As crianças de Edward obviamente não eram a personificação da quietude e bom comportamento, e tia Esme não havia lhe contado toda a história sobre a tarefa de empregada doméstica. Isso para colocar a situação em suavidade, pensou Bella ao olhar ao redor pela cozinha. O lugar podia estar em desordem antes, mas naquele momento parecia um caos completo.

A tia omitira itens importantes, como o fato de Edward ser sedutor, e seus filhos, totalmente selvagens.

_ Luce! – Bradou Edward, fazendo Bella dar um pulo. – Luce é o nome da minha filha – acrescentou.

A porta da cozinha foi aberta, quase esmagando Bella, e uma criança coberta de farinha, usando calça jeans e camiseta vermelha, correu até postar-se diante de Edward.

Incerta quanto ao que fazer, Bella perguntou:

_ Como vai Luce?

E automaticamente estendeu a mão, mais habituada a encontrar parceiros de negócios do que crianças.

_ Esse é meu filho Luke – disse Edward, com a voz cheia de orgulho paternal.

_ Desculpe. Eu não sabia.

O garotinho parecia idêntico a outra criança que acabava de entrar ás pressas na cozinha. Ambos tinham cabelos castanhos que batiam nos ombros, estavam cheios de farinha, e usavam camiseta e calça jeans.

_ Não são gêmeos idênticos – Edward lhe contou. – Não é tão difícil assim diferenciá-los.

Gêmeos? Ele tinha gêmeos! Bella assistira a um filme sobre confusões criadas por crianças gêmeas, por isso sabia quanto trabalho aqueles dois seres enfarinhados podiam lhe dar. A cozinha era a prova de que duas crianças podiam causar o estrago de cinco!

_ Qual a idade deles?

_ Sete – Respondeu Edward.

_ Sete e meio – Luce falou.

Ou era Luke? Não, era Luce. Bella sabia por que Edward ainda tinha as mãos nos ombros do filho, e o comentário fora feito pela outra criança.

_ Não precisamos que ninguém tome conta de nós. – a garotinha acrescentou, erguendo o queixo em um desafio.

_ Percebo isso – Bella respondeu com um olhar significativo para a confusão que eles haviam criado na cozinha.

Sentira-se mal por causa da bagunça que fizera enquanto cozinhava, mas em nada se comparava ao que as crianças haviam causado em poucos segundos.

_ Vocês parecem capazes de cuidar de tudo sozinhos. Meu nome é Bella, e sou sua nova empregada. Estou aqui para cuidar da casa e cozinhar.

_ Vovô falou que a sua comida é horrível – Luce disse.

_ Seja boazinha – Advertiu Edward.

_ Eu estava sendo boazinha – protestou Luce com uma expressão de inocência nos olhos. – Eu nem mesmo a chutei ou algo assim.

Chutes? Eles chutavam? Bella deu um passo cauteloso para trás. Observando sua atitude, Luke riu.

_ Ela está com medo – falou com uma voz que continha muito desdém para uma criança de sete anos de idade.

Ou até mesmo sete anos e meio.

_ Comportem-se! – Edward pediu, repreendendo-os. – E peçam desculpas a Srta. Swan pela bagunça que fizeram aqui.

_ Já estava bagunçado, antes – Ponderou Luke.

O olhar de Edward demonstrava seu aborrecimento.

_ Mas vocês pioraram a situação. E agora digam que lamentam.

_ Nós lamentamos – as duas crianças disseram em uníssono.

Bella percebia, pelo cintilar diabólico nos olhos escuros das crianças, que não sentiam qualquer remorso. Em vez disso, havia uma clara hostilidade em relação a ela.

Não era a melhor maneira de começar seu primeiro dia de trabalho. Mas era assim que sua sorte vinha se mostrando ultimamente.

_ E vão ajudar a Srta. Swan a limpar a cozinha – ordenou Edward.

_ Oh, papai – as crianças resmungaram.

_ Depois que forem para o andar de cima e se lavarem.

Apenas após as crianças começarem a subir a escada, deixando uma trilha de passos enfarinhados atrás de si, Edward admitiu.

_ Enviá-los para o andar superior pode não ter sido minha mais brilhante idéia.

_ Tudo bem. Crianças são crianças.

Ela não sabia o que mais dizer. Começava a sentir-se completamente perdida.

_ Quando a babá chegará para cuidar deles? – indagou esperançosa.

_ Babá? Não há babá.

Bella franziu a testa.

_ Não sou nenhuma especialista, mas seus filhos parecem pequenos demais para serem deixados sem supervisão. Seu pai cuida deles?

_ Algumas vezes sim. Mas olhá-los faz parte do trabalho da empregada doméstica. Seu trabalho.

Isso era uma novidade para Bella. Outro pequeno detalhe que sua querida tia omitira. Contara-lhe sobre as crianças, mas não que deveria cuidar delas.

_ Espere um minuto... Pensei que empregadas apenas cuidassem da casa e da comida.

_ Pensou errado.

Bella desabou sobre a cadeira da cozinha, sentindo-se sufocada pela ultima formação.

_ E sua empregada anterior fazia tudo isso?

_ Sim. Sem problemas.

_ Então você não terá dificuldades em conseguir outra pessoa para fazer o trabalho – falou, suspirando. – Não tenho certeza se sou a pessoa certa para fazer isto.

_ Também não tenho certeza – murmurou ele. – Mas você é tudo o que eu tenho.

Bella reconheceu o desespero nos olhos verdes dele e o fitou com muita desconfiança.

_ Por que não me conta o que realmente está acontecendo aqui? – Teve um palpite e acrescentou: - Quantas empregadas você já teve?

_ Desde quando? – perguntou, meio cauteloso.

_ Que tal no último ano?

_ Diversas. – respondeu meio evasivo.

_ E quantas são “ diversas “? Mais do que seis, e menos que doze?

_ Isso mesmo.

_ E eu poderia lhe perguntar o motivo de terem ido embora?

_ Por diversas razões.

_ Mas todas atendem pelos nomes “ Luce “ e “ Luke “ certo? – palpitou com astúcia.

Ele pareceu ficar pouco a vontade com essa pergunta.