Overcoming.

Pov. Bella

Minha vida  nunca foi fácil, mas também não sou de reclamar dela. Com meus dezessete anos sai da casa dos meus pais, na verdade fui expulsa por estar grávida de um homem dez anos mais velho que eu.

Muitos me recriminaram na época, me chamaram de vagabunda e coisas muitos piores, mas o quê eu podia fazer quanto a isso? Eu me sentia uma vagabunda também.

Sem rumo, sem ter para onde ir e sem vontade de ir atrás do pai do meu filho, não por ele ser uma pessoa ruim, mas por ele ter me dito que não queria filhos.

Passei dois dias vagando pelas ruas de Seattle sem saber o que fazer, me lembrando das palavras duras de meus pais e dos vizinhos maldosos.

Eu errei! Com meus pais, com o pai do meu filho e comigo mesma.

Eu não podia ficar nas ruas, não por mim, mas sim pela criança que carregava em meu ventre, eu podia ser culpada por tudo o que estava acontecendo em minha vida na época, mas meu bebê não, era um ser inocente que não poderia sofrer.

Decidi ir atrás de Edward Cullen, dono de um pequeno restaurante e pai de meu filho.

A conversa não havia sido fácil, como eu disse, ele não queria ter filhos, na verdade, nada havia sido fácil.

Flash Back:

Entrei no restaurante, que anda não estava aberto para fregueses e logo avistei Edward arrumando algumas mesas.

Respirei fundo antes de caminhar até ele e tocar levemente em suas costas. Ele se virou assustado com minha súbita presença, mas seu olhar logo mudou para raivoso.

- Onde você havia se metido Isabella? – Perguntou segurando meu braço com força e me olhou de cima a baixo. – E por que está desse jeito? – Corei. Eu estava suja e um pouco molhada pela garoa. – Te liguei sem para por dois dias! – Me desvencilhei dele.

- Estava por ai. – Dei de ombros.

- Como assim? – Alterou um pouco a voz. – Eu te procuro por dois dias e você me aparece completamente suja e dizendo que está por ai? Eu quase fui até sua  casa! – Falou entre dentes.

- Não adiantaria nada você ir até lá. – Dei de ombros novamente. – Não estava lá mesmo. – Ele suspirou e se sentou á minha frente.

- Onde estava então Bella? – Perguntou pegando uma de minhas mãos. – Olha, você pode me contar depois ok? Vamos lá pra cima e você toma um banho enquanto faço alguma coisa para você comer. – Minha barriga protestou por comigo e eu olhei para baixo constrangida. – Venha. – Começou a me puxar para o andar de cima, onde ficava seu pequeno apartamento.

Resolvi que contaria para ele assim que estivesse limpa e alimentada.

Depois do banho e de vestir apenas uma camisa de Edward, voltamos para o restaurante e ele me mandou esperar sentada em uma das mesas enquanto fazia algo para comermos.

Logo Edward voltou e colocou um prato com salmão e uma lata de coca-cola a  minha  frente e se sentou ao meu lado, também com sua refeição.

- Pode me explicar o que está acontecendo agora? – Perguntou quando acabamos de comer e eu respirei fundo.

- Meus pais me expulsaram de casa e estou a dois das andando por Seattle. – Falou e ele arregalou os olhos.

- Você perdeu o juízo? – Perguntou, mas não de deu tempo de responder. – Deveria ter vindo até mim, e não andando por ai sozinha, Isabella! – Se levantou e começou a andar de um lado para o outro.  – Por que seus pais te expulsaram? Descobriram que está saindo comigo? Se  for por isso nós vamos lá agora e explico que o que tenho com você é serio. – Sorri um pouco com suas palavras, mas logo fiquei seria novamente.

Havia chegado a hora de contar para ele sobre o bebê e não estava tão segura de que ele continuaria com a ideia de ter alguma coisa seria comigo depois que contasse.

- Não foi por isso Edward. – Falou olhando para minhas mãos repousadas sobre meu colo. – Eles me expulsaram por outro motivo. – Olhei para ele que esperava uma resposta. – Estou grávida. – Vi Edward ficar branco e se apoiar na mesa, me olhando como se eu fosse de outro mundo.

- Gravida? – Sussurrou. – De quem? – Foi minha vez de ficar irritada e me levantei num rompante parando a sua frente.

- Se você se lembra, foi você que tirou minha virgindade, o  meu primeiro beijo foi com você também! – Apontei o dedo em seu rosto. – Estou um ano com você Edward e só com você. – Senti meus olhos molhados. – Se não quiser assumir a criança, não vou te obrigar, mas não venha me ofender perguntando de quem estou gravida. – Sento uma súbita tontura e me apoiei na mesa.

- Desculpe droga! – Falou passando a mão pelos cabelos já bagunçados. – Eu avisei para você que não queria filhos! Não consigo nem me manter, imagine agora com você e a criança?! – Minha vontade  era de gritar e estapeá-lo.

- EU NÃO FIZ A CRIANÇA SOZINHA! – Gritei e me afastei dele. – Porra Edward! Eu só vim avisar e dizer que mesmo que você não queira o bebê  eu vou tê-lo.

Corri para o andar de cima e rapidamente coloquei minha calça jeans ainda úmida e coliquei meus tênis.

Eu estava me segurando para não me encolher em algum canto e chorar como uma criança assustada.

Voltei para o andar de baixo e encontrei Edward sentado, com as mãos escondendo o resto e cabeça jogada para trás.

Não falei nada e fui em direção à saída, mas quando fui abrir a porta senti Edward me abraçar por trás e esconder o resto contra meus cabelos.

Não consegui mais segurar e chorei, pelos meus pais, pelo bebê, por Edward e por mim mesma. O que fui fazer com minha vida?

- Me desculpe amor. – Disse com a voz embargada e beijou meu pescoço. – Me perdoe Bella, por favor. – Me virei de frente para ele e percebi que estava com os olhos vermelhos. – Vamos... vamos tentar criar o bebê juntos. – Fechei meus olhos e o abracei.

Não estava sendo fácil para nenhum dos dois, mas iriamos tentar.

Os meses foram passando e com eles as dificuldades aumentando.

Eu ajudava Edward com o restaurante de noite e de dia fazia algumas faxinas nas casas da região. Havia parado de estudar, já que não tinha tempo para isso.

Mesmo com minha ajuda não tínhamos muito dinheiro, já que o restaurante de Edward não era famoso, apesar de a comida ser muito boa, as despesas com os empregados, suprimentos e coisas para o bebê acabavam com o nosso dinheiro e com isso vieram as brigas.

Edward me acusando de gastar o dinheiro com coisas que não eram necessárias, eu o acusando de acabar com minha vida...

Não éramos mais um casal, só duas pessoas vivendo juntas por obrigação, que dormiam na mesma cama. Claro que eu ainda o amava, mas sua presença não era mais tão boa como antes.

- Mais que merda Isabella! – Edward gritava comigo enquanto eu estava sentada na cama. – Eu falei que não era para comprar mais nada, mas como sempre você não me escuta!

- Eu só comprei um berço para nosso filho e foi com o meu dinheiro! - Falei

 - Agora é seu dinheiro? – Perguntou. – Faz um bom tempo que você não trabalha. – Estava com oito meses de gestação e não podia mais trabalhar e com isso Edward estava pegando ainda mais no meu pé.

-  Comprei uma coisa para nosso filho. – Falei entre dentes. Senti uma dor chata na barriga mais ignorei. – Você acabou com minha vida Edward! – Falei alterada e a dor estava cada vez mais forte.

- Não te abriguei a abrir as pernas! – Falou, mas quando iria dizer mais alguma coisa foi interrompido por meu grito de dor.

- Edward. – Ofeguei. – Ajude-me. – Ele me olhou assustado e veio até mim.

- O que está sentindo amor? – Perguntou, mas não consegui responder, a dor era muito forte. – Vou leva-la para o hospital. – Foi a ultima coisa que ouvi antes de apagar.

Acordei em um quarto de hospital, com Edward ao meu lado, sorrindo como um bobo.

 - Oi. – Disse e fiz uma careta quando tentei me mexer e senti uma pontada a baixo da barriga.

- Hey, não se mexa assim. – Falou e ajudou a me acomodar.

- O que aconteceu? – Perguntei.

- Você desmaiou enquanto  brigávamos, sua pressão arterial subiu. – Suspirou. – Cheguei como um louco aqui no hospital. – Fez careta. – Tiveram que fazer uma cirurgia de emergência em você. – Olhei para mim mesma e percebi que minha barriga não estava mais tão dilatada.

- Onde está meu bebê? – Perguntei assustada e Edward sorriu.

- Logo nosso pequeno estará aqui, uma das enfermeiras irá trazê-la. – Assenti e na mesma hora a porta se abriu e uma enfermeira com um embrulho rosa nos braços entrou.

- Como vai a nova mamãe? – Tentei sorrir, mas estava muito ansiosa pelo meu bebê.

Ela colocou meu príncipe  em meus braços e não consegui não chorar.

- Ele é tão lindo Edward. – Falei e beijei sua pequena cabecinha. – Eu amo você. – Depois de oito meses, disse para Edward que o amava.

- Também amo você. – Sorriu e olhou nosso filho. – Amo vocês. – Logo ficou serio. – Me  desculpe por tudo, vamos superar tudo juntos. – Apenas sorri e assenti.

Eu tinha fé que tudo iria dar certo.

 Fim do Flash Back.

E deu. Depois de cinco anos, Edward conseguiu com que o restaurante fosse conhecido, voltei a estudar e nosso pequeno Caleb crescia saldável e lindo.

A vida nem sempre é fácil, mas quando não se desiste, tudo pode dar certo. Claro que obstáculos ainda eram colocados em nosso caminho, mas juntos conseguimos passar por tudo.

Meus pais ainda não falavam comigo e nem quiseram conhecer Caleb, mas em compensação meu filho tinha todo amor de avós que precisava com os pais de Edward e eu os tinha como meus pais também.

- O que tanto pensa? – Edward perguntou e o olhei deitado ao meu lado, ainda nu pela nossa noite de amor.

Rolei para cima dele e lhe dei um beijo rápido.

- Em tudo que passamos. – Ele sorriu. – Superamos muitas coisas.

- E vamos continuar superando.

A vida era sim, sem problemas e dificuldades a vida iria ser um tédio.

As dificuldades iriam continuar aparecendo, mas como disse, iriamos continuar superando.