O Retorno de Kira escrita por Perola, Hunter-nin


Capítulo 6
Renascimento




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/27999/chapter/6

 

Renascimento

(By Pérola e x Hunter-Nin)

.

Yukiko andava cansada pelos corredores da delegacia onde estagiava. Após uma manhã exaustiva de aula, terminar de organizar os casos que seu chefe tinha pedido acabara com suas forças. Ela colocou a mão na frente do rosto para ocultar um bocejo. Pensar que ainda teria as aulas do cursinho deixava-a ainda mais desanimada.

- O que mais pretende fazer hoje, além de salvar o mundo? – Raiya perguntou. Seguindo-a de perto, o Shinigami se impressionava com a quantidade de tarefas de uma menina que recém havia completado 17 anos.

A falta de respostas o surpreendeu. Na noite anterior, quando se conheceram, ela não parara de falar. Agora, simplesmente o ignorava. Talvez fosse um pouco mais esperta do que imaginara. Contudo, a atitude dela na noite anterior não o agradou e ele previa que as conseqüências desse ato seriam a ruína da jovem.

A loira bateu na porta de Toshio e aguardou a permissão para entrar. Quando a porta se abriu, Matsuda passava por ela carregando algumas fotos. O medo nos olhos do policial era facilmente identificado pela garota.

- Algum problema, pai? – Questionou fingindo-se de preocupada. Mesmo sem olhar as imagens, sabia o que havia nelas.

- Nada demais querida. Só um caso novo. Papai vai trabalhar agora e você, é bom se comportar, hein? – Terminou rindo e tocando na ponta do nariz da filha. Porém, no segundo seguinte, saia apressado e preocupado.

- Será que foi mesmo uma boa idéia? – Raiya perguntou ansioso pelo que iria começar.

- A melhor que já tive. – Sussurrou antes de entrar na sala. – Boa tarde, Senhor Toshio. Já terminei de organizar aquela sala como o senhor pediu.

- Garota rápida, hein. – Comentou galantemente. – Certo Yukiko, você então poderia colocar esse arquivo para mim na caixa do caso Luke?

- Sem problemas. – Alegou sorridente. – “Seu infeliz. Só porque o caso Luke é um dos que fica lá no alto e eu sou baixinha.” – Completava em pensamentos enquanto mirava à pequena e quase vazia pasta que seria acrescentada no caso.

oOo

- Near? – Linda adentrava uma sala em que o famoso detetive criava torres com palitos de fósforo.

- Cuidado com o vento. – Pediu sem se virar.

- Essas fotos foram enviadas por alguns membros da policia japonesa. Eles alegam que você precisa vê-las.

- Eu não preciso ver nada. Só porque fui ao aniversário da menina, não significa que tenha me tornado amigo deles e que vá resolver casos para eles. – Respondeu indiferente.

- Eu sei. Mas acho que isso pode interessá-lo.

- Por que me interessaria?

- Aparentemente, um novo Kira surgiu.

Near parou sua construção quando ouviu o nome.

- Já disse para não colocar qualquer um no nível de Kira. – Linda nada respondeu. – Pois bem, resolverei esse problema facilmente. Quais são as vitimas dessa vez?

- As mesmas escolhidas pelo primeiro. – Ela informou. - Os oficiais que nos ajudaram no Japão acham que deve ter alguma mensagem oculta nessas mortes. Near, por favor, analise essas fotos.

- Não acredito que tenha algo tão importante assim.

- Como pode saber sem olhá-las? Quem sabe esse caso não lhe desperte o interesse?

- A probabilidade é pequena.

- Mas existente.

- Certo. Posso dar uma olhada nessas imagens durante o chá. Vamos.

Sentado com os pés sobre a poltrona, o jovem gênio saboreava a bebida quente. Desanimado, pegou a primeira imagem e notou o corpo caído logo abaixo de um risco vertical feito em sangue. Em cada imagem seguinte, a linha se repetia, porém em um local diferente. Algumas verticais, outras horizontais. Um quebra-cabeça aparentemente fácil, Near acreditou.

- Qual a seqüência das mortes?

Linda sorriu ao notar o interesse do detetive e, de pronto, indicou-lhe a informação recebida.

- Se sobrepusermos as imagens seguindo a hora da morte de cada um, podemos formar um símbolo. Um desafio muito fácil.

Fazendo o indicado pelo homem, Linda organizou as imagens.

- Será que era esse o desafio?

Near tomou mais um gole de seu chá e analisou o grande quadro. Os corpos caiam rodeando a enorme letra L desenhada em sangue no chão. O último, estranhamente, tinha o braço esticado e apontando para de baixo da cama.

oOo

- L pediu que analisássemos sob a cama de uma das vitimas. – Ide informou aos outros que faziam parte do grupo responsável por encaminhar as fotos à Near.

- Então, ele vai mesmo nos ajudar? – Matsuda perguntou animado.

- Depende do que tiver embaixo daquela cama. – Foi a resposta simples do outro.

- Bem, então vamos lá.

Ide, Aizawa, Mogi e Matsuda saiam apressados pelas portas da delegacia no exato momento em que Yukiko chegava nesse.

- Onde vocês estão indo, papai? – Questionou curiosa.

- É um caso novo, querida. Tenho que verificar alguns detalhes. – O moreno tentava ser o menos informativo o possível com a filha.

- Tantos bons policiais só para buscar detalhes de um caso? Deve ser algo grande... – Comentou inocente.

- Bem...

- É um caso importante, não é? – Insistia a jovem mantendo o ar angelical na delicada face.

Matsuda recuava perante os olhos brilhantes da garota. Sem saber o que dizer para a filha, mirou os outros três a procura de apoio.

- É um caso importante, sim – Aizawa começou, chocando a todos que estavam presentes – mas não é para crianças. – Conclui, destruindo a esperança que Yukiko tinha de entrar facilmente na investigação.

A loira não se importou com o modo que Aizawa se referiu a ela, entretanto, sua face demonstrava o contrário. Fingindo-se de decepcionada, falou ao seu criador que ele não precisava discutir com o amigo por causa dela e que ela entendia a situação. Após desejar sorte aos policiais, a garota adentrou a delegacia, rumo ao serviço.

Matsuda, por mais que pensasse na filha como seu eterno bebê, venceu sua vontade de ir atrás dela, abraçá-la e confortá-la pela grosseria do companheiro, já que tinha certeza da mágoa deixada na garota, e foi à prisão verificar a cela como Near solicitou. Enquanto o carro vencia a distância desejada, refletia sobre a atuação do novo L e considerava o pequeno interesse dele como uma grande conquista.

Os quatro homens desceram da viatura em frente ao prédio que detinha criminosos de todos os níveis. Tentando ocultar a ansiedade e o nervosismo, se apresentaram ao diretor da prisão, um homem de idade avançada, pele enrugada e cabelos grisalhos. Guiados por dois guardas e pelo próprio diretor, todos procuravam por qualquer detalhe que pudesse ter escapado a primeira equipe de investigação.

- Tem certeza de que ninguém entrou aqui? – Ide perguntou ao homem responsável pela construção.

- Absolutamente ninguém. Não há com o que se preocupar.

Desviando do desenho do corpo no chão e do pequeno traço em sangue seco, os quatro se aproximaram da cama. Após colocar luvas descartáveis, Mogi se ajoelhou e analisou debaixo do local.

- A primeira equipe analisou tudo. Não acredito que haja mais provas por aqui. – Argumentou o diretor do presídio central, cansado de perder tempo com os outros quatro. O trabalho por fazer e a insistência deles o irritavam ainda mais.

- Vamos levantar esse colchão. – Avisou Aizawa.

Com a ajuda de Ide, os dois realizaram o ato e notaram arranhões no fundo do objeto. Mogi aproximou-se e, ainda com as luvas, tocou uma das fendas, tentando identificar qualquer outro item ali escondido.

- São somente corte. Não tem nada aqui dentro.

- Acho que descobrir que aquele infeliz destruiu o colchão já é o bastante. Terei de providenciar outro agora. Não bastava morrer e interditar uma cela inteira. – Reclamava o mais velho dentre os presentes.

- Pessoal, apóiem o colchão na parede e venham até aqui. – Matsuda, mais afastado do grupo, pedia.

- O que você viu? – Ide perguntou curioso.

Fazendo como o amigo havia solicitado, os outros se afastaram do objeto e o analisaram a distância, chocando-se com a visão.

oOo

- Você deveria estar tão envolvida com casos policiais, Linda? – Near perguntou para a mulher que analisava as fotografias espalhadas sobre a mesa de centro.

- Preciso trabalhar para garantir o melhor ao meu bebê e, sendo assim, prefiro fazer algo interessante.

- Pode ser perigoso. Não tem medo de que te aconteça algo? Afinal, quem cuidaria da sua garotinha?

- Me preocupo com isso todos os dias Near. Porém, não posso abandonar o serviço para ficar com ela. Quem me ajudaria a pagar tudo do que ela precisa? De qualquer forma, Matsuda sempre foi louco por ela. Ele sempre gostou de crianças além de alegar que devo procurá-lo se precisar sair e não conseguir uma babá. – Falou sorrindo - Fora a experiência que adquiriu com a Yukiko. Acho que, se algo me acontecesse, ele cuidaria bem da minha princesinha.

Near a analisou sério, enquanto pensava se deveria comentar o fato de Yukiko ser filha de dois assassinos. Por mais que a garota aparentasse ser diferente dos pais, ele nunca abaixaria totalmente sua guarda, pois acreditava na força da genética. O telefone celular de Linda tocando chamou a atenção dos dois.

- Alô – Disse a mulher logo que atendeu ao aparelho. – Como? Você tem certeza disso? Certo. Pode ficar tranqüilo, passarei a mensagem a ele. Obrigada. - Near a observava desligar o celular e mirá-lo. – Era Matsuda. Ele e os outros acabaram de sair da prisão com novas informações e acham que você gostaria de ser informado o mais rápido possível. Ele disse que me mandara as imagens por email assim que chegar em casa, para não usar o computador da delegacia.

- O que tinha de baixo da cama? – Ele perguntou concentrado em seus origamis.

oOo

Yukiko andava de um lado para o outro carregando inúmeras pastas. O trabalho exaustivo que Akio lhe designava não era o suficiente para fazê-la esquecer sua ansiedade. Desde que usara o caderno pela primeira vez, L não fizera nenhuma aparição.

- “Será que ele não foi capaz de encontrar minha mensagem?” - A jovem já questionava a inteligência do famoso detetive. – “Ou será que ele não relacionou as mortes com o caso Kira? Já faz muito tempo que não acontece algo assim, ele pode ter esquecido...”

Raiya observava a jovem correr distraída e aérea. Reconhecia que ela estava perdida em seus pensamentos sobre a falta de comentários sobre seu ato da noite anterior. Seguindo os passos do pai, ela resolveu que eliminaria a todos por ataques cardíacos. Porém, diferente de Kira, a loira queria enfrentar L o mais rapidamente possível, pois desejava vingar os pais antes de salvar o mundo.

- Hey! Garota! – O Shinigami a chamou após perceber a movimentação dos guardas em uma sala. – Veja isso aqui.

Curiosa a garota entrou na sala e lutou para manter a face surpresa como todos os outros. Sua vontade de sorrir era quase incontrolável. Na televisão, a tela cinza e a inconfundível letra L acompanhada da voz distorcida por sofisticados aparelhos.

- “Não sei quem você é, mas sei o que tem em mente. Suas intenções podem ser boas, mas saiba que isso é maligno. O que você está fazendo são homicídios.”

A voz constante e sem emoção só a divertia. Yukiko ficou imaginando qual teria sido a reação de seu pai com aquela mensagem. Raiya a observava atentamente. A boca levemente aberta, os olhos vidrados na tela da televisão e as mãos trêmulas não o enganavam. Ele reconhecia o divertimento no brilho do olhar dela. Aquela criança o encantava a cada novo momento que passava ao lado dela. Pelo pouco que conhecia da garota, sabia que não se intimidaria com a mensagem do detetive.

oOo

Near analisava as imagens recebidas na tarde seguinte à sua mensagem. As fotografias espalhadas na mesa de centro da sala faziam-no se lembrar da disputa entre L e Kira.

- Parece que você terá de enfrentar um Kira sozinho Near. – Linda colocou em palavras algumas das idéias que passavam pela mente do detetive.

- Não o chame de Kira. Esse cara não tem o direito de ser colocado no mesmo nível de Kira ou de L.

- Essa história de novo? Esse parece ser um pouco mais inteligente. – Ela argumentou tentando descobrir o que se passava na mente do homem sentado a sua frente.

- Talvez, mas não ao ponto de merecer o nome Kira. Se quer chamá-lo de algo, chame-o de D-Kira.

- Por que D-Kira?

- Donkey-Kira.

- Não acha um pouco ofensivo demais?

- É um assassino. De qualquer forma, D-Kira servirá até que eu pense em algo melhor.

- Como você quiser. – Respondeu concentrada em uma fotografia aleatória que pegou da mesa. – Bem, já está tarde. Boa Noite Near. – Despediu-se enquanto depositava a imagem no mesmo lugar.

- Boa noite. – Falou concentrado na foto de um corpo caído no chão. A parede atrás dele manchada de sangue que escorria das palavras escritas mais acima. Virando o rosto, mirou o desafio arranhado no colchão da prisão: Vamos jogar? Por um momento ele acreditou que a resposta transmitida pela televisão seria o suficiente. Entretanto, o corpo encontrado durante a tarde deixava óbvio que ele não pararia. A última fotografia que recebera mostrava o que o prisioneiro escreveu com o próprio sangue antes de sofrer o ataque cardíaco: Qual o problema L? Tem medo do jogo?

Near sorriu, apesar das imagens que tinha expostas a sua frente. Esse novo Kira iria aprender que ele era um detetive tão bom quanto L.

- Espero que goste de sua cela na prisão, D-Kira...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

MIL PERDÕES...
Eu sei que prometi que nunca mais iria atrasar um cap, mas imprevistos acontecem, não é? óò
E espero mesmo que esse cap tenha compensado o atraso.
Beijos =*
27 de Junho.
Somente no Fanfiction e, agora também, no Nyah.
O Retorno de Kira
Capítulo 6:
“INTENÇÕES”



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Retorno de Kira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.