Procurando.

Decidi comprar um celular com o pouco dinheiro que eu tinha. Deixei um bilhete na minha "casa", dizendo para Liz me ligar, caso ela viesse. Ainda bem que eu não estava mais na escola, eu podia procurar o dia inteiro.

Cheguei ao ponto de visitar cada garota com aquele nome que existia. Talvez eu estivesse ficando louco.

Já fazia um mês. Todas as segundas, quartas, sextas e sábados, eu ia em casa para ver se ela tinha passado por lá.

Mas foi aí que eu me lembrei.

Eu só precisava perguntar por ela na faculdade!

Olhei em todas as faculdades que seguiam para o lado que ela andava depois que ia embora. Ninguém sabia de nada.

"O quê está acontecendo?!", minha cabeça doía. Eu estava sentado em um banco, quase chorando. 

Foi quando eu vi.

Uma pétala colorida.

Levantei-me na hora, e saí correndo. De onde tinha vindo?! Liz deveria estar por lá! Olhei em todas as pessoas. Analisando o movimento da pétala em relação ao vento, vi uma garota virada de costas, andando. Corri até ela.

─ Quem é você?! ─ Ela exclamou. Não era Liz.

Com a pétala na mão, saí correndo pelos arredores. Ela estava em algum lugar. Tinha que estar.

Não estava.

Voltei pra casa. Cansado e sem forças para continuar, me sentei no chão. Chorei. Chorei como jamais havia chorado antes. Como meu orgulho já tinha sido deixado de lado havia muito tempo, não me importei com isso.

Uma senhora de idade se aproximou da janela.

─ Com licença?  ─ Ela me chamou e, secando as lágrimas, fiz o pequeno esforço de virar a cabeça para olhá-la. Tinha cabelos levemente grisalhos, usava uma roupa simples e era meio baixinha.

─ Hm? ─ Perguntei, com a voz rouca.

─ Você é aquele garoto que vem procurando por Elizabeth já faz um tempo? Me disseram que você vivia aqui. ─ Arregalei os olhos. Ela sabia de alguma coisa?!

Levantei rapidamente e corri até ela.

─ O QUE VOCÊ SABE SOBRE A LIZ?! ─ Falei, desesperado e sem noção de nada.

─ Então é você mesmo... ─ Suspiro. ─ Não sei se é quem você procura. Era amigo de faculdade da minha filha?

─ Sim. ─ Menti. Era mais fácil de explicar. ─ Onde está ela?!

─ Me deixa surpresa você ainda não saber. ─ Eu estava confuso. Do que estaria falando? ─ Sabe... Já fazem dois anos desde... O acidente.

─ ... Quê? ─ A olhei estranho. ─ Acho que não estamos falando da mesma pessoa.

─ Pode ser, mas... ─ Ela tirou algo do bolso. ─ Comprove por si só.

Era uma foto. Era a garota. Aquela que eu amava. Ela mesma. Cada pedacinho de seu ser.

─ LIZ! ─ Puxei a foto e a abracei. ─ Sim, sim! É a minha amiga! O que aconteceu com ela?!

─ Como eu ia dizendo... Há dois anos, minha filha sofreu um acidente. No momento, está internada. Eu... sinto muito.

Fiquei pasmo. Como era possível? Eu a via sempre! 

─ Isso é mentira. ─ Falei, sério. Como podiam mentir para mim numa hora dessas?!

─ Se não acredita, posso levá-lo ao hospital. Eu estava indo para lá mesmo. ─ A senhora parecia triste, muito triste.

Aceitei sua proposta. O lugar não era muito longe dali, mas, mesmo assim, ela estava de carro. Era a primeira vez que eu entrava em um, pra falar a verdade. Minha ansiedade me dominava. Eu queria vê-la. Sentir sua mão de novo. Ver seus olhos. Sua pele cheia de cor.

Sabe, eu não era assim. Nunca me tornei tão dependente de ninguém antes como naquele caso. Aquela jovem tinha mexido com a minha cabeça, e pra caramba.

Chegamos. Saí correndo do carro, e fui logo perguntando por Liz no saguão do hospital. Algum tempo depois, a senhora chegou, e deu permissão para a minha visita e o número do quarto. 

Nunca corri tanto na minha vida.

Abri a porta com mais calma. Talvez eu estivesse com medo. Com medo da verdade. Com medo do impossível. Do inevitável. 

Mas ela estava lá.

Deitada.

Cheia de tubos.

Mais uma vez, chorei. Quase caindo, fui até Elizabeth, e segurei sua mãos. Estavam magras e frias. Sua cor ainda estava lá, mas não era o suficiente. Não era explicação suficiente.

─ Você já deve saber disso, mas ela era muito sonhadora. ─ A mãe da mesma entrou no quarto, e se sentou em uma cadeira lá colocada. ─ Eu não me surpreenderia se ela pensasse que está dormindo agora, apenas tendo um sonho comprido, hahahaha.

"Um sonho...?", pensei. Será mesmo? Seus sonhos eram tão fortes assim? Fortes ao ponto de fazer com que algo como sua alma viaje por aí?

─ A sua situação vem piorando. ─ A senhora falou, com a voz engasgada. ─ Os médicos disseram que talvez ela... Talvez ela morra.

Ela caiu em prantos. Eu já estava assim, mas fiquei mais ainda. Nunca senti tanto desespero em toda a minha vida. Ela estava lá, respirando, mas eu não podia conversar com ela, e em pouco tempo ela perderia todas as suas funções. Minha única felicidade seria arrancada de mim.

Seus batimentos, eu podia senti-los. Fracos e demorados. Deitei minha cabeça na cama, e decidi ficar lá pra sempre. Se ela fosse morrer, eu, literalmente, não teria mais motivos para viver.

Foi quando um... milagre aconteceu.

Parece aquelas cenas clichês de cinema, mas, eu te juro, foi real.

Seus olhos se abriram.

Seu dedos se mexeram.

Sua voz saiu.

─ Puppy...? 


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Notas finais do capítulo

Não sei se ficou tão bom quanto o outro, mas eu tentei ^^' Espero que tenham gostado! =D