Lembrança escrita por Giuliana Murakami


Capítulo 1
Naquela noite...


Notas iniciais do capítulo

Essa short é dedicada a TODOS os meus leitores!^^
Obrigada pelo apoio!



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"Lutar por amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor" (William Shakespeare)

Qual a definição exata do amor?

Perfeição, paixão, companheirismo, confiança, exibição, ciúme...? Ou todos em uma mistura radical? Não sei bem o que responder, mas seja o que for, eu sentia. É estranho sentir algo que não poder ver, sofrer por algo que não te toca e chorar por uma coisa que é tão sem nexo. O amor é traiçoeiro como o mar e nos move em direções que, de início, não compreendemos, mas que nos leva a acreditar que é para o lugar certo.

Eu não escolhi amar Leo Valdez. Foi algo involuntário, que me rendeu grandes frutos, mas indesejáveis incertezas. Por ter pensado em amar Jason, não me permitia olhar ao meu redor... Lá no cantinho do meu mundo estava o Leo. Com seu sorriso doce, as orelhas pontudas e os olhos sapecas. Ah, como eu podia ser tão ignorante? Como eu pude me guiar pelo caminho errado por tanto tempo?

Quando eu descobri que o amava? Bem, isso eu posso explicar com detalhes: foi em uma noite fria de novembro. O acampamento romana estava em guerra com o grego. E Leo havia se infiltrado no chalé principal dos inimigos, almejando derrotar e emboscar Lupa. Obviamente, isso era quase impossível e iria machucá-lo...E muito.

Pensei que tinha perdido Leo naquela noite...E foi naquele momento que eu percebi o quanto ele era imprescindível em minha vida.

-Não posso deixá-lo! - eu dizia com os lábios tremendo. A chuva danificava e distorcia minha visão. Eu não conseguia enxergar onde Leo estava devido ao número de pessoas que corriam de um lado pelo outro sacudindo suas armas.

-Ele vai conseguir! - disse Jason com ferocidade e correndo com a lança em punho para atacar os inimigos que antes conviviam com ele.

-Preciso ajudá-lo! - eu disse me desviando de uma flecha. Ao meu lado, Annabeth estava com um corte na cabeça e virou para mim.

-Precisamos de você aqui!

Como ela era líder, eu não podia desacatá-la, mas minha atenção estava voltada ao ponto onde Leo sumira. Quando eu estava começando a perder para uma menina loira e feroz, ouvi o som de gritos. Rapidamente, voltei meus olhos para o chalé e vi faíscas se soltando.

Leo ia explodir!

E eu era a única que podia acalmá-lo.

Sem pestanejar, corri em direção ao local, mas foi tarde demais. O impacto da explosão arremessou todos no ar. Afastando e juntando amigos e inimigos, ficamos todos jogados no chão, cheios de estilhaços de pedras que se chocaram com as labaredas. Quase desfaleci se não fosse minha preocupação. Levantei-me com dificuldade e corri de volta para o lugar.

Meu coração se desmoronou ao ver a mão de Leo debaixo de uma pedra enorme de concreto. Tentei puxar, empurrar, grunhindo e chorando, mas não tinha força.

-LEO - gritei, lágrimas se misturando com a chuva - Leo, por favor, não morra! Eu estou aqui! Leo... LEO!

Ao meu redor, o silêncio harmônico se fez. De relance, vi todos os guerreiros me olhando preocupados. Alguns jogaram as armas ao chão e vieram me ajudar. Demoraram mais tempo do que eu queria e tiraram a pedra de cima do meu amigo. Ele estava de olhos fechados,o rosto sujo de poeira, a boca entreaberta e com um filete de sangue escorrendo pelos lábios.

-LEO! - ajoelhei-me perante ele, sacudindo-o. Não estava conseguindo aguentar aquela dor e soltei um berro vergonhoso, mas necessário. Olhei para os que estavam perto de mim - O QUE ESTÃO ESPERANDO? ME AJUDEM!

E foi assim que a guerra dos acampamentos acabou. Leo havia conseguido estabelecer a paz mesmo sem querer. Aquele garoto... Sempre de coração grande até mesmo quando não tinha intenção.

Levamos Leo para a enfermaria e esperamos que os filhos de Apolo cuidassem dele. Fiquei ao seu lado, segurando sua mão, mas o esforço da batalha e o sofrimento acumulados me fez cochilar sobre seu braço.

Acordei com uma mão fazendo um cafuné desajeitado em minha cabeça. Abri os olhos confusa e vi o Garoto de Reparos me olhando com a mesma intensidade com a qual eu o fixara na noite anterior.

-Leo, seu grande estúpido, você me deu um susto - eu disse sem contar o rio de lágrimas que desciam dos meus olhos. Ele deu um meio sorriso e limpou meu rosto.

-Sinto muito, Pips! - ele disse começando a chorar.

-O que foi? - fiquei preocupada - Leo, por que você está chorando?

-Eu... Eu não posso... - ele limpou os olhos - Perdi as esperanças! Você não vai me aceitar!

-LEO O QUE FOI?

Foi então que meus olhos se voltaram para as pernas dele e meu coração se despedaçou. Sua perna direita não estava lá! E seu pé esquerda estava enrolado numa faixa, sangrando absurdamente.

-Ah, Leo! - eu disse com tristeza e me voltando para ele, aproximando-me com cautela. Toquei em seu rosto banhado de lágrimas e dei-lhe um beijo na testa - Eu nunca ia te deixar.

-Você vai preferir o Jay! É sempre assim... Mas não foi minha culpa... Achei que estávamos começando a nos dar bem...

-Sempre nos demos bem - eu disse beijando-lhe os lábios ternamente.Ele ficou tão assustado que calou-se. Bem, essa era a intenção - Eu te amo, Leo! Não será por uma falta de uma perna ou de duas que vou deixar de amá-lo. Ontem, percebi que se te perdesse, a probabilidade de eu me matar seria bem grande.

Dei-lhe um sorriso divertido. Estava sendo sincera. Pouco me importava com suas deformações.Eu queria Leo por inteiro, como amigo, namorado e companheiro pelo resto da vida.

-Mas sua mãe...

-Isso mesmo! Minha mãe e não eu - eu disse abraçando-me com cuidado para não machucá-lo - Eu não sou minha mãe! Sou sua namorada agora, não é?

Ele deu aquela risada gostosa que parecia metal se chocando com metal e eu me deliciei com a sensação. Massageei seus cabelos cacheados e o beijou, dessa vez com mais carinho e profundidade. Senti suas mãos bagunçando meus cabelos e me deixei levar pela sensação calorosa e irresistível de tê-lo por perto.

Sorri, afinal nem precisei lutar pelo amor dele. Para muitas situações, é muito mais prazeroso você lutar para vencer, mas quando se trata de amor, é mais gostoso você nem precisar lutar, afinal a pessoa já lhe ama, independentemente de outra pessoa. Ela é sua e só sua!

-Pensando na vida, Rainha da Beleza? - ouvi a voz de Leo e me virei. Ele andava coxo com sua perna de metal entalhada, mas ficava tão fofo que eu nem sequer me incomodava.

Eu estava sentada na colina, olhando do alto do acampamento. Annabeth e Percy pareciam brigar de novo.

-Pensando em você, mas você é minha vida então não faz diferença - eu disse sorrindo quando ele se sentou ao meu lado. Sujo de graxa e com seu meio sorriso! Ele sabia como me deixar insana.

Tasquei-lhe um beijo na boca e ele me agarrou pela cintura. Ficamos algum tempo trocando carinhos e palavras melosas que os solteiros estalam a língua dizendo ser perda de tempo, mas que quando você tem alguém parece ser muito mais romântico.

Olhamos para o acampamento e rimos porque Percy havia agarrado a namorada e beijado-a. Rachel ainda tentava apaziguar a discussão e, desvencilhando-se de Percy, Annabeth saiu atrás da ruiva com a faca em punho.

-Eu adoro o espetáculo da tarde - Leo sussurrou em meu ouvi, causando-me arrepios.

-E eu adoro você! - ergui minha cabeça e ele me deu um selinho.

Amanhã faria sete anos que estávamos juntos. Sim, acredite se quiser, Percy e Annabeth, mesmo aos seus 23 anos, continuavam sendo ambos cabeças-quentes, mas o que era a vida sem brigas. Eu e Leo brigávamos de vez em quando. A maior parte das vezes era minha culpa, pois ele sempre foi muito calmo e paciente comigo. Eu era a ciumenta. Mas ter tido a experiência de quase perdê-lo deixou-me receosa e eu me protejo da melhor forma possível: guardand meu Leozinho só para mim.

Enfim, encontrei o signifcado de amar. É proteger, desejar, se apaixonar, ser sincera e confidente. Sim, uma mistura de tudo! Um Milk-Shake de responsabilidade e satisfações. Amor é o maior de todos os sentimentos e nos guia em rumos surpreendentes.

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