Chegamos em casa e eu me sentei no sofá esperando meu pai começar a falar.

  - Então... é que assim filha, sua tia, a Carla, está muito mal. E o médico disse que se ela não melhorar logo ela não sobrevive a mais uma semana. – aquelas palavras me doeram fundo na alma.

   Carla era irmã da meu pai, a única irmã. Ela tinha sido muito especial para mim, e eu  não deixaria ela morrer assim. Iria passar alguns dias no Brasil. Estava decidido.

   Me levantei chorando e corri para meu quarto. Abri o guarda-roupa e peguei algumas roupas, coloquei tudo dentro de uma mala e comecei a escolher alguns casacos. Filipe entrou no quarto e me puxou, me fazendo abraçá-lo.

  - Eiei, calma. Vamos ligar para o aeroporto e ver quando tem um avião para o Brasil. Não vai adiantar você arrumar tudo agora se só tiver um avião amanhã. – ele me soltou e eu me sentei na cama secando as lagrimas.

  - Ok. Vamos ligar. Mas eu gostaria de ir sozinha para o Brasil, para poder ficar mais tempo com minha tia. – ele assentiu com a cabeça e descemos para pegar o numero do aeroporto.

   Ligamos e só teria um avião para o Brasil no outro dia de tarde. Subi para terminar de arrumar as coisas e chamei Lipe para me ajudar.

  - Então eu vou passar 10 dias sozinho com meus sogros? Vai mesmo me deixar aqui? – ele pediu fazendo cara de triste.

  - Não faz assim amor. Se não quiser ficar aqui tudo bem, mas eu pensei que preferisse ficar com meus pais. Se quiser voltar para Londres tudo bem.

  - Acho que vejo, talvez eu fique alguns dias aqui. – ele sorriu e me deu um selinho.

No outro dia

   Acordei mais tarde que o normal. Levantei e fui até o banheiro, tomei um banho gelado e lavei meu cabelo, sequei-os com o secador fazendo escova. Fiz uma maquiagem básica e me vesti. Quando sai do banheiro a cama já estava desocupada. Arrumei a cama e desci para tomar café da manhã, comi um misto-quente e suco. Já eram 10:23 e as 11:00 horas eu e Filipe iríamos para o Kerry Park fazer piquenique. Sentei-me na sala para conversar um pouco com meus pais.

  - Não vai esquecer de ligar para agente todos os dias para dizer como a tia Carla está, e como você – ela apontou para mim – está, também.

  - Pode deixar mãe. Aliás, pai, eu vou ficar onde?

  - Nós ainda não vendemos nossa antiga casa, você gostaria de ficar lá não é? – ele me olhou com cara de desconfiança.

  - Claro! Eu iria adorar relembrar os velhos tempos. – sorri ao pensar nessa possibilidade.

  - Ok, você pega o dinheiro depois certo?

  - Certo pai. Vou me arrumar e ir ajudar o Lipe que está arrumando a cesta do piquenique.

   Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo bem alto e passei um lápis no olho. Desci e fui até a cozinha ajudar Lipe com a cesta. Coloquei várias frutas e alguns frios e peguei uma toalha xadrez em vermelho e branco. Saímos em direção ao Kerry Park. O transito como sempre não colaborou muito. Chegamos lá e escolhemos um lugar em baixo de uma arvora com vista para a torre Space Needle e uma vista praticamente geral da cidade de Seattle. Realmente Edward Carlson tinha tido uma idéia brilhante ao criar o Space Needle. Comemos de tudo um pouco e depois ficamos observando a linda visão que tínhamos dali. Logo deu a hora de voltarmos.

  - Dentro de duas horas sai o seu vôo e você chega agora em casa? – minha mãe perguntou impaciente.

   -Desculpa mãe, eu vou me arrumar rapidinho.

   Corri trocar de roupa, soltei meus cabelos e penteei-os. Passei perfume e retoquei a maquiagem, peguei algumas malas e meu casaco e desci.

  - Eei folgado, me ajuda com as malas? – perguntei para Lipe.

   Ele subiu e trouxe a mala maior. Levei tudo para o carro e esperei meus pais virem se despedir. Meu pai me abraçou primeiro e depois minha mãe que acabou soltando algumas lagrimas.

  - Se cuida no Brasil filha. – eu assenti.

  - E manda um abraço para sua prima Mariana. – meu pai disse e eu assenti de novo.

  - Vocês também se cuidem, e cuidem dele – apontei para Lipe.

  - Ei! Eu posso me cuidar sozinho. – ele disse revoltado.

  - Claro que pode meu revoltadinho. – dei uma risadinha – agora vem cá me dar um abraço que eu já tenho que ir.

   Ele me deu um abraço bem apertado e depois um longo beijo. Dei um abraço na minha mãe e entrei no carro. Meu pai me levaria ao aeroporto.

No avião

From: Reh

To: Chloe

  Estou no avião já. Logo ele levanta vôo. Estou ansiosa para chegar no Brasil (:

Nos vemos dentro de 15 dias ok?

  Beijos, te adoro.

From: Chloe

To: Reh Brasileirinha

  Vou contar os dias para te ver minha brasileira. Me liga quando chegar lá, alias me liga sempre que der ou precisar. Não se esquece de mim.

  Beijos, também te adoro.

  Desliguei meu celular e peguei um livro que estava na minha bolsa. A viagem passou bem rápida até.

...

  Quando desembarquei minha prima estava me esperando. Fui até ela lhe dei um abraço forte.

  - Como foi à viagem? – ela pediu me ajudando a levar as malas até o taxi.

  - Foi boa. Ah, meus pais te mandaram um abraço. – sorri e a abracei forte.

  - Ah! – ela riu – manda um de volta pra eles quando tu ligar pra eles.

   Acho que esqueci de comentar, mas minha prima, Mariana, é gaucha. Eu também, mas desde que tinha sete anos morava em São Paulo, porém ela ainda mora no RS. O taxista deixou minha prima em casa e depois me deixou na minha antiga casa. Fiquei observando-a, tinha sentido falta daquela casa. Lentamente me aproximei da casa e peguei a chave que estava na minha bolsa e abri a porta.