Love Is Pain escrita por Nath_Coollike


Capítulo 2
Boy Next Door


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews do capítulo passado e para lindas que favoritaram a história ♥
Enjoy (:



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Meu pai não estava brincando quando disse que eu ia de manhã.

Cinco horas da manhã, num domingo, minha mãe entrou fazendo barulho no meu quarto. Ela fez minhas malas no dia anterior então não tive que me preocupar com isso.

Enrolei o máximo que consegui, mas uma hora eu tive que ficar pronta.

Meu pai dirigiu até o aeroporto e despachou minha mala quando chegamos. Ele parecia estar aliviado de me mandar para longe, mas não posso culpá-lo. Eu também me mandaria para longe.

Depois de alguns minutos, chamaram o meu voo.

Minha mãe me abraçou e beijou minha bochecha.

- Se cuida. – Falou. – E não mate sua avó do coração.

Ri um pouco.

Nos soltamos e meu pai me abraçou forte.

- Não faça sua avó morrer, por favor. – Meu pai falou. – Eu te amo.

- Também te amo. – Falei.

Nos afastamos e meu pai bagunçou meu cabelo tingido de loiro.

Meu celular vibrou no bolso de trás da minha calça e eu o peguei, vendo o visor apitar uma nova mensagem de Lucas.

De: Luke
Mensagem: Sinto muito pelo Alasca, Mel. Não consegui acordar a tempo de ir para o aeroporto então sinta-se abraçada, gatinha. Eu te amo e boa viagem.

Sorri e digitei uma resposta.

Para: Luke
Mensagem: Nunca vou te perdoar por não ter vido me dar tchau, mas se quiser compensar seu erro pode me mandar umas garrafas de algo alcóolico para a casa da minha avó. Eu também te amo e obrigada (:

Ajeitei minha bagagem de mão nos ombros, fui para a sala de embarque e em menos de dez minutos eu já estava no avião em direção a Juneau, Alasca.

O voo foi tranquilo e não tinha crianças chatas no avião, o que significa que eu dormi a maior parte da viagem.

Assim que desembarquei em Juneau, percebi que ia ser um problema viver no Alasca. Sabe o tipo do frio que entra na sua carne e faz seus ossos tremerem? Pois é.

Vovó Annie estava lá, com os lábios finos curvados em um sorriso, do lado do vovô Jack. Os dois não tinham mudado muita coisa desde a última vez que os vi há três anos. Continuavam grisalhos, vovó Annie continuava a usar um óculos de grau com a armação vermelha que sempre escorregava de seu nariz fino e vovô Jack continuava acima do peso e ainda usava suspensórios.

- Oi Mel. – Vovô Annie falou e passou os braços finos pela minha cintura. Ela conseguia ser mais baixa do que eu. Retribui ao abraço. – Bem-vinda ao Alasca.

Vovó Annie é irlandesa e, apesar de morar nos Estados Unidos desde os quinze anos, ainda tem o sotaque irlandês.

Nos soltamos e vovô Jack beijou minha bochecha, fazendo a mesma pinicar por causa do bigode dele.

- Oi Mel. – Vovô falou.

Vovó começou a me perguntar sobre minha mãe e depois me falou sobre a vizinhança e de como todos lá eram muito gentis uns com os outros e de como os adolescentes da vizinhança nunca causavam problemas e de como todos eram boas companhias.

Enquanto vovó tagarelava, andávamos pelo aeroporto sem eu saber exatamente para onde estávamos indo. Quando passamos por uma placa que dizia “Embarque de voos doméstico” comecei a ficar preocupada.

- Onde estamos indo? – Perguntei.

- Para Hoonah, querida. – Vovô falou. – Fica na ilha Chichagof. Podemos ir de avião ou barco, mas avião é mais rápido. Não queremos perder o jornal da noite.

- Ilha? – Pensei alto.

- Sim. – Vovó falou enquanto abria a porta de vidro que levava a uma pista de voo pequena. – Uma ilha, cercada por água e cheia de montanhas e florestas. Onde alguém pode correr para fugir, mas nunca, nunca, vai conseguir voltar para Califórnia sem um barco ou avião.

Senti que foi uma pequena indireta para mim.

(...)

Demorou pouco mais de uma hora para chegarmos definitivamente na casa da minha avó. Tudo em Hoonah parecia ser pequeno e com alguma coisa de madeira, inclusive a casa da minha avó e o aeroporto.

A pequena construção que o povo dessa cidade chama de aeroporto é do tamanho da sala da casa dos meus pais e completamente feita de madeira com uma única pista de pouso e decolagem. É tão patético que fiquei meio mal de deixar meus avós morarem aqui.

A cidade em si é minúscula. Até onde eu cheguei a ver, uma rua comprida e cheia de lojinhas é considerada o centro da cidade e algumas ruas menores que saem dessa rua maior levam as casas das pessoas.

Meus avós até que moram num lugar um pouco menos decaído da cidade, numa casa até que aconchegante.

A fachada da casa é de tijolos expostos com madeira – quase um padrão na rua – e por dentro é cheia de adornos meio vintage. E a televisão é uma LCD que meus pais tinham dado para meus avós no aniversário do vovô.

Quando chegamos, tudo o que consegui fazer foi conhecer meu quarto – que tem a vista da janela para o quintal de trás da casa – e ir tomar banho no banheiro que eu vou ter que dividir com os coroas.

Tomei meu banho, coloquei uma camiseta com uma calça jeans e um cardigã preto e fui até a cozinha. A casa era térrea e isso era bom porque subir e descer escadas é cansativo.

- Sente-se, querida. – Vovó falou enquanto colocava chá a xícara do vovô.

A cozinha é pequena e a mesa tem apenas três lugares.

Sentei na única cadeira vaga virada para parede, já que vovó e vovô estavam sentados de frente um para o outro.

Antes que eu pudesse raciocinar, vovó encheu minha xícara com o chá com cheiro de água com sabão dela.

Depois de alguns minutos de conversa sobre regras da casa – por exemplo: estar em casa até às dez da noite sem estar bêbada, fazer as refeições sentada na mesa e esperar vovó e vovô para comer, reservar um tempo para passarmos em família no sábado e não trazer meninos para dentro caso não tiver alguém em casa – o telefone velho pendurado na parede perto do interruptor de luz da cozinha tocou e vovó levantou para atender.

- Sim? – Vovó atendeu. Fingi estar concentrada demais no meu chá para prestar atenção na conversa. – Ah sim, vou ir comprar as coisas amanhã porque fui buscar minha neta Mel no aeroporto em Juneau.

Vovô me chamou para ir assistir televisão e eu fui, ignorando a conversa da minha avó com quem quer que seja que estava do outro lado da linha.

Assistimos o jornal e depois a novela que vovô gosta, e depois mais um jornal.

Sem querer ofender Hoonah de qualquer maneira, mas as notícias que estou acostumada são do tipo “homem maluco come rosto de outro homem na rua e joga os próprios intestinos nos policiais locais” e não “nossa população de borboletas vem diminuindo”.

Fui dormir depois disso porque é calmaria demais para mim.

O meu quarto é o antigo quarto da minha mãe, sem tirar nem por. A única diferença é que a roupa de cama rosa clara foi substituída por uma branca. A cama é de casal – pelo menos – e a janela é grande, o guarda-roupa é satisfatório e a escrivaninha tem uma luminária branca com detalhes em dourado.

Acordei no outro dia com a luz do sol batendo direto no meu rosto. Esqueci de fechar as cortinas quando fui dormir e a droga do sol resolveu me acordar de manhã cedo.

Enfiei uma roupa e fui para cozinha tomar café, encontrando uma vovô Annie desesperada para terminar de lavar a louça.

- Bom-dia, Mel. – Vovó falou e colocou um prato no escorredor. – Desculpa a pressa, mas tenho que ir ajudar Cassie a comprar as coisas para a festa da cidade agora de manhã. O vovô ainda está dormindo.

- Ok. – Falei apenas e sentei-me à mesa, comendo uma torrada com patê de alguma coisa.

Comi a torrada sem pressa e resolvi ajudar minha avó para manter a boa convivência.

- Quer ajuda? – Perguntei a vovó Annie.

- Não precisa. – Ela respondeu e colocou dois copos de uma vez no escorredor. – Mas se você levar o lixo para fora, eu iria agradecer.

Assenti e peguei as duas sacolas no canto da cozinha. Abri a porta da frente e andei até a lata de lixo de metal perto da guia da rua, abrindo a tampa e deixando uma das sacolas cair e abrir.

Joguei uma sacola dentro do latão e abaixei para pegar a outra xingando em pensamento. Ouvi alguém rir e olhei do outro lado da rua, vendo um garoto parado na frente da casa.

Ele tinha cabelos castanhos claros, um corpo definido – não tanto quanto Lucas – e parecia estar carregando o lixo para fora também. Ele usava uma camiseta do Nirvana combinada com calça jeans e tênis, o sorriso dele era bonito e ao mesmo tempo diabolicamente sexy.

Em outras palavras, parecia que tinha saído de um catálogo de roupas da JCrew e parecia ter a palavra “problema” estampada no rosto.

- Problemas com o lixo, vizinha? – Perguntou em tom de deboche.

Coloquei as coisas que caíram de volta na sacola preta e levantei, colocando a sacola na lata. O garoto tinha acabado de colocar o lixo na lata e estava atravessando para o meu lado da rua.

Cruzei meus braços e arqueei uma sobrancelha.

Simplesmente odeio fazer papel de idiota.

O garoto parou a pouco mais de um metro de mim.

- Então, a neta dos Campbell chegou. – Falou e umedeceu os lábios lentamente, como se estivesse me provocando.

- É, parece que sim. – Respondi rispidamente sem desfazer minha careta.

- Mel, certo? – O garoto falou e correu os olhos por todo meu corpo.

- Melanie. – Corrigi.

- Sou Jason. – O garoto falou. – Ouvi dizer que seus pais te obrigaram a vir pra cá. Eles te odeiam, hun?

Descruzei os braços.

- Se... – Ia mandar Jason se mandar, mas ele foi mais rápido.

- Não se preocupe, meus pais também me odeiam. – Jason acrescentou e pegou algo o bolso. Um maço de cigarros.

Depois de levar um cigarro aos lábios cheinhos, Jason me estendeu o maço de cigarros de uma marca conhecida.

- Quer um? – Perguntou.

Lembrei de vovó Annie frisando várias vezes de como as pessoas de Hoonah são de boa índole. Acho que ela não incluiu o vizinho.

- Não, obrigada. – Falei. – Jason, hun? Por que não volta pro seu lado da rua?

- Olha só, a garota é estressadinha. – Jason falou e riu sozinho, soltando a fumaça em mim. – Não se preocupe, estou de saída.

Jason se virou e começou a voltar para casa do outro lado da rua. Fiz o mesmo, voltando para dentro da casa da vovó. Antes de fechar a porta, olhei pela última vez o garoto, que sorriu para mim antes de fechar a porta.

- Até mais, Mel. – Jason falou alto e bateu a porta.

Bati a porta também, ouvindo minha avó reclamar disso na cozinha. Fiquei parada de frente para porta, pensando em como Jason conseguiu me irritar em poucos segundos de convivência.

- Vai ficar parada olhando para porta? – Vovó perguntou enquanto arrumava os óculos e pegava a bolsa a poltrona da sala.

- Quem mora aqui em frente? – Perguntei e sentei no sofá.

- Hm, a senhora Green, a filha e o neto. – Vovó respondeu. – Por quê?

- Conheci o neto. – Falei. – Jason, eu acho.

- Ah sim. – Vovó falou e sorriu. – Jason é um bom garoto.

Vovó falou e saiu da sala. Comecei a imaginar se minha avó usa algum tipo de alucinógeno, porque sem chance de Jason ser um “bom garoto”.

Senti meu celular vibrar e eu atendi a ligação de Lucas. Ficamos conversando horas a fio. Eu o contei sobre Jason e ele começou a rir, falando para eu não deixar mais ele pisar no meu gramado.

O gramado não é exatamente meu, mas eu entendi a piada.

Depois desligamos e vovô me levou para comprar uma vara de pescar nova.

No caminho, vi Jason andando pela rua com um grupo de pessoas. Uma garota de cabelo rosa, um garoto loiro, uma garota e um garoto de pele escura e uma garota ruiva que usava short apesar da temperatura não passar dos dezesseis graus.

Eu já não gostava da ruiva, por algum motivo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Continuo ou deleto? '-'
Beijos :*