Pov. Lene

Já eram meio dia, e como o sol estava mais forte minha tia achou melhor voltarmos para casa (principalmente pela cara da Lily que estava bem corada).

– Você acha que a Lyn já está no hotel? – perguntou Lily enquanto caminhávamos para casa.

– Não sei... Podemos ir lá e perguntar por ela. – notei que Lily olhava para a casa vizinha á nossa como se procurasse algo.

– Okay, vou avisar a sua tia. – minha tia estava um pouco á frente de nós, enquanto Lily se aproximava dela, também ficava mais perto da tal casa.

Virei-me e fui andando na direção do hotel com uma ruiva tentando me alcançar. Chegamos ao saguão e fomos falar com uma balconista com cara de “Oi tudo bom? Vai se ferrar ali um pouquinho”.

– Olá nós gostaríamos de... – Lily parou de falar e se distanciou do balcão comigo atrás.

– O que foi isso?

– Eu não tenho o sobrenome dela! Como vamos achar uma pessoa num hotel gigante sem nem o sobrenome?

– Nós podemos ficar por aqui e ver se ela aparece...

– Não, nós não vamos passar o dia esperando pela Lyn. E se ela tiver saído? E se a tia dela não deixou?

– Então é só você fingir que foi assediada e exigir falar com a dona do hotel, aí a gente pergunta pela Lyn pra ela.

– Haha como você é engraçada Marlene – disse ela com certo sarcasmo – Espere aqui, eu vou tentar ver se consigo falar com a tia da Marilyn.

– Então você vai mesmo fingir que foi assediada? – como reposta, levei um tapa no braço. Doeu.

– Tô com fome Lils, me dá dinheiro.

– Não! Espere-me que a gente lancha depois.

– Mas eu quero batatas!

– Que bom pras batatas.

– Mas eu preciso de batatas Lily!

– Me poupe da sua doença Lene.

– LILY EVANS ME DEIXA COMPRAR A PORCARIA DAS BATATAS! – Todo. Mundo. Olhou. Pra mim. Okay, talvez eu não devesse ter gritado com o negócio das batatas, mas meu sexto sentido dizia que se eu não comesse batatas as coitadinhas nunca mais encontrariam um estômago para morar.

Pov. Lily

A doente da Lene havia passado uma hora inteira falando comigo sobre batatas. Como elas eram bonitas e amareladas e crocantes quando fritas. O que aquela garota tinha de errado?

Agora estávamos sentadas na calçada do lado de fora do hotel porque um dos seguranças, negro e gigante e com uma cara de “não quero conversa” havia nos posto para fora por causa de certa criatura gritando que queria certo tubérculo amarelado.

– Você, definitivamente, não é normal. – Eu disse. Eu estava dessa vez, genuinamente com raiva de Lene – Se você quiser batatas, da próxima vez, não grite sobre isso. E eu não ligo se “as pobres batatas vão ficar desabrigadas”.

– Isso é ridículo. Todos nós temos a necessidade de ser alimentados. Até animais como... Black e Potter.

– Sim, Lene. Mas ninguém fica com uma fome mortal de repente e nem grita sobre isso no meio do saguão de um hotel de luxo.

– Não. Lily. Black e Potter.

– Lene, não venha se desculpar agora, por favor. É tarde demais. Perdemos a chance de fazer uma amiga... – Lene me puxou para o lado e correu ainda me segurando, para uma esquina, onde entramos num bar deserto.

Ela encostou-se numa parede e respirou fundo.

– Santa Batata.

– O que foi? – Perguntei, franzindo as sobrancelhas. Quando Lene usava o nome de sua Santa Padroeira em vão, era porque tinha visto algo perturbador.

– Black e Potter.

– Marlene McKinnon! A gente vem para Miami para relaxar e você faz questão de citar os nomes dessas criaturas invertebradas.

– Lily, cala a boca.

– Quem você pensa que é para me mandar calar a boca?

– Lily Evans. Black e Potter estão aqui.

– O quê? – Exclamei.

– Aqui em Miami! Eu os vi descendo a rua na calçada que nos estávamos. Você estava de costas para eles, por isso não os viu!

– Meu Deus. O que a gente vai fazer? – Apoiei minha cabeça nas mãos. Eu já sabia que eles estavam na Flórida também, mas não esperava que eles fossem estar em Miami e, muito menos, que estaríamos na mesma rua ao mesmo tempo.

– Lils! Lene! – Arregalamos os olhos e nos entreolhamos. Olhamos na direção de onde a voz vinha. Lá estava Marilyn, de uma mesa, acenando para nós com uma expressão feliz. Suspiramos simultaneamente. Não sei como não notamos que a voz era feminina.

Fomos nos sentar com Lyn, à mesa que ela estava. Com ela estava sua irmã mais nova que ela tinha mencionado no avião. Seu nome era Grace. Contamos que havíamos passado no hotel para falar com elas, mas um segurança com cara de poucos-amigos havia nos posto para fora.

– Ah, o Mini John sempre foi meio rude com quem ele não conhece, mas é bem legal quando você conversa com ele sem ser sobre batatas.

– Espera... Mini John? Aquele cara era gigante. – Lene falou.

– É... Tem um John maior que ele no hotel.

Todas nós rimos. Senti uma mão me puxando, literalmente, para baixo da mesa. E eu caí. A próxima coisa de que me lembro foi Lene e eu embaixo da mesa, e ela com os olhos arregalados.

– Eles nos acharam. – Pelo jeito que ela falava, parecia que nós éramos fugitivas do FBI ou da S.H.I.E.L.D.

Olhei por baixo da mesa, e lá estavam Potter e Black sentando-se à uma mesa perto da porta do bar.

– Ferrou. – Lene falou. Não os asseguro de que ela falou exatamente essa palavra.