O Retorno de Kira escrita por Perola, Hunter-nin


Capítulo 3
Acaso...




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Acaso...

(By Pérola e x Hunter-Nin)

.

O sol entrava pela janela e invadia sem nenhum pudor o aposento, deitando no rosto adormecido. A jovem, instintivamente, puxou a coberta para cobrir o rosto. A iluminação do astro rei não lhe permitiria continuar sonhando. Por algum motivo, ela desenvolveu gosto pela preguiça. Seu pai era sempre tão energético e, pelo que ouvia falar, sua mãe também. A personalidade sonolenta que possuía era intrigante. Contudo, não se importava. A verdade era que, no momento em que se levantasse, nada teria para fazer. Seus trabalhos de escola estavam todos concluídos, incluindo aqueles que possuía meses até a data de entrega. As notas não poderiam ser mais altas. A programação da televisão, não conseguiria ser mais desinteressante. O assunto das revistas, não tinha como ser mais desestimulante. Os dramas que lia, mais forçados? Impossível. Todos os dias eram iguais. Um mais entediante que o outro. Sua rotina se resumia a levantar, ir para a escola, quase dormir novamente com a lentidão com a qual as aulas eram ministradas, voltar para casa, fazer os exercícios que lhe tinham sido passados, fazer mais alguns do cursinho que freqüentava a noite, ir ao pré-vestibular, voltar, fazer mais alguns exercícios, tomar banho e dormir. Duas vezes por semana tinha aulas de defesa pessoal. Devido ao crescimento da criminalidade, seu pai achou indispensável que ela soubesse se defender. Pelo menos servia para se distrair. Era a única tarefa que realmente a interessava no atual estagio em que se encontrava sua existência.

O despertador resolveu compactuar com a esfera de fogo. Era possível dormir com a luz que já reinava no quarto. Porém, o som infernal impossibilitava por completo a tarefa. Sem muita delicadeza, ela pegou o rádio-relógio e, arrancando-o da tomada, arremessou-o longe. O silêncio retornou. Ela sorriu e escondeu a cabeça embaixo das cobertas novamente. Porém, seu plano de continuar dormindo não era perfeito. A jovem havia se esquecido de analisar todos os possíveis agentes externos. Nesse dia, não foi a luz do sol nem o som do despertador que a fez se levantar, mas sim seu pai. O homem entrou no quarto e, com todo direito que sua posição concedia, puxou as cobertas de cima da jovem a fazendo se desequilibrar e ir de encontro ao chão.

- Pai! O que pensa que está fazendo? – A garota sentava-se, ainda enrolada nas cobertas, e mirava o homem que a criou com tanto carinho.

- Acordando você sua preguiçosa. Onde já se viu. Um dia lindo lá fora. Podemos fazer diversas coisas para aproveitar o seu aniversário. – A empolgação dele era quase que contagiante. Quase.

- Podia começar me deixando dormir mais. Que horas são? – Yukiko, enquanto esfregava os olhos para espantar o sono, buscava o despertador.

- Cinco e meia. – Matsuda respondeu-lhe.

- Certo. – a jovem, ainda dominada pelo sono, demorou alguns segundos para perceber a resposta que recebeu, mas, quando o fez, se voltou raivosa para seu criador – O quê! Por que eu fui acordada tão cedo?!

- Para aproveitar o dia do seu aniversário. Eu já te disse isso. Agora, vamos. Levanta esse traseiro do chão, tome um banho e desça para o café. O papai aqui vai preparar algo especial para hoje. Até mais querida.

Beijando a testa da púbere que estava indignada, o policial rumou à cozinha para tornar a manhã da filha especial. A loira, como já havia despertado com a delicadeza paterna, resolveu seguir as instruções dele. Na manhã de seu aniversário e como ainda era incrivelmente cedo, ela se deu ao luxo começar o dia com um relaxante banho de banheira. Ficou imersa sob a água o maior tempo possível. Em nenhum momento o outro a chamou ou repreendeu pela demora. Quase duas horas depois, ela resolveu descer e tomar o café. Chegando à cozinha, se assustou com o que viu.

- Papai, o que é tudo isso?

- Um café especial, para o dia especial da minha linda filha. – Ele continuava extremamente empolgado.

- Você quer que eu coma tudo isso? - Ela não acreditava, na maioria das vezes, nas idéias que passavam na cabeça de seu pai.

- Você acha muito? – Ele perguntou intrigado.

O olhar incrédulo da jovem caiu sobre a mesa. Nesta o homem havia disposto pratos com torradas, panquecas, ovos, bacon, mingau, frutas, além de suco, leite, café e yougurt. A menina, obviamente, não conseguiria comer tudo aquilo. Ela pegou uma maçã, mordeu com vontade, beijou o rosto do pai e saiu terminando de comer a fruta.

- Até mais tarde papai. Já vou para a escola.

- Espere ai, você vai comer só isso? Yukiko-chan! Volte aqui menina! – Matsuda a chamava de volta de dentro da cozinha.

Sem ser ouvido, o policial se preparou para guardar toda aquela comida. Pelo menos, a manhã movimentada serviu para que ela não abrisse nenhum armário e encontrasse os artigos que tinham chego à noite anterior. Suspirou prevendo o cansaço que sentiria, porém, valeria o esforço. Sua garotinha iria adorar a surpresa.

Pelo ponto de vista de Yukiko, aquele dia não tinha como ser mais entediante. Ela iria entrar em crise desse jeito. Para piorar a situação, não era dia de defesa pessoal. Nada para distrair-lhe a mente. Tudo o que poderia fazer seria voltar para casa, almoçar e acompanhar alguma investigação pela internet.

oOo

Como a jovem previra. A manhã arrastou-se lentamente. Seus professores lhe transmitiam incompetência. A lerdeza com o qual explicavam a matéria e o tempo desperdiçado com detalhes insignificantes eram... Não saberia definir. Pior do que tudo eram seus colegas. Alguns vinham lhe pedir auxilio. Ajudava-os, mas era cansativo ensinar o óbvio para alguém que não queria vê-lo. Ela olhava em volta, sentindo que não poderia existir mais nada para acontecer naquele dia que fizesse valer à pena ter despertado. Porém, se enganara.

- SURPRESA! – O grito a alertou.

Ao adentrar a casa decidiu que, se contos de fada existissem, queria ser a Bela Adormecida e cair em sono profundo. Qualquer coisa, menos acreditar que aquilo estava acontecendo. Em quanto a solução não surgia, só lhe restava sorrir e fingir que estava tudo bem. Não iria desmerecer o trabalho que seu pai teve para bolar a festa surpresa. Se bem que, realmente, era tudo dispensável. A sala estava toda decorada com balões cor-de-rosa. Nas paredes, imagens da Barbie. A mesa repleta com docinhos, salgadinhos, refrigerante pratinhos e copinhos, além do bolo dos sonhos de toda menina para sua festa de 5 anos, tudo com o tema da boneca mais famosa. As velas, no entanto, marcavam o número dezessete. Toda a força policial estava presente. Algumas pessoas ela nem mesmo conhecia, ou não se lembrava do rosto. Porém, como se concentrar na face de alguém quando eles, ainda com os trajes oficiais, usavam tiaras nas quais se prendiam corações felpudos cor-de-rosa? Yukiko se esforçava muito além de suas forças para desviar os olhos das ditas tiaras. Foi quando seu pai surgiu para auxiliá-la na tarefa. Entretanto, o método por ele escolhido não lhe agradou.

- Yukiko-chan. – disse surgindo por trás da mesma e colocando-lhe um dos benditos objetos na cabeça – Ainda bem que encontrei essas tiaras. Os chapeuzinhos estavam em falta.

- Que pena, papai. – ela fazia de tudo para ocultar o cinismo de sua voz. Nas atuais situações, só lhe restava encenar alegria estonteante. - Mas, mesmo assim, está tudo muito bonito. – Odiava mentir para ele, porém, o sorriso que recebeu, valeu o sacrifício.

- Sabia que você ia gostar querida. – Matsuda não cabia em si de tanta felicidade em poder proporcionar aquele prazer à filha. – Ande por ai. Tem muita gente que quer conhecê-la e outros que estão morrendo de saudades suas. Nos últimos meses você só tem estudado.

- Certo papai.

A jovem, pelos olhos paternos, buscava um rosto conhecido. Ela, na verdade, planejava uma fuga que não o magoasse. Estava tão distraída que não percebeu o homem atrás de si. Após recuar alguns passos, suas costas colidiram com as dele, fazendo-a derrubar o refrigerante nele.

- Desculpe-me. – disse constrangida enquanto tentava, em vão, usar as mãos para limpar o braço do desconhecido.

- Está tudo bem. Não se preocupe. Acidentes acontecem.

Ela o mirou nos olhos. A visão da jovem, por um pequeno momento, o desconcertou. Os corações balançando em sua cabeça não eram capazes de distraí-los.

- Realmente, foi sem querer. – ela ainda se desculpava.

- Eu já disse que não foi nada demais. Espere aqui sim, vou buscar um refrigerante novo para você.

Ele se afastou e ela se apoiou na parede. O dia só piorava. Todos os presentes eram companheiros, amigos ou conhecidos de seu pai. Possivelmente, haveria um ou outro superior. Será que aquele estranho era um? O que será que ele devia estar pensando de si? Estabanada, distraída, desajeitada. Bem, ele voltaria e essa seria a chance dela provar que os Matsudas eram pessoas sérias, organizadas e competentes. Não poderia colocar em riscos qualquer chance de seu pai ser promovido.

- Ainda não sei por que vim para essa festa. – uma voz, provinda do corredor ao lado, chamou sua atenção.

- Você veio pelo mesmo motivo que eu. – Ela não entendia a razão de tanto desagrado. Se eles estavam insatisfeitos, poderiam simplesmente ir embora.

- E qual seria?

- Sei lá.

- Comemorar o aniversário da filha daquele monstro. Onde já se viu? – Ela, que pensava em se afastar, voltou a prestar atenção, chocada.

- Ela nem deveria ter nascido. Devia ter morrido com a mãe. – A surpresa era cada vez maior nos belos e escuros olhos.

- Não me surpreenderia se ela fosse tão cruel quanto o pai. – Yukiko, mais que rapidamente, procurou seu pai com os olhos. Ele brincava com o bebê de Linda, enquanto conversava com a mesma. A jovem se lembrava da mulher. Ela tinha auxiliado o novo L a derrotar Kira. A única coisa que sabia sobre o caso era de que seu pai também havia participado. Passava noites imaginando quem seria esse tal de Kira. Não é toda vez que a policia persegue alguém por tanto tempo. Como alguém pode achar um dos heróis que enfrentou o grande serial killer e sobreviveu, um monstro? Como podem achar seu pai cruel?

- Somente o Matsuda para gostar dela. Às vezes, acho que se ela não fosse tão parecida com a mãe, nem mesmo ele teria tanto carinho pela garota. – Não havia como descrever o que sentia. De repente, era como se seu mundo fosse destruído. Se o que eles disseram fosse verdade, nada do que viveu até hoje, foi real? A jovem estava petrificada. O choque em seu rosto foi logo disfarçado ao sentir uma mão em seu ombro.

- Você está bem? – o mesmo homem de antes. Ele havia retornado, como prometera, com um refrigerante novo.

- Estou ótima. Obrigada pelo refri e me desculpe mesmo pela camisa. Juro que foi sem querer. – Yukiko sorria abertamente como se não estivesse abalada pela conversa que ouvira há pouco.

- Eu já disse Yukiko-san. Não foi culpa sua.

- Desculpe a minha indelicadeza, mas de onde nos conhecemos?

- De lugar nenhum. Conheço sua família. – completou misterioso, despertando o interesse da jovem.

- Vai me dizer seu nome? – perguntou sedutora.

- Talvez outro dia, criança. – Ele sorriu debochadamente da indignação nos olhos da jovem.

- Yukiko-chan! – Matsuda a chamava do outro lado da sala.

- Vá lá minha pequena. Seu pai a está chamando. – O misterioso homem ainda a provocava descaradamente.

Ela suspirou desanimada. – Realmente, papai me chama. É melhor eu ir ver o que ele deseja. – O outro franziu a testa. Pelo que ouviu falar, a jovem não deveria ser tão dócil perante um desafio. – Com licença senhor. Ah! Antes que me esqueça, já está ficando tarde.

- Preocupada em me ver sozinho pelas ruas? – A loira fez a grande façanha de despertar-lhe a curiosidade.

- Não é isso. Sei que deves ter alguma relação com a força policial. Então, indefeso é que você não é. Porém, assisti em um documentário sobre a saúde na terceira idade que ressaltava a importância de descansar. Uma festa jovem deve ser desgastante para o senhor. – Agora, quem sorria era ela ao ver que o tinha deixado sem palavras. – Bem, não vou deixar meu pai esperando. Não pegue pesado consigo mesmo, senhor.

Sem esperar resposta, ela se afastou. O homem a observava ganhar distância. Aquela garota era realmente incrível. Em poucos minutos despertou-lhe a curiosidade e o interesse.

Matsuda ficou feliz ao ver que a filha se aproximava. Conhecia o gênio da menina e sabia que ela, talvez, conseguisse fazer Near se revelar. Suspirou aliviado ao perceber que, pela expressão do famoso detetive conhecido como L, nada de importante havia ocorrido.

- Tudo bem, papai? – a jovem demonstrava inocência ao falar com o mais velho. Ninguém poderia dizer que ela teve seu mundo derrubado por dúvidas que surgiram ao escutar uma conversa particular, ou que ela havia iniciado um jogo de palavras com o homem mais brilhante de que se tem conhecimento.

- Quero lhe apresentar meu chefe, Akio Toshio. – Disse indicando um belo homem loiro de olhos cinzentos. A pele bronzeada e o físico forte o transformavam na personificação do príncipe encantado.

- Muito prazer em conhecê-la, senhorita. – disse sorrindo enquanto beijava a mão da jovem em sinal de galanteio. Um ato que surpreendeu a garota, já que este fora abandonado há séculos. O sorriso branco e olhos a analisando, antes de encantarem-na, alertavam-na.

- Minha filha, temos uma surpresa para você. – Diferente da garota, o pai dela estava radiante.

- Estou precisando de uma estagiária. Gostaria de trabalhar junto a policia japonesa? – Akio sorria para a garota, transmitindo confiança.

- Então Yukiko-chan. Não era o que você sempre desejou? Ficar perto das investigações?

 


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Notas finais do capítulo

Well... O que posso dizer?
No próximo capítulo, as coisas começam a ficar mais... Interessantes... XD

06 de Junho.
Somente no Fanfiction e, agora também, no Nyah.
O Retorno de Kira
Capítulo 3:
“... OU DESTINO?”



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